1º Trimestre de 2015
Lição 6
8 de fevereiro de 2015
LIÇÃO
6: Santificarás o Sábado
TEXTO ÁUREO
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"E disse-lhes: O sábado foi
feito por causa do homem, e não o homem, por causa do sábado." (Mc 2.27)
[Em complemento a este
estudo, sugiro a leitura do artigo “O Sábado foi feito para o Homem ou para o
Judeu?”, do Centro Apologético Cristão de Pesquisas: http://www.cacp.org.br/o-sabado-foi-feito-para-o-homem-ou-para-o-judeu/]
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VERDADE PRÁTICA
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O quarto mandamento envolve os aspectos
espiritual e social, diz respeito ao relacionamento do homem com Deus e ao
mesmo tempo com o próximo.
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LEITURA DIÁRIA
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LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
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Êxodo 20.8-11; 31.12-17
Êxodo 20:8-11
8. Lembra-te do dia do sábado, para o santificar.
9. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra.
10. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma
obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva,
nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas.
11. Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que
neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o Senhor o dia do
sábado, e o santificou.
Êxodo 21:12-17
12 ¶ Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:
13 Tu, pois, fala aos filhos de Israel, dizendo: Certamente guardareis
meus sábados; porquanto isso é um sinal entre mim e vós nas vossas gerações;
para que saibais que eu sou o Senhor, que vos santifica.
14 Portanto guardareis o sábado, porque santo é para vós; aquele que o
profanar certamente morrerá; porque qualquer que nele fizer alguma obra, aquela
alma será eliminada do meio do seu povo.
15 Seis dias se trabalhará, porém o sétimo dia é o sábado do descanso,
santo ao Senhor; qualquer que no dia do sábado fizer algum trabalho, certamente
morrerá.
16 Guardarão, pois, o sábado os filhos de Israel, celebrando-o nas suas
gerações por aliança perpétua.
17 Entre mim e os filhos de Israel será um sinal para sempre; porque em
seis dias fez o Senhor os céus e a terra, e ao sétimo dia descansou, e
restaurou-se.
OBJETIVO GERAL
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Compreender o significado do sábado
para os cristãos.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
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Após esta aula, o aluno deverá estar apto a: Abaixo, os objetivos específicos
referem-se aos que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o
objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
- I.
Analinsar o conceito do
sábado.
- II. Considerar a forma da
instituição do sábado.
- III. Explicar os aspectos legais e
cerimoniais do sábado.
- IV.
Destacar o preceito cerimonial.
- V. Apresentar Jesus como o Senhor do
Sábado.
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COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
As controvérsias deste mandamento giram em torno da sua interpretação.
Temos aqui a relação trabalho-repouso e ao mesmo tempo o relacionamento de Deus
com Israel. A necessidade de um dia de repouso após seis jornadas de trabalho é
universal, mas o sábado é um presente de Deus para Israel. O mandamento de
santificar o sábado é mais bem compreendido quando se conhece o propósito pelo
qual ele foi dado. [Comentário: Foi dito na primeira lição que as tábuas da
Lei possuem 4 mandamentos em uma tábua e 6 em outra e que os quatro primeiros
se referem ao relacionamento do homem com Deus, e os outros seis dizem respeito
ao relacionamento com nossos semelhantes. O quarto mandamento se coloca, em termos
de relacionamento vertical e horizontal, nos dois planos, é uma ponte que liga
os mandamentos teológicos com os mandamentos éticos. Ele possui caráter social
e humanitário e também função religiosa. Muitas são as controvérsias em torno
deste mandamento, e todas se referem à sua interpretação. O Pr Esequias Soares,
comentarista deste trimestre, informa o seguinte a esse respeito: “O que acontece é que existe o sábado
institucional e o sábado legal, e quem não consegue separar estas duas
instituições terminam radicalizando indo aos extremos. Esse é o principal
problema dos sabatistas da atualidade, como os adventistas do sétimo dia. Todos
os mandamentos do Decálogo dependem de definições e de como aplicá-los na vida
diária, e essas instruções são dadas no próprio sistema mosaico. Mas as
definições nem sempre são conclusivas. Por exemplo, o que a Bíblia define como
trabalho?” Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para
uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 61-62. O quarto mandamento
será melhor entendido quando analisarmos o propósito para o qual ele foi dado.]
Convido você para mergulharmos mais fundo nas Escrituras!
I. O SÁBADO DA CRIAÇÃO
1. O shabat. Deus celebrou o
sétimo dia após a criação e abençoou este dia e o santificou (Gn 2.2,3). Aqui
está a base do sábado institucional e do sábado legal. O sábado legal não foi
instituído aqui; isso só aconteceu com a promulgação da lei. O substantivo
shabbat, "sábado", não aparece aqui, na criação. Surge pela primeira
vez no evento do maná (Êx 16.22, 23). A Septuaginta emprega a palavra sabbaton,
"sábado, semana", a mesma usada no Novo Testamento grego. [Comentário: Shabat (hebraico שבת,
shabāt, "descanso/inatividade"), é o nome dado ao dia de descanso
semanal no judaísmo, simbolizando o sétimo dia em Gênesis, após os seis dias de
Criação. A palavra hebraica שבת,
shabāt, tem relação com o verbo שבת,
shavāt, que significa "cessar", "parar". Apesar de ser
vista quase universalmente como "descanso" ou um "período de
descanso", uma tradução mais literal seria "cessação", com a
implicação de "parar o trabalho". Portanto, Shabat é o dia de
cessação do trabalho; enquanto que descanso é implícito, mas não é uma
denotação da palavra em si. O Pr Esequias Soares, em obra já citada
anteriormente, sobre o sábado, diz o seguinte: “O sábado e a semana tiveram a sua origem em Deus. A divisão
hebdomadária (adj. Semanal; que se realiza,
acontece ou surge a cada semana; que se refere à semana, observação nossa.)do tempo aparece desde os dias
pré-diluvianos e no período patriarcal (Gn 7.4, 10, 12; 29.27, 28). Mas a
semana na Mesopotâmia seguia as fases da lua, por isso nem sempre o sábado
coincidia com o sétimo dia. A semana dos egípcios era de dez dias. Aqui está a
base do sábado institucional e do sábado legal.”
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em
Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 61-62.. O sentido de Shabat aqui é cessar, logo é
sinonimo de cessar de criar indicando a obra concluída e não um período de
ociosidade, pois segundo se infere dos textos de Is 40.28 e Jo 5.17, Deus não
descansa, Ele continua ativo sustentando todas as coisas (Hb 1.3)]
2. Deus concluiu a
criação no dia sétimo. Deus completou a sua obra da criação no sétimo
dia. Deus "descansou" ou seja, cessou, é o significado do verbo
hebraico usado aqui, shabat, "cessar, desistir, descansar" (Gn 8.22;
Jó 32.1; Ez 16.41). Esse descanso é sinônimo de cessar de criar, e indica a
obra concluída. Não se trata de ociosidade, pois Deus não para e nem se cansa
(Is 40.28; Jo 5.17). [Comentário: Dada a explicação do subtópico anterior,
acrescento que Jesus também assentou-se à destra de Deus depois de concluir a
obra da redenção (Hb 8.1; 10.12). Ainda na obra suprareferenciada, do Pr
Esequias Soares, ele afirma que “A
expressão ‘acabado no sétimo dia’ parece indicar que houve mais alguma
atividade de Deus na criação nesse dia. É o que pensam muitos expositores da
atualidade. Deus terminou a sua obra no dia sexto – segundo a Septuaginta e o
Pentateuco Samaritano”.]
3. A bênção de Deus
sobre o sétimo dia. Ele abençoou e santificou o sétimo dia como um repouso contínuo, na
dispensação da inocência, mas isso foi interrompido por causa do pecado.
Agostinho de Hipona lembra que não houve tarde no dia sétimo, e afirma que Deus
o santificou para que esse dia permanecesse para sempre (Confissões, Livro
XIII, 36). O sábado da criação aponta para o descanso de Deus ao mundo inteiro
no fim dos tempos: "Portanto, resta ainda um repouso para o povo de
Deus" (Hb 4.9). [Comentário: “Deus
abençoou e santificou o sétimo dia como um repouso contínuo, a dispensação da
inocência, interrompido por causa do pecado. Agostinho de Hipona lembra que não
houve tarde no dia sétimo, pois Deus o santificou para que ele permanecesse
para sempre: "Ora o sétimo dia não tem crepúsculo. Não possui ocaso porque
Vós o santificastes para permanecer eternamente" [Confissões, Livro
XIII.36). Adão e Eva viveram esse repouso durante a inocência até a Queda:
"Foi o princípio e o tipo de repouso ao que a criação, depois que caiu da
comunhão com Deus pelo pecado do homem, recebeu a promessa de que uma vez mais
seria restaurada pela redenção, em sua consumação final" (KEIL &
DELITZSCH, tomo 1, 2008, p. 41). O sábado da criação aponta para o descanso de
Deus para o mundo inteiro no fim dos tempos: "Portanto, resta ainda um
repouso para o povo de Deus" (Hb 4.9). O sábado legal não foi instituído
aqui. Isso só aconteceu com a promulgação da lei. O sétimo dia é o fundamento
da guarda do sábado dada aos israelitas, visto que este dia foi santificado
desde o princípio do mundo. O sábado institucional é para toda a humanidade e
por isso Deus o santificou antes de estabelecê-lo como mandamento para Israel.
"A santificação do sábado institui uma ordem para a humanidade segundo a
qual o tempo é dividido em tempo e tempo sagrado... Por santificar o sétimo
dia, Deus instituiu uma polaridade entre o dia a dia e o solene, entre dias de
trabalho e dias de descanso, a qual deveria ser determinante para a existência
humana" (WESTERMANN, 1994, p. 171). O sábado institucional não é
necessariamente o sétimo dia da semana, mas um a cada seis dias”. Esequias
Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante
Mudança. Editora CPAD. pag. 65-66.]
PONTO CENTRAL
Encarar o sábado não como a letra da Lei, mas um princípio dado por Deus
ao ser humano para desfrutar do descanso semanal.
SÍNTESE DO TÓPICO I
A base institucional e legal do
sábado foi a celebração de Deus no sétimo dia, após a criação. O Criador abençoou e santificou esse dia.
CONHEÇA MAIS
*Patriarca
Título que descreve o chefe ou o
fundador de uma
família ou tribo do Israel Antigo.
Três são os pricipais patriarcas de Israel: Abraão, Isaque e Jacó (Hb 7.4; At
7.8,9). Também se aplica aos 12 filhos de Jacó e ao rei Davi, devido à linhagem
messiânica. Esses personagens remontam à era patriarcal da história de Israel.
Leia mais em História de Israel no
Antigo Testamento
II. O SÁBADO INSTITUCIONAL
1. Desde a criação. É o sábado para
descanso de todos os povos. É uma questão moral que Deus estabeleceu para a
raça humana ao comemorar a criação. Tornou modelo e uma forma natural para toda
a raça humana. É a ordem natural das coisas: os campos precisam de repouso, as
máquinas necessitam parar para manutenção e assim por diante (Lv 25.4). O
sábado institucional, portanto, não se refere ao sétimo dia da semana; pode ser
qualquer dia ou um período de descanso (Hb 4.8). [Comentário: Solano
Portela escreve em seu artigo ‘O Quarto Mandamento’, o seguinte: “Em nossas bíblias o quarto mandamento está
redigido assim – "Lembra-te do dia de sábado para o santificar...". A
palavra que foi traduzida "sábado", é a palavra hebraica shabat, que
quer dizer descanso. É correto, portanto, entendermos o mandamento como
"... lembra-te do dia de descanso para o santificar". Esse "dia
de descanso" era o sétimo dia no Antigo Testamento, ou seja, o nosso
"sábado". No Novo Testamento, logo na igreja primitiva, vemos o dia
de ressurreição de Cristo marcando o dia de adoração e descanso. Isso é: o
domingo passa a ser o nosso "dia de descanso". Os apóstolos acataram
esse dia como apropriado à celebração da vitória de Jesus sobre a morte (At
20.7; 1 Co 16.2; Ap 1.10). A igreja fiel tem entendido a questão da mesma
maneira, ou seja: não é a especificação "do sétimo", que está
envolvida no mandamento, mas o princípio do descanso e santificação” Presbítero
da Igreja Presbiteriana do Brasil, membro da Igreja Presbiteriana de Santo
Amaro-SP. http://www.monergismo.com/textos/dez_mandamentos/quarto_solano.htm.]
2. Não era
mandamento. O sétimo dia da criação não era mandamento, mas revela a necessidade
natural do descanso de toda a natureza. O repouso noturno de cada dia não é
suficiente para isso. Deus abençoou e santificou esse dia não somente para
comemorar a obra da criação mas para que, nesse dia, todos cessem o trabalho e
assim descansem física e mentalmente para oferecer o seu culto de adoração a
Deus. [Comentário: O Pr Esequias Soares comenta o seguinte: “O sétimo dia da criação não era mandamento,
mas revela a necessidade natural do descanso de toda natureza, homem, animal,
máquina, agricultura. O repouso noturno de cada dia não é suficiente para isso.
Deus abençoou e santificou esse dia não somente para comemorar a obra da
criação, mas para que nesse dia todos cessem o trabalho tendo em vista o
descanso físico e mental e também o culto de adoração a Deus. É importante que
todos os seres humanos possam refletir que o universo foi criado por um Deus
pessoal, Todo-poderoso, sábio e transcendente, que planejou todas as coisas que
foram criadas. Parece que esse dia foi logo esquecido pelo gênero humano, mas
há resquício dele em muitos povos da antiguidade.” Esequias Soares. Os
Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança.
Editora CPAD. pag. 63-65.]
3. Os patriarcas
não guardaram o sábado. O livro de Gênesis não menciona os patriarcas*
Abraão, Isaque e Jacó observando o sábado. Segundo Justino, o Mártir, Abraão e
seus descentes até o Sinai agradaram a Deus sem o sábado (Diálogo com Trifão
19.5). Irineu de Lião diz que Abraão, "sem circuncisão e sem observância
do sábado, 'acreditou em Deus e lhe foi imputado a justiça e foi chamado amigo
de Deus'" (Contra as Heresias, Livro IV, 16.2). [Comentário: O apóstolo Paulo, judeu, doutor da Lei e guardador do sábado, em Gálatas 3.17, escreve
que a Lei só veio 430 anos (depois de Abraão), sendo assim, o sábado só passou
a ser instruído e guardado pelos hebreus após a saída do Egito e isso pode ser
conferido a partir do capítulo 16 de Êxodo que mostra claramente as primeiras
instruções sobre o dia judaico.]
SÍNTESE DO TÓPICO II
O sábado institucional se refere à
necessidade de um período de descanso para a Criação e para o homem.
III. O SÁBADO LEGAL
1. Significado. É o sétimo dia da
semana no calendário judaico, marcado para repouso e adoração. Foi introduzido
no mundo pela lei; é o sábado legal dado aos israelitas no Sinai. Nenhum outro
povo na história recebeu a ordem para guardar esse dia; é exclusividade de Israel
(Êx 31.13, 17). O sábado e a circuncisão são os dois sinais distintivos do povo
judeu ao longo dos séculos (Gn 17.11). [Comentário: O
sábado legal é exclusividade dos israelitas e nenhum povo da terra recebeu tal
responsabilidade, nem mesmo a Igreja (Êx 31.13- 17). A adoração no tabemáculo
acontecia semanalmente e isso justifica a instrução da lei do sábado na
presente seção que aborda a ordem do culto e demais serviços no tabemáculo. O
tema do sábado havia sido tratado por ocasião do maná (Êx 16.23-30) e no quarto
mandamento (Êx 20.8-11); no entanto, Javé retoma o assunto aqui para que o
presente preceito seja observado de maneira apropriada. A observância do sábado
legal é perpétua, sob pena de morte para quem violar (vv. 14-6) e isso por se
tratar de um sinal entre Javé e Israel (Êx 31.13, 17). Não é mandamento para
todos os povos nem para a Igreja. É o segundo sinal para os israelitas, que já
tinham a circuncisão como primeiro sinal desse concerto (Gn 17.10-14). Ao longo
dos séculos, os judeus trataram esses dois preceitos com a mesma atenção. O
Decálogo registrado em Deuteronômio apresenta o sábado como memorial da saída
dos israelitas do Egito: "Porque te lembrarás que foste servo na terra do
Egito e que o SENHOR, teu Deus, te tirou dali com mão forte e braço estendido;
pelo que o SENHOR, teu Deus, te ordenou que guardasses o dia de sábado"
(Dt 5.15). O sábado legal é mandamento exclusivo para o povo de Israel. Esequias
Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante
Mudança. Editora CPAD. pag. 68-69.]
2. O sábado do
Decálogo. A expressão "Lembra-te do dia do sábado, para o santificar"
(Êx 20.8), remete a uma reminiscência histórica e, sem dúvida alguma, Israel já
conhecia o sábado nessa ocasião. Mas parece não ser referência ao sábado da
criação. Ele aparece na promulgação da lei (Êx 20.11), contudo, essa
reminiscência não reaparece em Deuteronômio (Dt 5.12-15). Trata-se, com
certeza, do sábado que o povo não levou a sério no deserto (Êx 16.22-29). [Comentário: O quarto mandamento é o mais longo do Decálogo e difere dos
três primeiros, cuja formulação é negativa. O versículo 8 introduz o mandamento
positivo que impõe a obrigação de santificar o sábado, e o versículo 9 fala
sobre a obrigação de trabalhar seis dias. Isso se repete no sistema mosaico
(Êx23.12; 31.13-17; 34.21; Lv 23.3), mas aqui aparece também a formulação
negativa. Quando Moisés no seu discurso em Deuteronômio repete o Decálogo
substitui o verbo hebraico usado para "lembrar" zãchor,n
"recordar, lembrar", por outro, "guardar", shãmôr,72
"guardar, cuidar, vigiar", quando diz: "Guarda o dia de
sábado" (Dt 5.12). Os dois verbos estão no infinitivo absoluto, que tem
função de um forte imperativo, bastante comum em leis e mais próximo de um
futuro cominatório, ameaçador. O propósito do uso deste verbo "lembrar"
aqui em Êxodo é manter o sábado como dia santo. Isso mostra que o povo já
conhecia esse dia, mas parece que a sua observância não era levada a sério
antes da revelação do Sinai. As palavras "como te ordenou o SENHOR, teu
Deus" (Dt 5.12b) não aparecem em Êxodo e são uma referência ao Sinai,
quando a lei foi promulgada, visto que Moisés está relatando um fato acontecido
no passado. Fica evidente que houve um sábado antes da promulgação da lei.
Muitos acreditam que o verbo "lembrar" se refere ao relato do maná no
deserto (Êx 16.22-30). Isto fica claro pelo fato de que "a maneira
incidental em que a matéria é introduzida e a repreensão do Senhor pela
desobediência do povo sugerem que o sábado já era previamente conhecido"
(TENNEY, vol. 5, 2008, p. 267). No entanto, segundo o rabino Benno Jacob,
"lembrar" aqui não tem conotação de "não esquecer", como
aconteceu com o evento do maná, mas de um "memorial do passado para
estabelecer um relacionamento especial para o futuro" (1992, p. 563). Esequias
Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante
Mudança. Editora CPAD. pag. 67]
3. Propósito. A instituição do
sábado legal no Decálogo tinha um propósito duplo: social e espiritual. Cessar
os trabalhos a cada seis dias de labor era dar descanso aos seres humanos e aos
animais e dedicar um dia para adoração a Deus. É um memorial da libertação do Egito
(Dt 5.15). Duas vezes é dito que o sábado é um sinal distintivo entre Deus e a
nação de Israel (Êx 31.13,17). [Comentário: A instituição do sábado legal no Decálogo
tinha o propósito duplo, social e espiritual, de cessar os trabalhos a cada
seis dias de labor para dar descanso aos seres humanos e aos animais e dedicar
um dia inteiro para adoração a Deus: 8 Lembra-te do dia do sábado, para o
santificar. 9 Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra, 10 mas o sétimo
dia é o sábado do SENHOR, teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem o teu
filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem
o teu estrangeiro que está dentro das tuas portas. 11 Porque em seis dias fez o
SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo que neles há e ao sétimo dia descansou;
portanto, abençoou o SENHOR o dia do sábado e o santificou (Êx 20.8-11). Esequias
Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante
Mudança. Editora CPAD. pag. 66.]
SÍNTESE DO TÓPICO III
O sábado legal é um dia de descanso,
introduzido na cultura do povo judeu por meio da Lei.
IV. UM PRECEITO CERIMONIAL
1. O sacerdote no
Templo. O Senhor Jesus Cristo disse mais de uma vez que a guarda do sábado é um
preceito cerimonial. Ele colocou o quarto mandamento na mesma categoria dos
pães da proposição (Mt 12.2-4). Veja ainda a que Jesus se referia quando falou
a respeito desse ritual mencionado em Êxodo 29.33, Levítico 22.10 e 1 Samuel
21.6. Disse igualmente que "os sacerdotes no templo violam o sábado e
ficam sem culpa" (Mt 12.5), ao passo que não existe concessão para
preceitos morais. [Comentário: A oposição crescente ao ministério de Jesus
pelos líderes religiosos encontra sua expressão total na observância do sábado,
a instituição mais sagrada entre os judeus. Em Mt 12.3, Jesus apoia a ação de
seus discípulos através de seu apelo ao exemplo de Deus (1Sm 21.1-6),
verificando que as regulamentações normais do sábado podem precisar render-se
às necessidades humanas. A necessidade humana tem precedência em uma rigorosa
interpretação da Lei, que deixa escapar seu propósito mais amplo. Jesus reivindica
sua divindade em Mt 12.6-8, logo, como Senhor do sábado, ele poderia fazer o
que bem entendesse com o mesmo!]
2. A circuncisão no
sábado. Se o oitavo dia da circuncisão do menino coincidir com um sábado, ela
tem que ser feita no sábado, nem antes e nem depois. Assim, Jesus mais uma vez
declara o quarto mandamento como preceito cerimonial e coloca a circuncisão
acima do sábado (Jo 7.22,23 cf. Lv 12.3). Um mandamento moral é obrigatório por
sua própria natureza. [Comentário: O Centro Apologético Cristão de Pesquisas,
citando a Bíblia Apologética, escreve sobre João – 7.21-24: “Frequentemente Jesus enfrentava polêmica com
os judeus por causa do sábado. Os judeus eram ferrenhos guardadores do sábado e
sempre estavam discutindo com Jesus sobre o assunto.
O
que é admirável no texto é Jesus afirmar que a guarda do sábado fica subordinada
à circuncisão. Uma criança que devesse ser circuncidada no oitavo dia do seu
nascimento (Gn 17.10; Lv 12.3; Jo. 7:21-24) para que a Lei não ficasse
invalidada, colocava a guarda do dia em posição inferior à circuncisão. Se a
circuncisão é de valor secundário, inexpressivo, e nenhum cristão hoje a
pratica, como terá a guarda do sábado como preceito? Ellen Gould White ensinava
que a guarda do sábado implicava em salvação. O ensino de Jesus sobre o sábado
é diferente, Ele é Senhor do Sábado”. http://www.cacp.org.br/o-sabado-e-a-circuncisao/]
SÍNTESE DO TÓPICO IV
Segundo Jesus Cristo, a guarda do
sábado é um preceito cerimonial.
V. O SENHOR DO SÁBADO
1. O sábado e a
tradição dos anciãos. Os quatro evangelhos registram os conflitos entre Jesus e os fariseus
sobre a interpretação do sábado. A tradição dos anciãos criou 39 proibições
concernentes ao sábado, mas o Senhor Jesus disse que é "lícito fazer bem
no sábado" (Mt 12.12). Isso Ele fez (Mc 3.1-5; Lc 13.10-13; 14.1-6; Jo
5.8-18; 9.6,7,16) e, por isso, nós devemos fazer o bem, não importa qual seja o
dia da semana. [Comentário: “A observância do sábado nos dias do
ministério terreno de Jesus havia se tornado externa e formal. As autoridades
religiosas de Israel haviam criado muitas restrições e estabeleceram regras
meticulosas. A Mishnah, antiga literatura religiosa dos judeus, nos tratados
Shabbat e Erub, registra minúcias de como o sábado deve ser observado. A
tradição dos anciãos criou 39 proibições concernentes ao sábado. Por essa
razão, o Senhor Jesus entrou diversas vezes em conflito com os escribas e
fariseus. Uma delas aconteceu quando ele defende os seus discípulos por
colherem espigas no sábado (Mt 12.1-5). 1 Naquele tempo, passou Jesus pelas
searas, em um sábado; e os seus discípulos, tendo fome, começaram a colher
espigas e a comer. 2 E os fariseus, vendo isso, disseram-lhe: Eis que os teus
discípulos fazem o que não é lícito fazer num sábado. 3 Ele, porém, lhes disse:
Não tendes lido o que fez Davi, quando teve fome, ele e os que com ele estavam?
4 Como entrou na Casa de Deus e comeu os pães da proposição, que não lhe era
lícito comer, nem aos que com ele estavam, mas só aos sacerdotes? (Mt 12.1-4). A
passagem paralela aparece em Marcos 2.23-26 e Lucas 6.1-4. Em todas elas, o
Senhor Jesus mencionou um trecho do Antigo Testamento em que Davi comeu o pão
da proposição na casa do sacerdote Abiatar, quando estava sob a perseguição de
Saul (1 Sm 21.6). Assim, ele colocou a guarda do sábado na mesma categoria do
preceito cerimonial. A lei proibia que estranhos comessem do pão sagrado da
proposição, o qual era restrito aos sacerdotes (Êx 29.33; Lv 22.10). Jesus foi
além e disse que os sacerdotes no templo podiam violar o sábado e ficar sem
culpa (Mt 12.5). Um mandamento moral é obrigatório por sua própria natureza.
Não existe concessão para preceitos morais; aqui, a vida está acima do sábado. Em
outra ocasião, o Senhor Jesus torna a considerar o sábado um preceito
cerimonial com base na própria lei de Moisés. Ele nem precisou reivindicar a
sua autoridade de Filho de Deus e Messias, ao lembrar às autoridades religiosas
que a circuncisão de uma criança pode ser feita num dia de sábado. A lei
prescreve que o menino deve ser circuncidado no oitavo dia de seu nascimento
(Lv 12.3). Jesus disse que a circuncisão pode ser feita mesmo quando o oitavo
dia coincide com sábado (Jo 7.22, 23). Jesus declarou: "O sábado foi feito
por causa do homem, e não o homem, por causa do sábado" (Mc 2.27). Muitos
comparam essas palavras a uma frase do Talmude creditada ao rabi Simeon ben
Menasya, cerca de 180 d.C.: "O sábado foi dado a vocês, não vocês
entregues a ele". A interpretação judaica diz respeito à permissão da
quebra do sábado em casos especiais, como a vida em perigo. Mas o que Jesus
disse significa que os seres humanos não foram criados para observar o sábado,
mas que o sábado foi criado para o benefício humano. Ele não disse que o sábado
foi feito por causa dos judeus ou de Israel, mas por causa de todos os seres
humanos. O sábado legal, do Decálogo, foi dado a Israel como sinal entre Javé e
os israelitas (Êx 31.13, 17; Dt 5.15; Ez 20.12). Aqui, o Senhor Jesus se refere
ao sábado institucional que Deus estabeleceu para o bem-estar e gozo de todos
os seres humanos, e isto está acima de observância meticulosa do sábado”. Esequias
Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante
Mudança. Editora CPAD. pag. 69-71.]
2. Jesus é o Senhor
do sábado (Mc 2.28). O sábado veio de Deus e somente Ele tem autoridade sobre essa
instituição. Então, não há outro no universo investido de tamanha autoridade,
senão o Filho de Deus. A expressão "o Filho do Homem", no singular, é
título messiânico, não é usual ou comum às outras pessoas. Está claro que Jesus
se referia a Ele mesmo. Jesus disse que os seres humanos não foram criados para
observar o sábado, mas que o sábado foi criado para o benefício deles (Mc
2.27). [Comentário: A frase "Assim, o Filho do Homem até do sábado
é senhor" (Mc 2.28) e as passagens paralelas (Mt 12.8; Lc 6.5) são
disputadas pelos expositores do Novo Testamento. Há duas linhas principais de
interpretação: a) a autoridade sobre o sábado foi conferida aos seres humanos,
e b) trata-se do próprio Senhor Jesus. A primeira nos parece menos aceitável
porque Deus nunca delegou autoridade sem limites aos humanos e, também, porque
a expressão grega ho huios tou anthrõpos, "o Filho do Homem", no
singular, é título messiânico e não relativo a humanos. Está claro que Jesus se
referia a si mesmo. Esta é a melhor interpretação. Ele revelou seu poder e sua
autoridade sobre as enfermidades, sobre a natureza, sobre todos os poderes das
trevas, sobre a morte e o inferno; assim, nada mais natural ser mesmo o Senhor
do sábado. O sábado veio de Javé e somente ele tem autoridade sobre a
instituição. Então, não há outro no universo investido de tamanha autoridade,
senão o Filho de Deus. Mais uma vez, o Senhor Jesus Cristo apresenta o profeta
Oseias como autoridade para fundamentar seu ensino (Mt 12.7; Os 6,6). Ele
acrescentou ainda que é "lícito fazer bem nos sábados" (Mt 12.12).
Isso o próprio Jesus o fez (Mc 3.1-5; Lc 13.10- 13; 14.1-6; Jo 5.8-18; 9.6, 7,
16), e nós também devemos fazer o bem, não importa qual seja o dia da semana.
Como o sábado do relato da criação, não é regra legal opressiva; é chamado de
sábado institucional que se transferiu para o domingo por causa da ressurreição
de Jesus, mas não como mandamento. Assim, como nada há no Novo Testamento que indique
a sua observância, isso por si só mostra que o quarto mandamento não é um
preceito moral. Esta interpretação é corroborada pelo fato de nem Jesus nem os
apóstolos ensinarem a guarda do sábado. O sábado não foi mencionado quando
Jesus citou os mandamentos para o moço rico (Mt 19.17-19). Toda a lei se resume
no amor a Deus e ao próximo (Mt 7.12; 22.40; Mc 12.31; Rm 13.10). O apóstolo
Paulo omitiu o quarto mandamento (Rm 13.9). Ele considerava retrocesso
espiritual guardar dias, meses e anos (G1 4.10, 11). Os primeiros cristãos eram
judeus de origem e era natural para eles observar os serviços da sinagoga;
ainda hoje, muitos judeus que são convertidos à fé cristã preferem não abrir
mão de sua identidade judaica, principalmente aqueles que residem em Israel. É
mais uma questão cultural. Paulo via o sábado e os preceitos dietéticos, o
kashrut, como mera opção pessoal. E, mesmo não havendo prova de que o apóstolo
distinguisse preceitos morais e cerimoniais, aqui ele coloca o sábado e o
kashrut na mesma categoria (Rm 14.1-6). Segundo Paulo, o antigo concerto foi
abolido (2 Co 3.7-14) , incluindo o sábado (Os 2.11). De fato, isso já era
anunciado desde o Antigo Testamento (Jr 31.31-34). Paulo disse que Jesus riscou
na cruz "a cédula que era contra nós nas suas ordenanças" (Cl 2.14).
O substantivo grego para "cédula" é cheirgraphon, um hapax legomenon,
literalmente, "escrito à mão”. É um documento escrito à mão usado aqui
metaforicamente. O termo aparece na literatura grega extrabíblica com vários
significados: "lei mosaica, obrigação escrita, contrato (ROBINSON, 2012,
p. 984); "registro de uma conta financeira, conta, registro de
dívida" (LOUW & NIDA, 2013, pp. 352, 353). É um certificado de dívida,
uma nota promissória. A ordenança, ou dogma, significa "decreto,
ordenança, edito", um termo usado também em referencia à lei de Moisés (Ef
2.15). É esse o sentido aqui, pois Jesus disse que a lei nos acusa (Jo 5.45). O
pensamento paulino revela o aspecto condenatório da lei mosaica (Dt 27.26; 1 Co
15.56; Gl 3.10) e também o padrão divino para a vida humana (Rm 7.13, 14). A
acusação da lei contra nós foi cancelada na cruz do Calvário, e aí o apóstolo
inclui o sábado. O apóstolo emprega os dois termos "cédula" e
"ordenança" metaforicamente para dizer que fomos perdoados e estamos
livres de legalismo: "Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo
beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, que são
sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo" (Cl 2.16, 17). Com
exceção do sangue (At 15.20, 28), as restrições dietéticas de Levítico foram
removidas, pois Deus purificou os animais cerimonialmente imundos (At
10.12-15). Nenhum alimento é imundo por si mesmo (Rm 14.14, 20; 1 Tm 4.3, 4). O
que contamina o ser humano é o que sai dele, não o que entra (Mt 15.11-20). O
sábado cerimonial é um termo para designar os festivais de Israel que englobam
as festas anuais, mensais e semanais (1 Cr 23.31; 2 Cr 2.4; 8.13; 31.3; Ez
45.17). O sábado cerimonial já está incluído na expressão "dias de
festa". Assim, a "lua nova", refere-se à festa mensal e a
expressão "dos sábados" diz respeito aos sábados semanais. O novo
concerto nos isenta de todas essas coisas. Paulo parece empregar uma linguagem
platônica no tocante ao mundo real e ao mundo das ideias no v. 17. A sombra é
temporária e identifica com imperfeição o objeto que a projetou, sendo portanto
inferior a ele. O apóstolo afirma nesta metáfora que a lei é uma projeção, uma
sombra da realidade, que é o corpo de Cristo. Esequias Soares. Os Dez
Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora
CPAD. pag. 71-74.]
3. Dia do culto
cristão. O primeiro culto cristão aconteceu no domingo e da mesma forma o
segundo (Jo 20.19,26). Nesse dia o Senhor Jesus ressuscitou dentre os mortos (Mc
16.16). O dia do Senhor foi instituído como o dia de culto, sem decreto e norma
legal, pelos primeiros cristãos desde os tempos apostólicos (At 20.7; 1 Co
16.2; Ap 1.10). É o "sábado" cristão! O sábado legal e todo o sistema
mosaico foram encravados na cruz (Cl 2.16,17), foram revogados e anulados (2 Co
3.7-11; Hb 8.13). O Senhor Jesus cumpriu a lei (Mt 5.17,18), agora vivemos
sob a graça (Jo 1.17; Rm 6.14). [Comentário: O sábado legal do Decálogo foi estabelecido para Israel se
lembrar da escravidão no Egito (Dt 5.15). Há certa analogia com o sábado
cristão, o domingo, que, sem precisar de imposição legal, passou a ser o dia de
adoração cristã coletiva em memória à ressurreição de Cristo que ocorreu num
domingo (Mc 16.1-6; Lc24.1-6). Éosábado institucional. Isso está claro em três
passagens do Novo Testamento: "No primeiro dia da semana, ajuntando os
discípulos para o partir do pão" (At 20.7). Era um domingo, "talvez
24 de abril de 57 d.C.", segundo F. F. Bruce (apud STOTT, 1994, p. 360). O
"partir do pão" é um termo usado para a Ceia do Senhor (At 2.42; 1 Co
10.16; 11.20-26). Segundo o autor citado, essa passagem "é a evidência
inequívoca mais primitiva que temos da prática cristã de reunir-se para a
adoração nesse dia". Isso se confirma mais adiante no Novo Testamento:
"No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte o que puder
ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que se não façam as coletas quando
eu chegar" (1 Co 16.2). Temos aqui outra prova de que o primeiro dia da
semana era o dia de culto regular. O apóstolo recomendou que nessas reuniões se
levantasse uma coleta para socorrer os irmãos pobres de Jerusalém. O apóstolo
João foi arrebatado no dia do Senhor: Eu fui arrebatado em espírito, no dia do
Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta" (Ap 1.10).
A expressão dia do Senhor" não é escatológica, pois a construção grega
aqui, en tê kyriakê hêmera, se refere ao domingo. Versões católicas como
Figueiredo, Matos Soares e a Bíblia do Peregrino empregam "num dia de domingo"
para traduzir a referida frase. Esta tradução é aceitável porque está de acordo
com o contexto bíblico e histórico. A palavra kyriakê significa
"domingo" ainda hoje na Grécia. O termo "domingo",
literalmente quer dizer, "dia do senhor , do latim, dominus,
"senhor", e dies, "dia". Inácio de Antioquia usa a mesma
frase grega do apóstolo João em Apocalipse, para indicar o primeiro dia da
semana: "Aqueles que viviam na antiga ordem de coisas chegaram à nova
esperança, e não observam mais o sábado, mas o dia do Senho em que a nossa vida
se levantou por meio dele e da sua morte" (Magnésios 9-1, Coleção
Patrística 1, Padres Apostólicos). Inácio foi o terceiro bispo de Antioquia e
conheceu os apóstolos Paulo e João. Preso em 110 no reinado de Trajano, foi levado
a Roma e atirado às feras. Trata-se de alguém da segunda geração dos apóstolos.
Outra razão que confirma essa interpretação é o fato de a Septuaginta usar uma
forma diferente para o "dia do Senhor escatológico, hêmera tou kyriou ou
hêmera kyriou. E o mesmo acontece nas cinco vezes que a frase aparece no Novo
Testamento grego (At 2.20; 1 Co 5.5; 2 Co 1.14; 1 Ts 5.2; 2 Pe 3.10). Os
primeiros pais da Igreja mostram que nos três primeiros séculos da história da
Igreja o domingo continuava sendo o dia de reunião dos cristãos. Além de Inácio
de Antioquia, isso pode ser ainda visto na Epístola de Barnabé (que não era o
Barnabé citado do Novo Testamento). Trata-se de um documento da primeira metade
do século 2, que declara: "Eis por que celebramos como festa alegre o
oitavo dia, no qual Jesus ressuscitou dos mortos e, depois de se manifestar,
subiu aos céus" (Epístola de Barnabé, 15.9). Herdamos dos dias apostólicos
essa prática que foi perpetuada pelo tempo. Os preceitos cerimoniais não
desobrigam os seres humanos de cultuarem a Deus, mas estes não precisam de
rituais e nem lhes é exigido irem a Jerusalém. Da mesma forma, o sábado não
precisa ser o sétimo dia da semana. Os adventistas do sétimo estão equivocados
quando afirmam que o imperador Constantino substituiu o sábado pelo domingo, e
sua doutrina não tem sustentação bíblica. É um erro teológico e histórico. Esequias
Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante
Mudança. Editora CPAD. pag. 74-76.]
SÍNTESE DO TÓPICO V
Em o Novo Testamento, Jesus é o
Senhor do sábado e somente Ele tem autoridade sobre esta instituição.
CONCLUSÃO
A palavra profética anunciava o fim do sábado legal (Jr 31.31-33; Os
2.11). Isso se cumpriu com a chegada do novo concerto (Hb 8.8-12). Exigir a
guarda do sábado como condição para a salvação não é cristianismo e
caracteriza-se como doutrina de uma seita. [Comentário: “Quase
toda a instrução dos capítulos 3, 4 e 5 de Gálatas aborda a questão da lei e do
evangelho, donde se conclui que: 1) A lei foi ordenada por causa das
transgressões, ATÉ que viesse a
posteridade (3.19). 2) A lei não pôde comunicar vida; por isso, a Escritura
encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé em Jesus Cristo
fosse dada aos crentes. 3) A lei serviu para nos conduzir a Cristo, para que
pela fé fôssemos justificados, não pela fé na obediência à lei. 4) Depois que a
fé veio, já não estamos debaixo da lei, mas da graça (3.25). 5) Cristo veio
para libertar os que estavam debaixo da lei. Não somos mais meninos
necessitados de tutores, reduzidos à escravidão. Agora somos filhos de Deus
(4.1-7). 6) Não mais estamos sujeitos a guardar dias, meses e anos, rudimentos
fracos e pobres aos quais alguns querem continuar servindo (4.9-10). 7) Somos
filhos não da escrava Agar, que simboliza o velho concerto. Somos filhos da
promessa, como Isaque. Lancemos fora a escrava e seu filho, porque, “de modo
algum, o filho da escrava herdará com o filho da livre” (4.21-31). 8) Não
devemos retornar ao jugo da servidão, pois Cristo nos libertou (5.1). 9) Os que
buscam justificação na lei, separados estão de Cristo (5.4).]. “NaquEle que me
garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é
dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Francisco Barbosa
Campina Grande-PB
Fevereiro de 2015
PARA REFLETIR
Sobre o Sábado:
Quando Deus descansou no sétimo dia, Ele parou de trabalhar?
Não. A palavra usada na língua
hebraica para "descansar" é o sinônimo de "terminar",
"encerrar" e "concluir uma tarefa". A ideia, aqui, é a de
que Deus concluiu a criação, parou de criar, e não a de ficar ocioso. O Senhor
Jesus disse que o Pai "trabalha até agora" (Jo 5.17).
O sábado institucional resgata a ordem natural das coisas. Explique.
Significa que a instituição do
sábado trouxe ao ser humano a ideia de que o campo precisa de descanso, as
máquinas precisam parar para a manutenção, os animais também precisam descansar
e assim por diante (Lv 25.4).
É pecado trabalhar no domingo, o dia do Senhor?
Não. Vivemos na perspectiva da
graça. Isso, porém, não quer dizer que não se deve considerar a importância do
domingo como o dia do Senhor. O nosso Senhor ressuscitou num domingo. A igreja
do Novo Testamento reunia-se no domingo, o primeiro dia da semana, para comer o
pão, beber o suco da vide e terem comunhão uns com os outros (Mc 16.16; At
20.7; 1 Co 16.2; Ap 1.10)
Quem não guardar o sábado pode perder a salvação?
De maneira nenhuma! A salvação é
pela graça de Deus (Ef 2.8-10).
Por que o domingo é "o dia do Senhor" para os cristãos?
Porque Jesus ressuscitou no
domingo e a Igreja do Novo Testamento se reunia aos domingos.
NOTAS BIBLIOGRÁFICAS
Revista Lições Bíblicas Mestre - 1º
Trim./2015 - CPAD
Tema: "Os Dez
Mandamentos" - Os Valores Divinos para uma Sociedade e Constante Mudança
Comentário: Pr. Esequias Soares
Consultores Doutrinários e
Teológicos: Pr. Antonio Gilberto e Pr. Claudionor de Andrade
Autorizo a todos que quiserem fazer uso dos
subsídios colocados neste Blog. Solicito, tão somente, que indiquem a fonte e
não modifiquem o seu conteúdo. Agradeceria, igualmente, a gentileza de um
e-mail indicando qual o texto.
A palavra “sábado” é um termo hebraico e significa “sétimo”.
O mandamento do descanso foi instituído por Deus, em primeiro lugar, para que o
ser humano pudesse descansar. Lembre de que o contexto do advento da lei era a
libertação da escravidão de Israel no Egito. Como escravos, os hebreus não
tinham descanso, eram explorados diuturnamente a fi m de produzir mais e mais
para o império de Faraó. Este via os judeus como números ou objetos necessários
para enriquecerem ainda mais o Palácio. O Faraó não via os hebreus como pessoas
que precisavam descansar e recarregar as energias porque eram pessoas, gente
que precisava de dignidade. Apesar de Faraó não ver os israelitas como seres
humanos, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó contemplou todo
esse processo de escravidão humana. E ouviu o clamor do seu povo!
Por razões culturais, religiosas e teológicas as três
principais religiões monoteístas do mundo guardam um dia da semana como o
signifi cado de descanso e reverência a uma só divindade: os judeus, o Sábado;
os árabes, a Sexta-Feira; os cristãos, o Domingo. Mais que discutir o dia do
descanso, o importante é observarmos o sentido do Sábado, o seu descanso e a
sua reverência para o Criador dos Céus e da Terra.
Ora, para nós, que confessamos Jesus como Salvador, o
domingo é o dia do Senhor. Observamos o domingo porque foi o dia em que Jesus
de Nazaré ressuscitou dos mortos, a Igreja Primitiva se reunia para comer o pão
e confraternizar-se com alegria e singeleza de coração. Não é verdade que foi
Constantino quem inventou o Domingo, o imperador romano apenas o legitimou e
ofi cializou uma prática de mais de três séculos guardada pela comunidade
cristã primitiva.
Não tenha esta pergunta como legalista, mas o que estamos
fazendo com o dia do Senhor? Salva as exceções, o dia de descanso oficial no
mundo ociidental é o domingo. Numa perspectiva bíblica e evangélica, neste dia
deveríamos dedicar-nos a meditação espiritual, adoração ao Senhor com os
irmãos, o convívio com a família e a visita aos enfermos. Um dia para se viver
em comunidade! Não mero ativismo religioso onde pessoas se cansam mais do que
no trabalho secular.
A lição desta semana não pode se deter apenas em assuntos
periféricos, tais como “os adventistas estão certos ou errados” ou em “sermos
ou não legalistas”. O sentido desta lição é mais do que esse. É fazermos uma
pergunta honesta: O que estamos fazendo com o dia do Senhor? E com a nossa vida
e saúde?
SUGESTÃO DE LEITURA
As Sete Leis do Ensino
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ensino das Escrituras. Um verdadeiro compêndio de didática aplicada, destinado
a auxiliar os professores e líderes no sentido de obterem resultados mais
efetivos em sua atuação.
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da Bíblia. Um livro que auxiliará tanto iniciantes como veteranos e estudiosos da
Bíblia a encontrar os tesouros mais ricos das Escrituras Sagradas. Um passeio
panorâmico pela Bíblia toda.