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7 de setembro de 2025

EBD JOVENS | Lição 11: A Carne E O Espírito: A Luta Que Existe Em Nós | 3° Trim 2025

 

Pb Francisco Barbosa (@Pbassis)

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TEXTO PRINCIPAL

Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne.” (Gl 5.16).

ENTENDA O TEXTO PRINCIPAL:

 👉 Andai, περιπατετε (peripateíte) Literal: “andar ao redor, caminhar”. Sentido figurado: modo de viver, conduta diária. O tempo presente imperativo do verbo grego implica em ação contínua: “continuem a andar”. em Espírito, Πνεύματι (Pneumati) Refere-se ao Espírito Santo. Dativo instrumental: viver sob direção, influência e poder do Espírito. Concupiscência, πιθυμίαν (epithymían) Desejo intenso, inclinação. No contexto: anseios da natureza caída (a carne). Carne, σάρξ (sárx) Mais que corpo físico: representa a natureza humana corrompida, contrária ao Espírito. Não cumprireis, ο μ τελέσητε (ou mē telesēte) Negação enfática: “de modo nenhum satisfareis”. Indica promessa certa: andar no Espírito impede a carne de dominar. Paulo nos mostra que a santidade não é alcançada pela força própria, mas pelo andar contínuo no Espírito. Isso significa viver cada dia em dependência d’Ele, em oração, na Palavra e em obediência, de modo que os desejos da carne não encontrem espaço em nossa vida.

RESUMO DA LIÇÃO

A quem nos submetemos mostrará se andamos na carne ou no Espírito.

ENTENDA O RESUMO DA LIÇÃO:

 👉 A quem entregamos o governo da nossa vida revela, sem máscaras, se caminhamos dominados pela carne ou conduzidos pelo Espírito Santo. Quem reina sobre você, a carne ou o Espírito, define o rumo da sua caminhada e o destino da sua alma. Quando o Espírito Santo governa nossa vida, os desejos da carne perdem força e passamos a viver em verdadeira liberdade. Se a carne dita suas escolhas, você é escravo; mas se o Espírito dirige seus passos, você é livre e vitorioso em Cristo.

TEXTO BÍBLICO

Gálatas 5.16-23.

16. Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne.

👉 Andai em Espírito… Paulo mostra que a vida no Espírito é a chave para vencer a carne. O crente não pode agradar a Deus confiando apenas em regras ou esforço humano. O Espírito Santo dá poder para resistir ao pecado diariamente.

17. Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne; e estes opõem-se um ao outro; para que não façais o que quereis.

👉 A carne cobiça contra o Espírito… Descreve o conflito interior do cristão: a carne e o Espírito são forças opostas. A carne (natureza humana caída) se levanta contra o Espírito, tentando arrastar o crente ao pecado. O Espírito Santo, por outro lado, capacita o cristão a resistir e a viver em santidade.

18. Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei.

👉 Se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei. Quem é dirigido pelo Espírito não precisa da lei como guia externo. O Espírito Santo é quem governa a vida cristã e produz obediência a Deus. Vida guiada pelo Espírito é a verdadeira liberdade.

19. Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: prostituição, impureza, lascívia,

👉 As obras da carne… Paulo lista pecados evidentes que vêm da carne: imoralidade, idolatria, ódio, inveja, embriaguez, etc. Tais práticas caracterizam os que vivem afastados de Deus. A advertência é clara: “os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus.”

20. idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias,

21. invejas, homicídios, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o Reino de Deus.

22. Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.

👉 O fruto do Espírito… Em contraste, a vida no Espírito gera um caráter transformado. O fruto (singular) mostra que é uma obra única e integral do Espírito, mas com várias manifestações: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas virtudes não há lei, porque elas expressam plenamente a vontade de Deus.

23. Contra essas coisas não há lei.

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INTRODUÇÃO

No capítulo 5, Paulo mostra que somos guiados ou pela carne ou pelo Espírito. Ele falou anteriormente a respeito do cuidado de não se valer da liberdade para que fosse dada ocasião à carne. Desta feita, o apóstolo menciona que existe uma luta dentro de nós para fazer o que é certo ou o que é errado, e que aqueles que são conduzidos pelo Espírito manifestam o Fruto, ao passo que os que são convencidos, em suas ações, a resistir ao Espírito e seguir a natureza humana, manifestam as obras da carne.

👉 No coração da carta aos Gálatas, Paulo nos lembra que a vida cristã não é vivida no vácuo, mas dentro de um campo de batalha constante. Ele declara: “Andai em Espírito e jamais cumprireis a concupiscência da carne” (Gl 5.16). O verbo grego usado aqui é peripateîte, de peripatéō, que significa “andar, viver, conduzir-se”. Não se trata de um simples passo ocasional, mas de um estilo de vida contínuo, um caminhar diário debaixo da direção do Espírito Santo. Paulo está afirmando que todo crente vive sob duas forças antagônicas: a carne (sarx), que simboliza a natureza humana corrompida, e o Espírito (Pneuma), que representa a nova vida concedida por Deus em Cristo. Esse conflito interior é real. A carne produz desejos (epithymía) que se opõem à vontade de Deus. O Espírito, por outro lado, gera em nós o querer e o realizar daquilo que agrada ao Senhor (Fp 2.13). Hernandes Dias Lopes chama essa realidade de “a tensão inevitável da vida cristã” (LOPES, 2007). Não se trata apenas de teoria; é experiência diária. Ao escolhermos alimentar a carne, colhemos obras visíveis: imoralidade, idolatria, inveja, dissensões. Ao cedermos ao Espírito, brota em nós um fruto único, mas multifacetado, que revela o caráter de Cristo: amor, alegria, paz, domínio próprio (Gl 5.22-23). A luta, portanto, não é para “tentar ser bom”, mas para decidir quem governará nossa vida. Antônio Gilberto enfatiza que o Espírito não apenas nos regenera, mas nos guia, capacita e santifica (GILBERTO, 1998). Craig Keener acrescenta que andar no Espírito é deixar-se levar pelo poder divino que supera a inclinação pecaminosa da carne (KEENER, 1993). Viver segundo o Espírito é render-se diariamente, permitindo que o Espírito Santo seja não só um hóspede, mas o Senhor de cada decisão, pensamento e desejo. Esta lição nos convida à uma reflexão direta e urgente: quem governa sua vida hoje? Davi, ao cair em pecado, reconheceu que não poderia vencer por si mesmo e clamou: “Não retires de mim o teu Santo Espírito” (Sl 51.11). Essa oração ecoa em nossos dias. Andar no Espírito não é luxo de crentes maduros, mas necessidade vital de todos que desejam vencer a carne e manifestar Cristo. A quem você tem dado espaço? À carne, que escraviza, ou ao Espírito, que liberta? Esse texto nos convida à autoavaliação sincera. Se o Espírito Santo realmente habita em nós, então nossa vida precisa refletir Seu fruto. O chamado é urgente: não basta conhecer teologia; é preciso viver o evangelho no poder do Espírito. Como disse Paulo, “se vivemos pelo Espírito, andemos também pelo Espírito” (Gl 5.25). Esta não é apenas uma ordem, é uma promessa: no Espírito há vitória real, há liberdade verdadeira e há transformação que impacta não só a nossa alma, mas a igreja e o mundo ao nosso redor.

ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

COELHO, Alexandre. A Liberdade em Cristo: Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2015.

GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1998.

KEENER, Craig S. The IVP Bible Background Commentary: New Testament. Downers Grove: InterVarsity Press, 1993.

LOPES, Hernandes Dias. Gálatas – A carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2007.

MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. São José dos Campos: Sociedade Bíblica do Brasil, 2010.

PALMA, Anthony D. O Batismo no Espírito Santo. Rio de Janeiro: CPAD, 1999.

YONG, Amos. The Spirit Poured Out on All Flesh: Pentecostalism and the Possibility of Global Theology. Grand Rapids: Baker Academic, 2005.

Outros autores consultados: CHAMPLIN, R. N.; MACCHIA, Frank D.; OSS, Douglas; MENZIES, Robert P.; FEE, Gordon D.

I. ANDANDO NO ESPÍRITO

1. Andai em Espírito. Paulo já tratou sobre a importância da liberdade, e agora passa a mostrar aos gálatas o distanciamento que há entre viver na carne e ser guiado pelo Espírito (Gl 5.16). Observe que o verbo está no imperativo; aqui não é uma recomendação, mas uma ordem. O cristão deve entender que a única opção para que não cumpra os desejos da natureza humana é andar no Espírito. A íntima comunhão e a dependência constante das orientações do Espírito são a única chave para uma vida de santidade e integridade no Senhor. Não bastava que os gálatas valorizassem a liberdade que receberam de Cristo. Com essa liberdade, eles deveriam andar no Espírito. De nada adianta a liberdade se a pessoa permanece presa às práticas que ainda a identificam como prisioneira.

 👉 O apóstolo Paulo não trata a vida cristã como um convite opcional, mas como uma ordem inegociável. Em Gálatas 5.16, ele declara: “Andai no Espírito”. O verbo “andai” (peripateite, no grego) está no imperativo presente, indicando uma ação contínua: caminhar de modo constante, dia após dia, sob a direção do Espírito. Não se trata de uma experiência momentânea, mas de um estilo de vida que coloca o cristão sob a orientação divina em todas as áreas. Paulo já havia mostrado que a liberdade conquistada por Cristo não era licença para a carne, mas agora esclarece que a verdadeira liberdade só se mantém quando a caminhada está em sintonia com o Espírito Santo (COELHO, 2014, p. 87). O contraste que Paulo estabelece é radical: viver “na carne” (sarx) significa estar dominado pelos impulsos da natureza caída, inclinada à autonomia e à autossuficiência; já viver “no Espírito” (pneúmati) aponta para uma vida de submissão e comunhão. A luta interior entre carne e Espírito não é apenas moral, mas teológica: quem se deixa governar pela carne resiste à obra redentora de Cristo, enquanto quem se submete ao Espírito evidencia, por meio do fruto, a realidade de uma nova criação (2Co 5.17). Como lembra Hernandes Dias Lopes (2012, p. 145), “a liberdade cristã não é um passaporte para o pecado, mas um chamado à santidade”. Vale notar que a expressão “andar no Espírito” está ligada à imagem veterotestamentária do “andar com Deus”, como fez Enoque (Gn 5.24). Mas Paulo amplia essa metáfora, mostrando que o Espírito Santo é o ambiente, o caminho e a força da nossa jornada. Gordon Fee (1994, p. 403) observa que “o Espírito não apenas inicia a vida cristã, mas a sustenta do início ao fim”. Assim, não há espaço para viver na neutralidade: ou o cristão se move pela carne, ou é guiado pelo Espírito. Essa ordem também revela a chave da santidade prática. Não se trata de esforços humanos para evitar o pecado, mas de uma vida de dependência constante. Anthony Palma (2000, p. 312) lembra que “andar no Espírito é mais do que resistir ao mal; é abrir espaço para que Cristo seja formado em nós”. O fruto do Espírito (Gl 5.22-23) não é resultado da força do crente, mas da vida do Espírito fluindo nele. É por isso que Paulo coloca a santificação não como um projeto individualista, mas como obra divina que exige rendição diária. O chamado de Paulo é atual. O jovem cristão, em sua luta contra a pressão cultural e os desejos da carne, precisa discernir quem governa sua vida. Novamente Davi, em seu clamor no Salmo 51, reconhece que só o Espírito pode sustentar um coração puro. Do mesmo modo, cada discípulo hoje é confrontado: de que adianta conhecer a liberdade em Cristo se ainda vivemos como prisioneiros das mesmas práticas da carne? Andar no Espírito é a única resposta possível. É um convite à autocrítica sincera, à dependência diária e a uma fé que se expressa em vida santa e testemunho fiel.

ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

COELHO, Alexandre. A Liberdade em Cristo: Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2014.

FEE, Gordon D. God’s Empowering Presence: The Holy Spirit in the Letters of Paul. Peabody: Hendrickson, 1994.

LOPES, Hernandes Dias. Gálatas: A carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2012.

MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2017.

PALMA, Anthony D. O Espírito Santo e você: Estudos sobre a vida cheia do Espírito. Rio de Janeiro: CPAD, 2000.

2. A luta que existe em nós. Há uma luta interior constante para que sigamos a vontade da nossa carne e não sejamos guiados pelo Espírito. A carne luta contra o Espírito, e esse, contra a carne (Gl 5.17). Não é uma luta visível, pois acontece no nosso íntimo, mas as consequências são. Essa luta nos mostra uma verdade: o Novo Nascimento não elimina a velha natureza pecaminosa. Se assim fosse, não veríamos nas Escrituras tantas advertências a que buscássemos a santificação e a mortificação constante do pecado em nós. Não é possível trazer satisfação às duas naturezas, então quem conhece a Cristo terá de escolher que natureza vai agradar e fortalecer. A carne representa a nossa natureza que busca satisfação naquilo que desagrada a Deus. Ela não desaparece nem morre quando uma pessoa recebe a Jesus pela fé e é perdoada de seus pecados. Esse texto também nos mostra que o Espírito pode e deseja nos guiar para uma vida mais plena em que manifestemos o Fruto do Espírito, que Paulo descreverá a seguir. Mas observe que Paulo mostra antes as obras da carne e a sua consequência (Gl 5.16-21). O Evangelho primeiro mostra que o homem é pecador. Depois da má notícia, vem a boa: existe salvação em Jesus. Da mesma forma, Paulo fala primeiro das obras da carne, para depois falar do Fruto do Espírito.

 👉 A vida cristã não é vivida em terreno neutro. Paulo nos lembra em Gálatas 5.17 que “a carne luta contra o Espírito, e o Espírito contra a carne”. O verbo “luta” traduz o grego epithyméō (desejar intensamente), indicando um conflito de vontades dentro de nós. Essa batalha não acontece diante dos olhos humanos, mas em nosso íntimo, e suas consequências sempre se revelam na prática. O novo nascimento nos dá vida em Cristo, mas não elimina por completo a antiga inclinação ao pecado. É por isso que a Escritura insiste em exortar os crentes a mortificar as obras da carne e buscar uma vida de santificação (Cl 3.5). A carne, nesse contexto, não significa apenas o corpo físico (sarx), mas a natureza humana caída, inclinada a buscar satisfação fora da vontade de Deus. Paulo afirma que essa natureza não desaparece na conversão; ela continua presente e ativa, tentando nos afastar do Espírito. Hernandes Dias Lopes observa que “o crente não é isento da luta contra a carne; ele apenas não é mais escravo dela” (LOPES, 2012, p. 148). Por isso, cada discípulo precisa decidir diariamente a quem vai dar espaço: se à carne, fortalecendo o pecado, ou ao Espírito, que gera vida e santidade. É significativo que Paulo apresente primeiro as obras da carne antes de descrever o fruto do Espírito. Essa ordem não é acidental. O evangelho sempre começa mostrando a condição real do homem: pecador, incapaz de se salvar, merecedor da condenação (Rm 3.23). Só depois dessa má notícia vem a boa: a salvação está em Cristo, e pelo Espírito recebemos poder para viver de forma nova (COELHO, 2014, p. 92). Assim, Paulo não idealiza a luta, mas a expõe como parte da experiência cristã. O Espírito, porém, não apenas nos acompanha nessa batalha; Ele deseja nos guiar a uma vida plena. O verbo “guiar” em Gálatas 5.18 vem de ágō (conduzir, dirigir), mostrando que não se trata de esforço isolado, mas de submissão ativa. Fee (1994, p. 404) lembra que o Espírito não é apenas uma força, mas a presença do próprio Deus conduzindo seu povo. Andar segundo o Espírito, portanto, não é negar a realidade da carne, mas escolher diariamente quem terá a palavra final. Essa luta nos chama a uma decisão prática. Davi, no Salmo 51, reconheceu sua incapacidade de vencer sozinho e clamou: “não retires de mim o teu Espírito Santo”. O jovem cristão de hoje enfrenta pressões semelhantes às do salmista: desejos que insistem em contrariar a vontade de Deus. A pergunta permanece atual: qual voz você tem alimentado? A da carne, que promete prazer imediato, ou a do Espírito, que conduz à vida? Essa escolha molda não apenas seu presente, mas seu futuro diante de Deus.

ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

COELHO, Alexandre. A Liberdade em Cristo: Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2014.

FEE, Gordon D. God’s Empowering Presence: The Holy Spirit in the Letters of Paul. Peabody: Hendrickson, 1994.

LOPES, Hernandes Dias. Gálatas: A carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2012.

MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2017.

PALMA, Anthony D. O Espírito Santo e você: Estudos sobre a vida cheia do Espírito. Rio de Janeiro: CPAD, 2000.

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SUBSÍDIO I

Professor(a), explique aos alunos que “não há passagem na Bíblia que mostre um contraste mais claro entre o modo de vida dos crentes cheios do Espírito de Cristo (isto é, aqueles que tem o Espírito de Deus vivendo neles, Jo 3.5) e o das pessoas ainda controladas pela sua natureza humana, do que Gálatas 5.16-26. Paulo comenta as diferenças gerais nos modos de vida, enfatizando que o Espírito de Deus está em guerra contra a natureza humana pecadora. Paulo também inclui uma lista específica tanto dos atos da natureza pecaminosa (isto é, rebelde e desafiadora a Deus) como os frutos (isto é, os traços de caráter, os efeitos) do Espírito”. (Bíblia de Estudo Pentecostal para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.1633).

II. AÇÕES DA CARNE

1. Prostituição, impureza, lascívia. As três primeiras obras da carne estão relacionadas ao comportamento sexual (Gl 5.19). Deus nos fez seres sexuais, mas o pecado faz com que o ser humano ultrapasse os limites impostos por Ele. A prostituição abarca todas as relações sexuais ilícitas, e não somente a prática sexual por dinheiro. A prostituição torna o corpo impuro aos olhos de Deus, e a lascívia é a sensualidade exagerada, um comportamento que não se preocupa com a moralidade, onde a pessoa peca sem se preocupar com qualquer vergonha.

 👉 Quando Paulo inicia a lista das obras da carne em Gálatas 5.19, ele começa pela área que mais facilmente revela a fragilidade humana: a sexualidade. Ele menciona três pecados diretamente ligados a esse campo, porneía (prostituição), akatharsía (impureza) e aselgeía (lascívia). Não é por acaso que o apóstolo inicia por aí. A história bíblica mostra que, desde a queda, a sexualidade tornou-se um dos principais alvos da distorção do pecado (Gn 6.1-5; 1Co 6.18). A palavra porneía, traduzida como “prostituição”, vai além do comércio sexual por dinheiro. Abrange todo tipo de prática sexual ilícita fora da aliança do casamento, incluindo adultério, fornicação e perversões. O termo está na raiz da palavra “pornografia” e carrega a ideia de profanação do corpo, que deveria ser “templo do Espírito Santo” (1Co 6.19). Alexandre Coelho (2014, p. 98) observa que Paulo vê o corpo não apenas como matéria, mas como espaço espiritual de adoração ou de pecado. Já akatharsía refere-se à “impureza”, uma palavra que, no grego, indica sujeira moral e espiritual. Enquanto a porneía aponta para o ato, a impureza inclui pensamentos, fantasias e intenções que contaminam o coração (Mt 5.28). A Bíblia de Estudo MacArthur destaca que se trata de um termo amplo, cobrindo desde desejos internos até práticas externas, revelando que o pecado sexual não se limita ao que se vê, mas começa nas profundezas do coração humano. Por fim, aselgeía, traduzida por “lascívia”, descreve a perda de sensibilidade moral. É o estágio em que a pessoa não apenas peca, mas o faz sem vergonha, com ousadia e desprezo pela santidade de Deus. Champlin (2002, p. 300) explica que a lascívia é o pecado sexual em sua forma mais desinibida, em que não há mais barreiras de pudor. Hernandes Dias Lopes (2012, p. 152) alerta que essa atitude se manifesta quando o prazer é buscado como ídolo, mesmo que custe a pureza e a honra diante de Deus. Esse texto nos chama a um exame sincero. Davi, após cair em pecado sexual, reconheceu que apenas Deus poderia restaurar-lhe a pureza interior (Sl 51.10). O jovem cristão de hoje, cercado por uma cultura que normaliza a imoralidade e a pornografia, é desafiado a escolher: será que sua sexualidade reflete o padrão da carne ou a santidade do Espírito? O caminho de Cristo não é o da repressão vazia, mas o da redenção e da entrega total. Andar no Espírito é permitir que cada área da vida, inclusive a sexualidade, seja guiada por Deus para testemunhar santidade em um mundo carente de exemplos.

ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos, 2002.

COELHO, Alexandre. A Liberdade em Cristo: Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2014.

LOPES, Hernandes Dias. Gálatas: A carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2012.

MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2017.

2. Idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações. A idolatria, de acordo com os Dez Mandamentos, é pecado. Esse erro coloca o que foi criado no lugar do Criador. A palavra grega pharmakeia, era originalmente utilizada para se referir a uma bebida que, se usada na medida certa, poderia salvar a vida de uma pessoa, um remédio. Com o passar do tempo, foi sendo usada para se referir a entorpecentes que conduziam pessoas a ter visões dos seus deuses, e no Novo Testamento passou a ser como a feitiçaria, bruxaria. Já as inimizades abrem a lista de pecados que afetam as relações interpessoais.

 👉 Quando Paulo lista as obras da carne em Gálatas 5, ele não está apenas descrevendo comportamentos isolados, mas expondo forças que escravizam o coração humano e distorcem nossas relações com Deus e com o próximo. Entre elas, encontramos pecados que mexem com a essência da adoração, da espiritualidade e da convivência cristã. O apóstolo começa mencionando a idolatria (eidōlolatría, εδωλολατρία). No grego, o termo é a junção de eidōlon (ídolo, imagem) e latreía (culto, adoração). Idolatria não é apenas dobrar-se diante de uma estátua, mas dar o lugar de Deus a qualquer realidade criada, dinheiro, status, prazer, até mesmo ministérios ou dons espirituais. Como lembra Hernandes Dias Lopes, todo coração humano é um “fábrica de ídolos” que só encontra descanso quando Cristo ocupa o trono (LOPES, 2009). Em seguida, Paulo cita as feitiçarias (pharmakeía, φαρμακεία). Originalmente, a palavra se referia ao uso de poções e drogas, que poderiam curar ou envenenar. Com o tempo, passou a descrever práticas ocultistas, ligadas à manipulação espiritual. No contexto do Novo Testamento, pharmakeía não é apenas bruxaria como conhecemos hoje, mas todo recurso que busca poder espiritual à parte de Deus, seja magia, superstição ou até dependência de substâncias que entorpecem a mente e abrem espaço para falsas experiências religiosas (COELHO, 2016). Depois, Paulo aponta para as inimizades (échthrai, χθραι), que indicam hostilidade, ressentimento profundo e divisões enraizadas. É o contrário do amor que o Espírito produz. A inimizade destrói a comunhão e impede que a igreja seja um reflexo do corpo de Cristo. Antônio Gilberto observava que esse pecado é mais comum do que se imagina, porque se manifesta de forma silenciosa, em corações que se acostumam a viver afastados uns dos outros. As porfias (éris, ρις) significam contendas, disputas e rivalidades. São discussões carregadas de orgulho, que não visam a verdade, mas a vitória pessoal. Como comenta o Beacon, a porfia é a semente de muitos cismas e divisões dentro da comunidade de fé. Paulo sabe que igrejas podem ser corroídas mais pela língua afiada do que por perseguições externas. Por fim, aparecem as emulações (zēlos, ζλος), palavra que pode significar tanto zelo positivo quanto ciúme doentio. Aqui, o contexto deixa claro: trata-se da inveja que corrói, do desejo de ver a queda do outro para que eu seja exaltado. Gordon Fee observa que esse tipo de comportamento é devastador porque mina a unidade e gera comparação constante, sufocando a alegria espiritual. Essas palavras não são meros conceitos antigos. São espelhos diante dos quais precisamos nos examinar. Idolatria hoje pode ser a obsessão por redes sociais; feitiçaria, a confiança em práticas espirituais sem Cristo; inimizades, a frieza nos relacionamentos; porfias, as discussões inúteis nas comunidades; e emulações, a comparação tóxica que rouba a paz. Paulo não apenas denuncia, mas nos chama à conversão. O Espírito Santo é o único capaz de quebrar essas correntes e nos conduzir a um amor genuíno. A pergunta que fica é direta: se olharmos para nossa vida e nossa igreja local, veremos mais obras da carne ou frutos do Espírito? Assim como Davi clamou “Cria em mim, ó Deus, um coração puro” (Sl 51.10), somos chamados a nos render ao governo do Espírito e a viver na liberdade que só Ele produz.

COELHO, Alexandre. A liberdade em Cristo: Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2016.

ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

BÍBLIA de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

BÍBLIA de Estudo MacArthur. São Paulo: Thomas Nelson, 2017.

CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos, 2002.

LOPES, Hernandes Dias. Gálatas – Comentários Expositivos Hagnos: A carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2009.

Comentário Bíblico Beacon. Vol. 9. Kansas City: Casa Nazarena, 2006.

GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.

FEE, Gordon D. Paul, the Spirit, and the People of God. Peabody: Hendrickson, 1996.

KEENER, Craig S. The IVP Bible Background Commentary: New Testament. Downers Grove: IVP Academic, 1993.

3. Iras, pelejas, dissensões e heresias. A ira é uma manifestação de fúria, que pode tirar o controle do ser humano. As pelejas ou discórdias buscam um poder pessoal. Dissensões são desentendimentos causados por divisões. As heresias ou facções são originalmente divisões feitas para separar pessoas. No Novo Testamento, essa palavra representava grupos, como os fariseus e saduceus. A sua tônica é a categorização para a exclusão.

 👉 Paulo, em sua carta aos Gálatas, não apenas lista comportamentos que revelam a escravidão da carne, mas evidencia forças que corroem a alma e a vida comunitária do cristão. Entre elas, aparecem iras, pelejas, dissensões e heresias, manifestações que começam no coração e se refletem na convivência diária. Compreender essas palavras no grego nos ajuda a perceber a gravidade de cada atitude e a urgência de nos rendermos ao Espírito. A ira (thymós, θυμός) indica uma emoção intensa de fúria ou indignação que pode dominar a razão e levar a ações destrutivas. Não se trata apenas de sentir raiva, mas de permitir que ela governe nosso comportamento, corroendo relacionamentos e impedindo a manifestação do amor que o Espírito produz (COELHO, 2016). As pelejas (stásis, στάσις) representam contendas motivadas pelo desejo de afirmar poder pessoal ou superioridade. O termo grego sugere “estar em posição de conflito”, e sua consequência é a ruptura da unidade da igreja. Como observa Hernandes Dias Lopes, peleja não é debate saudável, mas disputa que busca vencer o outro, não edificar a comunidade (LOPES, 2009). Em seguida, encontramos as dissensões (díspōsis, διχοστασίαι), que descrevem desentendimentos profundos, divisões que surgem de resistência à cooperação e ao espírito de perdão. Paulo deixa claro que essas divisões não apenas ferem relacionamentos, mas contradizem a própria essência da liberdade em Cristo, que se manifesta em amor mútuo (ARRINGTON, 2003). Por fim, surgem as heresias (hairesis, αρεσις), originalmente significando escolha ou facção. No contexto do Novo Testamento, indica grupos ou divisões que separam pessoas por preferências doutrinárias ou sociais, tal como acontecia com fariseus e saduceus. É a tentativa de categorizar e excluir, em vez de unir em Cristo, e revela a busca pelo controle humano em detrimento da submissão ao Espírito (FEE, 1996). Cada uma dessas palavras revela uma faceta do pecado que não desaparece automaticamente no novo nascimento. A luta é interna, mas manifesta-se externamente, corroendo famílias, amizades e igrejas. Paulo nos alerta: a liberdade em Cristo não é licença para permitir que essas atitudes dominem nosso coração, mas convite para viver guiados pelo Espírito, produzindo o fruto que edifica e fortalece (BÍBLIA de Estudo Pentecostal, 1995). Ao refletirmos sobre esses pecados, o convite é imediato: examinar nosso coração e nossas atitudes. Onde há ira, o Espírito oferece paciência; onde há pelejas e dissensões, Ele traz humildade e reconciliação; onde há heresias, Ele guia à verdade em amor. Como Davi, somos chamados a pedir: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto” (Sl 51.10). Esta é a chave para uma vida de integridade e uma igreja unida, em que a liberdade cristã se manifesta em amor e não em conflitos.

COELHO, Alexandre. A liberdade em Cristo — Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2016.

ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

BÍBLIA de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos, 2002.

LOPES, Hernandes Dias. Gálatas – Comentários Expositivos Hagnos: A carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2009.

FEE, Gordon D. Paul, the Spirit, and the People of God. Peabody: Hendrickson, 1996.

GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.

KEENER, Craig S. The IVP Bible Background Commentary: New Testament. Downers Grove: IVP Academic, 1993.

4. Invejas, homicídios, bebedices e glutonarias. A inveja é o desejo de possuir algo que outra pessoa possui. O homicídio é fruto do pouco ou nenhum apreço à vida de uma outra pessoa. Bebedices e glutonarias são abusos do direito de poderem manter o corpo alimentado, onde a bebedice é a consequência da ingestão de bebidas fortes, entorpecendo o corpo e o pensamento, ao passo que as glutonarias eram costumeiramente presenciadas em festas a outros deuses, onde a falta de domínio do apetite fazia os seus participantes exagerarem de forma consciente na alimentação. Paulo também apresenta mais uma exortação: Quem pratica essas coisas não herdará o Reino de Deus (v.21). Se cremos que Paulo foi inspirado pelo Senhor em seus escritos, devemos crer também que ele apontou o destino de quem vive na prática dessas atividades: o Inferno. O fato de tratar a respeito desse assunto mostra a gravidade e o perigo de se viver uma vida carnal.

 👉 Paulo encerra sua lista das obras da carne com atitudes que revelam o coração humano em seu estado mais corrupto: invejas, homicídios, bebedices e glutonarias. Cada uma dessas palavras descreve um comportamento que destrói não apenas a própria vida, mas também os relacionamentos e a comunidade ao redor. Entender o significado original em grego nos ajuda a perceber a gravidade do que Paulo alerta e nos leva a uma reflexão profunda sobre nossa conduta diária (COELHO, 2016). A inveja (phthonos, φθόνος) é o desejo ardente de possuir algo que pertence a outro, acompanhado de ressentimento contra o sucesso alheio. Este pecado corrói o coração e impede que vivamos com contentamento e gratidão, distorcendo nossa percepção da graça de Deus (BÍBLIA de Estudo Pentecostal, 1995). O homicídio (phonía, φονία) vai além do ato físico de matar; revela a falta de valor à vida do próximo e à santidade que Deus confere a cada ser humano. O pecado da carne se expressa na hostilidade que, se não contida pelo Espírito, pode se manifestar em violência verbal, emocional ou social (FEE, 1996; KEENER, 1993). As bebedices (methai, μέθαι) e glutonarias (kómedes, κόμαι) descrevem abusos de prazeres físicos, especialmente em contextos sociais e religiosos pagãos. A bebedice representa o consumo excessivo de álcool, levando à embriaguez e à perda do domínio próprio, enquanto a glutonaria, muitas vezes associada a festas idolátricas, mostra a falta de controle sobre o apetite e a indulgência consciente nos prazeres da carne (LOPES, 2009; CHAMPLIN, 2002). Ambos os pecados revelam a incapacidade da carne de se submeter à lei de Deus. Paulo conclui com uma advertência direta: “Quem pratica essas coisas não herdará o Reino de Deus” (Gl 5.21). Se cremos na inspiração divina das Escrituras, entendemos que essa é uma declaração solene sobre o destino daqueles que persistem na prática dessas obras: a exclusão da comunhão com Deus e a realidade do juízo eterno (ARRINGTON, 2003; MACARTHUR, 2007). O que parecia apenas uma lista ética torna-se um chamado urgente à vigilância espiritual. Cada pecado listado nos convida a uma autoavaliação sincera. Onde existe inveja, o Espírito promove contentamento e gratidão; onde existe homicídio, Ele gera misericórdia e respeito pela vida; onde há bebedeza e glutonaria, Ele oferece domínio próprio e disciplina. A liberdade em Cristo não nos dá licença para indulgência, mas nos chama a manifestar o fruto do Espírito em todas as áreas da vida (COELHO, 2016). Como Davi clamou: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto” (Sl 51.10), somos convidados a entregar ao Espírito cada inclinação carnal, transformando nossos desejos e hábitos. Só assim é possível viver uma fé que não se limita a palavras, mas se manifesta em escolhas concretas, edificando a nós mesmos e à igreja. O estudo dessas obras da carne nos lembra que a luta espiritual é diária. Reconhecer os perigos e cultivar a dependência do Espírito é essencial para que a liberdade cristã se traduza em vida de santidade, harmonia comunitária e testemunho verdadeiro diante do mundo (BÍBLIA de Estudo MacArthur, 2000; GILBERTO, 1996).

COELHO, Alexandre. A liberdade em Cristo — Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2016.

ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

BÍBLIA de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

BÍBLIA de Estudo MacArthur. Rio de Janeiro: CPAD, 2000.

CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos, 2002.

LOPES, Hernandes Dias. Gálatas – Comentários Expositivos Hagnos: A carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2009.

FEE, Gordon D. Paul, the Spirit, and the People of God. Peabody: Hendrickson, 1996.

KEENER, Craig S. The IVP Bible Background Commentary: New Testament. Downers Grove: IVP Academic, 1993.

MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.

GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.

SUBSÍDIO II

Professor(a), explique aos alunos que “entre os atos da natureza pecaminosa (Gl 5.19-21), incluem-se os seguintes:

(1) ‘Prostituição’ (gr. porneia), que inclui as relações sexuais e outras formas de contato sexual fora do relacionamento do casamento. A palavra ‘pornografia’ se origina da raiz porneia, o que quer dizer que a imoralidade sexual também inclui o prazer com imagens pornográficas ou formas sexualmente sugestivas de diversão, filmes ou textos (cf. Êx 20.14; Mt 5.31,32; 19.9; At 15.20,29; 21.25; 1Co 5.1);

(2) ‘Impureza’ (gr. akatharsia), que pode incluir pecados sexuais, maus comportamentos e maus motivos, características e hábitos ímpios, além de pensamentos e desejos secretos, que é onde começa a impureza que nos afeta, tanto moralmente quanto espiritualmente (Ef 5.3; Cl 3.5);

(3) ‘Lascívia’ (gr. aselgeia), que implica o comportamento sensualmente inapropriado ou vergonhoso, e uma falta de discrição e autocontrole. Envolve a busca egoísta dos próprios desejos e paixões, ao ponto de não ter nenhuma vergonha ou decência pública (2Co 12.21);

(4) ‘Idolatria’ (gr. eidōlolatria), que quer dizer adoração a espíritos, falsos deuses, pessoas, imagens, ou qualquer outra coisa, em lugar do único Deus verdadeiro. A idolatria também é um problema sempre que alguém prioriza, ama ou confia em qualquer pessoa, objetivo, instituição ou coisa, acima de Deus. Permitir que alguma pessoa ou alguma coisa tenha influência ou autoridade igual ou superior à de Deus e a sua Palavra é a mais sutil forma de idolatria (Cl 3.5);

(5) ‘Feitiçarias’ (gr. pharmakeia), que inclui a bruxaria, o espiritismo (isto é, a tentativa de fazer contato com os mortos), a magia negra (isto é, invocação do diabo ou de espíritos malignos, tentando fazer mágica com maus propósitos), adoração de demônios e uso de drogas para produzir experiências ‘espirituais’ (Êx 7.11,22; 8.18; Ap 9.21; 18.23);

(6) ‘Inimizades’ (gr. echthra), que envolve todas as formas de pensamentos, intenções e atos intensos e hostis, incluindo a extrema animosidade ou antagonismo;

(7) ‘Porfias’ (gr. eris), que envolve discussões, causando tensão indevida e desunião, e a luta pela superioridade sobre outras pessoas (Rm 1.29);

(8) ‘Emulações’ (gr. zēlos), que sugere ressentimento ou inveja da situação ou do sucesso de outra pessoa (Rm 13.13);

(9) ‘Iras’ (gr. thymos), que são explosões de raiva que podem resultar em atos ou palavras violentas (Cl 3.8);

(10) ‘Pelejas’ (gr. eritheia), que envolve a busca de poder pessoal ou sucesso, sem consideração por Deus ou pelos outros (2Co 12.20);

(11) ‘Dissensões’ (gr. dichostasia), que indica a provocação de divisões ou a introdução de ensinamentos que causam divisão e não são respaldados pela Palavra de Deus (Rm 16.17);

(12) ‘Heresias’ (gr. hairesis), que são as divisões em uma igreja, congregação ou grupo de cristãos, que se desenvolve em grupos egoístas, destruindo a unidade da igreja (1Co 11.19);

(13) ‘Invejas’ (gr. phthonos), que são uma antipatia ciumenta, ressentida ou vingativa por uma pessoa que tem algo que se deseja. Pode simplesmente sugerir o desejo invejoso de ter algo que pertence a outra pessoa;

(14) ‘Bebedices’ (gr. methē), que envolve o controle físico ou mental enfraquecido, como resultado do consumo de bebidas alcoólicas e inebriantes;

(15) ‘Glutonarias’ (gr. kōmos), que se refere a festas profanas, tipicamente envolvendo danças sensuais, consumo de bebidas alcoólicas, uso de drogas, comida em excesso e atividade sexual.” (Bíblia de Estudo Pentecostal para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.1634).

III. O FRUTO DO ESPÍRITO

1. Amor, gozo, paz. Se Paulo apresenta uma lista daquilo que desagrada a Deus, ele apresenta igualmente uma lista de itens denominados de Fruto do Espírito (Gl 5.22). Ele começa com o amor, a base para os demais frutos, pois foi por amor que Deus enviou o seu Filho para morrer por nós, pecadores. O gozo é uma alegria, um estado de satisfação que não depende de circunstâncias externas. A paz é uma tranquilidade interna que é refletida na harmonia entre relacionamentos. Esses três primeiros elementos vêm do relacionamento do salvo com Deus, ao passo que os demais são cultivados na comunhão dos santos.

 👉 Paulo não apresenta apenas uma lista das obras da carne; ele nos revela também o caminho da vida abundante por meio do Fruto do Espírito (Gl 5.22). Entre os primeiros elementos, destaca-se o amor, a base de todos os demais frutos. A palavra grega utilizada por Paulo, agápē (γάπη), refere-se a um amor que não depende de sentimentos, mas da escolha de querer o bem do outro, refletindo a mesma iniciativa de Deus ao enviar Seu Filho para nos salvar (COELHO, 2016; BÍBLIA de Estudo MacArthur, 2000). Esse amor é ativo, sacrificial e transcende circunstâncias ou interesses pessoais. O segundo fruto, o gozo (chara, χαρά), não é uma alegria passageira ou emocional, mas uma satisfação profunda e estável que brota do relacionamento com Deus. Trata-se de um contentamento que permanece mesmo em meio às tribulações, fruto da certeza de que pertencemos ao Senhor e somos sustentados por Sua graça (LOPES, 2009; FEE, 1996). O gozo genuíno nos protege da ansiedade e da frustração, tornando-nos testemunhas vivas da presença do Espírito em nós. A paz (eirēnē, ερήνη) completa este trio inicial e diz respeito a uma tranquilidade interna que se manifesta na harmonia com Deus, conosco e com os outros. Não se trata apenas da ausência de conflito, mas de uma estabilidade espiritual que permite enfrentar desafios com serenidade e sabedoria (BÍBLIA de Estudo Pentecostal, 1995; GILBERTO, 1996). A paz verdadeira nasce do Espírito e mantém nosso coração firme, mesmo quando as circunstâncias externas são turbulentas. Paulo indica que esses três primeiros frutos — amor, gozo e paz — nascem da relação pessoal do salvo com Deus, enquanto os demais frutos se desenvolvem na comunhão com os irmãos. A implicação prática é clara: uma fé autêntica transforma o coração, e essa transformação reflete-se nos relacionamentos, nas escolhas diárias e na forma como conduzimos nossa vida espiritual (KEENER, 1993; CHAMPLIN, 2002). Refletir sobre essas palavras nos desafia a examinar nosso próprio coração. Pergunte a si mesmo: meu amor é sacrificial? Minha alegria depende de Deus ou de circunstâncias? Minha paz flui da confiança em Cristo ou de tentativas humanas de controlar a vida? A sinceridade na resposta nos coloca diante de uma oportunidade real de crescimento espiritual. Davi, ao buscar o coração puro, nos serve de exemplo: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova em mim um espírito reto” (Sl 51.10). Esse clamor reflete a necessidade contínua de sermos moldados pelo Espírito, permitindo que o amor, o gozo e a paz se manifestem plenamente em nós, edificando nossa vida pessoal e a comunidade de fé. Viver à luz desses frutos é optar por uma vida guiada pelo Espírito, em que escolhas, atitudes e relacionamentos são transformados. Não é uma sugestão de comportamento; é uma expressão do Evangelho que transforma a realidade diária e dá testemunho do poder de Deus em nós (BÍBLIA de Estudo MacArthur, 2000; COELHO, 2016; LOPES, 2009). A liberdade em Cristo não é libertinagem, mas plenitude de vida guiada pelo Espírito Santo.

COELHO, Alexandre. A liberdade em Cristo — Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2016.

BÍBLIA de Estudo MacArthur. Rio de Janeiro: CPAD, 2000.

BÍBLIA de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

LOPES, Hernandes Dias. Gálatas – Comentários Expositivos Hagnos: A carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2009.

FEE, Gordon D. Paul, the Spirit, and the People of God. Peabody: Hendrickson, 1996.

KEENER, Craig S. The IVP Bible Background Commentary: New Testament. Downers Grove: IVP Academic, 1993.

CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos, 2002.

GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.

2. Longanimidade, benignidade, bondade. Longanimidade é sinônimo de paciência, de tolerância para ser resistente com as pressões da vida e das pessoas. Benignidade é benevolência, uma forma de demonstrar um trato amável com todos, mesmo com desafetos. Bondade é a generosidade na prática.

 👉 Quando Paulo fala sobre o Fruto do Espírito (Gl 5.22), ele nos convida a olhar para atitudes que moldam nosso caráter e nossos relacionamentos. Entre elas, destaca-se a longanimidade, termo grego makrothumia (μακροθυμία), que vai além da simples paciência. Trata-se da capacidade de suportar pressões, contrariedades e provocações sem perder o controle, manifestando uma resistência constante que reflete a perseverança de Deus conosco (COELHO, 2016; BÍBLIA de Estudo MacArthur, 2000). Longanimidade não é passividade, mas força moral guiada pelo Espírito que nos permite lidar com o pecado e a imperfeição humana com sabedoria e calma. A benignidade, ou chrēstotēs (χρηστότης), revela a amabilidade de coração em ação. É a disposição de tratar a todos com gentileza e respeito, mesmo aqueles que nos desafiam ou nos ofendem (LOPES, 2009; FEE, 1996). No contexto bíblico, essa atitude não é condicional; é fruto de um coração transformado pela graça, capaz de enxergar o valor do outro diante de Deus, superando ressentimentos e intolerâncias. Complementando, a bondade, do grego agathosynē (γαθωσύνη), manifesta-se na prática da generosidade e do cuidado ativo pelos outros (BÍBLIA de Estudo Pentecostal, 1995; GILBERTO, 1996). Não é apenas intenção ou sentimento; é ação concreta que busca o bem do próximo, servindo como reflexo visível do amor de Deus em nossas vidas. A bondade é a evidência tangível da transformação interior que o Espírito produz. Esses três frutos atuam de forma complementar. A longanimidade nos sustenta diante de desafios, a benignidade orienta nossas atitudes e a bondade se expressa em ações concretas. Juntas, essas virtudes moldam relacionamentos, fortalecem a igreja e tornam nossa fé visível na prática diária (KEENER, 1993; CHAMPLIN, 2002). Refletir sobre essas qualidades nos convida a um exame pessoal: somos pacientes quando provocados? Tratamos todos com amabilidade, mesmo os difíceis? Nossa generosidade é real, ou apenas intencional? Paulo nos desafia a alinhar coração, mente e ação ao Espírito, para que a presença de Deus se torne evidente em cada escolha. Davi, ao clamar por renovação interior, nos serve de exemplo: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova em mim um espírito reto” (Sl 51.10). Este pedido revela a necessidade de cultivo contínuo das virtudes do Espírito, permitindo que longanimidade, benignidade e bondade se tornem marcas de nossa vida cristã. Viver à luz desses frutos é abraçar uma transformação diária. Não se trata de regras externas, mas de um coração moldado pelo Espírito que reflete Deus em atitudes e escolhas. Quando aplicamos esses princípios, experimentamos relacionamentos mais saudáveis, comunidade mais unida e testemunho mais poderoso do Evangelho em ação (COELHO, 2016; BÍBLIA de Estudo MacArthur, 2000; LOPES, 2009).

COELHO, Alexandre. A liberdade em Cristo — Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2016.

BÍBLIA de Estudo MacArthur. Rio de Janeiro: CPAD, 2000.

BÍBLIA de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

LOPES, Hernandes Dias. Gálatas – Comentários Expositivos Hagnos: A carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2009.

FEE, Gordon D. Paul, the Spirit, and the People of God. Peabody: Hendrickson, 1996.

KEENER, Craig S. The IVP Bible Background Commentary: New Testament. Downers Grove: IVP Academic, 1993.

CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos, 2002.

GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.

3. Fé, mansidão, temperança. Fé, ou fidelidade em grego é pistis, é sinônimo de confiabilidade, que é baseado em algo verdadeiro. Ter fé é também ser fiel, confiável em todos os sentidos. A mansidão é agir com brandura, mesmo que a ocasião permita que a ira seja a opção aceitável, levando em conta que é possível se irar e não pecar. Temperança é domínio próprio, a capacidade de ser vitorioso em relação aos desejos da natureza humana, resistindo aos impulsos da tentação. Paulo deixa claro que aqueles que são de Cristo crucificaram a carne (Gl 5.24). As obras que antes faziam não poderiam ser vistas na nova vida que receberam pela fé em Jesus. Eles eram livres em Cristo para não pecar, como faziam antes; e completa dizendo que se eles viviam no Espírito, andassem no Espírito também (Gl 5.25). É impraticável uma pessoa alegar que vive no Espírito e trilhar caminhos que são contrários à direção dEle. Os judaizantes tentavam ensinar os gálatas a que dependessem da carne, mas as consequências dessa dependência eram opostas ao pretendido por Deus. Paulo os ensina a que vivam no Espírito. Viver andando na carne conduziria os gálatas ao Inferno.

 👉 Quando Paulo fala sobre o Fruto do Espírito (Gl 5.22-25), ele nos convida a viver de forma coerente com a vida que recebemos em Cristo. Entre os frutos finais que ele apresenta estão a fé, a mansidão e a temperança, virtudes que refletem o caráter de Deus em nossa conduta diária. Estas qualidades não surgem de esforço humano isolado, mas são resultado da comunhão constante com o Espírito Santo, que transforma o coração e direciona nossas escolhas (COELHO, 2016; BÍBLIA de Estudo Pentecostal, 1995). A fé, do grego pistis (πίστις), vai além da crença intelectual; é fidelidade prática, confiança sólida e confiável em Deus e em Suas promessas (FEE, 1996; LOPES, 2009). Ter fé significa viver de maneira consistente com a verdade revelada, sendo fiel em nossas ações, palavras e decisões. É a fé que nos mantém firmes mesmo quando circunstâncias contrariam nossas expectativas, lembrando que a vida cristã é um caminhar contínuo na dependência de Deus. A mansidão, praótēs (πραότης), manifesta-se como brandura de espírito, não fraqueza. Paulo não nos convida a sermos passivos, mas a exercermos autocontrole diante de situações que poderiam justificar a ira (BÍBLIA de Estudo MacArthur, 2000; KEENER, 1993). É a força que se expressa em serenidade, permitindo que nossas respostas sejam guiadas pela sabedoria e pela compaixão, em vez de emoções desordenadas. A temperança, ou domínio próprio, do grego egkrateia (γκράτεια), é a capacidade de vencer os impulsos da carne, resistindo às tentações da natureza humana (CHAMPLIN, 2002; GILBERTO, 1996). Não se trata apenas de abstinência física, mas de equilíbrio interior, capaz de harmonizar desejos, pensamentos e ações à vontade de Deus. Paulo enfatiza que aqueles que são de Cristo crucificaram a carne e, portanto, não devem se submeter às práticas pecaminosas do passado (Gl 5.24-25). Esses três frutos estão interligados. A fé nos sustenta, a mansidão orienta nossas respostas e a temperança mantém nosso comportamento em alinhamento com o Espírito. Andar no Espírito significa permitir que estas virtudes governem nossas atitudes, tornando impossível afirmar que vivemos no Espírito enquanto seguimos os caminhos da carne. O contraste entre a vida guiada pelo Espírito e a dependência da carne é evidente: seguir a carne conduz à destruição, enquanto andar no Espírito conduz à liberdade e à vida eterna (LOPES, 2009; BÍBLIA de Estudo Pentecostal, 1995). A reflexão pastoral é inevitável: examinemos nossa vida diária. Estamos confiando em Deus de forma prática? Respondemos com brandura em situações difíceis? Exercemos domínio sobre nossos desejos e paixões? Paulo nos exorta a viver no Espírito, não apenas declarar nossa filiação. A coerência entre fé e prática é o sinal do verdadeiro discípulo (FEE, 1996; COELHO, 2016). Diante disso, somos desafiados a uma autoavaliação constante: viver pela fé, responder com mansidão e cultivar a temperança não são escolhas eventuais, mas um estilo de vida contínuo. É esse cultivo que evidencia a transformação interior e fortalece o testemunho cristão, tanto individual quanto comunitário (KEENER, 1993; GILBERTO, 1996).

COELHO, Alexandre. A liberdade em Cristo — Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2016.

BÍBLIA de Estudo MacArthur. Rio de Janeiro: CPAD, 2000.

BÍBLIA de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

LOPES, Hernandes Dias. Gálatas – Comentários Expositivos Hagnos: A carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2009.

FEE, Gordon D. Paul, the Spirit, and the People of God. Peabody: Hendrickson, 1996.

KEENER, Craig S. The IVP Bible Background Commentary: New Testament. Downers Grove: IVP Academic, 1993.

CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos, 2002.

GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.

CONCLUSÃO

“Contra essas coisas não há lei” (v.23), é o que Paulo escreve ao concluir a descrição do Fruto do Espírito, ao passo que também mostra que aqueles que praticam as obras da carne não herdarão o reino de Deus. Enquanto estivermos neste mundo teremos uma luta diária dentro de nós, que nos obrigará a inclinar nosso pensamento e ações que agradarão a Deus ou à natureza humana. Essa responsabilidade de escolha é nossa, como também as recompensas relativas a cada direção que tomamos.

 👉 Paulo encerra a descrição do Fruto do Espírito com uma declaração poderosa: “Contra essas coisas não há lei” (Gl 5.23). Ele nos mostra que essas virtudes – amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão e temperança – são completamente compatíveis com a vontade de Deus, e não podem ser proibidas por nenhum preceito humano. Ao mesmo tempo, Paulo enfatiza que aqueles que persistem nas obras da carne não herdarão o Reino de Deus. A tensão entre a carne e o Espírito, portanto, não é apenas uma questão ética; é existencial e espiritual, moldando o destino eterno do indivíduo (COELHO, 2016; BÍBLIA de Estudo Pentecostal, 1995). Enquanto vivemos neste mundo, a luta interior é constante. A palavra grega usada para “luta” (agon) carrega a ideia de combate ou competição intensa, e nos lembra que o cristão não é um espectador passivo, mas um participante ativo nesta batalha espiritual (FEE, 1996; LOPES, 2009). Todos os dias somos confrontados com escolhas que testam a nossa fé: devemos seguir a direção do Espírito ou ceder às inclinações da carne. Essa responsabilidade é pessoal, e cada decisão tem consequências espirituais e práticas em nossa vida diária e comunitária. A escolha entre andar no Espírito ou ceder à carne não é apenas sobre comportamento externo, mas sobre a coerência interior do coração. Paulo não nos oferece uma lista de regras vazias; ele nos convida a cultivar virtudes que emergem da transformação interna proporcionada pelo Espírito Santo (BÍBLIA de Estudo MacArthur, 2000). A fé, a mansidão e a temperança, por exemplo, não se desenvolvem por esforço humano isolado, mas pela rendição diária à direção de Deus. A implicação é clara: não há neutralidade na vida cristã. A cada pensamento, palavra e ação, estamos moldando nossa espiritualidade. Viver no Espírito exige vigilância constante, oração, meditação na Palavra e comunhão com outros crentes. Andar no Espírito significa alinhar nossas atitudes com o caráter de Cristo, permitindo que o amor, a paz e a temperança orientem nossas respostas, mesmo sob pressão ou provocação (KEENER, 1993; GILBERTO, 1996). O alerta de Paulo sobre herdar ou não o Reino de Deus nos convida a uma autoavaliação sincera: estamos permitindo que o Espírito governe nossa vida, ou ainda dependemos da carne para satisfação pessoal? A escolha é diária e direta; é impossível afirmar que andamos no Espírito enquanto seguimos os desejos da carne. Este é um chamado pastoral à responsabilidade espiritual e à vigilância na igreja local (CHAMPLIN, 2002; FEE, 1996). A dimensão prática dessa exortação é profunda: nossas decisões refletem não apenas nossa santificação pessoal, mas também o testemunho coletivo da igreja. Cada ato de fé, mansidão e temperança fortalece a comunidade e evidencia a autenticidade da vida cristã. Paulo nos mostra que andar no Espírito transforma não só o indivíduo, mas impacta toda a comunidade de fé, prevenindo divisões, conflitos e comportamentos que contrariam a vontade de Deus (LOPES, 2009; BÍBLIA de Estudo Pentecostal, 1995). Por fim, somos chamados a viver de forma intencional e consciente. Cada escolha diária é uma oportunidade de manifestar o Fruto do Espírito, desfrutando da liberdade em Cristo e rejeitando a escravidão da carne. Esta liberdade não é permissiva, mas formativa: ela molda o caráter, fortalece a fé e assegura que a vida do cristão seja visível e impactante, tanto para Deus quanto para o próximo (COELHO, 2016; GILBERTO, 1996). A batalha é diária, mas a vitória é garantida àqueles que caminham no Espírito. Três aplicações práticas para a nossa vitória:

1. Escolher diariamente andar no Espírito: A vida cristã não é passiva; é um exercício diário de decisão entre a carne e o Espírito. Para o jovem cristão, isso significa avaliar constantemente suas escolhas, palavras, atitudes, amizades, lazer e consumo de conteúdo, e perguntar: “Isso me aproxima de Deus ou me afasta?”. Andar no Espírito exige disciplina espiritual, oração e meditação na Palavra, tornando a fé algo concreto e visível em cada ação (FEE, 1996; COELHO, 2016).

2. Cultivar o Fruto do Espírito em relacionamentos: O jovem cristão é chamado a refletir amor, mansidão, paciência, bondade e temperança em suas relações familiares, escolares, acadêmicas e de igreja. Por exemplo, ao lidar com conflitos, a mansidão permite responder com brandura, evitando agressividade; a temperança controla impulsos; a bondade e o amor fortalecem a comunidade. Isso transforma não só a vida pessoal, mas o testemunho da igreja entre os colegas e amigos (LOPES, 2009; GILBERTO, 1996).

3. Entender a liberdade em Cristo como responsabilidade: A liberdade cristã não é licença para pecar, mas oportunidade para viver de forma consciente e coerente. Para o jovem, isso significa rejeitar hábitos que alimentam a carne, como inveja, fofoca ou excessos, e abraçar práticas que edificam a alma e a comunidade. Cada decisão de resistir à tentação fortalece a fé, evidencia maturidade espiritual e ajuda a construir caráter cristão sólido e duradouro.

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HORA DA REVISÃO

1. De acordo com a lição “andai em Espírito” é um imperativo ou uma escolha?

O verbo está no imperativo, aqui não é uma recomendação, mas uma ordem. O cristão deve entender que a única opção para que não cumpra os desejos da natureza humana é andando no Espírito.

2. Segundo a lição, qual a luta interior diária que enfrentamos?

É a luta interior constante para que sigamos a vontade da nossa carne e não sejamos guiados pelo Espírito. A carne luta contra o Espírito, e esse, contra a carne (Gl 5.17) Não é uma luta visível, pois acontece no nosso íntimo, mas as consequências são.

3. O que representa a carne?

A carne representa a nossa natureza que busca satisfação naquilo que desagrada a Deus.

4. Relacione o Fruto do Espírito de acordo com Gálatas 5.22.

Amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.

5. Cite 3 obras da carne segundo Gálatas 5.22.

Prostituição, impureza e lascívia.