TEXTO PRINCIPAL
“Olha,
ponho-te neste dia sobre as nações e sobre os reinos, para arrancares, e para
derribares, e para destruíres, e para arruinares; e também para edificares e
para plantares.” (Jr 1.10).
ENTENDA O TEXTO PRINCIPAL:
👉 Jeremias 1.10 é o
versículo que define toda a missão profética do jovem Jeremias. Ele funciona
como uma “tese” do seu ministério: aquilo que Deus fará por meio dele. Não é um
chamado leve, e sim um chamado que entra na história das nações com autoridade
divina. A primeira frase já mostra que a iniciativa pertence totalmente a Deus.
O verbo hebraico paqad na expressão “ponho-te” (hešqadtîkā) carrega a ideia de colocar alguém em uma função com
autoridade delegada. Jeremias não se autodetermina profeta; ele é posto,
constituído, investido pelo Senhor soberano. A declaração “sobre as nações e sobre os reinos” revela que a missão de Jeremias
não se limita ao território de Judá. A Bíblia de Estudo MacArthur e o
Comentário Beacon destacam que o livro de Jeremias possui oráculos contra
vários povos (Jr 46–51). Isso mostra que Deus é Senhor da história universal e
que sua palavra não se restringe à geografia de Israel. O profeta fala em nome
daquele que governa a política, os impérios e os rumos da história humana. A
sequência de verbos “arrancar, derribar,
destruir, arruinar” descreve o aspecto de juízo da missão. No hebraico, os
verbos nātaš (arrancar) e nātats (derribar) são termos
agrícolas e arquitetônicos usados para descrever uma remoção cuidadosa, mas
definitiva. Já hārad (destruir) e hāras (arruinar) ampliam a imagem do
colapso moral, espiritual e político das nações. Segundo Champlin, esses verbos
mostram que o juízo não é acidental, mas cirúrgico: Deus toca raízes,
estruturas e sistemas que se opõem à sua vontade. Mas o texto não termina no
juízo. O paralelismo final “edificar e plantar” revela o lado restaurador da
vocação do profeta. Os verbos bānāh (edificar) e nāṭa‘ (plantar) são imagens essenciais na
teologia de Jeremias. Ambos aparecem repetidamente ao longo do livro para
mostrar que, embora Deus derrube o que é perverso, Ele preserva um remanescente
e reconstrói aquilo que pertence ao seu propósito. A Bíblia de Estudo
Pentecostal destaca que esses verbos apontam para a fidelidade de Deus em
restaurar seu povo mesmo após o exílio. A tensão entre destruir e edificar é
central na mensagem de Jeremias. Deus arranca o que é podre para que a vida
nova possa florescer. A Enciclopédia de LaHaye enfatiza que esse padrão se
repete na história da redenção: antes de plantar o novo, Deus trata o velho.
Jesus ecoa essa lógica no Novo Testamento quando purifica, confronta e somente
então restaura. A igreja, neste sentido, herda esse padrão profético: ela
proclama tanto o juízo que denuncia o pecado quanto a esperança que aponta para
o Reino que Deus está edificando. A aplicação espiritual é inevitável. A
palavra que destrói não é violência, mas graça; ela derruba aquilo que
escraviza. E a palavra que edifica não é otimismo barato, mas restauração
verdadeira. Deus envia Jeremias para realizar aquilo que Ele mesmo prometeu:
arrancar o que impede a vida e plantar o que traz esperança. Esse é o movimento
da ação redentora de Deus até hoje.
RESUMO DA LIÇÃO
Assim
como o profeta Jeremias, temos a missão de anunciar a Palavra de Deus até os
confins da Terra.
ENTENDA O RESUMO DA LIÇÃO:
👉 Assim como Jeremias foi
levantado para falar em nome do Deus soberano às nações, nós também fomos
enviados para levar sua Palavra até onde houver um coração perdido. Não
anunciamos por escolha própria, mas porque o Senhor nos colocou no mundo como
suas testemunhas, para proclamar, com fidelidade e coragem, que somente Ele é
Deus e que sua verdade precisa ser ouvida em todos os lugares da Terra.
TEXTO BÍBLICO
Jeremias 46.1-5
👉 Jeremias 46.1-5
apresenta o Egito como palco do juízo divino e demonstra que Deus governa todos
os povos. Os preparativos militares egípcios revelam sua confiança em si
mesmos, mas a fuga dos guerreiros mostra que ninguém permanece de pé quando o
Senhor determina o juízo. A cena é histórica, teológica e pastoral: Deus
controla as nações e aplica o mesmo padrão de julgamento a todos. O texto
ensina que confiar em força humana é ilusão; somente o Senhor é Rocha firme.
1. Palavra
do Senhor que veio a Jeremias, o profeta, contra as nações.
👉 contra as nações. Jeremias já havia proclamado que todas as nações,
cada uma a seu tempo, "beberiam do cálice" da ira de Deus (25.
15-26). Nos caps. 46—51, Deus escolheu certas nações c profetizou a destruição
delas. Provavelmente dadas a Jeremias em datas diferentes, nesse momento foram
coletadas e organizadas, não cronologicamente, mas de acordo com a nação
envolvida.
Bíblia de Estudo
MacArthur: Ressalta que esta seção
(caps. 46–51) mostra que o Senhor não é apenas Deus de Israel, mas Senhor
soberano sobre todos os povos, julgando cada nação segundo seus caminhos. O
fato de Deus enviar palavras “contra as nações” demonstra que seu propósito
redentor e seu juízo não são limitados a Israel.
Bíblia de Estudo
Pentecostal para Jovens: Enfatiza que o Espírito
de Deus dá a Jeremias autoridade profética internacional, assim como Israel
fora levantado para ser luz para os gentios. O profeta fala porque Deus ainda
governa a história.
Bíblia de Estudo
Plenitude: Destaca o termo “palavra
do Senhor”: é revelação direta, carregada de poder performativo, ou seja, o que
Deus declara, Ele executa.
Comentário Beacon: Observa que a introdução funciona como um cabeçalho
oficial, inaugurando um ciclo de oráculos contra nações. Jeremias fala como
embaixador do Rei divino.
2. Acerca
do Egito, que estava junto de Faraó Neco, rei do Egito, que estava junto ao rio
Eufrates, em Carquemis, ao qual feriu Nabucodonosor, rei da Babilônia, no ano
quarto de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá:
👉 A respeito do Egito. Cf. Is 19—20; Ez 29—32. Os vs. 2-12 retratam a
derrota do Faraó Neco, em Carquemis, junto ao rio Eufrates, pelos babilônios em
605 a.C., na qual o Egito perdeu o domínio dos territórios a oeste desse rio. MacArthur: A batalha é a famosa Batalha
de Carquemis (605 a.C.). O Egito tentara se impor como potência, mas
Nabucodonosor os esmagou. O comentário destaca: a profecia é historicamente
precisa. Pentecostal: Chama atenção
para a soberania de Deus nos acontecimentos políticos: mesmo grandes potências,
como o Egito, servem sem perceber aos propósitos divinos. A queda do Egito
mostra que nenhum poder humano se sustém sem Deus. Shedd: A derrota egípcia demonstra que alianças políticas não
substituem a dependência do Senhor. Judá confiou no Egito, mas Deus revelou a
insuficiência dessa confiança. Beacon:
Afirma que Jeremias, ao citar nomes e lugares específicos, mostra que o juízo
não é simbólico, mas concreto e inevitável.
3. Preparai
o escudo e o pavês e chegai-vos para a peleja.
👉 Esse é um chamado escarnecedor para o Egito preparar-se
para a derrota. Pentecostal: Os
verbos de comando revelam a tentativa humana de se preparar contra o inevitável
juízo de Deus, mas nenhuma preparação militar seria suficiente. MacArthur: Este verso descreve a
movimentação militar egípcia com riqueza de detalhes, demonstrando o realismo
da cena. Mas, apesar de toda disciplina militar, o Egito estava marchando para
a derrota decretada. Champlin: Comenta
que a cena apresenta soldados animados, mas sua confiança militar contrasta com
a determinação divina de destruí-los.
4. Selai
os cavalos, e montai, cavaleiros, e apresentai-vos com elmos; alimpai as lanças
e vesti-vos de couraças.
👉 Beacon: Quadro vívido da
mobilização. Os egípcios, famosos por sua cavalaria, agem com pressa, mas estão
correndo para a ruína. Shedd: Os
preparativos mostram o orgulho egípcio em seu poderio militar. Porém, sua força
era engano, pois ignorava o governo de Deus sobre os acontecimentos. Plenitude: Mostra que o verso ressalta
o tema do Antigo Testamento: o braço humano não salva (Sl 33.16). A batalha
expõe a falência da autoconfiança.
5. Por
que razão vejo os medrosos voltando as costas? Os seus heróis estão abatidos e
vão fugindo, sem olharem para trás; terror há ao redor, diz o Senhor.
👉 MacArthur: Aqui Deus descreve a
derrota humilhante: o exército do Egito, famoso pela coragem, agora foge,
desfeito em pavor. É juízo divino, não mera falha estratégica. Pentecostal: A expressão “apavorados”
revela a atuação direta do Senhor, produzindo terror divino nos corações dos
inimigos. O juízo não é apenas físico, mas psicológico. Beacon: Ressalta que a fuga dos guerreiros é ironicamente
contrastada com a pompa militar dos versículos anteriores. O orgulho se
transforma em vergonha. Champlin: O
profeta usa linguagem quase cinematográfica: o terror, a correria, a desordem.
Tudo indica uma ação que excede o natural. Aplicação
Pessoal: O texto adverte o leitor a não depositar confiança em recursos
humanos. Deus, que julga nações, julga também a vida pessoal. A soberba precede
a queda.
INTRODUÇÃO
Jeremias, como profeta, anunciou a mensagem de Deus
às pessoas de seus dias. Também confirmou o compromisso de Deus com toda a raça
humana, indistintamente, conforme prometido a Abraão (Gn 12.1-3).
👉 Chegamos ao final deste
trimestre abençoado com Jeremias, um profeta que não falava por si mesmo, mas
proclamava a voz do Deus de Israel por toda parte. Ele carregava uma palavra
que o antecedia e o ultrapassava. Quando foi levantado como profeta, tornou
público aquilo que Deus já vinha realizando silenciosamente na história: um chamado à conversão e à fidelidade para
o povo do seu tempo. Sua voz soava firme porque nascia do próprio coração
de Deus. O profeta não apenas transmitia informações; ele participava da missão
divina que resgata, corrige e chama o ser humano de volta ao Caminho. Esse
chamado não se limitava a Judá. Desde o início, a revelação bíblica mostra que
a intenção de Deus sempre foi abraçar todas as nações. A promessa dada a Abraão
em Gênesis 12.1-3 já apontava para isso: “todas
as famílias da terra serão abençoadas”. Jeremias confirma essa verdade,
mostrando que a ação divina não se restringe a um território, cultura ou etnia.
Deus se move em direção à humanidade inteira, e o profeta se torna testemunha
dessa abrangência. A Bíblia de Estudo MacArthur observa que a missão profética
de Jeremias carrega essa amplitude universal da aliança abraâmica. Há também
profundidade exegética na própria natureza do termo profeta. A palavra hebraica
navi
sugere alguém convocado a falar em lugar de outro. Jeremias não escolheu sua
vocação; ele foi chamado e enviado. E, ao proclamar, reafirmou que Deus está
comprometido com a história humana como um todo. Os comentaristas do Beacon
lembram que o ministério profético sempre teve esse caráter duplo: confrontar o
pecado presente e anunciar o propósito eterno de Deus para todos os povos.
Assim, a missão de Jeremias ecoa o movimento expansivo do coração divino. Essa
perspectiva amplia nossa compreensão do texto e nos confronta. Se Deus, por
meio de Jeremias, chama todas as nações ao arrependimento e à esperança, isso
significa que o mesmo apelo atravessa os séculos e chega até nós. A palavra
eterna que moldou a vida do profeta molda também a nossa. Como observa Craig
Keener, a profecia bíblica nunca é apenas informação; é convocação. Somos
chamados a reconhecer que Deus ainda guia a história e alcança pessoas de todos
os lugares e deseja nos usar como instrumentos desse alcance. Por fim, essa
visão nos conduz à prática cristã. Um Deus que abençoa todas as famílias da
terra nos convida a viver com esse mesmo horizonte. A fé não é restrita ao
nosso pequeno mundo; ela nos empurra a enxergar além. Assim como Jeremias falou
ao seu povo com coragem, somos chamados a testemunhar Cristo com fidelidade,
integridade e amor, lembrando que Deus continua comprometido com toda a raça
humana. A promessa feita a Abraão, iluminada pelo ministério de Jeremias,
encontra seu cumprimento pleno em Cristo e se torna nossa missão diária. Agora,
vamos aprofundar a lição.
BEACON. Comentário
Bíblico Beacon. CPAD.
BÍBLIA DE ESTUDO
MACARTHUR. Sociedade Bíblica do Brasil.
CHAMPLIN, R. N. O Novo
Testamento Interpretado. Hagnos.
KEENER, C. S. Comentário
Bíblico. CPAD.
HORTON, S. M. Teologia
Sistemática Pentecostal. CPAD.
Dicionário Bíblico
Baker. CPAD, 2023.
I.
UM DEUS PARA AS NAÇÕES
1. Deus fala às nações. Assim
como os demais profetas, Jeremias foi enviado inicialmente ao seu povo, o que
não significa que não teve de advertir às demais nações a respeito da
responsabilidade que todos, indistintamente têm, diante de Deus. Ao contrário
disso, Jeremias profetizou contra várias nações, reafirmando assim a
universalidade do plano de Deus, e a verdade de que todos os povos devem
resposta e reverência ao Criador (46—64).
Um ponto importante a ser considerado é de que, ao
tratar com as nações por meio de profetas que levantou, de forma direta, Deus
estava conclamando o seu povo a comunicar a estas nações acerca de seu caráter
justo, santo e amoroso, em seu chamado para que estas nações o reconhecessem, o
temessem e se arrependessem de seus maus caminhos. Jeremias foi chamado às
nações para anunciar arrependimento e lembrar ao povo de que o Senhor é Deus de
todos os povos.
👉 Deus nunca limitou sua
voz a um único território. Quando Jeremias foi chamado, sua missão começou em
Judá, mas não terminou ali. A Palavra que o alcançou tinha alcance mundial.
Assim como os demais profetas, ele foi levantado para confrontar seu próprio
povo, porém também foi enviado a falar às outras nações. Os capítulos 46 a 51
mostram essa amplitude. Deus julga e salva não apenas Israel, mas todos os
povos, porque todos vivem diante de sua presença. Essa visão global da ação
divina já era indicada em Gênesis 12.1-3 e é confirmada pela atuação profética
de Jeremias. O texto revela uma verdade essencial: quando Deus direciona um
profeta para falar às nações, ele demonstra que toda cultura, reino e povo
estão sujeitos ao seu governo. O Comentário Beacon afirma que a palavra
profética sempre se move em duas direções: alcança Israel e, simultaneamente,
confronta o mundo ao redor. Nada está fora do raio da soberania divina. O termo
nações (hebraico goyim) em Jeremias é usado para indicar povos diversos que
deveriam reconhecer o Deus verdadeiro e abandonar seus caminhos de injustiça.
Isso reforça a universalidade da mensagem bíblica. Essa universalidade não é
apenas juízo. Ela também proclama o caráter do próprio Deus. Ao enviar Jeremias
para falar a povos estrangeiros, o Senhor mostrava que é justo, santo e amoroso
em todos os seus caminhos. A Bíblia de Estudo Pentecostal observa que o profeta
não falava apenas sobre destruição, mas sobre o convite divino ao
arrependimento. A palavra arrependimento no hebraico, shûv, indica retornar ao
caminho correto. Deus chama as nações a retroceder de seus pecados e a reconhecer
sua autoridade. Essa mensagem atravessa fronteiras porque Deus não faz acepção
de pessoas. Quando Deus fala às nações por meio de seus profetas, ele também
convoca o próprio povo de Deus a testemunhar seu caráter. Judá deveria ser luz
entre os povos, revelando com a vida aquilo que Jeremias proclamava com
palavras. Craig Keener destaca que a profecia bíblica tem sempre um propósito
missionário. Em outras palavras, ao confrontar as nações, Deus estava educando
seu povo, ensinando-o a viver de modo que todos pudessem conhecer o Senhor. A
missão de Jeremias refletia aquilo que Israel deveria encarnar diariamente. Essa
verdade nos alcança hoje. Se Deus é o Senhor de todos os povos, então a igreja,
como povo da nova aliança, é chamada a viver com essa mesma visão. Somos
enviados ao nosso próprio contexto, mas também chamados a enxergar além dele.
Como Jeremias, anunciamos arrependimento e graça, lembrando que o mundo inteiro
está diante de Deus. Isso muda nossa postura. Tira-nos do isolamento espiritual
e nos coloca na missão. O Senhor continua chamando pessoas de todas as nações a
voltarem-se para Ele. E continua usando seu povo para tornar essa mensagem
visível, audível e viva.
ARRINGTON, French L.;
STRONSTAD, Roger. Comentários Bíblicos Pentecostais. CPAD.
BAKER, Warren.
Dicionário Bíblico Baker. CPAD, 2023.
BEACON. Comentário
Bíblico Beacon. CPAD.
BÍBLIA DE ESTUDO
PENTECOSTAL PARA JOVENS. CPAD.
BÍBLIA DE ESTUDO
MACARTHUR. Sociedade Bíblica do Brasil.
BÍBLIA DE ESTUDO
PLENITUDE. Sociedade Bíblica do Brasil.
BÍBLIA DE ESTUDO SHEDD.
Vida Nova.
CHAMPLIN, R. N. O Antigo
Testamento Interpretado. Hagnos.
HORTON, Stanley.
Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
KEENER, Craig S.
Comentário Bíblico do NT. CPAD.
LAHAYE, Tim.
Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. CPAD, 2008.
TORRALBO, Elias.
Exortação, Arrependimento e Esperança. CPAD.
2. Um plano para as nações. Quando
chamou a Abraão e anunciou que de sua semente um povo seria levantado, Deus
comunicou que o seu plano não estaria limitado a este povo, mas que se trata,
desde o início, de um plano universal, isto é, que envolve todas as nações,
conforme se observa: “[...] e em ti serão benditas todas as famílias da terra”
(Gn 12.3). Está claro que, desde o início, o alvo de Deus não foi somente
Abraão e nem tampouco Israel, mas sim, abençoar todos os povos, de todas as
nações.
👉 Desde os primeiros
passos da história bíblica, Deus não se revela como um Deus tribal, uma
divindade local e restrita. Ele chama Abraão em Gênesis 12.3 usando uma
expressão que expande a visão espiritual do leitor. A promessa “em ti serão benditas todas as famílias da
terra” não fala apenas de Israel, mas da intenção original do Criador. A
palavra famílias no hebraico mishpachot aponta para agrupamentos
humanos diversos, indicando que o alcance da bênção divina atravessa culturas e
fronteiras. A Bíblia de Estudo MacArthur observa que esse versículo é o
fundamento da missão global que percorre toda a Escritura. Essa perspectiva
universal se aprofunda quando compreendemos que o chamado de Abraão não se
limita à formação de um povo étnico, mas ao nascimento de um povo para Deus.
Craig Keener destaca que a promessa abraâmica abre uma porta para todos os
povos reconhecerem o governo do Senhor. A teologia reformada continuísta
reforça que a aliança não é apenas uma entrega de privilégios, mas uma
convocação para que Israel se tornasse luz entre as nações, refletindo o
caráter daquele que o chamou. Assim, desde o início, Deus articulou um plano
que não privilegiava um grupo, mas incluía todos. O movimento da promessa
também revela o coração missionário de Deus. Ele chama um homem específico, mas
com um propósito expansivo. O Comentário Bíblico Beacon mostra que Abraão é o
ponto de partida, não o destino final. A promessa segue uma lógica divina: Deus
separa para depois espalhar. Forma um povo para depois abençoar todos os povos.
A palavra abençoar, barak, carrega a ideia de transmitir vida, restauração e
ordem. Isso aponta para um Deus que deseja alcançar o mundo inteiro com seu
cuidado e justiça. Esse plano universal se cumpre plenamente em Cristo. O
apóstolo Paulo, ecoando Gênesis 12.3, afirma que Jesus é a verdadeira semente
de Abraão (Gl 3.16). Em Cristo, as nações não são apenas alcançadas, mas
incorporadas à família da fé. É o Espírito Santo quem aplica essa bênção aos
povos, reunindo homens e mulheres de diferentes línguas e culturas no mesmo
corpo. Isso demonstra que o plano de Deus nunca foi exclusivo, mas sempre
inclusivo, sem perder sua santidade e verdade. Essa visão transforma a maneira
como vivemos nossa fé. Se Deus sempre teve as nações em seu coração, então seu
povo hoje deve carregar a mesma perspectiva. Somos chamados a refletir a bênção
que nos alcançou. Somos convidados a viver com um senso missionário diário.
Cada oração, cada gesto e cada palavra podem ecoar o propósito de Deus para
todos os povos. A promessa feita a Abraão continua viva. Ela nos lembra que
pertencemos a um Deus que age no mundo inteiro e que nos chama a participar de
sua obra com humildade, obediência e esperança.
ARRINGTON, French L.;
STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD.
BAKER, Warren.
Dicionário Bíblico Baker. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.
BEACON, Comentário
Bíblico Beacon. CPAD.
BÍBLIA DE ESTUDO
MACARTHUR. São Paulo: SBB.
BÍBLIA DE ESTUDO
PLENITUDE. Barueri: SBB.
BÍBLIA DE ESTUDO SHEDD.
São Paulo: Vida Nova.
BÍBLIA DE ESTUDO
PENTECOSTAL PARA JOVENS. Rio de Janeiro: CPAD.
CHAMPLIN, R. N. O Antigo
Testamento Interpretado. São Paulo: Hagnos.
HORTON, Stanley.
Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD.
KEENER, Craig S.
Comentário Bíblico do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD.
LAHAYE, Tim.
Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
MENZIES, Robert.
Pentecostes: Essa História é Nossa. CPAD.
TORRALBO, Elias.
Exortação, Arrependimento e Esperança. Rio de Janeiro: CPAD.
3. Um reino de nações. O
profeta Isaías anunciou: “O teu Deus reina” (52.7). Jeremias chamou o povo a
temer a Deus sob o argumento de que Ele é o “Rei das nações” (Jr 10.7). Deus é Soberano
e o seu Reino é formado por “povos, nações e línguas” e “o seu domínio é um
domínio eterno” e “não será destruído” (Dn 7.14). Definitivamente, o Reino de
Deus é um Reino de nações.
👉 O profeta Isaías ergue
sua voz no exílio com uma verdade que atravessa gerações: “O teu Deus reina” (Is 52.7). Não é apenas uma afirmação
doutrinária, mas uma proclamação que sustenta o coração do povo de Deus diante
das forças políticas que pareciam invencíveis. A expressão hebraica para reina,
malak, descreve o exercício ativo do governo divino. Deus não está ausente nem
distante. Ele dirige a história com mãos firmes e propósito eternal. A Bíblia
de Estudo MacArthur lembra que essa mensagem consolou Israel e continua
fundamentando nossa fé em tempos de instabilidade. Jeremias ecoa essa mesma
visão ao chamar Israel a temer o Senhor como “Rei das nações” (Jr 10.7). A
palavra nações, goyim, amplia o horizonte espiritual do profeta. O Deus que
sustenta o pacto com Israel é o mesmo que julga e pastoreia todos os povos. Champlin
observa que Jeremias usa essa expressão em contraste aos ídolos mudos e
impotentes das outras culturas. Em outras palavras, o Deus da aliança não reina
apenas sobre um território, mas governa toda a humanidade. Essa percepção
fortalece a compreensão reformada continuísta de que a soberania divina permeia
todos os aspectos da criação. Daniel aprofunda essa verdade ao descrever o
Filho do Homem recebendo “domínio, glória e reino” sobre “povos, nações e
línguas” (Dn 7.14). O texto usa a expressão aramaica sholtan ‘alam, que
significa domínio eterno. Não é um governo sujeito a desgaste político, mas um
reino invencível. O Comentário Bíblico Beacon destaca que essa profecia aponta
diretamente para Cristo, que une em si a autoridade divina e a salvação oferecida
às nações. Jesus não reina sobre um grupo isolado. Ele reina sobre todo o
cosmos e sobre todos os povos. Quando lemos essas passagens juntas, percebemos
que o Reino de Deus nunca foi um projeto local. Ele atravessa etnias, línguas e
culturas. O Espírito Santo atua como o agente que reúne essas nações em
adoração, especialmente após Pentecostes, quando Deus fez seu Reino palpável
entre diferentes povos (At 2). O reino que os profetas anunciaram encontra sua
expressão mais visível na igreja, que é composta por homens e mulheres de todos
os contextos reunidos sob o governo de Cristo. Essa visão nos chama a viver com
reverência e missão; Se Deus governa as nações, então nossa fé não pode se
limitar ao privado. Nosso compromisso com Cristo precisa refletir esse Reino
que não será destruído. Somos enviados para testemunhar sua graça entre todas
as pessoas. E somos convidados a confiar que, mesmo quando o mundo parece
instável, o Senhor continua reinando. Ele permanece conduzindo a história para
o cumprimento de seu propósito eterno. Essa verdade deve sustentar nossa vida,
corrigir nossa visão e renovar nossa esperança.
ARRINGTON, French L.;
STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD.
BAKER, Warren.
Dicionário Bíblico Baker. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.
BEACON, Comentário
Bíblico Beacon. CPAD.
BÍBLIA DE ESTUDO
MACARTHUR. São Paulo: SBB.
BÍBLIA DE ESTUDO
PLENITUDE. Barueri: SBB.
BÍBLIA DE ESTUDO SHEDD.
São Paulo: Vida Nova.
BÍBLIA DE ESTUDO
PENTECOSTAL PARA JOVENS. Rio de Janeiro: CPAD.
CHAMPLIN, R. N. O Antigo
Testamento Interpretado. São Paulo: Hagnos.
HORTON, Stanley.
Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD.
KEENER, Craig S.
Comentário Bíblico do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD.
LAHAYE, Tim.
Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
MENZIES, Robert.
Pentecostes: Essa História é Nossa. CPAD.
TORRALBO, Elias.
Exortação, Arrependimento e Esperança. Rio de Janeiro: CPAD.
SUBSÍDIO I
“46.1—51.64 CONTRA AS NAÇÕES. Estes
capítulos contêm profecias a respeito do juízo de Deus contra as nações
estrangeiras. Deus tinha indicado Jeremias não só como um profeta para Judá,
mas também como ‘um profeta para as nações’ (1.5).
46.2 EGITO [...] CARQUEMIS. Localizada
no norte da Síria cerca de 480 quilômetros ao norte de Jerusalém, Carquemis foi
o lugar onde os babilônios derrotaram os egípcios em 605 a.C. Naquela época, a
Babilônia se tornou o poder mundial dominante.
46.10 ESTE DIA É O DIA DO SENHOR. A
derrota do Egito foi um resultado da ação de Deus, foi ‘um dia de vingança’
devido a maneira pela qual o Egito tinha angustiado e oprimido Judá (p.ex. 2Rs
23.29,33-35). No final, Deus castigará todas as nações e as pessoas que
rejeitaram a sua mensagem e maltrataram o seu povo.” (Bíblia de Estudo
Pentecostal Para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.963).
II.
UM PROFETA PARA AS NAÇÕES
1. Um profeta para as nações. A
expressão “nações” tem sentido amplo nas Escrituras, mas no contexto de
Jeremias, tem relação com outros povos além de Israel, ou ainda, povos e nações
pagãos e gentios (Êx 9.24; 34.10; Ez 5.6-8). Ao falar com Jeremias sobre o seu
chamado, Deus usou este termo: “e às nações te dei por profeta” (1.5). Uma
referência de que ele seria enviado, não somente aos da casa de Israel, mas também
aos gentios.
Assim como Deus determinou o início e o fim do
ministério de Jeremias, Ele também decidiu que as nações seriam o seu
público-alvo. Começando pelo “povo da aliança”, Jeremias se dirigiu também a
outras nações, não negligenciando a sua responsabilidade com outros povos,
falando-lhes amplamente, conforme o registro bíblico (46.1—51.64).
Iniciando pelo Egito (46.2-28), o profeta Jeremias
transmitiu a mensagem divina à Filístia (47.1-7), a Moabe (48.1-47), a Amom
(49.1-6), a Edom (49.7-22), à Síria (49.23-33), a Elão (49.34-39) e à Babilônia
(50.1-51.64). Está evidente, portanto, que, em obediência à vontade de Deus e
aos seus propósitos, Jeremias foi um profeta para as nações.
👉 O chamado de Jeremias
revela um aspecto impressionante do coração de Deus: Ele levanta profetas não
apenas para a sua casa, mas também para os povos que ignoram sua voz. Quando o
Senhor diz a Jeremias: “às nações te dei
por profeta” (Jr 1.5), a palavra nações traduz gôyim, termo usado para se
referir aos povos gentios, culturas alheias à aliança e até mesmo aos impérios
hostis. A Bíblia de Estudo Shedd observa que esse chamado amplia o alcance do
profeta para além das fronteiras de Judá. Jeremias é escolhido para falar onde
ninguém esperava ouvir um mensageiro do Deus vivo. Esse envio não foi
acidental. O Senhor que moldou Jeremias no ventre também determinou o cenário
de seu ministério. A soberania divina aparece com força aqui: Deus define o
início, o fim e o destino da vocação profética. Comentadores como Champlin
destacam que a missão de Jeremias começa no “povo da aliança”, mas logo se
estende aos povos vizinhos. O profeta não podia restringir a mensagem a quem
parecia mais receptivo. Ele foi chamado para obedecer, mesmo quando os
destinatários eram resistentes, pagãos ou inimigos históricos. Os capítulos 46
a 51 formam uma coletânea impressionante de oráculos contra as nações,
mostrando que Deus se dirige a todos os povos com a mesma autoridade. A Bíblia
de Estudo Plenitude lembra que esses oráculos demonstram que nenhum império
pode escapar ao juízo do Senhor. O Egito, potência militar confiada à sua
própria força; a Filístia, sempre agressiva; e Moabe, altiva e autoconfiante,
todos são confrontados pela santidade divina. Em cada anúncio, Jeremias mostra
que o Deus de Israel julga, mas também preserva seu propósito redentor. O
ministério do profeta continua alcançando territórios ainda mais distantes.
Amom, Edom, Síria e Elão recebem mensagens de juízo e esperança. A variedade de
nações revela que Deus se importa com cada uma delas e que seu governo não se
limita às fronteiras de seu povo. O Comentário Bíblico Beacon observa que,
mesmo quando a palavra era dura, ela carregava o convite ao arrependimento,
pois o juízo sempre aparece na Escritura como oportunidade para retorno. Em
todos esses povos, Deus se mostra Senhor da história e Pastor que chama até
aqueles que se afastaram totalmente de sua luz. Por fim, Jeremias fala à Babilônia,
o maior império de sua época. A palavra do profeta entra no coração político do
mundo conhecido, demonstrando que nem mesmo os mais fortes estão fora do
alcance de Deus. Essa dimensão universal nos chama à responsabilidade. Somos o
povo enviado para comunicar a verdade ao ambiente que Deus nos confiou. Assim
como Jeremias, não podemos limitar nossa obediência às fronteiras do conforto.
Deus continua levantando homens e mulheres que falam sua Palavra entre aqueles
que ainda não o conhecem. E essa consciência deve despertar em nós temor,
coragem e uma profunda disposição em anunciar o Reino que alcança todas as
nações.
ARRINGTON, French L.;
STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD.
BAKER, Warren.
Dicionário Bíblico Baker. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.
BEACON, Comentário
Bíblico Beacon. CPAD.
BÍBLIA DE ESTUDO
MACARTHUR. São Paulo: SBB.
BÍBLIA DE ESTUDO
PLENITUDE. Barueri: SBB.
BÍBLIA DE ESTUDO SHEDD.
São Paulo: Vida Nova.
BÍBLIA DE ESTUDO
PENTECOSTAL PARA JOVENS. Rio de Janeiro: CPAD.
CHAMPLIN, R. N. O Antigo
Testamento Interpretado. São Paulo: Hagnos.
HORTON, Stanley.
Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD.
KEENER, Craig S.
Comentário Bíblico do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD.
LAHAYE, Tim.
Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
MENZIES, Robert.
Pentecostes: Essa História é Nossa. CPAD.
2. Uma mensagem para as nações. A
“palavra do Senhor” foi direcionada “contra as nações” (46.1). O termo
“palavra” tem vários sentidos nas Escrituras, mas aqui indica a comunicação de
Deus por intermédio de um agente (2Sm 7.4; Jr 25.3; Os 1.1). Isso também se
aplica aos Dez Mandamentos, pois são chamados de “as dez palavras do Senhor”
(Êx 34.28; Dt 4.13).
Jeremias não é o único profeta enviado a outras
nações, além de Israel, já que houve profetas como Amós; Isaías e Ezequiel
também o foram (Am 1.3—2.3; Is 13—23; Ez 25—32). Este interesse pelas nações
revela não só o amor de Deus para com todos, mas também a sua justiça, já que
os princípios aplicados para avaliar e disciplinar o seu povo são os mesmos
usados a outros povos. O alvo divino é sempre castigar o pecado.
A disposição de Jeremias em profetizar às nações
tem relação direta com a sua forte convicção de que Deus “é o Criador de todas
as coisas” (Jr 10.16). Para ele, ao contrário dos falsos deuses e à fragilidade
humana, Deus sustenta todas as suas obras, pois é Poderoso (10.12-16).
👉 A expressão “palavra do Senhor”, em Jeremias 46.1,
revela mais do que uma simples mensagem; ela aponta para a ação soberana de
Deus que se comunica por meio de seu profeta. No hebraico, dabar carrega a
ideia de palavra que age, constrói e transforma, e não apenas informa. Assim,
quando o texto afirma que essa palavra foi dirigida “contra as nações”, estamos
diante de uma revelação que alcança povos além de Israel. A Bíblia de Estudo
MacArthur observa que essa palavra, quando aplicada profeticamente, carrega
autoridade criadora e julgadora, lembrando-nos que Deus continua falando dentro
da história. Essa característica não é exclusiva de Jeremias. Amós, Isaías e
Ezequiel também foram enviados aos povos vizinhos, mostrando que Deus não
restringe sua voz apenas ao seu povo. Os capítulos iniciais de Amós, os
oráculos das nações em Isaías 13–23 e as mensagens de juízo em Ezequiel 25–32
são testemunhas de que Deus se dirige a todos com a mesma seriedade. O
Comentário Bíblico Beacon destaca que isso revela dois atributos centrais de
Deus: seu amor abrangente e sua justiça imparcial. O mesmo padrão ético
aplicado a Israel é aplicado às nações porque o pecado, onde quer que esteja,
fere a santidade divina. Esse enfoque universal da profecia assume profundidade
ainda maior quando lembramos que os Dez Mandamentos também são chamados de “as
dez palavras do Senhor”. A expressão indica que sua autoridade não está presa
ao Sinai, mas ao próprio caráter de Deus. Assim, seja ao estabelecer sua Lei ou
ao disciplinar nações inteiras, Deus fala como o Legislador Moral do universo.
Champlin observa que a Palavra divina é sempre reta, porque nasce do Deus que
não muda. Por isso, Israel não podia se gloriar, e as nações não podiam se
esconder: todos estão debaixo da mesma verdade e do mesmo juízo. A disposição
de Jeremias em proclamar essa palavra às nações nasce de sua convicção
teológica profunda: Deus é o Criador de todas as coisas. No capítulo 10,
Jeremias contrasta a fragilidade dos ídolos com a força do Deus vivo. Ele usa o
termo hebraico ‘āsâ (fazer, criar, sustentar) para destacar que o Senhor não
apenas formou o mundo, mas governa tudo o que criou. A Bíblia de Estudo
Plenitude ressalta que essa convicção dá coragem ao profeta. Ao reconhecer Deus
como Criador e Sustentador, Jeremias entende que não fala a partir de sua
própria autoridade, mas do domínio universal do Senhor. Essa visão amplia nosso
entendimento espiritual. Se Deus direciona sua palavra às nações, nós também
somos convocados a enxergar o mundo com os olhos do Deus que criou todos os
povos. A missão do profeta nos lembra que a verdade de Deus não é local, mas
global. Cada cultura, cada nação e cada pessoa está diante do mesmo Criador, do
mesmo Juiz e do mesmo Redentor. Assim como Jeremias permaneceu firme diante de
povos resistentes, somos chamados a testemunhar a verdade com humildade e
coragem, anunciando o Deus que fala, julga e salva.
ARRINGTON, French L.;
STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD.
BAKER, Warren.
Dicionário Bíblico Baker. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.
BEACON, Comentário
Bíblico Beacon. Rio de Janeiro: CPAD.
BÍBLIA DE ESTUDO
MACARTHUR. São Paulo: SBB.
BÍBLIA DE ESTUDO
PLENITUDE. Barueri: SBB.
BÍBLIA DE ESTUDO SHEDD.
São Paulo: Vida Nova.
BÍBLIA DE ESTUDO
APLICAÇÃO PESSOAL. Rio de Janeiro: CPAD.
CHAMPLIN, R. N. O Antigo
Testamento Interpretado. São Paulo: Hagnos.
HORTON, Stanley.
Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD.
KEENER, Craig S.
Comentário Bíblico do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD.
LAHAYE, Tim.
Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
3. Uma mensagem para o Egito. A
seção que apresenta as nações a quem Jeremias profetizou, inicia com a mensagem
dirigida ao Egito e fala sobre a derrota do Faraó Neco, por ocasião da chamada
batalha de Carquemis, diante de Nabucodonosor (46.2), acontecimento que abalou
o Oriente Médio da época (v.12). A mensagem de Jeremias contra o Egito é
repleta de detalhes, demonstrando a precisão profética. Ele começa retratando
os momentos que antecederam a batalha, com informações específicas acerca dos
instrumentos de guerra e os que se envolveriam nela (vv.3-6), apresenta a
batalha em si e os seus estragos (vv.7-11), elucida também as terríveis
consequências (vv.13-26) e a promessa da restauração de Israel (vv.27,28).
👉 Jeremias 46 não registra
apenas um episódio militar. Ele interpreta o declínio do Faraó Neco na batalha
de Carquemis (Jr 46.2) como parte do agir divino que molda o destino dos
impérios. A batalha, vencida por Nabucodonosor em 605 a.C., foi tão decisiva que
redesenhou o mapa político do Oriente Médio. O profeta lê esse acontecimento
como uma confirmação de que nenhum poder humano permanece de pé diante da
palavra do Senhor (v.12). O texto apresenta detalhes surpreendentes. Jeremias
descreve os preparativos da guerra, mencionando armas, cavalos e carros,
elementos que revelam a confiança do Egito em sua força militar (vv.3-6). A
expressão hebraica usada para “preparar o escudo” transmite a ideia de
prontidão, mas também ironiza a falsa segurança de um povo que acreditava
controlar o futuro. A Bíblia de Estudo Plenitude destaca que esse tipo de
linguagem mostra a fragilidade de estruturas humanas que não se submetem a
Deus. Quando Jeremias descreve o avanço das tropas (vv.7-11), ele pinta um
cenário quase cinematográfico: o Egito avança como um grande rio, mas
rapidamente se desfaz como água que escapa pelos dedos. Champlin observa que
essa metáfora lembra o modo como os profetas frequentemente associam soberba
humana a desastres repentinos. O contraste entre a arrogância do Faraó e a ação
irresistível do Senhor ecoa a mensagem central do livro: Deus derruba quem se
exalta. As consequências são terríveis (vv.13-26). A linguagem é direta e
pastoralmente desconfortável, pois revela que o juízo divino alcança até as
nações mais poderosas. Amos Yong e Palma lembram que, na perspectiva bíblica, o
juízo não é vingança, mas reafirmação da justiça de Deus diante do pecado. O
Egito, que tantas vezes influenciou Israel com alianças perigosas (Is 30.1-3),
agora experimentaria o peso da mão do Senhor. No entanto, a seção termina com
uma nota de graça (vv.27-28). O mesmo Deus que disciplina as nações promete
restaurar Israel. O verbo “restaurar”, usado aqui, carrega a ideia hebraica de
trazer de volta ao lugar de segurança. A Bíblia MacArthur destaca que essa
promessa lembra que Deus corrige o seu povo como Pai, não como inimigo. Assim,
enquanto os impérios caem, o Senhor preserva aqueles que pertencem à aliança.
Esse movimento revela o coração da teologia reformada continuísta: Deus governa
todas as coisas, inclusive os reinos, mas cuida de seu povo no meio da
história. A mensagem ao Egito, portanto, não é apenas juízo. É um lembrete
pastoral: confiar em poder humano é sempre uma armadilha. A verdadeira
segurança está em submeter a vida ao Deus que conduz as nações segundo os seus
propósitos eternos.
ARRINGTON, French L.
Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD.
BAKER, Warren.
Dicionário Bíblico Baker. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.
BEACON. Comentário
Bíblico Beacon. Rio de Janeiro: CPAD.
BÍBLIA DE ESTUDO
APLICAÇÃO PESSOAL. São Paulo: Mundo Cristão.
BÍBLIA DE ESTUDO
MACARTHUR. São Paulo: SBB.
BÍBLIA DE ESTUDO
PENTECOSTAL PARA JOVENS. Rio de Janeiro: CPAD.
BÍBLIA DE ESTUDO
PLENITUDE. São Paulo: SBB.
BÍBLIA DE ESTUDO SHEDD.
São Paulo: Vida Nova.
CHAMPLIN, R. N. O Antigo
Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos.
HORTON, Stanley.
Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD.
KEENER, Craig.
Comentário Histórico-Cultural da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD.
LAHAYE, Tim.
Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
MACCHIA, Frank. Theology
of the Spirit.
MENZIES, Robert.
Pentecostes: Essa História é Nossa.
OSS, Douglas.
Pneumatologia Bíblica.
TORRALBO, Elias.
Exortação, Arrependimento e Esperança. Rio de Janeiro: CPAD.
SUBSÍDIO II
“Jeremias profetizou que os babilônios não apenas
derrotariam o Egito em Carquemis, mas que eles também derrotariam os exércitos
egípcios na própria terra dos egípcios (568-567 a.C.). O Senhor Deus deixaria
bastante claro que os deuses do Egito não poderiam livrá-los da derrota
(vv.25,26).
A destruição não seria permanente; o Egito seria
restaurado no futuro e habitado até o tempo do reinado de Cristo na terra (cf.
Is 19.23-25; Ez 29.8-14).
Israel não devia temer a destruição total. A nação
deveria ser castigada pelos seus pecados, mas sobreviveria e acabaria
retornando à terra prometida e a uma posição de favor na presença de Deus (cf.
30.10,11; 31.1-6).
47.1-7 FILISTEUS. Os filisteus
ocuparam a região costeira de Judá. Existia uma hostilidade frequente entre
eles e o povo de Deus. Outras profecias contra os filisteus são encontradas em Is
14.28-31; Ez 25.15-17; Am 1.6-8; Sf 2.4-7.
48.1 MOABE. O país de
Moabe se localizava no litoral leste do Mar Morto. Os moabitas eram
descendentes de Ló, sobrinho de Abraão (Gn 19.30-37), (Abraão foi um grande
homem de fé e o ancestral do povo hebreu). Os moabitas estavam frequentemente
em conflito com Israel. Durante a época de Jeremias, gangues de moabitas
atacaram partes de Judá depois que Nabucodonosor invadiu a região (2Rs 24.2).
Jeremias identificou muitas das cidades moabitas que seriam destruídas. Moabe
foi conquistada pelos babilônios, e, consequentemente, desapareceu como nação.
Outras profecias contra Moabe são encontradas em Is 15—16; Jr 9.25,26;
25.14-21; 27.2,3; Ez 25.8-11; Am 2.1-3; Sf 2.8-11.
A tendência de todas as nações é confiar em suas
próprias tradições, tecnologia, poderio militar, conquistas e riqueza. Esta
confiança enganadora, juntamente com um comportamento impiedoso do seu povo,
causara a queda de qualquer nação. Assim como Deus destruiu Moabe, chegará o
dia em que Ele abaterá todas as nações do mundo — este dia é referido como ‘o
dia do Senhor’ (1Ts 5.2-4).” (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de
Janeiro: CPAD, 2023, p.967).
III.
UM POVO PARA AS NAÇÕES
1. Israel, o povo que falhou com as nações. O
ministério de Jeremias em relação a outras nações não foi um acontecimento à
parte do plano maior de Deus que, por meio da missão de Israel de
representá-lo, intenciona alcançar outros povos (Dt 28.9,10). Ao contrário
disso, ele atuou no sentido de reafirmar o interesse divino em restaurar povos
de todas as nações (Is 49.22,23).
👉 A profecia de Jeremias
contra o Egito abre a coleção de oráculos às nações e funciona como um lembrete
poderoso de que Deus governa não apenas Israel, mas toda a história humana.
Quando o profeta menciona a derrota do Faraó Neco na batalha de Carquemis (Jr
46.2), ele não descreve apenas um fato político. Ele interpreta o acontecimento
como parte do agir soberano do Senhor, que desfaz estratégias humanas e
confirma seu domínio sobre reis e impérios. O versículo 12 afirma que a queda
do Egito abalou o Oriente Médio, mas para Jeremias, esse abalo não era mero
reflexo de forças militares. Era o eco da palavra de Deus se cumprindo com
precisão. A riqueza de detalhes no oráculo impressiona. Jeremias descreve os preparativos
da guerra (vv.3-6) usando uma linguagem militar que revela a presunção do
Egito. O chamado para empunhar o escudo e preparar os cavalos retrata um povo
confiante em sua máquina bélica. A Bíblia de Estudo MacArthur observa que essa
confiança exagerada era comum entre nações que ignoravam o Deus de Israel. Do
ponto de vista exegético, o hebraico para “preparai os escudos” carrega a ideia
de prontidão total, mas também expõe a ironia profética: mesmo completamente
armados, eles não resistiriam ao juízo divino. Como lembra a Bíblia de Estudo
Shedd, nenhuma força militar compensa um coração distante do Senhor. Quando
Jeremias descreve o avanço egípcio (vv.7-11), a imagem muda. O profeta compara
o Egito a um grande Nilo que transborda e tenta invadir a terra. Essa metáfora,
lembrada por Champlin e pelo Comentário Beacon, demonstra como a soberba opera
no coração humano: sempre tenta ocupar espaços que não lhe pertencem. No
entanto, o fluxo poderoso logo se desfaz. A palavra usada para “avançar” sugere
pressa e impetuosidade, enquanto o resultado mostra desordem e colapso. Craig
Keener observa que essa quebra súbita é típica da atuação de Deus na história:
Ele permite que o orgulho se inflame apenas para expor sua fragilidade. O texto
então aprofunda o juízo (vv.13-26). O Egito, tão influente e frequentemente
cortejado por Israel como aliado político, agora conhece o peso da mão divina.
Amos Yong comenta que os profetas sempre denunciaram a tentação de confiar em
alianças com potências estrangeiras em vez de descansar na aliança com Deus.
Israel, como povo escolhido, deveria confiar no Senhor, não em cavalos ou
carros de guerra (Sl 20.7). O juízo contra o Egito, portanto, também era uma
mensagem pedagógica para a própria nação da aliança. A queda de um império
vizinho lembraria Israel de que somente o Senhor sustenta e preserva seu povo. Por
mais severos que sejam os versículos de condenação, o oráculo termina com
esperança para Israel (vv.27-28). O contraste é intencional. Enquanto o Egito
seria abatido, Israel seria restaurado. A palavra hebraica para “restaurar”
usada aqui indica trazer de volta ao lar com proteção. A Bíblia de Estudo
Pentecostal mostra que esta promessa reflete o caráter pactual de Deus: sua
correção nunca tem como objetivo destruir, mas reconduzir. Douglas Oss observa
que isso revela o modo como Deus governa a história sem abandonar sua aliança.
Israel continuaria sendo o povo escolhido, mesmo em meio ao exílio. Essa
fidelidade é pedra angular da Teologia Reformada: Deus nunca revoga sua aliança,
ainda que discipline os seus. Esse contraste revela uma verdade profunda.
Impérios podem ruir, exércitos podem tombar, governantes podem ser derrubados,
mas o povo da aliança permanece. A história do Egito lembrava a Israel e lembra
a nós que a verdadeira segurança não está em forças humanas, mas na palavra
fiel de Deus. A queda do Egito mostra que Deus intervém nas nações, mas a
restauração de Israel mostra que Ele caminha com seu povo em amor. A aplicação
é pastoral e urgente: confiar em estruturas humanas sempre nos frustra; confiar
no Senhor sempre nos restaura. Ao encerrar, Jeremias nos lembra que Deus
escreve a história com sabedoria perfeita. Ele disciplina, levanta e derruba
reinos, mas nunca abandona aqueles que chamou para si. O Egito caiu para que
Israel aprendesse a confiar. Hoje, somos chamados a reconhecer que a vida
cristã só floresce quando nos submetemos ao Deus que reina sobre todas as
nações e cuida pessoalmente dos que são seus.
ARRINGTON, French L.
Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD.
BAKER, Warren.
Dicionário Bíblico Baker. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.
BEACON. Comentário
Bíblico Beacon. Rio de Janeiro: CPAD.
BÍBLIA DE ESTUDO
APLICAÇÃO PESSOAL. São Paulo: Mundo Cristão.
BÍBLIA DE ESTUDO
MACARTHUR. São Paulo: SBB.
BÍBLIA DE ESTUDO
PENTECOSTAL PARA JOVENS. Rio de Janeiro: CPAD.
BÍBLIA DE ESTUDO
PLENITUDE. São Paulo: SBB.
BÍBLIA DE ESTUDO SHEDD.
São Paulo: Vida Nova.
CHAMPLIN, R. N. O Antigo
Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos.
HORTON, Stanley.
Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD.
KEENER, Craig.
Comentário Histórico-Cultural da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD.
LAHAYE, Tim.
Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
MACCHIA, Frank. Theology
of the Spirit.
MENZIES, Robert.
Pentecostes: Essa História é Nossa.
OSS, Douglas.
Pneumatologia Bíblica.
TORRALBO, Elias.
Exortação, Arrependimento e Esperança. Rio de Janeiro: CPAD.
2. Igreja, o povo de Deus para as nações. O
texto de 1 Pedro 2.9 afirma que a Igreja foi escolhida para anunciar a mensagem
de Deus. Nós somos a Igreja de Cristo, por isso fomos denominados de “geração
eleita, sacerdócio real, a nação santa e o povo adquirido”. A Igreja recebeu de
Deus a missão de anunciar a mensagem às nações.
A missão da Igreja se identifica com a de Israel no
que se refere à tarefa de representar Deus diante das nações. Duas verdades
precisam ser ressaltadas aqui: A primeira é que o Senhor Jesus ordenou que a
Igreja pregue o Evangelho. E a segunda é que a Igreja deve anunciar, em todos
os lugares, e a todos os povos que só o Senhor é Deus, e que Jesus é o
Salvador.
👉 A afirmação de Pedro de
que a igreja é “geração eleita,
sacerdócio real, nação santa e povo adquirido” (1Pe 2.9, NVI) nos lembra
que não pertencemos a nós mesmos. Fomos chamados para viver diante das nações
como um povo separado por Deus e para Deus. Pedro usa termos que antes
descreviam Israel, mas agora se aplicam à comunidade messiânica formada por
judeus e gentios. Essa identidade não é simbólica, é vocacional. Somos o povo
que Deus formou para tornar visível a sua glória. Pedro diz que fomos chamados
para “anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua
maravilhosa luz”. O verbo exangellō (proclamar, anunciar publicamente) mostra
que a missão da igreja não é opcional. Somos uma comunidade convocada para
proclamar, e essa proclamação é fruto da graça que nos alcançou. A identidade
da igreja nasce daquilo que Deus fez; sua missão nasce daquilo que Ele deseja fazer
através de nós. A redenção não nos retirou do mundo; nos enviou ao mundo. Assim
como Israel foi estabelecido para representar o caráter do Senhor entre as
nações (Êx 19.5–6), a igreja assume esse mesmo chamado, agora ampliado e
fundamentado na obra de Cristo. A escolha divina nunca foi privilégio, mas
responsabilidade. A eleição gera serviço. Somos um povo distinto não porque
somos melhores, mas porque Deus decidiu revelar sua santidade por meio de uma
comunidade marcada pela graça. A missão é o modo visível dessa santidade. O
próprio Jesus confirmou essa vocação ao ordenar que anunciássemos o evangelho
“até os confins da terra” (At 1.8). Aqui, o termo grego eschaton (“confins”,
“últimos limites”) aponta para a abrangência global da missão. A igreja não
prega apenas porque recebeu uma ordem; ela prega porque o Espírito Santo opera
nela o mesmo amor que moveu o Pai a enviar o Filho. A missão é trinitária antes
de ser eclesial. Pregamos porque participamos do movimento do próprio Deus em
direção ao mundo. A igreja existe como testemunha do único Senhor. Em um mundo
saturado de vozes religiosas, a igreja anuncia que só o Senhor é Deus e que
Jesus é o único Salvador dado aos homens (At 4.12). Essa afirmação não nasce de
arrogância, mas de fidelidade. O evangelho não é uma opinião espiritual; é a
verdade revelada. A igreja, ao proclamar Cristo, não apresenta uma alternativa
entre muitas, mas a realidade que transforma todas as coisas. Esse chamado nos
coloca diante de uma responsabilidade: viver de maneira coerente com a mensagem
que pregamos. Pedro descreve a igreja como povo adquirido (peripoiēsis, posse
preciosa). Assim, não anunciamos Cristo apenas com palavras, mas com um modo de
vida que desperta nas pessoas o desejo de conhecer o nosso Deus. A missão não é
apenas geográfica, é também ética. O mundo precisa ver em nós o reflexo da luz
que confessamos. A perspectiva escatológica reforça essa responsabilidade. A
missão da igreja se desenrola em meio ao plano soberano de Deus para as eras.
Como destaca a Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica, Deus conduz a história
à consumação e usa a igreja como instrumento nesse processo. Assim, cada ato de
testemunho, cada anúncio do evangelho, cada vida transformada é parte do avanço
do Reino até que Cristo venha. A missão da igreja é o cenário visível do
governo de Deus na história. Por isso, nossa vocação permanece: anunciar Cristo
entre todos os povos. O mundo continua mergulhado em confusão espiritual, mas a
igreja segue sendo o povo que carrega a luz da verdade. Somos chamados a
proclamar a salvação com convicção, mansidão e coragem, conscientes de que Deus
nos colocou nas nações para que muitos vejam, ouçam e creiam. Enquanto
caminhamos, Ele mesmo sustenta sua obra. E nós o servimos com alegria, sabendo
que nossa missão revela o caráter daquele que nos chamou.
ARRINGTON, French L.
Comentário Bíblico do Novo Testamento. CPAD.
BAKER, Warren W.
Dicionário Bíblico Baker. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.
BEVERE, John. Assim Diz
o Senhor? Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
CHAMPLIN, R. N. O Novo
Testamento Interpretado Versículo por Versículo.
CPAD. Comentário
Histórico-Cultural do NT.
HORTON, Stanley.
Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
KEENER, Craig.
Comentário do NT.
LAHAYE, Tim.
Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
MACARTHUR, John. Bíblia
de Estudo MacArthur. SBB.
MENZIES, Robert.
Pentecostal Theology in the 21st Century.
SHEED, Russell. Bíblia
de Estudo Shedd. Vida Nova.
SUBSÍDIO III
“51.33 AINDA UM POUCO, E O TEMPO DA SEGA LHE VIRÁ. De
maneira simbólica, o profeta está se referindo à maneira como a Babilônia havia
plantado más sementes de crueldade, adoração a ídolos e imoralidade. Agora a
nação estava prestes a colher o juízo de Deus. Devemos nos lembrar de que os
pecados são como as sementes, que crescem e acabam levando a uma grande e
terrível colheita. O Novo Testamento nos adverte ‘Não erreis: Deus não se deixa
escarnecer: porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará’ (Gl 6.7).
Tendo escapado ao perigo da queda da Babilônia, os
exilados tiveram que considerar que agora era o momento de voltar a Jerusalém e
servir ao Senhor.
O último capítulo do livro de Jeremias mostra que o
profeta falava verdadeiramente a Palavra de Deus, porque toda a destruição que
ele havia predito se tornara realidade. Este capítulo é praticamente idêntico a
2Rs 24.18-25,30; cf. também Jr 39.1-10.” (Bíblia de Estudo Pentecostal Para
Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.974).
CONCLUSÃO
No Antigo Testamento, especialmente o profeta
Jeremias, reafirma o caráter divino da Grande Comissão, do Novo Testamento,
confiada à Igreja, tanto no que se refere à sua origem, as suas bases e o seu
objetivo. Vimos a respeito do compromisso de anunciar o Evangelho às nações,
sob a perspectiva do profeta Jeremias que, à semelhança de outros profetas,
falou às nações, como obediência à ordem de Deus e como vocação, pois para isso
ele foi enviado, do mesmo modo que a Igreja é enviada na atualidade.
👉 Quando olhamos para o
profeta Jeremias, percebemos que a missão da Igreja no Novo Testamento não
nasce de um impulso humano, mas do próprio coração de Deus. O envio não é
invenção eclesiástica; é iniciativa divina. Jeremias foi chamado ainda jovem
para ser “profeta para as nações” (Jr 1.5, NVI), e esse chamado revela que Deus
sempre desejou alcançar povos além de Israel. A igreja, portanto, não inaugura
a missão mundial, mas dá continuidade e plenitude ao que Deus já vinha
realizando na história redentora. O chamado de Jeremias ecoa o caráter soberano
da missão. Quando Deus lhe diz “a todos a quem eu o enviar, você irá” (Jr 1.7,
NVI), a palavra hebraica usada para “enviar”, shalach, destaca um envio
autoritativo, que não admite adiamento nem negociação. A igreja experimenta
esse mesmo envio no ide de Cristo. O termo grego apostellō (enviar com
autoridade delegada) reforça que não pregamos por iniciativa própria, mas
porque pertencemos ao Deus que envia. Assim como Jeremias falava em nome do
Senhor, a igreja fala sob a autoridade do Cristo ressurreto. Jeremias não
proclamou apenas mensagens duras; proclamou uma palavra que revelava tanto o
juízo quanto a esperança. Esse equilíbrio é fundamental para entendermos o
caráter da missão da igreja. Champlin observa que o ministério do profeta
envolvia confrontar as nações com a realidade de seus pecados, ao mesmo tempo
em que anunciava a fidelidade de Deus em restaurar seu povo. O evangelho
carrega essa mesma tensão: confronta o pecado, mas oferece graça abundante. A igreja
segue esse padrão profético ao chamar o mundo ao arrependimento e à
reconciliação com Deus. A Bíblia de Estudo MacArthur destaca que Jeremias não
falava apenas a Israel, mas a reinos vizinhos, revelando que Deus nunca limitou
sua voz às fronteiras de um único povo. Essa visão se alinha com a compreensão
reformada continuísta de que Deus conduz a história para que todas as nações
ouçam sua verdade. Quando Cristo ordena à igreja que anuncie o evangelho “até
os confins da terra”, Ele reafirma a dimensão universal desse chamado. A missão
da igreja é o desdobramento neotestamentário da vocação profética do Antigo
Testamento. Assim como Jeremias carregou a Palavra como um fogo em seu
interior, a igreja carrega hoje a chama do Espírito que impulsiona sua proclamação.
Se o profeta foi enviado com a promessa de que Deus estaria com ele, a igreja
avança com a presença constante do Espírito Santo. A missão, portanto, não é um
peso, mas um privilégio. Somos parte do movimento histórico do Deus que se
revela e transforma as nações por meio de sua verdade. O compromisso profético
de Jeremias se cumpre plenamente na igreja enviada ao mundo para tornar Cristo
conhecido. Encerrando não apenas esta última lição, mas um trimestre inteiro,
podemos extrair três aplicações práticas para aplicação imediata à vida de
nossos alunos:
1. Permita que Deus
alinhe sua missão pessoal com a missão bíblica. Jeremias não escolheu ir; ele obedeceu ao envio. A
vida cristã floresce quando submetemos nossos planos ao propósito de Deus.
2. Fale às pessoas com
fidelidade e esperança. O profeta anunciava
juízo e restauração. A igreja deve manter esse equilíbrio ao testemunhar:
verdade que confronta e graça que cura.
3. Confie na presença de
Deus enquanto serve. Jeremias avançou
sustentado pela promessa divina. A igreja também age confiando que o Espírito a
capacita, guia e fortalece em cada ato de testemunho.
ARRINGTON, French L.
Comentário Bíblico do Novo Testamento. CPAD.
BAKER, Warren.
Dicionário Bíblico Baker. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.
BEVERE, John. Assim Diz
o Senhor? Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
CHAMPLIN, R. N. O Antigo
Testamento Interpretado Versículo por Versículo.
CPAD. Comentário
Histórico-Cultural do Antigo Testamento.
HORTON, Stanley.
Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
KEENER, Craig.
Comentário do Novo Testamento.
LAHAYE, Tim.
Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
MACARTHUR, John. Bíblia
de Estudo MacArthur. SBB.
MENZIES, Robert.
Pentecostal Theology in the 21st Century.
SHEED, Russell. Bíblia de
Estudo Shedd. Vida Nova.
HORA DA REVISÃO
1. Para
quem Jeremias foi enviado inicialmente?
Assim
como os demais profetas, Jeremias foi enviado inicialmente ao seu povo, o que
não significa que não teve de advertir as demais nações a respeito da responsabilidade
que todos, indistintamente têm, diante de Deus.
2. Quem
determinou o ministério de Jeremias e qual era o seu público-alvo?
Assim
como Deus determinou o início e o fim do ministério de Jeremias, Ele também
decidiu que as nações seriam o seu público-alvo.
3. De
que é composto o Reino de Deus?
Definitivamente
o Reino de Deus é um reino de nações.
4. Cite
2 profetas que foram enviados a outras nações.
Isaías
e Ezequiel.
5. Qual
a maior e principal missão da Igreja?
A
missão da Igreja se identifica com a de Israel no que se refere a tarefa de
representar a Deus diante das nações.