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UM COMENTÁRIO APROFUNDADO DA LIÇÃO, PARA FAZER A DIFERENÇA!

Este Blog não é a palavra oficial da Igreja ou da CPAD. O plano de aula traz um reforço ao seu estudo. As ideias defendidas pelo autor do Blog podem e devem ser ponderadas e questionadas, caso o leitor achar necessário. Obrigado por sua visita! Boa leitura e seja abençoado!

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26 de janeiro de 2016

JOVENS_Lição 5: A justificação pela fé



Lição 5: A justificação pela fé
Data: 31 de Janeiro de 2016

TEXTO DO DIA
[...] isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que creem; porque não há diferença(Rm 3.22). [Comentário: A justiça de Deus vem ao pecador pela fé. “Mas agora se manifestou sem a lei a justiça de Deus, tendo o testemunho da lei e dos profetas; Isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que crêem; porque não há diferença” (Rm 3.21,22). “Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê” (Rm 10.4 21). “Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (2Co 5.21).]

SÍNTESE
Abraão foi a figura didática adequada para a explicação paulina da justificação pela fé, pois foi justificado antes da circuncisão e da lei, sem obras meritórias, mas somente pela fé.

AGENDA DE LEITURA
SEGUNDA — Rm 3.21 - Somos justificados pela fé
TERÇA — Gl 1.6,9 - Alguns dos gálatas depois de justificados, foram tentados a retroceder
QUARTA — Rm 4.1-8 - A justificação de Abraão foi um presente de Deus
QUINTA — Rm 4.9-16 - Abraão foi justificado antes da circuncisão e da lei
SEXTA — Hb 11.18 - Abraão acreditava que Deus poderia ressuscitar Isaque
SÁBADO — Gn 12.1-9 - A justificação de Abraão foi um protótipo da fé cristã

OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
  • APRESENTAR a doutrina da justificação pela fé;
  • CONSCIENTIZAR da insuficiência da lei para a justificação;
  • EXPLICAR porquê Paulo utilizou a figura de Abraão para esclarecer a doutrina da justificação pela fé.

INTERAÇÃO
Chegamos ao ponto central da Epístola aos Romanos, o momento em que Paulo cuidadosamente preparou para apresentar a grande novidade, a revelação da verdadeira justiça de Deus, que se constitui na doutrina da justificação pela fé, já indicada em Romanos 1.17. Até este momento, Paulo teve o cuidado para demonstrar que o judeu e o gentio estavam em situação de igualdade, que todos pecaram e destituídos estavam da glória de Deus. Ele conscientizou seus destinatários da dependência de uma alternativa para salvação, de outra forma, estariam condenados. No auge da expectativa, apresenta a solução, a salvação somente é possível por meio do sacrifício de Cristo, pois os sacrifícios do Antigo Testamento foram transitórios e somente encobriam os pecados. Qual o preço então? Paulo afirma que o ser humano precisa apenas ter fé e aceitar o pagamento de sua dívida por Cristo. Para comprovar aos judeu-cristãos ou cristãos judaizantes, utiliza o maior argumento deles, a figura de Abraão. Ele era utilizado pelos judeus como modelo da justificação pelas obras, mas, com base em Gênesis 15.6, Paulo demonstra que Abraão não foi justificado pelas obras, mas pela fé, antes da circuncisão e da lei. Com isso, o apresenta como pai de todo aquele que crê como ele, no Deus do impossível e com poder para ressuscitar (Hb 11.18). O capítulo 4 é uma obra prima do apóstolo.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Sugerimos a simulação de um júri. Para isso, você precisará dedicar pelo menos uns 25 minutos de sua aula. Os alunos devem ler a parábola do fariseu e do publicano que se encontra em Lucas 18.9-14. Divida a turma em dois grupos, um grupo para defender os argumentos do fariseu e o outro para defender os argumentos do publicano. Dê uns 5 minutos para os grupos se organizarem e definirem um representante de cada grupo para defender (advogado) seu personagem escolhido (fariseu ou publicano) diante do juiz, que será você professor(a). Dê oportunidade para que cada um argumentar e depois contra-argumentar. No final, dê o veredito final, conforme registrado em Lucas 18.9-14. Aproveite para explorar os conceitos da doutrina da justificação pela fé.

TEXTO BÍBLICO
Romanos 3.21-31.
21 — Mas, agora, se manifestou, sem a lei, a justiça de Deus, tendo o testemunho da Lei e dos Profetas,
22 — isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que creem; porque não há diferença.
23 — Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus,
24 — sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus,
25 — ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus;
26 — para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus.
27 — Onde está, logo, a jactância? É excluída. Por qual lei? Das obras? Não! Mas pela lei da fé.
28 — Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, sem as obras da lei.
29 — É, porventura, Deus somente dos judeus? E não o é também dos gentios? Também dos gentios, certamente.
30 — Se Deus é um só, que justifica, pela fé, a circuncisão e, por meio da fé, a incircuncisão,
31 — anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma! Antes, estabelecemos a lei.

COMENTÁRIO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
Nesta lição, iremos estudar a doutrina da justificação pela fé, que foi o grande fundamento teológico utilizado por Lutero na Reforma Protestante. Paulo vai esclarecer o que ele já havia indicado no primeiro capítulo (Rm 1.17). [Comentário: É fato que hoje, esta doutrina é desconhecida ou mal-compreendida por muitos cristãos. Foi a questão central levantada pela Reforma Protestante do século 16, pelo Reformador Lutero. Assim como o “sola Scriptura” foi denominado o “princípio formal” da Reforma, porque a Bíblia é a fonte de onde procedem todas as autênticas doutrinas cristãs, a justificação mediante a fé é o seu “princípio material”, porque envolve a própria substância ou essência do que se deve crer para a salvação. No passado, a ausência e a incompreensão desta doutrina trouxeram muitos prejuízos como a escravidão da consciência, conceitos errados acerca de Deus e Sua justiça, comprometendo toda a Soteriologia, além de deturpar o Cristianismo. Isso mostra que ela é uma das colunas do Cristianismo. Sendo assim, compreender o verdadeiro significado dessa doutrina é algo indispensável a todo cristão.] Let's think maturely Christian faith?


I. A DOUTRINA DA JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ (Rm 3.21-26)
1. O que é a doutrina da justificação pela fé? A doutrina da justificação pela fé é o cerne da teologia paulina, utilizada especialmente quando em confronto direto com o ensino judaico ou dos judeu-cristãos, que defendiam que o homem encontra a graça de Deus quando cumpre a vontade divina por meio da lei judaica. Paulo contra-argumenta que basta ao ser humano ter fé na eficácia do sacrifício de Cristo na cruz para Deus o declarar justo. Os gálatas são chamados à atenção por Paulo por desprezar este sacrifício e misturar a justificação com a santificação, confiando nas obras de justiça (Gl 1.6,9), o que Paulo chama de “outro evangelho”. Martinho Lutero quando traduziu Romanos 3.28, acrescentou “somente” para dar ênfase, ficando assim o texto: “[...] pela fé somente”. Do ponto de vista linguístico, Lutero tinha razão de traduzir assim, pois apesar de o fato das palavras “somente” e “só” terem sido omitidas, esse é realmente o sentido do texto. [Comentário: No Antigo Testamento, embora o termo “justificar” tenha, às vezes, uma conotação moral ou ética, grande parte de sua ocorrência deixa evidente o aspecto forense do termo, onde uma pessoa é declarada judicialmente justa por ter uma vida coerente com as exigências da lei (Ex 23.7; Is 5.23; Dt 25.1; Pv 17.15). O sentido no Novo Testamento do termo “justificar” é mais amplo, pois se trata de uma pessoa declarada justa ante o tribunal de Deus, com base na justiça de Cristo. É importante ressaltar que o homem justificado não se torna justo, mas é declarado justo, tratando-se de duas afirmações diferentes. Um dos erros da tradição escolástica, no período pré-reforma, foi interpretar o termo “justificar” como sendo “tornar justo”. Mas, com a Reforma, Lutero reafirmou o sentido legal do termo. A justificação é o direito legal de se ter acesso e comunhão com Deus. Não se trata de uma justiça infundida no homem.]
2. O aspecto forense da doutrina da justificação pela fé. O termo forense está relacionado ao sistema e práticas judiciais. Neste caso, tem a ver com o conceito da declaração judicial divina. Para facilitar o entendimento, vamos ilustrar a figura do supremo tribunal de Deus. Neste tribunal, toda a humanidade tem uma dívida impagável. Entretanto, Cristo por meio de sua morte na cruz deposita no “Banco do Céu” o valor suficiente para saldar a dívida de toda a humanidade. Desse modo, individualmente, quem reconhece o depósito efetuado por Cristo, pela fé, requisita a Deus, o Supremo Juiz, a absolvição pelos pecados (dívida) cometidos, indicando para pagamento o depósito feito por Jesus. O juiz divino, ciente do depósito realizado, credita na conta do réu (Gn 15.6) e o declara justo. Assim, aquele(a) que inicialmente estava condenado(a) pela ira de Deus, com a justificação, passa a ter a sentença divina retirada, reconciliado com Deus gratuitamente, em Cristo. [Comentário: A justificação tem como base a justiça de Cristo. Sendo o homem incapaz de se auto-justificar, Deus o justifica. Surge então a questão: como Deus, sendo absolutamente justo, pode justificar o homem injusto e pecador? Paulo responde e deixa claro que Cristo se fez justiça por nós (Rm 3.24-26; 4.5; 1Co 1.30). Portanto, Deus não é injusto ao justificar o injusto, pois o fundamento é a justiça de Cristo e Deus considera a justiça dEle pertencente ao homem. Biblicamente, a justificação é um conceito jurídico ou forense, e tem o significado de “declarar justo”. É o ato de Deus mediante o qual ele, em sua graça, declara justo o pecador, isentando-o de qualquer condenação. Infelizmente, a palavra portuguesa “justificação”, originária do latim, dá a idéia de “tornar justo”, no sentido de produzir justiça no justificado. Mas o termo grego original dikaiosyne não se refere a uma mudança intrínseca no indivíduo, e sim a uma declaração feita por Deus. Visto que não temos justiça própria e somos culpados diante de Deus, ele nos declara justos com base na expiação de nossos pecados por Cristo e na sua justiça imputada a nós.]
3. Jesus e a doutrina da justificação pela fé. A doutrina da justificação pela fé está presente na mensagem propagada por Jesus, como pode ser constatada em diversas parábolas e também no seu próprio estilo de vida. Paulo apresenta uma compreensão da mensagem de Jesus maior do que qualquer outro autor do Novo Testamento. Um ensinamento tão crucial como a doutrina da justificação não poderia estar ausente nos ensinamentos do “Mestre dos mestres”, o Senhor Jesus Cristo. Os conceitos permeavam toda sua pregação do evangelho. Um dos exemplos clássicos é o relato do encontro de Jesus com o ladrão que estava ao seu lado na cruz. Por meio de sua fé em Cristo, o ladrão recebeu a promessa de que estaria com Ele no paraíso (Lc 23.43), sem exigir nenhum sacramento, obra ou ritual para que alcançasse a justificação. Outro exemplo é a parábola do fariseu e do samaritano (Lc 18.9-14), que será analisada no tópico seguinte. [Comentário: A justificação está claramente associada à expiação. Talvez a demonstração mais clara da conexão entre expiação e justificação seja aquela feita por Paulo em Romanos 4.25. Cristo “…foi entregue por causa das nossas transgressões e ressuscitou por causa da nossa justificação”. A justificação pela fé é a doutrina que marca o rompimento dos reformadores com a Igreja de Roma. A justificação, de acordo com o ensino de Roma, era pelas obras. Esse ensino escravizava a mente e o coração das pessoas, que nunca podiam descansar em Deus, tendo a necessidade de praticar constantemente as obras recomendadas pela igreja.]

Pense!
A doutrina da justificação pela fé foi o princípio fundamental da Reforma.

Ponto Importante
Apesar de Jesus não falar especificamente ou de forma sistematizada sobre a doutrina da justificação pela fé, seus conceitos permeiam seus ensinos e modo de vida.

II. A INSUFICIÊNCIA DA LEI PARA A JUSTIFICAÇÃO (Rm 3.27-31; Lc 18.9-14)
1. A justiça do homem é como trapo de imundícia (vv.27-30). Como poderia um pecador, um ser humano decaído e miserável, sobreviver diante do tribunal de um Deus absolutamente santo e justo? A justiça inerente do homem é insuficiente para a justificação, considerada como trapos de imundícia (Is 64.6; Fp 3.8,9), sendo necessária uma justiça superior que está fora do homem e que lhe seja atribuída. A essência da justificação é de que o homem é perdoado com justiça, entretanto, é preciso entender que tal justiça alcançada por Cristo por sua perfeita obediência e o sacrifício de si mesmo, sendo posteriormente atribuída ao crente. Essa justificação traz como efeito o perdão, a paz com Deus e a certeza da salvação. As boas obras não são consideradas como causa, mas como consequências da justificação. Antes da justificação, Deus é um juiz irado que mantém a condenação da lei, mas após a justificação inocenta e trata o pecador como filho. [Comentário: A morte expiatória de Cristo assegura uma parte de nossa justificação, ou seja, aquela que diz respeito ao perdão, enquanto sua ressurreição obtém para nós o outro elemento, o da justiça. Como morte e ressurreição permanecem juntas como aspectos gêmeos da realização central de Cristo, o mes­mo acontece com a expiação e a justificação. A morte na cruz não foi o final para Jesus. Sua morte foi o cumprimento de uma importante etapa de sua obra, que teve continuidade em sua ressurreição, ascensão, sessão à destra do Pai e em sua obra permanente como Profeta, Sacerdote e Rei. Por sua vez, foi a ressurreição que deu significado à morte e lançou luz para os discípulos sobre tudo o que havia ocorrido anteriormente. Foi sua ressurreição que deixou claro para os discípulos e para todos aqueles que o viram pregado na cruz que ele realmente era quem dizia ser: o Messias prometido. Além do mais, a própria ideia da ressurreição exige a morte primeiro, ou isso não é ressurreição. Da mesma forma como morte e ressurreição são inseparáveis e mutuamente necessárias, assim também a justificação não pode ocorrer sem a expiação pelos pecados, pois as pessoas não podem ser consideradas justas se elas estão sob a ira de Deus. Por outro lado, a expiação também não pode ser entendida sem seu com­panheiro inseparável, o recebimento da justiça, que nos capacita não apenas a sermos trazidos a um estado de inocência, mas nos faz aptos para entrarmos em comunhão com um Deus justo e santo. Relativo à ‘trapos de imundícia’, os “atos de justiça” que Isaías tinha em mente eram, muito provavelmente, os rituais superficiais oferecidos por Israel, desprovidos de uma fé e de uma obediência sinceras. m Isaías 65.1-7, o Senhor rejeita os sacrifícios pecaminosos de Israel. Eles são um insulto ao Senhor, fumaça para seu nariz, assim como a “obediência” ritualista de Isaías 58 não impressionou ao Senhor porque seu povo continuava oprimindo o pobre. Os “atos de justiça” eram “trapos imundos” porque não eram nem um pouco justos. Tinham aparência boa, mas não passavam de farsa, literalmente uma cortina de fumaça para acobertar a incredulidade e a desobediência deles. Então, não é correto pensar que todo “ato de justiça” do crente são trapos imundos aos olhos de Deus. Aliás, no versículo anterior, Isaías 64.5, Isaías declara: “Vens ajudar aqueles que praticam a justiça com alegria, que se lembram de ti e dos teus caminhos”. Não é impossível o povo de Deus praticar atos de justiça que agradam a Deus. Sobre isso, John Piper explica: “Às vezes as pessoas são descuidadas e falam de forma negligente sobre toda a justiça humana, como se não houvesse nada que agradasse a Deus. Muitas vezes elas citam Isaías 64.6 que diz que nossa justiça é como ‘trapo de imundícia’. É verdadeiro – gloriosamente verdadeiro – que ninguém do povo de Deus, antes ou depois da cruz, seria aceito pelo Deus imaculadamente santo se a justiça perfeita de Cristo não nos fosse imputada (Romanos 5.19; 1 Coríntios 1.30; 2 Coríntios 5.21). Mas isso não quer dizer que Deus não produza nessas pessoas ‘justificadas’ (antes e depois da cruz) uma justiça experiencial que não é ‘trapo de imundícia’. Ao contrário, ele o faz; e essa justiça é preciosa a Deus e é exigida, não como fundamento da justificação (que é a justiça de Cristo somente) mas como evidência de sermos filhos verdadeiramente justificados de Deus”. John Piper, Graça Futura (São Paulo, SP: Shedd Publicações, 2009), pág. 148. Os que geram fruto em cada boa obra e crescem no conhecimento de Deus são totalmente agradáveis a Deus (Cl 1.10). Apresentar nosso corpo como sacrifício vivo agrada a Deus (Rm 12.1). Cuidarmos de nosso irmão mais fraco agrada a Deus (Rm 14.18). Obedecer nossos pais agrada a Deus (Cl 3.20). Ensinar a Palavra de forma autêntica agrada a Deus (1 Ts 2.4). Orar por autoridades de governo agrada a Deus (1 Tm 2.1-3). Sustentar familiares em necessidade agrada a Deus (1 Tm 5.4). Partilhar recursos financeiros com outros agrada a Deus (Hb 13.16). Agrada a Deus quando guardamos os seus mandamentos (1 João 3.22). Em linhas gerais, sempre que você confia em Deus e o obedece, ele se agrada disso.  Wayne Grudem, “Pleasing God by Our Obedience”, em For the Fame of God’s Name: Essays in Honor of John Piper, ed. Sam Storms and Justin Taykir (Wheaton, IL: Crossway, 2010), pág. 277..]
2. A parábola do fariseu e do publicano (Lc 18.9-14). Os fariseus observavam os mais rigorosos padrões legalistas com jejuns, orações, esmolas e outros rituais que excediam as leis cerimoniais mosaicas. Jesus apresenta por meio da parábola algo que chocou seus ouvintes: colocar um cobrador de impostos, considerado traidor pelos judeus, em melhor posição, quanto à justificação, do que um fariseu. A lição de Jesus é clara: O publicano reconhecia que sua dívida era muito alta e não tinha condições de pagá-la, a única coisa que poderia fazer era rogar pela misericórdia de Deus. Não recorreu a obras que havia realizado, nem ofereceu fazer nada, simplesmente rogou que Deus fizesse por ele o que ele próprio não podia fazer, somente baseado na fé e misericórdia divinas. Por outro lado, o fariseu demonstrou arrogância, confiando que os jejuns realizados, dízimos e outras obras consideradas justas, o tornariam aceito por Deus. Uma cobrança de retribuição. Porém Jesus afirma que dos dois, somente o publicano foi justificado. [Comentário: Esta parábola sobre dois grandes pecadores foi contada pelo Senhor Jesus. Um dos homens sabia que era pecador e o confessou diante de Deus. O outro não sabia que era pecador e gabava-se de sua justiça. É a história de um homem que pensava ser bom, mas que foi para o inferno e de outro que sabia ser mau e foi para o céu. A aplicação desta parábola é clara: Quando consideramos nossa própria atitude na oração, é ela mais parecida com a do fariseu ou com a do coletor de impostos? Humilhamo-nos na presença de Deus ou achamo-nos agradecendo-lhe porque não somos como outras pessoas pecadoras? Humilhamo-nos ou agradecemo-lhe por nossa força e o fato que não caímos como outros caíram? Sentimos a necessidade de exclamar, como o fez o coletor de impostos: "Ó Deus, sê propício a mim, pecador"?]
3. A justificação pela fé e a santificação (v.31). O apóstolo tem o cuidado para não ser entendido como um libertino, sem regras e disciplina. A justificação pela fé não significa que uma vez justificado, o crente pode fazer o que bem entender. Precisa-se tomar cuidado com algumas afirmações teológicas, como por exemplo, a que ensina que “uma vez salvo, salvo para sempre”. A justificação, como já vimos, é imediata, instantânea. No entanto, uma vez justificado, o crente deve manter sua vida de comunhão com Deus e desenvolver a santificação, que é progressiva. Alguns críticos da Bíblia afirmam que Paulo contradiz Tiago, porque este assegura que a fé é comprovada pelas obras. Isto é um equívoco, pois eles tratam de momentos diferentes da salvação. Paulo fala da justificação, que é mediante a fé e acontece instantaneamente na conversão (ato estático), enquanto Tiago fala da santificação que vai sendo desenvolvida após a conversão (processo contínuo). [Comentário: É verdade que, depois de serem justificados, os crentes continuam sendo pecadores, isto é, continuam cometendo pecados (Tg 3.2; 1Jo 1.8). Aliás, a Escritura nos mostra claramente que os redimidos muitas vezes cometem pecados bastante graves. O próprio Cristo ensinou os discípulos a orarem diariamente pelo perdão de pecados (Mt 6.12) e as pessoas piedosas mencionadas na Bíblia estão sempre pedindo perdão pelos seus pecados (Sl 32.5; 51.1-4; 130.3-4). Na verdade, na justificação, Deus realmente remove de nós a culpa pelo pecado, isto é, a sujeição do pecador à punição eterna devida ao pecado (a morte eterna), mas não a culpabilidade inerente a qualquer pecado que seja praticado. Essa culpabilidade permanece e sempre produz nos crentes um sentimento de culpa, de separação de Deus, de tristeza, de arrependimento, de frustração e assim por diante. Por isso eles sentem necessidade de confessar os seus pecados, até mesmo os pecados antigos que porventura ainda os incomodem (Sl 25.7; 51.5-9). O crente tem, no íntimo, consciência de seu pecado e essa consciência o leva a confessá-lo e a buscar em Deus a consoladora segurança do perdão. A consciência do perdão e de um renovado relacionamento filial com Deus muitas vezes é perturbada e obscurecida pelo pecado, mas é novamente despertada e fortalecida pela confissão e pela oração. (...) Os crentes são, antes de tudo, filhos de Deus por adoção. Isso significa, naturalmente, que eles não são filhos de Deus por natureza. Nem todos os seres humanos são filhos de Deus. Somente aqueles que possuem um relacionamento filial com Deus, por meio de Cristo, são fi­lhos de Deus. Por intermédio dessa adoção, Deus coloca o pecador no estado de filho e passa a tratá-lo como filho. Em virtude de sua adoção, os crentes são inseridos na família de Deus, ficam sob a lei da obediência filial e passam a ter direito a todos os privilégios da filiação. A adoção como filhos e a filiação moral dos crentes andam de mãos dadas. Por um lado, eles são adotados por Deus como filhos. Por outro, eles passam a se comportar como filhos de Deus. Paulo nos mostra esses dois elementos da adoção funcionando lado a lado: “…Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos. E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai” (Gl 4.4-6). O Espírito de Cristo nos regenera e nos san­tifica e nos estimula a nos dirigirmos a Deus cheios de confiança, vendo-o como nosso Pai. Somos adotados por Deus e tratados como seus filhos. Por isso, devemos assumir nossa relação filial com Deus e nos comportarmos como seus filhos. http://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/igreja/justificacao-o-ponto-de-partida-da-reforma/]

Pense!
Jovem, já pensou em quão grandiosa é a misericórdia de Deus e quão infinito é seu amor, a ponto de dar seu único filho para morrer e pagar o preço pela dívida que era sua?

Ponto Importante
Não se pode confundir justificação com santificação.

III. ABRAÃO COMO EXEMPLO DA JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ (Rm 4.1-25)
1. A justificação de Abraão não foi por obras meritórias (vv.1-8). Paulo não evita o campo escolhido pelos seus adversários, mas refreia os judeus que se gloriavam por serem filhos de Abraão. Ele cita Gênesis 15.6 por fazer parte da Escritura hebraica, totalmente aceita pelos judeus, para demonstrar que Abraão foi justificado, pela fé e não por qualquer obra efetuada. Paulo passa a trabalhar com o significado de “creditar” usado pela primeira vez na epístola para demonstrar que Abraão foi justificado não porque tinha crédito com Deus, mas porque a fé demonstrada de que Deus pode justificar o ímpio gratuitamente foi creditada em sua conta, o suficiente para sua justificação. Para reforçar o argumento, Paulo utiliza também a figura de Davi, citando o Salmos 32.1,2 Portanto, a justificação vem a nós gratuitamente como um presente. [Comentário: Os judaizantes do passado pregavam que a justiça provinha das obras (At 15.1; Gl 2.21). apóstolo Paulo diz pela inspiração que somos salvos pela fé e não pelas obras. (Ef 2.8-10). A salvação pela fé, e não pelas obras, isto é, pela guarda da Lei, não é uma doutrina peculiar do Novo Testamento; é, também, característica do Antigo Pacto. Paulo retrocede no tempo, para além de Moisés, e toma Abraão como exemplo de fé. Abraão tinha fé em Deus, isto é, cultivava um dedicado e leal relacionamento com seu Deus, cria nas suas promessas (Rm 4.20,21; Gn 12.1-3; 15.5,6) e vivia em obediência ao Senhor (Gn 12.1-4; 22.1-19; Hb 11.8-19; Tg 2.21,22;). A fé de Abraão foi "imputada" por justiça. "Imputar" significa creditar na conta da pessoa. Isso significa que a fé salvífica do cristão é tida como equivalente à justiça no tocante ao seu efeito. A Escritura nos ensina que somos justificados pela fé (Rm 3.28,30) ou mediante a fé (Rm 5.1; Gl 2.16; Fp 3.9), mostrando, assim, que existe uma estreita relação entre a justificação e a fé.]
2. A justificação de Abraão não foi por meio da circuncisão (vv.9-16). Um dos argumentos mais fortes utilizados pela epístola aos Romanos é da paternidade de Abraão de todos aqueles que creem, desenvolvido em Romanos 4.9-12. O período em que Abraão foi declarado justo pela sua fé na palavra de Deus, conforme descrito em Gênesis 15.6, correspondia a uma época bem anterior à sua circuncisão. Se a fé e a justificação de Abraão ocorrem antes da circuncisão, ele também é pai dos gentios, que creem independentes de circuncisão. Os versículos 13 a 16 trazem um novo elemento, a antítese entre a lei e a promessa. Esclarece que a lei mosaica foi estabelecida depois da promessa e justificação de Abraão pela fé (430 anos depois). Portanto, não influenciou na justificação. Dessa forma, Abraão foi justificado antes da circuncisão e do estabelecimento da Lei, por não serem requisitos necessários para a justificação. [Comentário: Paulo encerrou o capítulo 3 com a afirmação que a fé confirma e não anula a lei. Ele continua o seu argumento, citando o exemplo do pai do povo da aliança, Abraão. Todos os judeus respeitavam profundamente o pai de sua nação. Mostrando que Abraão foi justificado por fé, e não por obras de lei, Paulo reforça a sua defesa do evangelho entre os judeus. Abraão recebeu a graça de Deus pela fé antes de ser circuncidado (veja Gênesis 12, onde recebeu as promessas, e Gênesis 17, onde recebeu a ordenança da circuncisão 24 anos depois). A circuncisão por si só não serve para nada diante de Deus. É necessária a obediência, andando “nas pisadas da fé que teve Abraão...antes de ser circuncidado” (Rm 4.12).]

Pense!
Abraão demonstrou uma fé ainda maior, pois creu na ressurreição de seu filho (Hb 11.18), mesmo antes de haver qualquer menção de ressureição na Bíblia.

Ponto Importante
Se tivesse alguém que pudesse ser justificado por obras, Abraão o seria, com toda certeza. Mas o apóstolo contrapõe a justificação pelas obras citando o livro de Gênesis 15.6 que afirma ter sido Abraão justificado pela fé, e não pelas obras.

CONCLUSÃO
Aprendemos que a justificação pela fé é uma doutrina bíblica que acertadamente exclui a necessidade de obras meritórias para a salvação do ser humano, porém não abre possibilidade para o antinomismo e precede a santificação. [Comentário: Com a Reforma Protestante no século 16, o resgate da doutrina da justificação pela fé trouxe nova vida para a igreja de Cristo. A redescoberta desta doutrina provocou a rejeição da justificação pelas obras. A justificação pela fé continua trazendo novidade de vida hoje. Sempre que um pecador descobre em Cristo o perdão para os seus pecados, é adotado como filho de Deus e se torna herdeiro do reino de Deus.] “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Francisco Barbosa
Campina Grande-PB
Janeiro de 2016


ESTANTE DO PROFESSOR
GILBERTO, Antônio. O Fruto do Espírito: A plenitude de Cristo na vida do crente. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2004.

HORA DA REVISÃO
1. Conceitue a da doutrina da justificação pela fé.
A doutrina da justificação pela fé é o cerne da teologia paulina, utilizada especialmente quando em confronto direto com o ensino judaico ou dos judeu-cristãos, que defendiam que o homem encontra a graça de Deus quando cumpre a vontade divina por meio da lei judaica.
2. De acordo com a lição, qual é a situação final da pessoa que está condenado pela ira de Deus e reconhece o sacrifício vicário de Cristo e requisita sua justificação ao Supremo Juiz?
Aquele(a) que inicialmente estava condenado(a) pela ira de Deus, com a justificação é retirada a sentença divina (declarado justo), reconciliado com Deus gratuitamente, em Cristo.
3. Cite uma parábola de Jesus que demonstra que a lei e as obras são insuficientes para a justificação diante de Deus.
A parábola do fariseu e do samaritano (Lc 18.9-14).
4. Explique qual a diferença entre a justificação e a santificação (Paulo x Tiago).
A justificação se dá mediante a fé e acontece instantaneamente na conversão (ato estático), enquanto a santificação que vai sendo desenvolvida após a conversão (processo contínuo).
5. Por que Paulo utilizou a figura de Abraão para exemplificar a doutrina da justificação pela fé?
Porque o exemplo de Abraão demonstra que ele foi justificado antes da circuncisão e da lei, e sua fé constitui um protótipo da fé cristã, por crer incondicionalmente em Deus e no seu poder de ressuscitar.

SUBSÍDIO I
Caro professor, “Deus nos ordena que ensinemos os jovens. Os jovens de hoje são os líderes de amanhã. Eles estabelecem metas, fazem escolhas e vivem a vida levando em conta suas decisões. O ministério de ensino de jovens deve ser excelente.
Os jovens encontram-se numa encruzilhada. As pessoas que estão em contato com as crianças de hoje têm a sensação agourenta de uma crise acelerada e problemática. Algo deve ser feito. Há uma urgência sobre o ministério da mocidade, e aqueles que a consideram de baixa prioridade.
Ensinar os jovens é importante para a nossa igreja, por causa do período em que se encontram na vida. Decisões cruciais são tomadas à medida que passam para a maioridade. Nós os ensinamos, não apenas para ampará-los como jovens, mas também para ajudá-los a se tornar líderes adultos.
Procuramos formar neles as qualidades e características da maioridade cristã. Nosso mais profundo desejo é que o andar cristão dos jovens torne-se um estilo de vida, no conhecimento da Palavra de Deus e de Jesus Cristo, nosso Salvador.
Os jovens procuram respostas, e, na maioria das vezes, seguem seus líderes” (GANGEL, Kenneth O; HENDRICKS, Howard, G. Manual de Ensino para o Educador Cristão. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1999, p.149).

SUBSÍDIO II
“Por Jesus Cristo, somos libertos da antiga lei, para andarmos ‘em novidade de vida’ (Rm 6.4; veja também Jr 31.31-34). O que quer isso dizer? Que por estarmos livres da Lei, podemos viver como bem quisermos? Certamente que não! Significa que agora o Espírito de Cristo em nós habita e que a nossa nova natureza da parte de Deus está no controle. Esta nova natureza nada tem a ver com a satisfação de desejos maus ou egoístas; seu propósito e prazer é obedecer e agradar a Deus. A nova natureza possibilita ao crente obedecer a Deus e viver uma vida que agrada ao Senhor. [...]. Quanto mais o crente viver e andar segundo o Espírito, e tendo a Palavra de Deus como a sua regra de fé e modo de proceder, ele viverá vitoriosamente neste mundo, vitória esta sobre os adversários de nossa alma, a saber: o pecado, o mundo, nós mesmos (a carne) e o Diabo e seus poderes (veja Gl 5.16-18,25; Rm 8.1-16). [...] Resumamos o que isto significa: 1) A pessoa que é salva pela fé em Jesus Cristo e assim permanece já não está sob o jugo da lei do Antigo Testamento; 2) A partir de sua conversão a Cristo, o Espírito Santo passa a habitar no crente e lhe comunica uma nova natureza espiritual; 3) Enquanto o crente entrega incondicionalmente o controle de sua vida ao Espírito Santo, ele vive uma vida cristã vitoriosa sobre o pecado, o mundo, o Diabo e o ‘eu’; 4) O que determina a conduta do crente doravante é o controle do Espírito sobre sua vida, à medida que ele o permite. Em Cristo, o crente, como nova criatura espiritual, não está mais sob o domínio da Lei, nem da velha natureza e suas inclinações” (GILBERTO, Antônio. O Fruto do Espírito: A plenitude de Cristo na vida do crente. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2004, p.148).