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3º Trimestre de 2014
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Lição 1
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6
de Julho de 2014
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Tiago — A fé
que se mostra pelas obras
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TEXTO ÁUREO
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“Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si
mesma” (Tg 2.17).
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VERDADE
PRÁTICA
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A
nossa fé tem de produzir frutos verdadeiros de amor, do contrário, ela se
apresenta falsa.
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HINOS
SUGERIDOS
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18,
47, 93.
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LEITURA DIÁRIA
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LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Tiago 2.14-26.
14 - Meus irmãos, que
aproveita se alguém disser que tem fé e não tiver as obras? Porventura, a fé
pode salvá-lo?
15 - E, se o irmão ou
a irmã estiverem nus e tiverem falta de mantimento cotidiano,
16 - e algum de vós
lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos; e lhes não derdes as coisas
necessárias para o corpo, que proveito virá daí?
17 - Assim também a
fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma.
18 - Mas dirá alguém:
Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu
te mostrarei a minha fé pelas minhas obras.
19 - Tu crês que há um
só Deus? Fazes bem; também os demônios o creem e estremecem.
20 - Mas, ó homem vão,
queres tu saber que a fé sem as obras é morta?
21 - Porventura
Abraão, o nosso pai, não foi justificado pelas obras, quando ofereceu sobre o
altar o seu filho Isaque?
22 - Bem vês que a fé
cooperou com as suas obras e que, pelas obras, a fé foi aperfeiçoada,
23 - e cumpriu-se a
Escritura, que diz: E creu Abraão em Deus, e foi-lhe isso imputado como
justiça, e foi chamado o amigo de Deus.
24 - Vedes, então, que
o homem é justificado pelas obras e não somente pela fé.
25 - E de igual modo
Raabe, a meretriz, não foi também justificada pelas obras, quando recolheu os
emissários e os despediu por outro caminho?
26 - Porque, assim
como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta.
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá
estar apto a:
- Descrever as questões de autoria, local, data e destinatário da epístola;
- Entender o propósito da epístola,
- Destacar a atualidade da epístola.
PALAVRA CHAVE
Fé: Confiança absoluta em alguém. A
primeira das três virtudes teologais: fé, esperança e amor.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Neste trimestre, estudaremos a
mensagem de Deus entregue aos santos irmãos do primeiro século por intermédio
de Tiago, o irmão do Senhor. Assim pode ser resumida a Epístola universal de
Tiago: uma carta de conselhos práticos para uma vida bem-sucedida e de acordo
com a Palavra de Deus. A espiritualidade superficial, a ausência de integridade,
a carência de perseverança e a insuficiência da compaixão para com o próximo
são características que permeiam o caminho de muitos crentes dos dias modernos.
O estudo dessa epístola é relevante para os nossos dias, pois contempla a
oportunidade de aperfeiçoarmos o nosso relacionamento com Deus e com o próximo,
levando-nos a compreender que a fé sem as obras é morta (Tg 2.17). [Comentário: Iniciamos
mais um trimestre da escola dominical e pelos próximos três meses estaremos em
contato com a Epístola de Tiago. Será um trimestre de Teologia Prática, de
aplicação prática da teologia à vida quotidiana. Teremos lições preciosíssimas
que nos auxiliarão na verificação de que estamos ou não sendo cristãos
autênticos. Sim, pois você acreditaria em alguém que se diz mecânico, mas não consegue consertar
um carro? Um enfermeiro que não sabe aplicar uma injeção? Tiago trata
exatamente disto, ele defende que se alguém diz ter fé deve também possuir obras
que testifiquem esta fé. Na verdade, o Evangelho não admite uma vida cristã
acompanhada de um discurso desassociado da prática. A nossa fé deve ser
confirmada através das obras. Qual é a fé que salva? Como
conciliar Romanos 3.28 com Tiago 2.24? Será que Tiago contradiz o ensino de
Paulo? Qual o papel das obras na salvação? Prepare-se para mais um emocionante
trimestre!] Tenhamos todos uma excelente e
abençoada aula!
I.
AUTORIA, LOCAL, DATA E DESTINATÁRIOS (Tg 1.1)
1. Autoria. Em primeiro lugar, é preciso destacar o fato de que há, em o Novo
Testamento, a menção de quatro pessoas com o nome de Tiago: Tiago, pai de
Judas, não o Iscariotes, (Lc 6.16); Tiago, filho de Zebedeu e irmão de João (Mt
4.21; 10.2; Mc 1.19, 10.35; Lc 5.10; 6.14; At. 1.13; 12.2); Tiago, filho de
Alfeu, um dos doze discípulos (Mt 10.3; Mc 3.18; 15.40; Lc 6.15; At 1.13) e,
finalmente, Tiago, o autor da epístola, que era filho de José e Maria e
meio-irmão do nosso Senhor (Mt 1.18,20). Após firmar os passos na fé e
testemunhar a ressurreição do Filho de Deus, o irmão do Senhor liderou a Igreja
em Jerusalém (At 15.13-21) e, mais tarde, foi considerado apóstolo (Gl 1.19).
Pela riqueza doutrinária da carta, o autor não poderia ser outro Tiago, senão,
o irmão do Senhor e líder da Igreja em Jerusalém. [Comentário: A Epístola de Tiago é a primeira do grupo de
epístolas consideradas como escritos gerais. Tais epístolas recebem essa
designação por não serem endereçadas especificamente a qualquer grupo que possa
ser identificado de imediato. Também recebe a denominação de “escritos
católicos”, contudo, sem ligação nenhuma com Igreja Católica Apostólica Romana.
A autoria desta Carta é entendida como sendo de Tiago, o irmão do Senhor (Mc
15.40). Ele identifica-se somente como “Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus
Cristo” (1.1). O nome Tiago era comum nos dias de Jesus, e no Novo Testamento
ocorrem ao menos quatro citações a pessoas que tinham esse nome: Tiago, pai de
Judas (Lc 6.16); Tiago, filho de Zebedeu e irmão de João; Tiago, filho de
Alfeu. Tiago, irmão do Senhor, tem sido a teoria mais corrente em relação à
autoria desta Carta. Paulo o destaca como apóstolo (G1 1.19), um homem que era
considerado um dos pilares da igreja. D. A. Carson aborda dessa forma a
pluralidade de candidatos à autoria: Destes quatro [Carson cita Tiago, filho de
Zebedeu e irmão de João, Tiago filho de Alfeu, Tiago o menor e Tiago, irmão do
Senhor], o último é de longe o mais óbvio candidato à autoria desta carta.
Tiago, o pai de Judas é por demais obscuro para ser seriamente considerado; o
mesmo vale, num grau menor, para Tiago, o filho de Alfeu. Por outro lado,
Tiago, o filho de Zebedeu, tem um papel de destaque entre os Doze, mas a data
de seu martírio — 44 d.C. (Veja At 12.2) — é provavelmente muito cedo para que
o liguemos à carta. Resta, então, Tiago, o irmão do Senhor, que certamente é o
Tiago mais proeminente na Igreja Primitiva. Há ainda estudiosos que entendem
que essa carta é de autoria anônima. Sobre esse assunto, Carson comenta: Poucos
estudiosos têm atribuído a carta a um Tiago desconhecido. Mas embora isso seja
possível e não conflite em nenhum aspecto com nada existente na própria carta,
a simplicidade da identificação do autor indica um indivíduo bem conhecido — e
uma pessoa tão bem conhecida seria provavelmente mencionada no Novo Testamento.
Depois de brevemente apresentadas as teorias, a Igreja Cristã tem tido em
Tiago, o irmão de Jesus e bispo em Jerusalém, o autor dessa carta que
atravessou os séculos e até hoje fala com toda a igreja.]
2. Local e data. Embora a maioria dos biblistas veja a Palestina, e mais especificamente
Jerusalém, como local mais indicado de produção da epístola, tal informação é
desconhecida. Sobre a data, tratando-se do período antigo da era cristã, sempre
será aproximada. Por essa razão, a Bíblia de Estudo Pentecostal data a produção
da carta de Tiago entre os anos 45 a 49 d.C., aproximadamente. [Comentário: A carta de Tiago já recebeu diversas propostas
de datação. Esta tem sido determinada por alguns especialistas como tendo sido
escrita em 45 ou 62 d.C. Os argumentos orbitam da seguinte forma para se
deduzir que foi escrita em um desses períodos. Conforme Josefo, o martírio de
Tiago ocorreu em 62 d. C, portanto, ele teve de escrever antes desse período
sua carta. A epistola não faz menção sobre a controvérsia de judeus e cristãos
entre os anos 50 e 60. Como relata o livro de Atos, Tiago foi o chamado
“moderador” do Concílio de Jerusalém, evento que provavelmente teria sido
realizado o ano 50 d.C. e que discutiu a chegada de gentios no seio da igreja
cristã. E há estudiosos que entendem que como a Carta de Tiago não cita o
apóstolo Paulo, é provável que Tiago escreveu sua Carta antes de Paulo ter sido
considerado um obreiro de destaque. Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e
Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag.
13-15. Tendo visto claramente as dificuldades que circundam este livro,
no tocante à sua autoridade e canonicidade, podemos mais facilmente dizer algo
de significativo sobre a questão do próprio autor. O livro identifica algum
«Tiago» como seu autor. Mas, qual Tiago está em foco, que nos seja conhecido no
N.T.? Ou tratar-se-ia de um Tiago desconhecido? Ou seria este livro uma
pseudepígrafe, isto é, escrito em nome de um famoso Tiago do N .T., mas não na
realidade? Essa prática era comum nos primeiros séculos da era cristã, havendo
mais de cem escritos dessa natureza que chegaram até nós, supostamente de
famosos cristãos primitivos, mas certamente sem que isso seja verdade. E esses
são 08 escritos acerca dos quais temos algum conhecimento, pelo menos a través
de fragmentos, ou títulos mencionados por outros pais da igreja. Deve ter
havido um número muito maior de casos. Tal prática não era reputada desonesta,
naqueles dias; era uma prática comum, usada tanto na literatura profana como na
sagrada. 1. Tiago, filho de Zebedeu, irmão de João. incluído em todas as quatro
listas sobre os doze apóstolos. Foi decapitado a mando de Herodes Agripa I, em
44 D.C. ou pouco antes. (Ver Atos 12:2). 2. Tiago, filho de Alfeu, um dos doze
apóstolos. (Ver Mat. 10:3; Marc. 3:18; Luc. 6:15 e Atos 1:13). 3. Tiago, irmão
do Senhor. (Ver Gál. 1:19; 2:9,12; I Cor. 15:7; Atos 12:17; 15:13 e 21:18).
Ficou convicto do caráter messiânico de Jesus, evidentemente através de
aparição pessoal a ele, após a ressurreição de Cristo. Subsequentemente,
tornou-se o líder principal da igreja de Jerusalém, uma figura de estatura sumo
sacerdotal, muito respeitado entre judeus e cristãos, igualmente. 4. Tiago, o
Menor (uma alusão à sua pequena estatura, a fim de distingui-10 de outros
personagens do mesmo nome). (Ver Marc. 15:40; Mat. 27:56; Luc. 24:10). Muitos
identificam esse Tiago com o filho de Alfeu. 5. Tiago, pai ou irmão de Judas,
um dos doze apóstolos (ver Luc. 6:16 e Ato s 1:13). Ao invés desse Judas (não o
Iscariotes), nas listas dos evangelhos de Marcos (capitulo terceiro) e de
Mateus (capítulo décimo), aparece o nome de Tadeu ou Labeu. 6. Tiago, autor da
epístola, que possivelmente, pode ser com um ou outro dos Tiagos mencionados
acima. 7. Tiago, irmão de Judas (ver Jud. 1), por meio de quem a epístola de
Judas teria sido escrita. Dentre esse número, os Tiagos de posição primeira,
segunda, terceira e sétima têm sido identificados como o autor da epístola. CHAMPLIN,
Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora
Candeias. Vol. 6. pag. 2-3.]
3. Destinatário. “Às doze tribos que andam dispersas” (Tg 1.1). Há muito a estrutura
política de Israel perdera a configuração de divisão em tribos. Assim, em o
Novo Testamento, a expressão “doze tribos” é um recurso linguístico que faz
alusão, de forma figurativa, à nação inteira de Israel (Mt 19.28; At 26.7; Ap
21.12). Todavia, ao usar a fórmula “doze tribos”, na verdade, Tiago refere-se
aos cristãos dispersos na Palestina e variadas igrejas estabelecidas em outras
regiões, isto é, todo o povo de Deus espalhado pelo mundo. [Comentário: O autor da carta indica que seus destinatários
são as 12 tribos que estão dispersas: Tg 1.1 diz que “as doze tribos na
dispersão” (em grego diáspora) são os destinatários (cf. 1Pe 1.1). O Comentário
do Novo Testamento Aplicação Pessoal explica o seguinte: O cristianismo é
judeu. Isto pode parecer uma contradição, mas é verdade. Maria, a mãe do nosso
Senhor, era judia, como também José era judeu. Sendo assim, JESUS foi criado em
um lar judeu. E no seu ministério público, JESUS dirigia-se primeiro aos
judeus, o povo escolhido de DEUS, chamando-os ao arrependimento e à fé. Todos
os doze discípulos originais eram judeus. O cristianismo iniciou-se no Templo e
na sinagoga, quando os judeus que procuravam encontravam o Messias. Portanto, é
bastante natural que Jerusalém fosse o berço da igreja. Este é o lugar onde
JESUS foi crucificado e onde Ele ressuscitou e posteriormente ascendeu ao céu. Em
Jerusalém, o ESPÍRITO SANTO encheu o primeiro grupo de crentes. E ali foi onde
os apóstolos ministraram. A igreja de Jerusalém teve um crescimento explosivo,
com milhares de pessoas respondendo positivamente ao Evangelho (At 2.41; 4.4;
5.14; 6.1,7). Os crentes encontravam-se nos pátios do Templo e nas suas casas
(At 5.42), adorando, comendo, aprendendo, e servindo juntos. JESUS disse aos
seus seguidores que transmitissem a fé além de Jerusalém, “em toda a Judéia e
Samaria e até aos confins da terra” (At 1.8). No sermão do monte das Oliveiras,
JESUS predisse uma perseguição terrível e a destruição final de Jerusalém (Lc
21.5-24) - JESUS sabia que os seus seguidores se espalhariam. A perseguição
começou pouco tempo depois da ascensão de JESUS. Quer estes primeiros cristãos
estivessem prontos ou não, muitos deles foram forçados a se espalhar pelo
império romano (At 8.1). Eles foram a Samaria e a lugares tão distantes quanto
Fenícia, Chipre, e Antioquia da Síria (At 11.19). Os crentes espalhados “iam
por toda parte anunciando a palavra” (At 8.4) e, desta forma, acrescentavam
muitos novos convertidos à fé. Isto gerou uma necessidade de acompanhamento, de
instrução espiritual e de incentivo para os novos crentes. Por exemplo, os
apóstolos em Jerusalém enviaram Pedro e João a Samaria, para avaliar o
ministério de Filipe (At 8.14), e enviaram Barnabé a Antioquia, por terem
ouvido falar que os gregos estavam se convertendo ali (At 11.19-22). Naturalmente,
os seguidores de JESUS, o Messias, já estavam vivendo em muitas terras
estrangeiras, tendo vindo à fé no Pentecostes. Realizada cinquenta dias depois
da Páscoa, Pentecostes (também chamada Festa das Semanas) era uma festa de ação
de graças pela colheita. Todos os anos, judeus de muitas nações reuniam-se em
Jerusalém para esta celebração. De acordo com Atos 2.9-11, “partos e medos,
elamitas e os que habitavam na Mesopotâmia, e Judéia, e Capadócia, e Ponto, e
Ásia, e Frigia, e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e
forasteiros romanos (tanto judeus como prosélitos), e cretenses, e árabes”
ouviram, em suas línguas nativas, a mensagem que era cheia do ESPÍRITO. Eles
também ouviram o poderoso sermão de Pedro (At 2.14-41), e muitos vieram à fé em
CRISTO. Ao voltar às suas casas, estes novos convertidos tornaram-se uma equipe
evangelizadora internacional. Na verdade, é provável que a igreja em Roma tenha
sido fundada por aqueles que ouviram falar sobre JESUS e creram nele em
Jerusalém, por ocasião do Pentecostes. Tiago, sendo o líder da comunidade
cristã de Jerusalém e o pastor de um rebanho disperso, escreveu a este grande
grupo de crentes judeus em CRISTO que estavam vivendo muito longe dos muros de
Jerusalém. Assim ele endereçou a sua carta; “Às doze tribos que andam dispersas”
(1.1). Pelo fato de esta carta ter sido escrita no início da vida da igreja
(antes das viagens missionárias de Paulo), praticamente todos os crentes teriam
sido judeus, mas esta é uma carta para todos os cristãos, tanto judeus quanto
gentios. Tiago sabia o que estes jovens crentes estariam enfrentando ao
tentarem viver para CRISTO, longe dos apóstolos e anciãos. Haveria provações e
perseguições, similares àquelas que tinham tirado muitos deles de suas casas.
Haveria sofrimento. Haveria tentações. Haveria pressões. Tiago estava
preocupado com que seus irmãos e irmãs cristãos conseguissem perseverar. Tiago
também sabia que é fácil voltar a velhos hábitos ou à neutralidade espiritual
quando se é afastado e cercado por aqueles que creem em outras coisas. Assim,
ele desafiou os seus leitores a irem além de meras palavras e chegarem à ação —
viver segundo a sua fé. Tiago também estava preocupado com o corpo, a comunhão,
e a igreja. Assim, ele advertiu a respeito de discriminações e divisões e
incentivou os crentes a tomarem cuidado com as suas palavras, procurarem a
sabedoria divina, serem humildes, e orarem uns pelos outros. Os leitores desta
carta do século teriam apreciado a abordagem direta e prática de Tiago. Ele foi
direto ao ponto, com respostas orientadas pelo ESPÍRITO, que eles tanto
necessitavam. Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora
CPAD. Vol 2. pag. 654-655.]
SINOPSE DO TÓPICO (1)
O autor da epístola é Tiago, o meio-irmão de Jesus. A carta foi escrita
provavelmente em Jerusalém, entre os anos 45 e 49 d.C. e dirigida aos cristãos
dispersos da Palestina bem como as igrejas de outras regiões.
II. O
PROPÓSITO DA EPÍSTOLA DE TIAGO
1. Orientar. Em um tempo marcado pela falsa espiritualidade e egoísmo, as orientações
de Tiago são relevantes e pertinentes. Isso porque a Escritura nos revela o
serviço a Deus como a prática concreta de atitudes e comunhão: guardar-se do
sistema mundano (engano, falsidade, egoísmo, etc.) e amar o próximo. Assim,
através de orientações práticas, Tiago almeja fortalecer e consolar os
cristãos, exortando-os acerca da profundidade da verdadeira, pura e imaculada
religião para com Deus a qual é: a) visitar os órfãos e as viúvas nas
tribulações; b) não fazer acepção de pessoas e c) guardar-se da corrupção do
mundo (Tg 1.27). [Comentário:
É necessário que tenhamos em mente
que Tiago não está tentando resumir tudo o que envolve a verdadeira adoração a
Deus. João Calvino afirma: “ele não dá uma definição geral de religião, mas nos
lembra de que a religião sem as coisas que ele menciona é nada...”. ritual
religioso, se praticado com um coração reverente e num espírito de adoração,
não é errado — e a Palavra de Deus não pode ser “praticada” se primeiro não for
“ouvida”. O que faz parte do culto a Deus? “Um culto puro e imaculado perante
Deus, o Pai, consiste em visitar órfãos e viúvas em sua aflição e manter a si
próprio incontaminado do mundo”: Deus nos presenteou com seu grande amor,
dando-nos seu Filho unigênito como irmão e tornando-se assim pessoalmente nosso
Pai e a nós, seus filhos (Rm 5.8; 1Jo 3.1). Agora tudo depende de que nós lhe
agrademos, como o Filho primogênito de Deus (Mt 3.17). Duas coisas são citadas
aqui como partes integrantes do verdadeiro culto a Deus: dirigir-se para dentro
do mundo e preservar-se diante do mundo. “Visitar órfãos e viúvas em sua
aflição”: Tiago cita pessoas que naquele tempo eram especialmente carentes de
ajuda, bem como de proteção jurídica. Literalmente consta: “olhar por eles”.
Isso inclui o cuidado assistencial. Primeiramente ele tinha em mente os
co-cristãos na igreja, mas de forma alguma somente a eles (Gl 6.10). É
condizente com a intenção de nosso Senhor e vale como dirigido a ele, quando
nos dedicamos com toda energia, amor e fantasia às pessoas em torno de nós,
perto e longe, em vista de suas mais diversas carências (Mt 25.45; 18.5). Uwe
Holmer. Comentário Esperança Cartas aos I Pedro. Editora Evangélica Esperança.
Tg 1:27 / Em contraste com o crente piedoso, cuja língua é todavia afiada, a
religião que nosso DEUS e Pai considera pura e imaculada não é primordialmente
ritualística, feita de hábitos piedosos, mas a que procura visitar os órfãos e
as viúvas nas suas aflições e guardar-se incontaminado do mundo. A primeira
característica, a da caridade e do interesse ativo pelos indefesos e fracos,
com freqüência é mencionada no Antigo Testamento (Deuteronômio 14:29;
24:17-22),
bem como
no Novo (Atos 6:1-6; 1 Timóteo 5:3-16). Os órfãos e as viúvas, ao lado dos
estrangeiros e dos levitas, constituíam os pobres dentre o antigo Israel. A
verdadeira piedade, portanto, vai ajudar os fracos e os pobres, porque DEUS é
quem sustenta os oprimidos e indefesos (Deuteronômio 10:16-17). A segunda característica
centraliza-se no mundo, designação comum em Paulo e em João para a cultura, os
costumes e as instituições humanas (1 Coríntios 1- 3; 5:19; Efésios 2:2; João
12:31; 15:18-17; 16; 1 João 2:15-17). A verdadeira piedade não é conformação à
cultura humana, mas a transformação à imagem de CRISTO (Romanos 12:1-2). Para
Tiago, isso significa especificamente a rejeição dos motivos da concorrência,
da ambição pessoal e do acúmulo de riquezas, paixões que jazem na raiz da falta
de caridade e da multiplicação de conflitos na comunidade (e.g., 4:1-4). Ao
declarar que essa, e nada mais, é a verdadeira religião aos olhos de DEUS,
declara Tiago que a conversão é coisa vã se não conduzir a uma vida
transformada. Russell P. Shedd,. Edmilson F. Bizerra. Uma Exposição De
Tiago A Sabedoria De DEUS. Editora Shedd Publicações. pag. 61.]
2. Consolar. Numa cultura onde não se dobrar a César, honrando-o como divindade,
significava rebelião à autoridade maior, os crentes antigos foram
impiedosamente perseguidos, humilhados e mortos. Entretanto, a despeito de
perder emprego, pais, filhos e sofrer martírios em praças públicas, eles se
mantiveram fiéis ao Senhor. Por isso, a epístola é, ainda hoje, um bálsamo para
as igrejas e crentes perseguidos espalhados pelo mundo (Tg 1.17,18; 5.7-11). [Comentário: Comentando
Tg 1.17, 18, o Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal afirma: Sendo
assim, como podemos evitar cair em tentação? O caminho está em um
relacionamento íntimo com DEUS e na aplicação da sua Palavra à nossa vida
diária. Este padrão nos levará a ver claramente que toda dádiva boa e perfeita
vem do alto. Em comparação com a visão de que DEUS envia o mal, Tiago ressalta
o fato de que toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, de DEUS. Podemos
ter certeza de que DEUS sempre deseja o melhor para nós - não boas coisas hoje
e coisas más amanhã. O caráter de DEUS é sempre confiável e leal - em DEUS, não
há mudança, nem sombra de variação (Ml 3.6). Nada pode impedir que a bondade de
DEUS nos alcance. Ele não se intimida pelas nossas incoerências e
infidelidades. 1.18 Um exemplo maravilhoso das boas coisas que DEUS nos dá (“toda
boa dádiva e todo dom perfeito”) é o nascimento espiritual! Nós somos salvos
porque DEUS decidiu nos tornar primícias das suas criaturas (seus próprios
filhos). O nosso nascimento espiritual não se dá por acidente, nem porque DEUS
tinha que fazê-lo. O novo nascimento é um presente para todos os crentes (veja
Jo 3.3-8; Rm 12.2; Ef 1.5; Tt 3.5; 1 Pe 1.3,23; 1 Jo 3.9). A palavra da verdade
é o Evangelho, as Boas Novas da salvação (Ef 1.13; Cl 1.5; 2 Tm 2.15). Nós
somos informados sobre o novo nascimento por meio da leitura da Palavra de DEUS
e da pregação do Evangelho, e respondemos positivamente a ele. Comentário
do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 667.]
3. Fortalecer. Além das perseguições cruéis, os crentes eram explorados pelos ricos e
defraudados e afligidos pelos patrões (Tg 5.4). Apesar de a Palavra de Deus
condenar com veemência essa prática mundana, infelizmente, ela ainda é muito
atual (Ml 3.5; Mc 10.19; 1Ts 4.6). A Epístola de Tiago não foge à tradição
profética de condenar tais abusos, pois, além de expor o juízo divino contra os
exploradores, o meio-irmão do Senhor exorta os santos a não desanimarem na fé,
pois há um Deus que contempla as más atitudes do injusto e certamente cobrará
muito caro por isso. A queda de quem explora o trabalhador não tardará (Tg
5.1-3). [Comentário: Tiago sabe que as riquezas acumuladas em
geral indicam injustiça. Na Palestina, em geral, tratava-se de injustiça contra
os trabalhadores rurais. Vede! o salário dos trabalhadores que ceifaram os
vossos campos, e que por vós foi retido com fraude, está clamando. O sistema
econômico da Palestina utilizava trabalhadores braçais diaristas, em vez de
escravos, em parte porque o escravo passaria a custar mais, caso ele
convertesse ao judaísmo. Esses trabalhadores contratados eram os filhos jovens
das famílias de camponeses expulsas de suas terras por causa de bancarrota,
quando as hipotecas das propriedades venceram e não havia como pagá-las. Tais
trabalhadores viviam da mão à boca. O salário de hoje é para comprar o desjejum
de amanhã. Quando o salário não era pago no fim do dia, a família passava fome.
A despeito de uma porção de mandamentos no Antigo Testamento (Levítico 19:13;
Deuteronômio 24:14-15), os ricos descobriam jeitos de reter o salário dos
trabalhadores (e.g., Jeremias 22:13; Malaquias 3:5). O fazendeiro poderia
retê-lo até o fim da época de colheita, a fim de garantir que o camponês viria
trabalhar; poderia apelar para uma minúcia técnica a fim de provar que o
contrato não foi cumprido; ou poderia alegar estar cansado demais para pagar o
salário no fim do dia. Se o trabalhador reclamasse, o patrão o poria na lista
negra; se fosse aos tribunais, o rico teria os melhores advogados. Assim é que
Tiago retrata o dinheiro no bolso dos ricos, dinheiro que deveria ter sido
usado para pagar os trabalhadores que clamam por justiça. Os clamores não
deixaram de ser ouvidos por alguém: os clamores dos ceifeiros chegaram aos
ouvidos do Senhor Todo-poderoso. Visto tratar-se de ceifeiros, não pode haver
desculpa de falta de dinheiro; há montões de cereais para serem vendidos. O
trabalhador faminto apelou aos prantos para o único recurso que tem: DEUS. Ao
mencionar o Senhor Todo-poderoso, Tiago lembra seu leitor de Isaías 5:9, onde
as pessoas que adquirem grandes latifúndios são condenadas. Todos os judeus
sabiam o que acontecia às pessoas condenadas por Isaías, e também sabiam que os
ouvidos de DEUS estão abertos para os pobres (Salmo 17:1-6; 18:6; 31:2), de
modo que a declaração de Tiago inclui a ameaça de julgamento. Peter H.
Davids. Comentário Bíblico Contemporâneo. Editora Vida. pag. 150-151.]
SINOPSE DO TÓPICO (2)
O propósito geral da epístola de Tiago era orientar, consolar e
fortalecer a Igreja de Cristo que estava sendo perseguida.
III.
ATUALIDADE DA EPÍSTOLA
1. Num tempo de superficialidade
espiritual. Outro propósito da epístola é
levar o leitor a um relacionamento mais íntimo com Deus e com o próximo. A
carta traz diversas citações do Sermão do Monte como prova de que o autor está
em plena concordância com o ensino de Jesus Cristo. Tiago chama a atenção para
a verdade de que se as orientações de Jesus não forem praticadas, o leitor
estará fora da boa, perfeita e agradável vontade de Deus. Portanto, a Igreja do
Senhor não pode abandonar os conselhos divinos para desenvolver uma
espiritualidade sadia e profunda. [Comentário:
A insistência de Tiago para que os cristãos pratiquem a palavra de Deus,
e não apenas a ouçam, e sua exigência das obras como partes integrantes da fé,
compõem esta ênfase. A obediência à “lei da liberdade”, a exigência de Deus
resumida por Jesus, deve ser sincera e coerente. E esta obediência tem um
importante aspecto social. O mandamento para que amemos nosso próximo como a
nós mesmos é a “lei régia” (2.8). Tiago insiste em que “a religião pura e sem
mácula” deve se manifestar no cuidado para com os desprivilegiados e menos
favorecidos (“visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações”, 1.27) e numa
atitude altruísta e mansa diante dos outros (3.13-18). O favoritismo
demonstrado aos ricos transgredi a “lei régia” (2.1-7), assim como também a
maledicência (4.11-12).]
2. Num tempo de confusão entre
“salvação pela fé” ou “salvação pelas obras”. O leitor
desavisado pode pensar que a Epístola de Tiago contradiz o apóstolo Paulo
quanto à doutrina da salvação mediante a fé. Nos tempos apostólicos, falsos
mestres torceram a doutrina da salvação pela graça proclamada pelo apóstolo dos
gentios (2Pe 3.14-16 cf. Rm 5.20—6.4). Entretanto, a Epístola de Tiago
evidencia que não se pode fazer separação entre a fé e as obras. Apesar de as
obras não garantirem a salvação, a sua manifestação dá testemunho da
experiência salvífica do crente (Ef 2.10; cf. Tg 2.24). [Comentário: Mais uma vez cito o Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal: II Pd 3.14 Pelo fato de os crentes poderem
confiar na promessa de DEUS de lhes trazer uma nova terra, e por eles estarem
aguardando estas coisas, eles devem viver imaculados e irrepreensíveis em paz.
Em outras palavras, somente esta esperança poderosa pode nos instigar a viver
com justiça. O reino de DEUS será caracterizado pela paz com DEUS; portanto, os
crentes devem praticar a paz com DEUS agora, preparando-se para vivê-la no
reino. Não devemos agir como preguiçosos e ser complacentes somente porque
CRISTO ainda não retornou. Na verdade, devemos viver em ansiosa expectativa de
sua vinda. O que você deseja estar fazendo quando CRISTO voltar? É assim que
você deve viver todos os dias. II Pd 3.15,16 Enquanto os crentes esperavam,
talvez impacientemente, pelo retorno do Senhor, Pedro os lembrou de que eles
tinham por salvação a longanimidade de nosso Senhor. A paciência de DEUS
significa a salvação para muitos mais que terão a oportunidade de responder à
mensagem do evangelho. Quando lemos as várias cartas do Novo Testamento, é
interessante estudar a correlação entre os autores. Pedro era um dos doze
discípulos de JESUS. Posteriormente, ele tornou-se o líder indiscutível da
igreja de Jerusalém. Paulo veio mais tarde, depois de ser convertido na estrada
para Damasco, através de uma visão de JESUS CRISTO (At 9). Paulo também era
considerado um apóstolo. Pedro e Paulo tinham um grande respeito mútuo ao
trabalharem nos ministérios para os quais DEUS os tinha chamado. Na época em
que Pedro estava escrevendo, as cartas de Paulo já tinham uma grande reputação.
Pedro apoiou as suas palavras com o aparente conhecimento dos crentes de que
Paulo também tinha escrito a eles sobre o mesmo assunto. Pedro reconhecia o
valor das cartas de Paulo para o crescimento da igreja, pois ele descreveu
Paulo como alguém que lhes havia escrito segundo a sabedoria que lhe foi dada.
Os ensinos dos apóstolos nunca eram distorcidos pela pessoa, nem pela área de
ministério. Quer a carta viesse de Paulo, ou de Pedro, podia-se confiar que a
mensagem seria a mesma, pois ela tinha vindo, em primeiro lugar, do próprio
DEUS. Observe que Pedro escreveu sobre as cartas de Paulo como se elas
estivessem no mesmo nível das outras Escrituras. A igreja primitiva já estava
considerando as cartas de Paulo como sendo inspiradas por DEUS. Tanto Pedro
como Paulo estavam cientes de que estavam transmitindo a Palavra de DEUS
juntamente com os profetas do Antigo Testamento (veja I Ts 2.13). Nos primeiros
dias da igreja, as cartas dos apóstolos eram lidas aos crentes e frequentemente
passadas a outras igrejas. Às vezes, as canas eram copiadas e somente então
eram passadas a outras igrejas. Os crentes consideravam estes textos como tendo
tanta autoridade quanto as Escrituras do Antigo Testamento. Alguns leitores
podem ter sido afastados por alguns dos comentários de Paulo, que eram difíceis
de entender. Porém, a cura não está em ouvir àqueles que distorcerão a verdade,
mas, antes, em continuar a crescer no conhecimento de JESUS. Quanto melhor
conhecermos a JESUS, menos atraentes serão os falsos ensinos. Os falsos
doutores distorciam todas as Escrituras para que elas significassem o que eles
queriam. No entanto isto podia resultar em perdição. Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 758.]
3. Uma fé posta em prática. Muitos dizem ser discípulos de Cristo, mas estão distantes das virtudes
bíblicas. Estes não evidenciam sua fé por intermédio de suas atitudes. Os
pseudodiscípulos visam os seus interesses particulares e não a glória de Deus.
Precisamos urgentemente priorizar o Reino de Deus e a sua justiça (Mt 6.33).
Tiago nos ensina, assim como João Batista (Lc 3.8-14), que precisamos produzir
frutos dignos de arrependimento. [Comentário: Uma comparação entre Romanos 4 e Tiago 2 revela uma aparente semelhança
na escolha das palavras fé e obras e na citação de Gênesis 15.6: “Abraão creu
em DEUS, e isto lhe foi imputado para justiça” (Rm 4.3; Tg 2.23). Qual é a
relação entre a apresentação de Paulo da fé e das obras em Romanos e a de Tiago
em sua epístola? Alguns comentaristas afirmam que Tiago escreveu sua epístola
para criticar os ensinamentos de Paulo sobre fé e obras. Dizem que Paulo foi
mal-entendido pela igreja, pois separou os conceitos de/é e obras. Tiago via um
perigo nos ensinamentos apresentados por Paulo, a saber, da fé sem obras.
Assim, pelo fato de alguns cristãos terem interpretado incorretamente a frase
sem obras, Tiago escreveu sua carta para reforçar o ensinamento de que a fé
resulta em obras. Na opinião de outros estudiosos, Tiago escreveu sua epístola
antes de Paulo começar sua carreira como escritor, ou seja, depois que a
Epístola de Tiago começou a circular na igreja primitiva, Paulo escreveu sua
carta aos romanos para apresentar uma melhor compreensão do significado da fé
sem obras. Tanto Tiago quanto Paulo desenvolvem o tópico de fé e obras, cada um
de sua própria perspectiva e cada um com seu propósito. Tiago usa a palavra/é
de modo subjetivo, no sentido de confiança e segurança no Senhor. Essa fé ativa
dá ao crente perseverança, certeza e salvação (1.3; 2.14; 5.15). A fé é o
envolvimento ativo do crente com a igreja e o mundo. Pela fé, ele recebe
sabedoria (1.5), justiça (2.23) e cura (5.15). Paulo, por outro lado, com
frequência, fala da fé de modo objetivo. Fé é o instrumento pelo qual o crente
é justificado diante de DEUS (Rm 3.25,28,30; 5.1; G12.16; Fp 3.9). A fé é o
meio pelo qual o crente se apropria dos méritos de CRISTO. Por causa desses
méritos, o homem é justificado diante de DEUS. A justificação, portanto, vem
como uma dádiva de DEUS para o homem - um dom que ele toma para si pela fé. A
justificação é a declaração de DEUS de que ele restaurou o crente pela fé,
colocando-o num relacionamento correto consigo mesmo. Em sua discussão sobre fé
e obras, Tiago parece escrever de maneira independente da carta de Paulo aos
romanos. Tiago aborda o assunto de um ponto de vista mais prático do que
teológico. Com efeito, sua abordagem é simples, direta e consequente. A
discussão de Paulo representa um estágio avançado do ensinamento que relaciona
a fé com as obras. Pelo fato de a abordagem de Tiago diferir bastante da de
Paulo, concluímos que ele escreveu sua epístola independente do ensinamento de
Paulo e talvez até antes da redação de Romanos. Simom J. Kistemaker.
Comentário do Novo Testamento Tiago e Epístola de João. Editora Cultura Cristã.
pag. 27-28.]
SINOPSE DO TÓPICO (3)
Num tempo de superficialidade espiritual e de confusão entre “salvação
pela fé” e “salvação pelas obras”, a epístola de Tiago é uma mensagem atual
sobre a fé posta em prática.
CONCLUSÃO
Como em toda a Escritura Sagrada, a
Epístola de Tiago é um farol aceso e permanentemente atual. Ela nos alerta
contra a mediocridade da vida supostamente cristã e nos exorta a fazer das
Escrituras o nosso pão diário. Jesus Cristo sempre foi zeloso pelo bem estar do
seu rebanho (Jo 10.10). Em todas as épocas Ele é o bom pastor que cuida das
suas ovelhas (Jo 10.11). É do interesse do Mestre que os discípulos vivam em
harmonia e amor mútuo, afim de não trazerem escândalo aos de dentro e, muito
menos, aos de fora (1Co 10.32). E não nos esqueçamos: A religião pura e
imaculada é a fé que se mostra através de nossas práticas e obras. [Comentário: Tiago 2.17-18: "Assim também a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está
morta. Mas alguém dirá: "Você tem fé; eu tenho obras". Mostre-me a
sua fé sem obras, e eu lhe mostrarei a minha fé pelas obras.” Esta Epístola
traça um caminhar na fé através da religião, da fé, e da sabedoria genuínas (1.1-27;
2.1 - 3.12; 3.13-5.20). Encontramos nela um notável paralelismo com o Sermão da
Montanha (Mt 5-7). Tiago começa no primeiro capítulo descrevendo os traços
gerais do caminhar na fé. No capítulo dois e no início do capítulo três, ele
discute a justiça social e faz um discurso sobre a fé em ação. Ele então
compara e contrasta a diferença entre a sabedoria terrena e a que provém do
alto e nos encoraja a afastar-nos do mal e a nos aproximarmos de Deus. Tiago
faz uma repreensão particularmente severa aos ricos que acumulam e aqueles que
são auto-suficientes. Finalmente, ele termina encorajando os crentes a serem
pacientes no sofrimento, orando e cuidando uns dos outros e reforçando a nossa
fé através da comunhão. Está posto um desafio aos Cristãos para não apenas
"dizer", mas "viver". Acima de tudo mais, Tiago motiva-nos
a agir de acordo com o que Ele ensinou.]
“NaquEle
que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de
vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Graça e Paz a todos que estão em Cristo!
Francisco Barbosa
Cor mio tibi offero, Domine, prompte et sincere!
Hoje, em Recife-PE
Julho de 2014.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
RICHARDS, Lawrence O. Comentário
Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD, 2007.
STAMPS, Donald C (Ed.). Bíblia de
Estudo Pentecostal: Antigo e Novo Testamento. RJ: CPAD, 1995.
STRONSTAD,
Roger; ARRINGTON, French L. (Eds.) Comentário Bíblico Pentecostal Novo
Testamento. 2 ed., RJ: CPAD, 2004.
EXERCÍCIOS
1. Quem é o autor da
Epístola de Tiago?
R.
Tiago, filho de José e Maria e meio-irmão do nosso Senhor.
2. Quem são os
destinatários da Epístola de Tiago?
R.
Os cristãos dispersos na Palestina e variadas
igrejas estabelecidas em outras regiões, isto é, todo o povo de Deus espalhado
pelo mundo.
3. Segundo a lição,
quais são os propósitos da Epístola de Tiago?
R.
Orientar, consolar e fortalecer a Igreja de Cristo.
4. O que provam as
várias citações do Sermão da Montanha na Epístola de Tiago?
R.
Que o autor está em plena concordância com o ensino
de Jesus Cristo.
5. Por que não podemos
fazer separação entre a fé e as obras?
R.
Porque apesar de as obras não garantirem a
salvação, a sua manifestação dá testemunho da experiência salvífica do crente
(Ef 2.10; cf. Tg 2.24).
NOTAS BIBLIOGRÁFICAS
-. Lições Bíblicas do 3º Trimestre de 2014 - CPAD - Jovens e Adultos;
-. Bíblia de Estudo Pentecostal – BEP (Digital);
-. Bíblia de Estudo Plenitude, Barueri, SP; SBB 2001;
-. Bíblia de Estudo Defesa da Fé: Questões reais; Respostas precisas; Fé
Solidificada. 1 ed., RJ: CPAD, 2010;
-. Bíblia de Estudo de Genebra. São Paulo e Barueri, Cultura Cristã e
Sociedade Bíblica do Brasil, 1999;
Autorizo a todos que quiserem fazer uso dos
subsídios colocados neste Blog. Solicito, tão somente, que indiquem a fonte e
não modifiquem o seu conteúdo. Agradeceria, igualmente, a gentileza de um
e-mail indicando qual o texto.