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3º Trimestre de 2014
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Lição 5
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3
de Agosto de 2014
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O Cuidado ao
Falar e a Religião Pura
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TEXTO ÁUREO
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“[...] Mas todo o homem seja pronto para ouvir, tardio
para falar, tardio para se irar” (Tg 1.19). Embora
a comunidade cristã dê muito valor ao talento da eloquência, Tiago coloca a ênfase
sobre o ouvir. Aquele que ouve atentamente a palavra da verdade progride na
vida.
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VERDADE
PRÁTICA
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As
nossas palavras podem, ou não, evidenciar a sabedoria de Deus.
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HINOS
SUGERIDOS
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101,
185, 376.
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LEITURA DIÁRIA
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LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Tiago 1.19-27
19 ¶ Portanto, meus
amados irmãos, todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio
para se irar.
20 Porque a ira do
homem não opera a justiça de Deus.
21 Por isso,
rejeitando toda a imundícia e superfluidade de malícia, recebei com mansidão a
palavra em vós enxertada, a qual pode salvar as vossas almas.
22 E sede cumpridores
da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.
23 Porque, se alguém é
ouvinte da palavra, e não cumpridor, é semelhante ao homem que contempla ao
espelho o seu rosto natural;
24 Porque se contempla
a si mesmo, e vai-se, e logo se esquece de como era.
25 Aquele, porém, que
atenta bem para a lei perfeita da liberdade, e nisso persevera, não sendo
ouvinte esquecidiço, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no seu
feito.
26 Se alguém entre vós
cuida ser religioso, e não refreia a sua língua, antes engana o seu coração, a
religião desse é vã.
27 A religião pura e
imaculada para com Deus e Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas
tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo.
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá
estar apto a:
- Aprender sobre estar "pronto para ouvir" e "tardio para falar".
- Compreender a importância de ser praticante, e não só ouvinte.
- Saber qual é a religião pura e verdadeira.
PALAVRA CHAVE
Religião:
Geralmente
caracteriza-se pela crença na existência de um poder ou princípio superior,
sobrenatural, do qual depende o destino do ser humano e ao qual se deve respeito
e obediência..
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Na lição dessa semana vamos estudar
a maneira adequada de o crente usar um instrumento maravilhoso, mas ao mesmo
tempo, potencialmente perigoso: a fala. Este assunto está interligado à
temática da verdadeira religião que agrada a Deus. O fenômeno da fala é uma das
fontes de expressão do pensamento humano, como também é responsável pelo
processo de comunicação e de formação da identidade cultural de uma sociedade.
As pessoas querem falar às outras àquilo que pensam. O crente, todavia, tem o
compromisso de não apenas falar o que pensa, mas agir como propõe o Evangelho. [Comentário: Dizendo “se
alguém não tropeça em palavra”, Tiago focaliza um pecado especial que o
preocupa: a língua solta. A necessidade de controlar a língua era bem conhecida
no judaísmo e no cristianismo (Pv 10.19; 21.23; Ec 5.1). Tiago salienta aqui,
como o fez em 1.26, a importância de controlar a língua, pois afirma a respeito
de quem for capaz de domá-la: esse homem é perfeito, e capaz de refrear todo o
corpo. Isto significa que tal pessoa é madura, tem caráter cristão completo (1.4)
e, assim, capacitada a enfrentar todas as provações e tentações, e a controlar
todos os impulsos maus (1.12-15). Tiago caminha um passo à frente dos rabinos.
O controle dos maus impulsos é bom, concordando com o que diz Paulo em 1
Coríntios 9.24-27, mas os impulsos mais difíceis de controlar são os da língua.
Mantenha pura a fala, e o resto será fácil; eis a marca do cristão maduro.
Cristo ensinou que os homens terão de prestar contas, finalmente, de sua vida
na terra, incluindo «toda palavra frívola que proferirem» (Mt 12.36). Tudo isso
ilustra o quanto precisamos da graça de Deus. O uso da linguagem é uma questão
importante. Esta enciclopédia contém um artigo intitulado Linguagem.] Tenhamos todos uma excelente e abençoada aula!
I.
PRONTO PARA OUVIR E TARDIO PARA FALAR (Tg 1.19,20)
1. Pronto para ouvir. Para alguns crentes, a pessoa sábia é a que sempre tem algo a falar.
Ouvir é um empreendimento trabalhoso e, por isso, ignorado por muitos.
Diferentemente, as Escrituras admoestam-nos a ser prontos para ouvir. No
versículo 19, Tiago introduz o seu ensino sobre o "ouvir" e o
"falar" destacando a expressão sabei isto. Com essa expressão, ele
demonstra a sua preocupação pastoral com os seus leitores. Outro termo no
versículo 19 chama-nos a atenção: pronto. No grego, a palavra significa
"rápido", "ligeiro" e "veloz". Ali, o escritor
sacro incentiva-nos a estar disponíveis a ouvir. É uma atitude que depende de
uma disposição e também da decisão em ouvir o outro. A exemplo do profeta Samuel,
que desde a sua infância foi ensinado a ouvir a voz divina (1 Sm 3.10;
16.6-13), o povo de Deus deve persistir em escutar os desígnios do Pai, pois
nesses últimos dias têm Ele falado através do seu Filho, o Verbo Vivo de Deus
(Hb 1.1; cf. Jo 1.1). [Comentário: A expressão “seja
pronto para ouvir” é uma bela maneira de traduzir a ideia de uma audição
ativa. Não devemos simplesmente deixar de falar; devemos estar prontos e
dispostos para ouvir. Este ouvir com “prontidão” obviamente é feito com
discernimento. Devemos examinar o que ouvimos com a Palavra de Deus. Se não
ouvirmos, tanto atentamente quanto prontamente, podemos ser levados a todos os
tipos de falsos ensinos e enganos. Em outras palavras, ao invés de exibirem um mau
temperamento, forçando sua vontade sobre os outros, os crentes deveriam estar
prontos a ouvir e ver os pontos de vista dos outros - Paulo traça esse conceito
em Rm 12.16. Deve haver uma atitude de mútua condescendência, o que é apenas
outra maneira de se falar sobre o amor mútuo em operação. O amor cristão
consiste em cuidarmos dos outros conforme cuidamos de nós mesmos. Aquele que
segue essa regra não explode em ira nem anseia por impor sua vontade aos
outros. O Comentário Esperança Carta De Tiago traz o seguinte comentário: “Se já entre humanos é importante ouvir
corretamente, é duplamente necessário ser “rápido no ouvir” onde e quando
acontece a palavra de DEUS, “a palavra da verdade” (v. 18). Ao ouvirmos sua
palavra, DEUS semeia a nova vida em nós. É assim que ele a nutre, cria espaço
para ela e afasta o “inço” que tenta impedir e sufocar essa “plantação” de DEUS
em nós (Lc 8.11; Mt 13.7,22; 1Co 3.9). Desse modo ele fomenta a nova vida em
nós e faz com que amadureça. Cumpre aqui ser sobretudo “rápido para ouvir” (com
que nos ocupamos primeiro pela manhã, a Bíblia ou o jornal?) Para filhos de
DEUS a palavra dele constitui o elemento vital (Lc 2.49). Contudo, “rápido para
ouvir” significa para cristãos também que deem ouvidos a seres humanos:
independentemente de se tratar do serviço de amar ou de testemunhar. Temos de
saber o que falta ao outro e quais são suas indagações, pelo que devemos
ouvi-lo atentamente. Pedro afirma: “Estai sempre preparados para responder a
todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós” (1Pe 3.15). E Paulo
escreve: “Sabei como deveis responder a cada um” (Cl 4.6). Ou seja, pergunta-se
e são dadas respostas. Não um “disco” que simplesmente é posto para tocar. Cada
cristão vivo é convocado a ser conselheiro espiritual em seu entorno. A
premissa básica de todo serviço de aconselhamento é primeiro prestar atenção ao
outro”. Fritz Grunzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora
Evangélica Esperança. Russell Norman Champlin escreve em sua obra
intitulada Antigo Testamento
Interpretado versículo por versículo, o seguinte: “1Sm 3.10 Chamou como das outras vezes: Samuel, Samuel. Este foi o
quarto e último chamado. As primeiras palavras deste versículo mostram-nos que
o Senhor não somente chamou Samuel mediante aquela voz misteriosa, mas também
fez sentir a Sua presença. Todavia, tem-se a impressão de que o mesmo havia
acontecido nas três vezes anteriores, embora somente aqui isso nos seja dito.
Nas ocasiões anteriores, Samuel ouviu mas não interpretou corretamente a voz. E
também não tomou consciência da presença divina. Sua experiência, pois, estava
crescendo em poder, conforme avançava. O Quarto Chamado. A voz chamara Samuel
pelo nome. Nessa quarta vez, porém, Samuel foi capaz de receber a comunicação
tencionada, visto que tinha obedecido às instruções dadas por Eli. Responder
diretamente à “voz” permitiu- lhe receber a mensagem diretamente. O texto não
indica que a glória shekinah de DEUS se tenha manifestado, mas talvez devamos
entender que assim sucedeu. Ver no Dicionário o artigo chamado Shekinah. A
glória de DEUS moveu-se do interior do SANTO dos Santos e pôs-se ao lado do
leito de Samuel. Foi assim que o DEUS infinito condescendeu diante do homem
finito. E essa é a própria natureza do drama divino-humano em que o ser humano
está envolvido. A maior e mais eficaz de todas as condescendências divinas
ocorreu quando o Logos se encarnou e se tornou um homem entre os homens (ver
João 1.14). “Vede o quanto DEUS ama s. santidade nos jovens. O menino Samuel
foi preferido por Ele, em lugar de Eli, o idoso sumo sacerdote e juiz"
(Teodoreto). “... quando finalmente Samuel respondeu à voz, esta se tornou uma
visão" (George B. Caird, in loc.)”. CHAMPLIN, Russell Norman,
Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag.
1137.]
2. Tardio para falar. Quem ouve com atenção adquire a rara capacidade de opinar acerca de
qualquer assunto. É justamente por isso que a Carta de Tiago exorta-nos a ser
tardios para falar (v.19). Uma palavra dita sem pensar, fora de tempo, e sem
conhecimento dos fatos, pode provocar verdadeiras tragédias. Quem nunca se
arrependeu de ter falado antes de pensar? Diante de Faraó, o imperador do Egito
Antigo, o patriarca José aproveitou sabiamente um momento ímpar em sua vida.
Antes de responder às perguntas sobre os sonhos do monarca, José as ouviu e
refletiu sobre elas. Em seguida, orientado pelo Senhor, respondeu sabiamente
Faraó (Gn 41.16). Temos de aprender a refletir sobre o que vamos dizer e falar
no tempo certo. Pese bem as palavras, e ore como o rei Davi: "Põe, ó
SENHOR, uma guarda à minha boca; guarda a porta dos meus lábios" (Sl
141.3). [Comentário: Imaginemos uma moeda com
suas duas faces - de um lado “Ser pronto para ouvir” e do outro “tardio para falar”.
A lentidão em falar significa falar com humildade e paciência, não com palavras
ásperas nem tagarelando sem parar. O falar constante impede que a pessoa seja
capaz de ouvir. A sabedoria nem sempre é ter algo a dizer; ela envolve o ouvir
cuidadosamente, o refletir piedosamente, e o falar mansamente. Quando falamos
demais e ouvimos pouco, mostramos aos outros que pensamos que as nossas ideias
são muito mais importantes do que as deles. Tiago nos adverte sabiamente para
revertermos este processo. Precisamos colocar um cronômetro mental nas nossas
conversas e observar o quanto falamos e o quanto ouvimos. Tiago não tem muito a
dizer a respeito de pecados da carne, tão característicos dos gentios do
primeiro século. Em vez disso ele nos adverte em relação aos pecados que os
judeus estavam mais inclinados a praticar — orgulho, impaciência e outros
pecados do temperamento e da língua. Dessa forma, o apóstolo cita três
preceitos que provavelmente eram conhecidos aos seus leitores: Todo o homem
seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar (v. 19). Visto
que ele está prestes a apresentar uma advertência severa, Tiago inicia suas
palavras com uma expressão de profunda afeição e nela identifica-se com os seus
ouvintes — meus amados irmãos. Parece mais certo considerar o ouvir e o falar
em um sentido geral, em vez de restringir o significado (como alguns fazem) ao
ouvir e falar a mensagem do evangelho. Tiago mais tarde trata especificamente
do relacionamento do homem com a “palavra” salvadora. Zeno ressalta que um
homem tem dois ouvidos mas somente uma boca; ele, portanto, deveria ouvir duas
vezes mais do que falar. Há uma conexão íntima entre o ouvir e o falar; também
entre o falar e a ira. Aquele que ouve mais atentamente entende melhor o seu
próximo; entender leva a um falar ponderado e a uma resposta branda que “desvia
o furor”. O falar impensado, por outro lado, com frequência produz a palavra
pesada que “suscita a ira” (Pv 15.1). A. F. Harper. Comentário Bíblico
Beacon. Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 161. É necessário que, enquanto
prestamos atenção no outro, já reflitamos sobre uma resposta que o ajude e o
leve adiante, e isso exige que sejamos tardios em falar. O filósofo grego Xenócrates
(406 a.C. — 314 a.C.) dizia: “Tenho-me arrependido muitas vezes por ter falado,
mas nunca por ter guardado silêncio”, até parece que ele leu o Salmo 39.1,9!]
3. Controle a sua ira. Uma terceira admoestação encontrada no versículo 19 da carta de Tiago
expressa o seguinte: tardios para se irar. A ira é um profundo sentimento de
ódio e rancor contra a outra pessoa. Uma vez descontrolada, ela não produz a
justiça de Deus, mas uma justiça segundo o critério da pessoa que sofreu o
dano: a vingança. A Palavra de Deus não proíbe o crente de ficar indignado
contra a injustiça (Is 58.1,7; Lc 19.45). Contudo, ao mesmo tempo, a Bíblia
estabelece limites para o nosso temperamento não se achar irrefletido,
descontrolado, deixando-nos impulsivamente irados (Ef 4.26; Pv 17.27). O
cristão, templo do Espírito Santo, tem de levar a sua mente cativa a Cristo (2
Co 10.5) e manifestar o fruto do Santo Espírito: o domínio próprio (Gl 5.22 -
ARA). Fuja da aparência do mal. Tenha autocontrole. [Comentário: Segundo
o dicionário online de português, ira é: Paixão que incita toda a nossa agressividade
contra alguém ou algo; raiva, cólera, fúria: a ira é um dos sete pecados
capitais. Indignação furiosa, desejo veemente de vingança: a justa ira dos
explorados. O produto da ira sempre será uma ferida tanto no nosso próximo
como em nós mesmos. Portanto, a recomendação de Tiago é que sejamos tardios
[...] para se irar (v. 19). O crente deve abandonar a ira que não opera a
justiça de Deus (v. 20). A justiça de Deus significa conduta certa, isto é,
fazer o que Deus quer (Mt 6.33). A ira carnal não só nos leva a uma conduta sem
amor e a desagradar a Deus, mas esse comportamento irado em um cristão professo
levanta dúvida na mente dos observadores e, dessa forma, diminui o progresso do
Reino de Deus. Talvez alguém argumente: “mas Jesus irou-se”, e eu diária que a
única ira que o crente deve manifestar é a mesma ira que Jesus manifestou
sentiu: “E, olhando para eles em redor
com indignação, condoendo-se da dureza do seu coração, disse ao homem: Estende
a tua mão. E ele a estendeu, e foi-lhe restituída a sua mão, sã como a outra” (Mc
3.5). Esse tipo de ira não é a expressão de uma petulância particular, mas de
um ressentimento público contra o comportamento e as ações que levam outros a
sofrer sem culpa da pessoa irada. No episódio da purificação do Templo, onde
Jesus é descrito com um azorrague na mão, indignado com os cambistas e
vendilhões, expulsa-os do pátio dos Gentios, o imenso pátio externo do Templo,
se fizermos uma leitura cuidadosa dos quatro relatos sobre a purificação do
Templo não dará qualquer suporte à ideia de que JESUS usou de violência física
contra as pessoas, ou roubou-as de suas posses. Ele simplesmente fez com que os
homens - com seus pertences-se retirassem da área sagrada. Jesus enfureceu-se
porque o lugar de adoração a Deus tornara-se lugar de extorsão e barreira aos
gentios que desejavam adorar. Jesus citou Isaías 56.7 e usou essa passagem para
explicar que o Templo de Deus deveria ser uma casa de oração, mas os
comerciantes e os cambistas o haviam convertido em um covil de ladrões. Matthew
Henry comentando o texto de Lucas 19.45, escreve: “O zelo que Jesus mostrou pela purificação do Templo. Embora ele devesse
ser destruído dentro de pouco tempo, não era motivo para que não se cuidasse
dele, enquanto isto. 1. Cristo o limpou daqueles que o profanavam: “Entrando no
Templo, começou a expulsar todos os que nele vendiam e compravam”, v. 45. Com
isto (embora Ele fosse representado como um inimigo do templo, e este foi o
crime de que Ele foi acusado diante do sumo sacerdote), Ele demonstra que tinha
um amor pelo Templo mais verdadeiro do que aqueles que tinham a mesma veneração
pelo seu corbã, o seu tesouro, como se fosse algo sagrado, pois a sua glória
estava mais na sua pureza do que na sua riqueza. Cristo deu razões para
desalojar os mercadores do Templo, v. 46. O Templo é casa de oração, consagrado
para a comunhão com Deus: os compradores e vendedores fizeram dele um covil de
salteadores, pelos negócios fraudulentos que eram realizados ali, o que, de
nenhuma maneira, devia ser permitido, pois seria uma distração para aqueles que
vinham até ali para orar.” HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry
Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 695. As
palavras “irai-vos e não pequeis” são
tiradas de Salmos 4.4. A Bíblia não diz que não devemos nos irar, mas ela
mostra que é importante controlarmos adequadamente a nossa ira. Não devemos
ceder aos nossos sentimentos de ira ou permitir que eles nos levem ao orgulho,
ódio, ou hipocrisia. Jesus Cristo enfureceu-se com os mercadores no Templo, mas
esta era uma ira justa e não o levou a pecar. Os crentes devem seguir o exemplo
de Jesus. Devemos reservar nossa ira para quando vermos Deus desonrado ou as
pessoas tratadas injustamente. Se ficarmos irados, devemos fazê-lo sem pecar.
Para fazer isso, devemos lidar com nossa ira antes que o sol se ponha. De
acordo com o livro de Deuteronômio, o pôr-do-sol é a hora em que todo o mal
contra Deus e contra os outros deve ser corrigido (Dt 24.13,15). A ira que é
deixada ardendo lentamente e queimando ao longo do tempo pode, por fim,
explodir em chamas e dar um poderoso ponto de apoio para o diabo, fazendo com
que as pessoas pequem, ao se tornarem amarguradas e ressentidas. É muito melhor
lidar com a situação imediatamente; talvez a admoestação anterior, para se
falar a verdade carinhosamente, possa resolver o problema. Comentário do
Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 340.]
SINOPSE DO TÓPICO (1)
À luz da Palavra de Deus
aprendemos que o crente deve ser tardio para falar e pronto para ouvir. Por
isso, a ira é um sentimento que deve ser controlado pelo crente.
II.
PRATICANTE E NÃO APENAS OUVINTE DA PALAVRA (Tg 1.21-25)
1. Enxertai-vos da Palavra (21). A Palavra de Deus é o guia maior do crente. E para que a Palavra atinja
efetivamente o coração do servo de Deus, este precisa acolhê-la com pureza e
sinceridade. Isto é, firmar uma posição radical rejeitando toda a imundícia e a
malícia mundana (v.19); recebendo o Evangelho com mansidão e sobriedade. Leia
os Evangelhos! Persiga em conhecer a mensagem divina de Cristo Jesus, mas,
igualmente, abra o coração para ouvir a voz do Senhor. [Comentário: Tiago
fala que devemos receber com mansidão a Palavra que em nós foi colocada. Mas
antes disso ele diz que é preciso rejeitar toda a imundícia e acúmulo de
malícia. O que isso significa? Que além de receber a Palavra de Deus, é preciso
rejeitar tudo o que a Palavra de Deus condena. É uma questão de comutatividade
(recebo a Palavra de Deus e rejeito o pecado). Nossa tendência é acumular
imundícia e malícia por causa de nossa natureza pecaminosa, mas esses dois
elementos devem ser substituídos pela Palavra de Deus e seus efeitos em nossas
vidas. A expressão “malícia”, no grego, é kakia,
melhor traduzida como “maldade”. Em todo o contexto, a maldade não pode
conviver com um coração sábio e dominado pelos princípios da Palavra de Deus.
Ou praticamos o que Deus diz ou privilegiaremos a maldade e as demais
características rejeitadas pelo Senhor. A recompensa por essa atitude é a
salvação da alma. Aqui encontramos mais uma característica dos escritos de
Tiago: a prática que espelha a salvação. Mais uma vez, Tiago mostra que as
obras são um reflexo (e não o caminho) da salvação. Alexandre Coelho e Silas
Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora
CPAD. pag. 63. Devemos rejeitar toda imundícia e acúmulo de malícia.
Segundo o texto grego, esta é uma ação definitiva. Por que devemos fazer isto?
O progresso na nossa vida espiritual não pode ocorrer a menos que vejamos o
pecado como ele é, deixemos de justificá-lo, e decidamos rejeitá-lo. A imagem
das palavras de Tiago aqui nos apresenta livrando-nos dos nossos maus hábitos e
atos como quem se despe de roupas sujas. Depois de “nos livrarmos”, precisamos
receber com mansidão a palavra de Deus, procurando viver de acordo com ela,
porque ela foi enxertada em nossos corações e se torna parte do nosso ser. Deus
nos ensina desde as profundezas das nossas almas, com o ensino do Espírito e
com o ensino de pessoas orientadas pelo Espírito. O solo no qual a palavra é
plantada deve ser acolhedor, para que ela possa crescer. Para tornar o nosso
solo acolhedor, precisamos desistir de quaisquer impurezas nas nossas vidas. A
Palavra de Deus torna-se uma parte permanente de nosso ser, orientando-nos
todos os dias. A palavra implantada é suficientemente forte para poder salvar a
nossa alma. Quando absorvemos as características ensinadas na Palavra, estas se
expressam no nosso modo de viver. As provações e as tentações não podem nos
derrotar se estivermos aplicando a verdade de Deus às nossas vidas. Comentário
do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 668.]
2. Praticai a Palavra (22-24). O escritor sacro não tem interesse em que o leitor da epístola apenas
acolha a Palavra no coração, antes deseja que o crente a pratique (v.22). Não
pode haver incoerência entre o que se "diz" e o que se
"faz" para quem é discípulo de Jesus. Se amar a Deus e ao próximo são
os maiores dos mandamentos, então, devemos porfiar em vivê-los. Quem acolhe a
Palavra rejeita tudo o que é imundo, maligno, perverso, injusto, dissimulado,
insincero. Não apenas isso, mas igualmente abre a porta do coração para
"tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o
que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama" (Fp 4.8). Do
contrário, seremos identificados com o homem que contempla a própria imagem no
espelho e depois se retira esquecendo-se completamente dela. Há pessoas que
olham para o Evangelho e ouvem, mas sem memória e perseverança, não dão nenhuma
resposta ou sequência ao chamado de Jesus Cristo (vv.23,24). Deus nos livre
desse engodo! [Comentário: O Rev. Hernandes Dias Lopes, Pastor titular da
Primeira Igreja Presbiteriana de Vitória-ES, escreve em sua obra intitulada “TIAGO Transformando provas em triunfo”: “Tiago
enfatiza três verdades vitais aqui. Em primeiro lugar, o verdadeiro crente
nasce da Palavra de Deus (1.18). A Palavra de Deus é a divina semente. Quando
ela é aplicada em nosso coração pelo Espírito Santo, acontece o milagre do novo
nascimento. Nascemos, assim, de cima, de Deus, do Espírito. Recebemos,
portanto, uma nova natureza, uma nova vida. Em segundo lugar, o verdadeiro
crente acolhe a Palavra (1.21). Há uma preparação própria para receber a
Palavra: “Pelo que, despojando-vos de toda sorte de imundícia e de todo
vestígio do mal...”. A Palavra de Deus é comparada a uma semente, e o coração
do homem, a um solo. Antes de lançarmos a semente precisamos preparar a terra.
Jesus falou de quatro tipos de solo: o solo endurecido, o superficial, o
congestionado e o frutífero (Mt 13.1-23). Antes de acolhermos a Palavra,
precisamos remover a erva daninha da impureza e da maldade. Também é requerida
uma atitude correta para receber a Palavra: “... recebei com mansidão a palavra
em vós implantada...” A mansidão é o oposto da ira (1.19). E necessário adubar
o terreno para que a semente frutifique. A Palavra deve ter raízes profundas em
nossa vida. Aceitamos de bom grado a transformação que Deus opera em nós
através da Palavra. Tiago fala ainda acerca do resultado da recepção da
Palavra: “... a qual é poderosa para salvar as vossas almas”. Quando nascemos
da Palavra, ouvimos a Palavra, recebemos a Palavra e praticamos a Palavra,
podemos ter garantia da salvação. Em terceiro lugar, o verdadeiro crente
pratica a Palavra (1.22-25). Não basta ouvir ou ler a Palavra, é preciso
praticá-la. Não basta apenas o conhecimento da verdade, é necessário também a
prática da verdade. Muitos crentes marcam sua Bíblia, mas a Bíblia não os
marca. Há grandes benefícios em se praticar a Palavra. Primeiro, quem pratica a
Palavra conhece a si mesmo (1.23,24). A Palavra aqui é comparada não com a
semente, mas com o espelho. O principal propósito do espelho é o autoexame.
Quando você olha para dentro da Palavra e compreende o que ela diz, você
conhece a você mesmo: seus pecados, suas necessidades, seus deveres e suas
recompensas. Ninguém olha no espelho e logo vai embora sem fazer nada. Você
olha no espelho para saber se já penteou o cabelo, se já lavou o rosto ou se a
roupa está bem passada. Você olha no espelho para ver as coisas como elas são.
Quando você olha no espelho, você descobre que tipo de pessoa você é e como
você está. Há alguns perigos quanto ao espelho que precisamos evitar: devemos
evitar olhar apenas de relance no espelho. Muitas pessoas não estudam a si mesmas
quando leem a Bíblia. Muitas pessoas leem a Bíblia todo dia, mas não são lidas
por ela, não a observam. Muitos leem por um desencargo de consciência, mas não
se afligem por não colocar sua mensagem em prática. Há sempre o perigo de você
se ver no espelho e não fazer nada a respeito. Leia esta história: Conta-se a
história de um homem idoso basta-me míope, que tinha grande orgulho em atuar
como crítico de arte. Um dia, ele visitou um museu com alguns amigos e,
imediatamente. Como saber se minha religião é verdadeira começou a fazer suas
críticas sobre vários quadros. Parando diante de um quadro de corpo inteiro,
começou a dar a sua opinião. Ele havia deixado seus óculos em casa e não podia
ver a pintura com clareza. Com ar de superioridade, ele comentou; ‘A
constituição física desse modelo está simplesmente em desacordo com a pintura.
O sujeito (um homem) é bastante rústico e está miseravelmente vestido. De fato,
ele é repulsivo, e foi um grande erro para o artista selecionar esse modelo de
segunda classe para pintar o seu retrato’. O velho camarada foi seguindo em seu
caminho, quando sua esposa o puxou para o lado e sussurrou em seu ouvido:
‘Querido, você estava se olhando no espelho’. Devemos tomar cuidado para não
esquecermos o que vemos no espelho. Muitas vezes lemos a Bíblia tão
distraidamente que nem conseguimos ver quem nós somos, como está a nossa
aparência. Não temos convicção de pecado. Não sentimos sede de Deus. Não
falamos como Isaías: “Ai de mim!”. Não falamos como Pedro; “Senhor, aparta-te
de mim, porque eu sou um pecador”. Não falamos como Jó: “Eu me abomino no pó e
na cinza”. Devemos nos acautelar para não fracassarmos em fazer o que o espelho
mostra. Não basta ler a Bíblia, é preciso praticá-la. Não basta falar, é
preciso fazer. Reunimo-nos muito para conhecer e pouco para praticar. Gastamos
os assentos dos bancos e pouco as solas dos sapatos. LOPES. Hernandes
Dias. TIAGO Transformando provas em triunfo. Editora Hagnos. pag. 32-34.]
3. Persevere ouvindo e agindo
(v.25). Tiago conclui este ponto da
epístola da seguinte maneira: Quem é cuidadoso para com a lei, nela persevera;
não apenas ouvindo-a negligentemente, mas praticando-a zelosamente. Felicidade
plena em tudo é a promessa para quem ousa viver o Evangelho cônscio das
implicações espirituais e das consequências materiais. Alguém, um dia, disse
que os evangélicos são poderosos no discurso, mas fracos na prática do mesmo
discurso. Falamos, mas não vivemos! Precisamos analisar nossa vida em amor e
sinceridade. Entremos na presença de Deus com o rosto descoberto, coração
rasgado e alma despida. No tempo em que vivemos não dá para passar
despercebidos na dissimulação, ou seja, fingindo ser algo que na verdade não
somos. [Comentário: As pessoas que atentam são aquelas que estudam a
lei de Deus com séria atenção e, a seguir, a escolhem como o seu estilo de
vida. Elas estudam com atenção extasiada, e não apenas uma vez, mas
continuamente; como resultado, elas se lembram da Palavra de Deus e a colocam
em prática. Esta lei é perfeita, não é possível melhorá-la. Esta lei dá
liberdade, porque é somente obedecendo à lei de Deus que a verdadeira liberdade
pode ser encontrada (compare com Jo 8.31,32). Como cristãos, nós somos salvos
pela graça de Deus, e a salvação nos liberta do controle do pecado. Como
crentes, nós somos livres para viver como Deus nos criou para viver.
Naturalmente, isto não quer dizer que somos livres para fazer o que quisermos
(1 Pe 2.16) - agora nós somos livres para obedecer a Deus. A pessoa que atenta
para a Palavra de Deus, faz o que ela diz, não esquece o que ouviu e obedece
será bem-aventurada. Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal.
Editora CPAD. Vol 2. pag. 669.]
SINOPSE DO TÓPICO (2)
O crente deve encher-se da
Palavra, praticar a Palavra e perseverar na Palavra.
III. A RELIGIÃO PURA E VERDADEIRA (Tg 1.26,27)
1. A falsa religiosidade. Apesar de algumas pessoas se considerarem religiosas por frequentarem um
templo, as Escrituras revelam o significado da verdadeira religião. Ela reprova
todo o ativismo religioso feito em "nome de Deus", mas em detrimento
do próximo. Aqui, a língua do crente tem um papel importante. Tiago diz que é
possível enganar o próprio coração quando deixamos de refrear a nossa língua.
Ora, o coração é a sede dos desejos, dos sentimentos e das vontades. E a boca
só fala daquilo que o coração está cheio (Mt 12.34). É incompatível com o
Evangelho, viver a graça de Deus sem mergulhar no Reino dEle. Quem não se
entrega inteiramente ao Senhor pratica uma religião vã e falsa. Não podemos ser
como a pessoa capaz de fazer uma belíssima oração por um faminto, e depois
despedi-lo sem lhe dar um único grão de arroz. [Comentário: Tg 1.26:
Se alguém cuida ser religioso...
Noutras palavras, será que determinado crente se julga um bom cristão, muito
piedoso? A ênfase está no desempenho religioso, e provavelmente inclui atos de
culto como a oração, o jejum e o dízimo. Tiago não condena tais atividades, mas
acrescenta o seguinte: e não refreia a sua língua, antes engana o
seu coração, a sua religião é vã. Noutras palavras, as práticas
religiosas são ótimas, mas, se não vierem acompanhadas de um modo de viver
ético, nada valem, são menos do que inúteis, porque se (Tiago 1.1-27)
transformam em autoenganos. O interesse específico de Tiago é o controle da
língua, que é sua maneira de referir-se ao controle do palavrório irado, das
explosões de raiva, da crítica ferina e das queixas (cf. 1.19; 3.1,13; 4.11-12;
e 5.9). O criticismo, o julgamento e o queixume impiedosos revelam corações
ainda não submetidos ao mandamento de Cristo. Trata-se de pessoas cujas
práticas religiosas exteriores, conquanto cristãs, são tão salvíficas quanto a
idolatria (isto é, nulas), recebendo ainda a alcunha de práticas vãs nas
Escrituras (Atos 14.15; 1 Coríntios 3.20; 1 Pedro 1.18). Tiago, à semelhança de
Jesus (Marcos 12.28-34; João 13.34) e os profetas (Oséias 6.6; Isaías 1.1-10;
Jeremias 7.21-28), desmascaram sem piedade esse autoengano, de modo tal que
seus leitores podem reconhecer sua verdadeira condição antes que seja tarde
demais. Peter H. Davids. Comentário Bíblico Contemporâneo. Editora Vida.
pag. 60-61. O que destrói nosso culto a Deus, em última análise, quando
damos vazão à natureza carnal natural, que desagrada a Deus, quando de alguma
maneira permitimos que o diabo enfie o pé na fresta da porta. Onde penetra um espírito
falso, o Espírito de Deus se retira (“Ele concede o Espírito aos que lhe são
obedientes” – At 5.32.) Na sequência Tiago nos diz que nosso falar é um ponto
de entrada para esse espírito falso muito pouco considerado. Levamos a sério
nosso agir, mas bem menos nossas palavras. Quantas coisas são ditas ou (o que
não é menos negativo) sugeridas em conversas, mesmo depois daquilo que chamamos
de “culto a Deus”, e quanta inveja, ciúme e desprezo estão por trás disso! No
cap. 3 Tiago nos trará pormenores acerca dessa questão. Adaptado de Fritz
Grunzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica Esperança.]
2. A verdadeira religião (v.27). A religião pura, santa e imaculada, de acordo com o autor sacro, é
suprir a necessidade do próximo: "Visitar os órfãos e as viúvas nas suas
tribulações". O problema hoje é que a nossa atenção, quase sempre, está
voltada para o prazer pessoal. Temos os olhos fechados para os necessitados que
na maioria das vezes cultuam a Deus, assentados, ao nosso lado. Lembremo-nos da
vida de Jesus Cristo! Ele não apenas olhou para os marginalizados, mas foi até
eles e os acolheu em amor (Mt 25.35-45). A religião que agrada a Deus é aquela
cujos discípulos professam e bendizem o seu nome, visitando e acolhendo os
necessitados nas aflições. [Comentário: O Comentário do Novo Testamento Aplicação
Pessoal traz o seguinte sobre o texto de Tiago 1.27: “De uma religião que é
capaz de argumentar facilmente a favor de qualquer comportamento, Tiago agora
se volta para um relacionamento no qual Deus pode ditar os termos de
comportamento - a religião pura e imaculada. Tiago explica a religião em termos
de um serviço prático e de pureza pessoal. Os rituais realizados com reverência
não são errados; mas, se uma pessoa se recusa a obedecer a Deus na sua vida
diária, a sua “religião” não é aceita por Deus. A religião pura e imaculada não
é a observância perfeita de regras; na verdade, é um espírito que se infiltra
nos nossos corações e nas nossas vidas (Lv 19.18; Is 1.16,17). Assim como Jesus,
Tiago explica a religião em termos de uma fé interior vital, que se expressa na
nossa vida cotidiana. O nosso comportamento deve estar de acordo com a nossa fé
(1 Co 5.8). Órfãos e viúvas são frequentemente mencionados nas preocupações da
igreja primitiva, porque eles eram os mais obviamente “pobres” na Israel do
século I. As viúvas, por não terem acesso às heranças na sociedade judaica,
estavam praticamente à margem da sociedade. Por esta razão, Paulo teve que
organizar um procedimento completo a respeito das viúvas em suas próprias
igrejas, como se vê em 1 Timóteo 5. As viúvas não podiam ter empregos, e as suas
heranças iam para os seus filhos primogênitos. Era de se esperar que as viúvas
fossem sustentadas pelas suas próprias famílias, de modo que os judeus as
deixavam com pouquíssimo sustento econômico. A menos que um membro da família
estivesse disposto a cuidar delas, elas se viam reduzidas a mendigar, se
venderem como escravas, ou passar fome. Ao cuidar destas pessoas desamparadas,
a igreja colocava em prática a Palavra de Deus. Quando doamos sem esperança de
receber algo em troca, nós mostramos o que significa servir aos outros. Ainda
hoje, a presença de viúvas e órfãos nas nossas comunidades e cidades torna esta
orientação de Tiago muito contemporânea. A este grupo, nós também podemos
acrescentar aquelas pessoas que realmente se tornaram viúvas e órfãos através
da destruição das famílias pelo divórcio. Estas pessoas têm vidas complicadas.
As necessidades sempre ameaçam superar os nossos recursos humanos. Cuidar de
pessoas magoadas é um trabalho estressante. Ainda assim, nós somos convocados
para nos envolver.” Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal.
Editora CPAD. Vol 2. pag. 669-670. Deus nos presenteou com seu grande
amor, dando-nos seu Filho unigênito como irmão e tornando-se assim pessoalmente
nosso Pai e a nós, seus filhos (Rm 5.8; 1Jo 3.1). Agora tudo depende de que nós
lhe agrademos, como o Filho primogênito de Deus (Mt 3.17). Duas coisas são
citadas aqui como partes integrantes do verdadeiro culto a Deus: dirigir-se
para dentro do mundo e preservar-se diante do mundo. (a) “Visitar órfãos e
viúvas em sua aflição”: Tiago cita pessoas que naquele tempo eram especialmente
carentes de ajuda, bem como de proteção jurídica. Literalmente consta: “olhar
por eles”. Isso inclui o cuidado assistencial. É condizente com a intenção de
nosso Senhor e vale como dirigido a ele, quando nos dedicamos com toda energia,
amor e fantasia às pessoas em torno de nós, perto e longe, em vista de suas
mais diversas carências (Mt 25.45; 18.5).]
3. Guardando-se da corrupção (v.27). Além de recomendar a obrigatoriedade de visitarmos os órfãos e as
viúvas, a Epístola de Tiago menciona outro aspecto da verdadeira religião:
guardar-se da corrupção do mundo. A religião falsa está mergulhada no egoísmo,
na corrupção e nos interesses maléficos do sistema pecaminoso. A igreja deve
manter-se longe da corrupção. Estamos no mundo, mas não fazemos parte do seu
sistema! O Evangelho nada tem com os seus valores e preceitos. [Comentário: Mais uma vez cito o
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal: “Além disto, aqueles que têm
uma religião pura e imaculada se guardarão da corrupção do mundo. Para nos
protegermos da corrupção do mundo, precisamos nos comprometer com o sistema
ético e moral de Cristo, e não com o do mundo. Não devemos nos adaptar ao sistema
de valores do mundo, baseado no dinheiro, no poder, e no prazer. A verdadeira
fé não significa nada se estivermos contaminados com estes valores. Tiago
estava simplesmente ecoando as palavras do Senhor Jesus em sua oração que é
chamada “oração sumo sacerdotal” (Jo 17), em que Jesus enfatizou que estava
enviando os seus discípulos ao mundo, mas esperando que eles não fossem do
mundo. A medida que nos colocamos à disposição para servir a Cristo no mundo,
precisamos nos colocar continuamente sob a proteção desta oração. A oração
afirma duas coisas importantes: (1) nós permanecemos no mundo porque este é o
local onde Cristo quer que estejamos; e (2) nós teremos a proteção de Deus. Comentário
do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 670. O
guardar-se incontaminado do mundo significa evitar que pensemos e ajamos de
acordo com o sistema de valores da sociedade que nos cerca. Tal sociedade
reflete amplamente crenças e práticas contrárias à Palavra de Deus, ativamente
anticristãs. O cristão que vive “no mundo” corre o constante perigo de ter
sobre si a mácula do sistema. É importante e instrutivo o fato de Tiago incluir
esta última área, pois ela penetra além da ação, chegando às atitudes e crenças
das quais a ação brota. A “religião pura” do “cristão perfeito” (v. 4) associa
a pureza de coração à pureza de ação.]
SINOPSE DO TÓPICO (3)
A verdadeira religião está
em olharmos para o necessitado, irmos até ele e acolhê-lo
CONCLUSÃO
Nessa semana aprendemos sobre o
cuidado que devemos ter com o ouvir e o falar. Estudamos também acerca da
religião pura e imaculada que alegra a Deus: visitar os órfãos e as viúvas nas
tribulações e guardarmo-nos da corrupção do mundo. Que os nossos ouvidos
estejam prontos para ouvir, a nossa língua para falar sabiamente e a nossa vida
para praticar tudo quanto aprendemos do Evangelho. Embora estejamos em um mundo
turbulento, devemos exalar o bom perfume de Cristo por onde formos (2 Co 2.15). [Comentário: Estamos
no mundo, mas não somos do mundo. É correto atuar no mundo, mas não se sujar e
infeccionar com ele. Neste mundo é preciso que nos relacionamos com ele – é algo
necessário – com isso, corremos o risco de contaminar-nos com os ídolos que
predominam em nosso entorno e adotá-los junto com seus parâmetros e seu
espírito. Nossa época é caracterizada por uma mentalidade carreirista, pelo
espírito reivindicatório, pela indiferença em relação a Deus e às pessoas. Em
nossa época se exige muitas vezes que cristãos não se distingam em nada do
mundo, que a igreja de Cristo se dissolva na sociedade com seu serviço e suas
tarefas. Nada mais urgente para a Igreja de Cristo do que meditar na Carta de
Tiago, especialmente, sobre o tema o Cuidado ao Falar e a Religião Pura! O fato
de que somos como um bom perfume para Deus, que ele se deleita em nós e em
nossa maneira de viver, deve gerar em nosso íntimo, o desejo de vivermos
corretamente à luz do texto de Tiago 1.19-27.]
“NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e
isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Graça e Paz a todos que estão em Cristo!
Francisco Barbosa
Cor mio tibi offero, Domine, prompte et sincere!
Hoje, de férias em Campina Grande-PB
Julho de 2014.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
RICHARDS, Lawrence O. Comentário
Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
STRONSTAD,
Roger; ARRINGTON, French L. (Eds.) Comentário Bíblico Pentecostal Novo
Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004
EXERCÍCIOS
1. Tiago introduz o
seu ensino sobre o "ouvir" e o "falar" destacando a
expressão "sabei isto". O que ele deseja demonstrar com essa
expressão?
R. Com essa expressão, ele demonstra a sua preocupação
pastoral com os seus leitores.
2. Segundo a lição, o
que é ira?
R. A ira é um profundo sentimento de ódio e rancor
contra a outra pessoa.
3. Qual é o guia maior
do crente?
R. A Palavra de Deus.
4. O que ocorre quando
não nos entregamos inteiramente ao Senhor?
R. Quem não se entrega inteiramente ao Senhor pratica
uma religião vã e falsa.
5. Segundo a lição,
qual é a religião que agrada a Deus?
R. A religião que agrada a Deus é aquela cujos
discípulos professam e bendizem o seu nome, visitando e acolhendo os
necessitados nas suas aflições.
NOTAS BIBLIOGRÁFICAS
-. Lições Bíblicas do 3º Trimestre de 2014 - CPAD - Jovens e Adultos;
-. Bíblia de Estudo Pentecostal – BEP (Digital);
-. Bíblia de Estudo de Genebra. São Paulo e Barueri, Cultura Cristã e
Sociedade Bíblica do Brasil, 1999;
Autorizo a todos que quiserem fazer uso dos
subsídios colocados neste Blog. Solicito, tão somente, que indiquem a fonte e
não modifiquem o seu conteúdo. Agradeceria, igualmente, a gentileza de um
e-mail indicando qual o texto.