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17 de agosto de 2025

EBD JOVENS | Lição 8: Filhos E Herdeiros | 3° Trim 2025

 

Pb Francisco Barbosa (@Pbassis)

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TEXTO PRINCIPAL

“Assim que já não és mais servo, mas filho; e, se és filho, és também herdeiro de Deus por Cristo.” (Gl 4.7).

ENTENDA O TEXTO PRINCIPAL:

 Gl 4.7 é o clímax de um argumento que Paulo inicia em Gálatas 3 e continua até 4.1-7. Ele está contrastando a condição espiritual sob a Lei (antes de Cristo) com a condição sob a graça (após a vinda do Messias). Antes: O povo de Deus, ainda que destinado à herança, vivia como menores de idade sob tutores (a Lei), semelhante a servos. Agora: Pela obra redentora de Cristo, aqueles que creem não estão mais sob a pedagogia da Lei, mas receberam a adoção como filhos. O pano de fundo é a prática romana da adoção legal, υοθεσία (huiothesía), onde o adotado recebia plenos direitos de filho legítimo, inclusive o de herança. στε (hōste), de modo que, ou “assim que”, marcando a conclusão lógica do argumento anterior. οκέτι, não mais, indicando mudança definitiva e irreversível de estado. δολος (doúlos), servo ou escravo; aqui figura do estado anterior sob a Lei e o pecado. υός (huiós), filho com direito de herança; no NT, especialmente filho por adoção espiritual. κληρονόμος (klēronómos), herdeiro legítimo; no contexto paulino, aquele que participa das promessas feitas a Abraão (cf. Gl 3.29). δι θεο (dià Theoû), literalmente “por meio de Deus”; alguns manuscritos trazem “δι Χριστο” (por Cristo), mas a ideia permanece: a filiação e herança vêm mediadas pela obra divina realizada em Cristo. Esse texto está profundamente ligado a duas doutrinas: Adoção: Não somos apenas perdoados (justificação), mas inseridos na família de Deus. Isso implica intimidade (Abba, Pai, v. 6) e segurança eterna. O herdeiro é garantido por Deus, não por mérito humano. A herança inclui:

- Participação na Nova Criação (Rm 8.17–23)

- Glória futura com Cristo (Cl 3.4)

- Plena comunhão com Deus.

A adoção também implica acesso ao Espírito Santo como selo e penhor da herança (Ef 1.13-14). O Espírito não é apenas um documento jurídico celestial, mas a presença viva que testemunha que somos filhos (Rm 8.15-16) e capacita-nos a viver como tais, inclusive operando dons e ministérios no presente. Identidade: O cristão não vive mais como servo que teme castigo, mas como filho amado que serve por amor; Segurança: A filiação é obra de Deus e não pode ser revogada (Jo 10.28–29). Missão: Herdeiros de Deus compartilham o desejo do Pai: anunciar o Evangelho para que mais “filhos” sejam trazidos para casa. Santificação: Quem é filho deseja agradar ao Pai, não para se tornar filho, mas porque já o é. Gálatas 4.7 declara que, pela obra de Cristo e pelo testemunho do Espírito, o crente deixa de ser servo escravizado pela Lei e pelo pecado, tornando-se filho adotado e herdeiro de todas as promessas de Deus. Essa mudança é definitiva, baseada na graça, sustentada pelo Espírito e direcionada para uma herança eterna, que já experimentamos em parte agora e plenamente na consumação.

RESUMO DA LIÇÃO

A maturidade exige de nós um comportamento diferenciado, pois por ela recebemos a herança em Cristo.

ENTENDA O RESUMO DA LIÇÃO:

 A verdadeira maturidade espiritual nos chama a viver de forma elevada, rompendo com a mediocridade e refletindo o caráter de Cristo. É somente nesse lugar de crescimento e entrega que desfrutamos plenamente da herança gloriosa que nos foi conquistada por Ele.

TEXTO BÍBLICO

Gálatas 4.1-7

1. Digo, pois, que, todo o tempo em que o herdeiro é menino, em nada difere do servo, ainda que seja senhor de tudo.

 4.1-7 Paulo ampliou a analogia ria chegada à maioridade de um filho (3.24-26) ao contrastar a vida dos cristãos antes da salvação (como filhos e servos), com a vida deles depois da salvação (como adultos e filhos). Tanto os leitores gentios de Paulo quanto os judeus prontamente compreenderiam essa imagem, uma vez que os judeus, os gregos e os romanos tinham uma cerimônia para marcar a chegada de um filho à maioridade. herdeiro. A palavra grega se refere a uma criança pequena demais para falar; um menor, espiritual e intelectualmente imaturo e despreparado para os privilégios e responsabilidade da maioridade. (MacArthur)

2. Mas está debaixo de tutores e curadores até ao tempo determinado pelo pai.

Tutores… Reflete a ideia de que, sob a Lei, os crentes estavam como menores de idade, sob supervisão até que Cristo viesse libertar e maturar a sua fé (BEP)

tutores e curadores. "Tutores" eram os escravos encarrega dos de cuidar dos menores, enquanto os "curadores" gerenciavam as propriedades que eles tivessem até que atingissem a maioridade. Juntamente com o aio (3.24), eles tinham quase que total responsabilidade pela criança - de modo que, para todos os propósitos práticos, a criança sob o cuidado deles não se diferenciava em nada de um escravo. (MacArthur)

3. Assim também nós, quando éramos meninos, estávamos reduzidos à servidão debaixo dos primeiros rudimentos do mundo;

quando éramos menores... servilmente sujeitos. Antes que atingíssemos a maioridade quando chegamos à fé salvadora em Jesus Cristo. rudimentos do mundo. "Rudimentos" vem de uma palavra grega que significa "fileira", ou "nível" e era empregada para falar a respeito das coisas básicas e fundamentais, como as letras do alfabeto. Considerando o seu uso no v. 9, é melhor ver essa palavra aqui como uma referência aos elementos e rituais básicos da religião humana (ve/a nota em Cl 2.8). Paulo descreve tanto a religião dos judeus quanto a dos gentios como elementares, pois são meramente humanas, nunca se elevando até o nível de divina. Tanto a religião dos judeus quanto a dos gentios centralizavam-se nos sistemas de obras feitos por seres humanos. Elas eram repletas de leis e cerimônias que  deviam ser realizadas para que a aceitação divina fosse alcançaria, rodos esses elementos rudimentares são imaturos, como o comportamento das crianças soba escravidão de seu tutor. (MacArthur)

4. mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei,

a plenitude do tempo. No tempo designado por Deus, quando as precisas condições religiosas, culturais, e políticas exigidas pelo seu piano perfeito haviam atingido o auge, Jesus veio ao mundo. Deus enviou seu Filho. Assim como um pai marca a data da cerimônia da maioridade de seu filho e da liberdade de seus protetores, .curadores-e tutores. Deus enviou o seu Filho no momento certo para libertar da escravidão da lei todo aquele que crê — uma verdade que Jesus afirmou várias vezes (Jo 5.30,36-37; 6.39,44,57; 8.16,18,42; 12.49; 17.21,25; 20.21). O fato de o Pai ter enviado Jesus ao mundo ensina a respeito de sua preexistência como o eterno segundo membro da trindade. Veja notas em Fp 2.6-7; Hb 13-5: cf. Rm 8.3-4. nascido de mulher. Enfatiza a plena humanidade de Jesus, e não simplesmente o fato de ter nascido de uma virgem (Is 7.14; Ml 1.20-25). Jesus tinha de ser totalmente Deus para que o seu sacrifício tivesse o valor ilimitado necessário para que pudesse suportar o castigo do pecado como substituto do ser humano. Veja Lc 1.32,35; Jo 1.1,14,18. sob a lei. Como todos os seres humanos, Jesus foi obrigado a obedecer à lei de Deus. Diferente de qualquer outro, ele obedeceu perfeitamente a essa lei (Jo 8.46; 2Co 5.21; I Ib 4.13; 7.26; lPe 2.22; 1 Jo 3.5). Sua impecabilidade fez dele o sacrifício imaculado pelos pecados, aquele que "cumpriu ioda a justiça", ou seja, quo obedeceu a Deus em tudo de modo perfeito. E essa justiça perfeita que é imputada àqueles que creem nele.. (MacArthur)

5. para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos.

para resgatar. Veja 3.13. os que estavam sob a lei. Pecadores culpados que estão sob as exigências tia lei e sua maldição e necessitando de um salvador. a adoção de filhos. "Adoção" é o ato de levar alguém que 6 filho de outra pessoa para a sua própria família. Unia vez que as pessoas não regeneradas são. por natureza, filhos de Satanás, a única maneira de poderem se tornar filhos de Deus é por meio da adoção espiritual (Rm 8.15,23; Ef 1.5).

6. E, porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai.

O Espírito... que clama: Aba, Pai. O uso de “Aba” (aramaico) junto com “Pai” (grego) expressa profunda intimidade e confiança filial. O Espírito Santo, enviado a nós como selo da adoção, desperta em nós essa consciência de ser filhos de Deus (BEP)

o Espírito de seu Filho. É a obra do Espírito Santo para confirmar aos cristãos sua adoção como filhos de Deus (veja Rm 8.15). A certeza da salvação é uma obra graciosa do Espírito Santo e não provém de nenhuma fonte humana. Aba. Um termo aramaico carinhoso usado pelas crianças para falar com seus pais; equivale à palavra “papai”. (MacArthur)

7. Assim que já não és mais servo, mas filho; e, se és filho, és também herdeiro de Deus por Cristo.

Agora você não é mais escravo, mas filho... herdeiro. A passagem afirma que os crentes foram resgatados da condição de escravidão à Lei e, como filhos adotados, tornam-se também herdeiros de todas as promessas divinas (BEP)

Conquanto a salvação seja o dom gratuito de Deus (Rm 5.15-16,18; 6.23; Ef 2.8), ela traz consigo uma séria responsabilidade. Deus exige que os cristãos vivam uma vida santa porque são filhos de um Deus santo e que desejem amá-lo e adorá-lo (Mt 5.48; 11’g 1.15-18). Essa obrigação era para com os princípios morais e espirituais imutáveis que refletem para sempre a natureza de Deus; todavia, ela não inclui os rituais e cerimônias exclusivas a Israel sob a lei mosaica como afirmavam falsamente os judaizantes (MacArthur)

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INTRODUÇÃO

Vimos na lição anterior que Paulo tratou a respeito da descendência de Abraão: todos os que creem em Jesus pela fé, quer sejam judeus, quer sejam gentios. Nesta lição, trataremos a respeito da maturidade. É ela que faz o herdeiro menino se tornar um herdeiro completo e apto para receber a herança. Ao se colocarem debaixo da Lei, os gálatas estavam não somente se colocando num caminho de retrocesso para com o Evangelho, mas estavam igualmente renunciando à sua maturidade e sua herança em Cristo.

Na lição passada vimos que Paulo afirmou algo revolucionário para o mundo do primeiro século: todos os que creem em Jesus Cristo, quer judeus, quer gentios, fazem parte da verdadeira descendência de Abraão (Gl 3.7,29). Essa filiação não se baseia no sangue nem na etnia, mas na fé, a mesma fé que justificou o patriarca antes da Lei. Agora, Paulo conduz o raciocínio para um ponto crucial: a maturidade espiritual. Ele recorre à imagem do herdeiro menor de idade, que embora seja dono legítimo de tudo, vive como servo até alcançar a maioridade estabelecida pelo pai (Gl 4.1-2). No grego, a palavra usada para servo é doúlos (escravo), ressaltando a limitação e a dependência. O amadurecimento, aqui, não é opcional, é a condição para receber a herança plenamente. Os gálatas, seduzidos pelo ensino dos judaizantes, estavam retrocedendo. Ao submeter-se novamente às prescrições da Lei, eles agiam como herdeiros que, tendo alcançado a maioridade, voltam deliberadamente à tutela e à escravidão. Paulo enxerga isso como um abandono não apenas do Evangelho, mas também da própria herança em Cristo (Gl 4.9). Hernandes Dias Lopes chama isso de “renunciar à liberdade e voltar às correntes”¹. Esse retorno à Lei não representava crescimento, mas imaturidade espiritual. Era, como observa Alexandre Coelho², trocar a posição de filhos adotados (huiothesía) por uma vida de medo e obrigação. O pano de fundo aqui é profundamente relacional. Deus não nos salvou para permanecermos como crianças espirituais inseguras, mas para que, por meio do Espírito, clamássemos “Aba, Pai” (Gl 4.6). Esse “Aba” não é formalidade; é intimidade, a mesma palavra usada por Jesus em sua oração no Getsêmani (Mc 14.36). Craig Keener³ destaca que a adoção no mundo greco-romano implicava uma mudança de status legal definitiva: o adotado deixava para trás todos os débitos e laços antigos, recebendo plenos direitos de herdeiro. Ao voltar à Lei, os gálatas estavam, em essência, negando essa nova identidade. Essa advertência de Paulo ecoa como um chamado para a igreja de hoje. Quantos, mesmo conhecendo a verdade, vivem como se ainda estivessem sob tutores, medindo sua espiritualidade por regras externas em vez de cultivar uma comunhão viva com o Pai? A maturidade cristã não se mede pelo tempo de conversão, mas pelo quanto refletimos o caráter de Cristo no cotidiano. Servir a Deus por medo é coisa de servo; servir por amor é coisa de filho. French L. Arrington lembra que a presença contínua do Espírito Santo não é apenas um selo para a eternidade, mas o capacitador diário para vivermos como filhos legítimos. Diante disso, precisamos nos perguntar: estamos vivendo como filhos amadurecidos, herdeiros que conhecem e desfrutam da sua herança em Cristo, ou como crianças espirituais, inseguras e presas a um sistema que Cristo já cumpriu? A maturidade não é uma opção para alguns; é o chamado de todo aquele que foi adotado pelo Pai. Assim como Davi, que não se contentou com experiências passadas, mas buscava continuamente “conhecer o Senhor e prosseguir em conhecê-lo” (Sl 63.1; Os 6.3), somos convocados a crescer até que Cristo seja plenamente formado em nós (Gl 4.19).

1. LOPES, Hernandes Dias. Gálatas: A carta da liberdade cristã. Hagnos, 2015.

2. COELHO, Alexandre. A liberdade em Cristo: Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. CPAD, 2020.

3. KEENER, Craig S. Comentário Bíblico do Novo Testamento. Vol. 2. Vida, 2014.

4. ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. CPAD, 2003.

BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. CPAD, 1995.

MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. Thomas Nelson Brasil, 2017.

Comentário Bíblico Beacon. CPAD, 2005.

CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. Candeia, 2002.

YONG, Amos; PALMA, Anthony D.; OSS, Douglas; MACCHIA, Frank D.; FEE, Gordon D.; MENZIES, Robert P.

I. HERDEIRO, MAS COMO SE NÃO FOSSE AINDA

1. Herdeiro, mas como escravo. Paulo começa dizendo que “todo o tempo em que o herdeiro é menino, em nada difere do servo, ainda que seja senhor de tudo” (Gl 4.1). Nesse texto, podemos ver a importância da maioridade. Ainda que uma criança fosse considerada herdeira, não é diferente de um escravo enquanto não atingir a maioridade. À medida que a criança vai crescendo e se desenvolvendo, ela vai se tornando menos dependente do aio (daquele que a conduz e que exerce sobre ela uma tutela, uma guarda). A criança não é uma escrava, mas é “considerada” como se fosse, em relação a herança, até que atinja a maturidade. Paulo comenta que o herdeiro, enquanto menino, por mais que seja dono de tudo, não tem acesso à herança e não possui diferença de um escravo. Falta a ele a maturidade que só o tempo poderá trazer. Um comentarista diz que aquela criança era chamada de “jovem senhor”, sendo “senhor” porque um dia, na maioridade, poderia usufruir dos bens e direitos que lhe seriam entregues, e “jovem” para não se esquecer que sua hora não havia chegado e se colocar no seu lugar. Mas a hora da sua maioridade chegaria, e ele poderia usufruir dos seus bens e títulos. A função da Lei era conduzir as pessoas a Cristo, da mesma forma que o aio conduzia a criança até a escola e se responsabilizava pela sua educação (Gl 4.3).

Paulo inicia esta seção com uma imagem poderosa: “Todo o tempo em que o herdeiro é menino, em nada difere do escravo, embora seja senhor de tudo” (Gl 4.1). No mundo greco-romano, um herdeiro legítimo (klēronómos) podia ter direito legal a toda a herança do pai, mas enquanto fosse criança (nēpios, literalmente “infante”, alguém ainda imaturo na compreensão e na conduta), vivia sob a autoridade de tutores e administradores. Na prática, sua vida não se diferenciava muito da de um servo (doúlos), pois lhe faltava a capacidade e a autoridade para administrar o que era seu por direito. Paulo aplica essa figura ao povo de Deus antes da obra consumada de Cristo. A Lei mosaica funcionava como um paidagogós, termo usado em Gálatas 3.24 para o “aio” ou guardião responsável por conduzir a criança à escola e supervisionar sua disciplina. Não era o professor em si, mas o que levava, vigiava e corrigia até que o filho atingisse a maturidade. Assim como o herdeiro infantil precisava ser guiado até que pudesse agir como dono de fato, Israel, sob a Lei, vivia num estágio de dependência e tutela, aguardando a plenitude dos tempos, quando o Filho viria para libertar e amadurecer os filhos de Deus (Gl 4.4-5). Essa analogia expõe uma verdade espiritual profunda: é possível ser herdeiro por posição, mas viver como escravo por imaturidade. A criança é chamada “senhor” por causa do que receberá, mas ainda “jovem” para que se lembre de que sua hora não chegou. Da mesma forma, antes de Cristo, mesmo sendo o povo escolhido, Israel não tinha acesso pleno à herança prometida a Abraão, pois a maturidade da revelação ainda não havia sido dada. Hernandes Dias Lopes observa que “a Lei não é rival do Evangelho, mas serva dele”, sua função é preparar, mostrar o pecado e apontar para Cristo, não conceder a salvação. Para nós hoje, essa lição é incisiva. Quantos na igreja já receberam, em Cristo, todos os direitos de filhos adotados (huiothesía), mas continuam vivendo como se fossem servos, medindo sua espiritualidade por regras e não pela comunhão viva com o Pai? Anthony Palma lembra que o Espírito Santo é quem nos tira dessa condição de infância espiritual e nos habilita a desfrutar da herança já disponível. Viver como escravo quando se é filho não é humildade é desperdiçar a graça. A maturidade espiritual não vem apenas com o tempo de conversão, mas com o aprofundamento no conhecimento de Cristo e a obediência à Sua Palavra. Assim como aquele jovem herdeiro precisava aguardar o momento estabelecido pelo pai para assumir a posse de tudo, nós precisamos avançar em maturidade para desfrutar plenamente da herança que já nos foi garantida na cruz. O chamado de Paulo é claro: deixemos as roupas da infância espiritual e vivamos como filhos que conhecem sua identidade e caminham em liberdade. A Lei cumpriu seu papel; agora, o Espírito nos conduz.

LOPES, Hernandes Dias. Gálatas: A carta da liberdade cristã. Hagnos, 2015.

COELHO, Alexandre. A liberdade em Cristo: Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. CPAD, 2020.

BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. CPAD, 1995.

MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. Thomas Nelson Brasil, 2017.

COMMENTÁRIO BÍBLICO BEACON. CPAD, 2005.

CHAMPLIN, R. N. Comentário Expositivo do Novo Testamento. Candeia, 2002.

PALMA, Anthony D. The Spirit and the New Testament Believer. CPAD, 2010.

KEENER, Craig S. Comentário Bíblico do Novo Testamento. Vida, 2014.

2. Na plenitude dos tempos. O momento da história humana em que Deus interveio para transformar uma promessa em um fato consumado é chamado de “plenitude dos tempos”. Nesse período específico, Deus enviou a Jesus, e o apóstolo ainda reforça: “nascido de mulher, nascido sob a lei” (Gl 4.4). Essas duas colocações têm importância pois, mostram não somente a humanidade de Jesus, mas igualmente o fato de que por ter nascido sob a Lei e tê-la cumprido até a morte, seu sacrifício foi único e perfeito, colocando a salvação disponível a todos que creem, independentemente da sua cultura de origem. Paulo destaca que foi Deus que enviou seu Filho do Céu para este mundo. Essa vinda fazia parte da promessa dada a Abraão, de que nele, todas as famílias seriam benditas. A bênção de Deus não estaria restrita aos descendentes de Abraão que guardavam a Lei. Essa bênção seria dada, pela fé, aos que cressem no sacrifício de Jesus.

Quando Paulo fala da “plenitude dos tempos” (Gl 4.4), ele se refere ao momento decisivo da história humana em que Deus intervém de forma soberana, cumprindo promessas antigas e transformando-as em realidade consumada. É o ponto culminante do plano redentor: a vinda do Filho de Deus à humanidade. Ao enfatizar que Jesus foi “nascido de mulher, nascido sob a Lei”, Paulo não apenas destaca sua plena humanidade (anthrōpos), mas também mostra que Cristo assumiu nossa condição, submetendo-se à Lei que todos nós violamos, cumprindo-a perfeitamente até a morte na cruz (Gl 4.4-5). Essa dupla expressão: “nascido de mulher” e “nascido sob a Lei”, reforça que o sacrifício de Jesus foi único e universal. Craig Keener observa que a referência à Lei (nómos) não indica apenas uma limitação cultural ou geográfica, mas o contexto legal e moral que Cristo assumiu para redimir a humanidade³. Em outras palavras, sua obediência substitutiva tornou a salvação acessível a todos, judeus ou gentios, não baseada na observância da Lei, mas na fé no sacrifício perfeito do Filho de Deus. Paulo sublinha ainda a iniciativa divina: “Deus enviou seu Filho do Céu” (ek tou Theou) demonstrando que a obra da salvação não nasce da iniciativa humana, mas da graça soberana do Pai. Hernandes Dias Lopes afirma que essa ação não é um mero evento histórico, mas o cumprimento das promessas feitas a Abraão, por meio de quem todas as famílias da terra seriam abençoadas¹. A promessa abraâmica encontra em Cristo sua consumação, não como um direito de nascimento ou observância legal, mas como dom acessível a todos que creem. O ensino é profundamente prático: a bênção de Deus não depende de origem étnica, mérito pessoal ou adesão a rituais. Ela se revela na fé que confia no sacrifício de Cristo. Alexandre Coelho enfatiza que a fé se torna o critério universal para participação na herança de Deus, quebrando qualquer barreira cultural ou religiosa². Assim, o crente hoje é chamado a reconhecer a plenitude desse tempo, vivendo com a consciência de que sua filiação, adoção e herança vêm do cumprimento perfeito da promessa em Cristo. Refletindo sobre isso, somos convidados a avaliar nossa própria vida espiritual: estamos vivendo como aqueles que receberam a bênção de Deus pela fé, ou ainda tentamos conquistá-la por esforços próprios? O chamado de Paulo permanece: receber a salvação como dom e permitir que Cristo forme em nós a maturidade de filhos, plenamente conscientes de nossa herança em Deus.

LOPES, Hernandes Dias. Gálatas: A carta da liberdade cristã. Hagnos, 2015.

COELHO, Alexandre. A liberdade em Cristo: Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. CPAD, 2020.

KEENER, Craig S. Comentário Bíblico do Novo Testamento. Vol. 2. Vida, 2014.

BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. CPAD, 1995.

MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. Thomas Nelson Brasil, 2017.

COMMENTÁRIO BÍBLICO BEACON. CPAD, 2005.

CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. Candeia, 2002.

3. Remir os que estavam debaixo da Lei. A vinda de Jesus foi para remir os que estavam debaixo da Lei. Remir é comprar novamente. Paulo aqui nos mostra que as ações de Deus sempre têm um propósito. Nessa remissão Jesus pagou a nossa dívida, e com seu sangue, nos comprou para Deus (Ap 5.9). Certo estudioso comentou que os judeus dos tempos de Jesus, de forma geral consideravam a Lei como “um capataz cujas ordens precisavam ser obedecidas por temor à penalidade decorrente da infração”. Ela é o paidagogos, responsável por preparar e levar as crianças de uma família para a escola, onde seriam entregues ao “mestre-escola”. Uma vez entregue as crianças ao mestre-escola, a responsabilidade do paidagogos estava concluída. Nada mais há de ser feito por ele.

A vinda de Jesus teve um propósito central: remir aqueles que estavam debaixo da Lei (Gl 4.5). Remir, no grego agorazó, significa “comprar novamente”, ou seja, pagar o preço para libertar alguém de uma condição de dependência ou escravidão. Paulo deixa claro que cada ação de Deus é intencional. Quando Cristo derramou seu sangue na cruz, Ele pagou a nossa dívida e nos comprou para Si mesmo, tornando-nos herdeiros e filhos adotivos (Ap 5.9). Essa remissão revela a perfeição do plano divino. Craig Keener observa que, para os judeus do primeiro século, a Lei (nómos) era muitas vezes vista como um capataz (paidagogós) cuja função era impor disciplina e exigir obediência, temendo a penalidade decorrente da infração³. No entanto, Paulo transforma essa imagem: a Lei não é o objetivo final, mas uma preparação. Ela funciona como o paidagogós, o tutor que conduz a criança até a escola, garantindo que ela esteja pronta para a maioridade e para exercer plenamente seus direitos de herdeiro. O termo paidagogós usado em Gálatas 3.24 e 4.2 é significativo. Ele não se refere a um professor, mas ao responsável pela supervisão, disciplina e cuidado até que o herdeiro esteja pronto para assumir a herança. Uma vez que a criança é entregue ao “mestre-escola”, o papel do tutor termina. Assim também, a Lei cumpriu seu papel de guiar, instruir e expor a necessidade de redenção; agora, Cristo é o Mestre definitivo, e a remissão já está consumada. Paulo enfatiza que a remissão não é um conceito abstrato. É concreta, aplicável e transformadora. O crente que vive sob a graça de Cristo já não depende de um sistema de regras externas ou do medo da punição, mas experimenta liberdade real e responsabilidade filial. Hernandes Dias Lopes reforça que a liberdade em Cristo implica maturidade espiritual: somos chamados a viver como filhos conscientes de nossa herança, não mais como servos escravizados pelo temor (Gl 4.1-7)¹. Essa perspectiva nos desafia a refletir sobre nossa vida espiritual. Estamos confiando na obra completa de Cristo ou ainda nos apoiamos em esforços próprios e regras externas? A redenção que Cristo trouxe não é apenas legal ou teórica; ela é prática, libertadora e diária, convidando-nos a crescer em maturidade, responsabilidade e comunhão com Deus.

1. LOPES, Hernandes Dias. Gálatas: A carta da liberdade cristã. Hagnos, 2015.

COELHO, Alexandre. A liberdade em Cristo: Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. CPAD, 2020.

KEENER, Craig S. Comentário Bíblico do Novo Testamento. Vol. 2. Vida, 2014.

BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. CPAD, 1995.

MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. Thomas Nelson Brasil, 2017.

COMMENTÁRIO BÍBLICO BEACON. CPAD, 2005.

CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. Candeia, 2002.

PALMA, Anthony D. The Spirit and the New Testament Believer. CPAD, 2010.

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SUBSÍDIO I

Professor(a), explique que a “expressão ‘servir de aio’ traduz a palavra grega paidagogos, da qual deriva a palavra pedagogo (isto é, professor, educador, guardião). Nos tempos do Novo Testamento, isto era uma referência ao servo pessoal que acompanhava o filho de um senhor, onde quer que o filho fosse — inclusive à escola — agindo como guardião e exercendo disciplina sobre a criança. Este papel era mais o de uma babá, do que o de um professor. O propósito da lei de Deus, durante algum tempo, foi guiar o povo nos caminhos de Deus, proteger o seu comportamento e dar disciplina. Mas o propósito supremo da lei de Deus é revelar o pecado, expor a nossa própria incapacidade de viver em conformidade com o padrão perfeito de Deus e nos mostrar a nossa necessidade de Cristo e da sua obra de salvação espiritual.

 

4.2 TUTORES E CURADORES ATÉ AO TEMPO DETERMINADO PELO PAI. A declaração que Paulo faz aqui é usada, principalmente, para mostrar a situação de um crente sob o concerto do Antigo Testamento (isto é, a maneira de manter um relacionamento com Deus com base nas leis e sacrifícios do Antigo Testamento, antes que Cristo fizesse o sacrifício perfeito pelo pecado com a sua própria vida). No entanto, o princípio desta passagem também indica que os pais piedosos normalmente supervisionavam a instrução de seus filhos (veja Dt 6.7). Esta supervisão seria feita por meio da educação na própria casa ou colocando as crianças sob os cuidados e a instrução de professores piedosos. As Escrituras ensinam claramente que os pais devem fazer tudo o que puderem para assegurar que seus filhos recebam uma educação centrada em Deus e que honre a Cristo, em todos os aspectos da vida, começando no lar”. (Adaptado de Bíblia de Estudo Pentecostal para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.1630).

II. A NOSSA POSIÇÃO EM DEUS

1. Somos filhos e herdeiros. Antes os gálatas serviam aos ídolos, pois não conheciam a Deus. Mas agora, eles haviam sido salvos, e não foram deixados à própria sorte. Eles foram recebidos como filhos (Gl 4.6). Paulo prossegue dizendo que somos filhos e herdeiros, coisa que um escravo não é. Pelo Espírito Santo, os gentios poderiam chamar Deus de “paizinho”, não uma expressão que remonte a ideia de um diminutivo, mas sim de intimidade. Os gentios agora, em Cristo, obedecem a Deus para agradá-lo, e não porque podem ser punidos, como os ídolos faziam com aqueles que os adoravam. Mas essa nova posição para os gálatas estava sendo abalada: “como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir? Guardais dias, e meses, e tempos, e anos” (Gl 4.9,10).

 Antes de conhecerem a Cristo, os gálatas viviam sob a escravidão dos ídolos, presos a práticas e costumes que não lhes traziam vida (Gl 4.8). Eles não conheciam Deus e, portanto, eram incapazes de experimentar a verdadeira liberdade. Mas, em Cristo, essa realidade mudou radicalmente. Paulo afirma que eles foram recebidos como filhos (Gl 4.6), um status que transforma completamente a relação com Deus. A palavra grega huios usada aqui indica não apenas filiação legal, mas uma relação íntima e pessoal. Não somos mais meros súditos ou servos, mas filhos que compartilham a herança prometida pelo Pai. O Espírito Santo é o selo desta filiação (sphragis), capacitando os gentios a clamar “Aba, Pai” (Abba, Pater), uma expressão de profunda intimidade, não um diminutivo infantil, mas a demonstração de confiança e comunhão plena com Deus. Como observa Craig Keener³, esta linguagem reflete uma relação de amor e segurança, completamente distinta do temor que dominava aqueles que serviam aos ídolos. Agora, a obediência não é motivada pelo medo de punição, mas pelo desejo de agradar ao Pai e viver de acordo com Sua vontade. Entretanto, Paulo percebe um perigo real: os gálatas estavam sendo atraídos novamente para práticas que remetiam à escravidão espiritual. Ele questiona: “Como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir? Guardais dias, e meses, e tempos, e anos?” (Gl 4.9-10). O termo grego stoikheia traduzido aqui por “rudimentos” se refere aos elementos básicos da Lei ou da religião ritualista, que, isoladamente, não salvam nem amadurecem o crente. Hernandes Dias Lopes¹ ressalta que essa tendência de retrocesso é um risco constante para todos que já experimentaram a liberdade em Cristo: é fácil trocar a maturidade espiritual pela segurança aparente de regras externas. A advertência é clara para nós hoje: como filhos e herdeiros, somos chamados a viver em liberdade consciente, guiados pelo Espírito, e não por tradições ou costumes que não transformam o coração. Anthony Palma lembra que a filiação em Cristo nos concede uma autoridade espiritual que um servo nunca possuiria, mas também implica responsabilidade diária de caminhar na nova identidade. O chamado de Paulo é para permanecer firmes, amadurecer na fé e resistir à tentação de buscar salvação ou aceitação por meios externos. Refletindo sobre isso, podemos nos perguntar: estamos vivendo como filhos que desfrutam da herança em Cristo ou nos comportamos como escravos temerosos de regras, tradições ou expectativas humanas? A liberdade cristã é prática, relacional e transformadora, exigindo de nós maturidade, consciência espiritual e obediência motivada pelo amor.

LOPES, Hernandes Dias. Gálatas: A carta da liberdade cristã. Hagnos, 2015.

COELHO, Alexandre. A liberdade em Cristo: Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. CPAD, 2020.

KEENER, Craig S. Comentário Bíblico do Novo Testamento. Vol. 2. Vida, 2014.

PALMA, Anthony D. The Spirit and the New Testament Believer. CPAD, 2010.

BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. CPAD, 1995.

MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. Thomas Nelson Brasil, 2017.

COMMENTÁRIO BÍBLICO BEACON. CPAD, 2005.

CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. Candeia, 2002.

2. Guardando preceitos e regras. Eles eram filhos e herdeiros de Deus pela fé, mas observando a Lei de Moisés, estavam como que voltando à época em que serviam a ídolos. Mais que isso, eles passaram a se preocupar com a guarda das festas hebraicas e os dias santos, uma regra para que a cultura judaica fosse prolongada entre os gentios. Eles aprenderam com os judaizantes a guardar rituais que se iniciavam com datas importantes do judaísmo. O que comer, o que não comer, não deixar de celebrar tal data. Na prática, pouca diferença tinha o legalismo do paganismo, dos ídolos que antes os gálatas adoravam. Não há nenhum impedimento em se guardar um dia para a adoração a Deus. Os hebreus tinham seu próprio calendário, e dele se valiam para não descumprir os mandamentos. Guardamos o domingo pois foi nele que Jesus ressuscitou, vencendo a morte e nos garantindo que seremos vitoriosos com Ele nesse mesmo aspecto. Mas a guarda de datas e dias como um misticismo não é o que Deus tem para nós. Há algum problema em se seguir regras? De forma alguma. As regras nos ajudam a saber como nos portar em diferentes contextos e trazem organização. No trabalho ou nos estudos, regras como cumprir horários e estar fazendo as suas atividades no departamento onde se trabalha ou na sala onde a aula vai acontecer, ajudam na organização e no bom relacionamento. Mas quando o comprimento de regras se torna o referencial de espiritualidade, tal ideia não é correta, como no caso dos gálatas.

 Os gálatas, embora já fossem filhos e herdeiros de Deus pela fé, começaram a se submeter novamente à Lei de Moisés, como se retornassem à escravidão espiritual que existia antes de conhecerem a Cristo (Gl 4.9-10). Mais do que isso, passaram a se preocupar obsessivamente com a guarda de festas, dias santos e rituais judaicos, seguindo o ensino dos judaizantes. Eles aprendiam o que comer, como celebrar datas e como se comportar segundo costumes que, na prática, pouco diferenciavam-se do legalismo dos ídolos que antes adoravam. Paulo mostra que não há problema em dedicar dias específicos à adoração a Deus ou seguir práticas que ajudem na organização da vida cristã. O próprio calendário judaico regulava a vida de Israel, e os cristãos hoje guardam o domingo como dia de celebração porque nele Cristo ressuscitou, vencendo a morte e garantindo a vitória para todos os que creem (Mc 16.6; 1Co 15.20). No entanto, quando o cumprimento de regras se torna o critério central da espiritualidade, deixa de refletir a fé e passa a ser um peso que escraviza, como aconteceu com os gálatas. O princípio é claro: regras e ordenanças podem guiar nosso comportamento e estruturar nossa vida, mas não podem substituir a comunhão viva com Deus e a maturidade espiritual. Assim como no trabalho ou nos estudos, regras ajudam na disciplina, na organização e na convivência, mas quando passam a medir o valor ou a fé de alguém, tornam-se um impedimento à liberdade em Cristo. Hernandes Dias Lopes¹ ressalta que o legalismo espiritual gera medo, restrição e dependência externa, afastando-nos da liberdade de filhos que conhecem sua identidade em Deus. Anthony Palma² acrescenta que o verdadeiro cristão obedece motivado pelo amor e pelo Espírito Santo, não por pressão de rituais ou normas externas. A liberdade em Cristo não significa ausência de disciplina, mas que a disciplina deve fluir de uma relação viva e madura com o Pai, e não de um esforço mecânico de cumprir regras. Guardar datas ou regras não é errado; tornar isso o referencial de espiritualidade é que desvia do propósito divino. Portanto, a advertência de Paulo continua atual: permanecer na fé e na maturidade espiritual significa obedecer ao Pai motivado pela intimidade com Ele, e não pelo cumprimento de rituais ou por medo de punição. A herança em Cristo não se conquista pelo legalismo, mas pela fé e pelo crescimento na vida de filhos de Deus.

LOPES, Hernandes Dias. Gálatas: A carta da liberdade cristã. Hagnos, 2015.

PALMA, Anthony D. The Spirit and the New Testament Believer. CPAD, 2010.

COELHO, Alexandre. A liberdade em Cristo: Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. CPAD, 2020.

BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. CPAD, 1995.

MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. Thomas Nelson Brasil, 2017.

COMMENTÁRIO BÍBLICO BEACON. CPAD, 2005.

CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. Candeia, 2002.

KEENER, Craig S. Comentário Bíblico do Novo Testamento. Vol. 2. Vida, 2014.

3. Fraqueza de Paulo quando esteve com os gálatas. Paulo relembra seus leitores que esteve com eles em fraqueza, uma forma de dizer que estava acometido de uma enfermidade. E por que ele faz isso? Diferente de pessoas que ensinam que quem serve a Deus não pode ficar doente, ou se está, é porque cometeu algum pecado ou porque não tem fé, Paulo nos permite entender que estamos sujeitos às mazelas deste “corpo de humilhação” (Fp 3.21). Ele acrescenta: “E não rejeitastes, nem desprezastes isso que era uma tentação na minha carne” (Gl 4.14). Os gálatas tinham um coração aparentemente disposto à generosidade e à misericórdia, tanto que “se possível fora, arrancaríeis os olhos, e mos daríeis” (Gl 4.15) A receptividade dos gálatas foi relembrada para mostrar que Paulo não lhes era um oponente. Ele tinha gratidão pelos gálatas. A graça de Deus, pregada pelo apóstolo, foi suficiente não só para alcançar seus ouvintes, mas igualmente poderosa para que eles recebessem a Paulo como um mensageiro de Deus, mesmo quando estava adoecido. E os judaizantes estavam se aproveitando dessa boa vontade dos gálatas para semear entre eles a desobediência.

 Paulo relembra aos gálatas que esteve com eles em fraqueza, indicando que enfrentava enfermidade ou limitações físicas (Gl 4.13-14). Ao fazer isso, ele mostra algo crucial: servir a Deus não significa imunidade às mazelas deste corpo mortal. Diferente de algumas interpretações contemporâneas que associam doença a falta de fé ou pecado, Paulo nos lembra que estamos sujeitos às fragilidades humanas e às limitações do “corpo de humilhação” (Fp 3.21). A doença ou fraqueza física não diminui a autoridade ou o ministério do servo de Deus; pelo contrário, é muitas vezes um veículo para demonstrar a graça divina. O apóstolo acrescenta: “E não rejeitastes, nem desprezastes isso que era uma tentação na minha carne” (Gl 4.14). Aqui, percebemos a maturidade e a receptividade espiritual dos gálatas. Eles receberam Paulo com abertura e generosidade, até ao ponto de expressões hiperbólicas como “se possível fora, arrancaríeis os olhos, e mos daríeis” (Gl 4.15). Esta lembrança serve a dois propósitos: reforçar a legitimidade do ministério de Paulo e sublinhar que ele não era um opositor ou intruso, mas um mensageiro enviado por Deus, cuja pregação tinha poder transformador mesmo diante de suas limitações físicas. A graça que Paulo pregava não apenas alcançou os gálatas, mas também os capacitou a receber o apóstolo como portador da Palavra. Isso evidencia que a obediência e o discernimento espiritual dependem mais da obra do Espírito do que das circunstâncias externas ou do vigor físico do ministro. Hernandes Dias Lopes¹ observa que o ministério de Paulo é marcado pela vulnerabilidade que revela a suficiência da graça de Deus, tornando clara a diferença entre religiosidade externa e fé viva. Paulo contrasta essa realidade com a atuação dos judaizantes, que se aproveitavam da boa vontade dos gálatas para semear confusão e desobediência. Enquanto o apóstolo dependia da graça e do Espírito, os judaizantes manipulavam regras e medos para desviar os crentes da liberdade em Cristo. Anthony Palma² reforça que a recepção genuína da Palavra exige discernimento, maturidade espiritual e abertura do coração, valores que o Espírito Santo cultiva em nós. O ensino é direto e aplicável: nossas fraquezas não nos desqualificam para o serviço de Deus. Pelo contrário, elas são oportunidades de testemunhar a suficiência da graça e cultivar relações cristãs baseadas em amor, misericórdia e discernimento espiritual. A verdadeira maturidade não depende de força física ou perfeição, mas da receptividade à Palavra e à presença do Espírito em nossas vidas.

LOPES, Hernandes Dias. Gálatas: A carta da liberdade cristã. Hagnos, 2015.

PALMA, Anthony D. The Spirit and the New Testament Believer. CPAD, 2010.

COELHO, Alexandre. A liberdade em Cristo: Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. CPAD, 2020.

BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. CPAD, 1995.

MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. Thomas Nelson Brasil, 2017.

COMMENTÁRIO BÍBLICO BEACON. CPAD, 2005.

CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. Candeia, 2002.

KEENER, Craig S. Comentário Bíblico do Novo Testamento. Vol. 2. Vida, 2014.

III. MATURIDADE E RESPONSABILIDADE

1. Inimigo fala a verdade? É possível que os judaizantes estivessem ensinando que Paulo era um inimigo dos gálatas por falar daquela forma com eles. Mas o apóstolo o fazia com o coração de um verdadeiro pastor, não como um aventureiro. Ele falava a verdade em amor. O questionamento do apóstolo sobre a sua forma de falar com os leitores deixa claro a diferença entre ser um bajulador e ser um mestre que se preocupa não com o que pode receber, mas com o que pode entregar.

 Paulo levanta uma questão delicada: será que os judaizantes estavam dizendo a verdade quando afirmavam que ele era um inimigo dos gálatas? É possível que sim, mas apenas parcialmente. O que parecia um ataque se fundamentava na percepção equivocada de sua atitude firme. Paulo, no entanto, não falava com hostilidade, mas com o coração de um pastor preocupado com o bem-estar espiritual do seu rebanho (Gl 4.12-13). Ele pregava a verdade em amor, buscando o crescimento e a liberdade dos crentes, e não ganhos pessoais ou aprovação humana. O apóstolo deixa claro que sua maneira direta de falar não é bajulação, nem desejo de agradar superficialmente. Hernandes Dias Lopes destaca que Paulo sempre priorizou a entrega da Palavra de Deus sobre qualquer forma de reconhecimento ou glória pessoal. Ele se apresenta como alguém que se dispõe a corrigir e edificar, mesmo correndo o risco de ser mal interpretado. A integridade pastoral de Paulo reside justamente nesse equilíbrio: firmeza na verdade, mas sempre motivada pelo amor e pelo zelo pela vida espiritual dos gálatas. Anthony Palma reforça que o verdadeiro ensino cristão exige coragem e autenticidade. Um mestre que ama de fato não busca conquistar aplausos ou popularidade, mas se preocupa com a maturidade e a transformação de seus discípulos. A crítica ou repreensão, quando feita com base na Palavra e em amor, é sempre um ato de cuidado pastoral, não de hostilidade. O desafio para nós é refletir: estamos dispostos a ouvir a verdade que corrige, mesmo que seja firme ou desconfortável? Ou preferimos mestres que apenas agradam e confirmam nossa zona de conforto? A lição de Paulo é clara: a liberdade e o crescimento espiritual dependem de sermos guiados por quem fala a verdade com amor, e não por quem busca apenas aprovação ou poder.

2. O zelo inconveniente. Nem toda demonstração de zelo é do Espírito. É possível que haja na igreja pessoas que apresentam o que seria tido por um comportamento aceitável diante de Deus, mas sem o aval dEle. O zelo dos judaizantes não era espiritual, mas religioso, e esses dois zelos são diferentes. O zelo espiritual se preocupa com a vida espiritual das pessoas de uma congregação, ao passo que o zelo religioso se prende ao formato como a religião é manifesta. Eles queriam aumentar a sua influência entre os gálatas demonstrando um zelo religioso, e isso era contrário ao Evangelho: “Eles têm zelo por vós, não como convém; mas querem excluir-vos, para que vós tenhais zelo por eles” (Gl 4.17). O zelo dos judaizantes era inconveniente. Paulo era contrário ao zelo espiritual? De forma alguma. Ele diz: “É bom ser zeloso, mas sempre do bem e não somente quando estou presente convosco” (Gl 4.18). Ele não estava ali com os gálatas, mas demonstrava, mesmo à distância, o zelo espiritual que marcava o seu ministério.

 Nem toda demonstração de zelo é fruto do Espírito Santo. Na vida da igreja, é possível encontrar pessoas que aparentam dedicação e cuidado, mas cuja motivação não reflete a vontade de Deus. O zelo dos judaizantes ilustra bem essa diferença: era um zelo religioso, não espiritual. Enquanto o zelo espiritual se preocupa com a maturidade, o crescimento e a vida interior dos irmãos, o zelo religioso se prende às formas externas e ao controle da prática religiosa, buscando status e influência. Paulo adverte que o objetivo deles era manipular os gálatas: “Eles têm zelo por vós, não como convém; mas querem excluir-vos, para que vós tenhais zelo por eles” (Gl 4.17). Esse zelo inconveniente é, na prática, contrário ao Evangelho. Hernandes Dias Lopes¹ observa que o zelo religioso sempre coloca a atenção em regras, costumes e aparências, desviando a congregação da verdadeira liberdade e da graça de Cristo. Diferente disso, Paulo exemplifica o zelo espiritual: mesmo à distância, continuava a cuidar da igreja, preocupado com a caminhada de cada crente e com a fidelidade à mensagem do Evangelho. Ele escreve: “É bom ser zeloso, mas sempre do bem e não somente quando estou presente convosco” (Gl 4.18). A lição é clara e atemporal: o zelo não é medido pela intensidade ou pela visibilidade, mas pelo coração que o sustenta. O cristão zeloso ama e protege a vida espiritual dos irmãos, promove crescimento e verdade, e não busca vantagens pessoais ou reconhecimento. O verdadeiro cuidado pastoral se manifesta em ações que edificam e guiam, mesmo quando o pastor ou líder não está presente fisicamente. Portanto, é essencial discernir os tipos de zelo dentro da igreja. O zelo inconveniente e religioso pode causar divisões e manipulações, enquanto o zelo espiritual, guiado pelo Espírito Santo, promove maturidade, comunhão e liberdade em Cristo. Nossa motivação deve sempre refletir o amor de Deus e não interesses humanos, lembrando que a integridade espiritual supera qualquer aparência de religiosidade.

LOPES, Hernandes Dias. Gálatas: A carta da liberdade cristã. Hagnos, 2015.

PALMA, Anthony D. The Spirit and the New Testament Believer. CPAD, 2010.

COELHO, Alexandre. A liberdade em Cristo: Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. CPAD, 2020.

3. A maioridade exige responsabilidades. Crescer implica ter responsabilidades. Uma pessoa que atinge a maioridade tem obrigações das quais não pode se esquivar. É possível que uma pessoa tenha direito à herança, mas não possa possuí-la devido à idade. Os gálatas já tinham conhecido Jesus, e com o Senhor, a maturidade. Agora estavam se colocando como crianças, sendo guiados pela Lei, e considerados sem acesso à herança. A maturidade tem por preceito a diferenciação da infantilidade. Um adulto não pode agir como criança, como se precisasse passar por todo o processo de crescimento e amadurecimento. De um adulto se espera diversas características, como: inteligência, experiência, responsabilidade por seus atos, seriedade e conhecimento. Não esperamos isso de uma criança, que ainda está em desenvolvimento e não possui essas competências.

 A maioridade traz consigo responsabilidades inegociáveis. Crescer não é apenas uma questão de idade, mas de assumir compromissos e agir com discernimento. Alguém pode ter direito à herança, mas se ainda não alcançou a maturidade, não pode usufruir plenamente dela. Paulo utiliza essa analogia para os gálatas: embora já tivessem conhecido Jesus e experimentado a salvação, estavam agindo como crianças espirituais, submetendo-se à Lei e sendo considerados sem acesso à herança prometida (Gl 4.1-3). A maturidade cristã, assim como a natural, exige diferenciação da infantilidade. Um adulto não pode se comportar como criança, repetindo padrões que já deveriam ter sido superados no crescimento espiritual. Anthony Palma¹ observa que a maturidade envolve responsabilidade pelos próprios atos, conhecimento, discernimento e experiência, qualidades que se desenvolvem com o tempo, mas que devem se manifestar plenamente quando a pessoa alcança a maioridade. No contexto dos gálatas, a imaturidade se manifestava na volta a práticas legalistas e na dependência de regulamentos religiosos, ignorando a liberdade conquistada em Cristo. Hernandes Dias Lopes² reforça que o verdadeiro amadurecimento em Cristo se evidencia quando a fé produz discernimento, obediência motivada pelo amor e compromisso com a vida espiritual própria e alheia, sem depender de imposições externas. Portanto, a chamada à maturidade não é apenas uma exigência ética ou social, mas espiritual. Ser herdeiro em Cristo implica agir como filho consciente, assumir responsabilidades e viver de acordo com a liberdade e a herança que nos foram dadas. A maturidade não é opcional; é a expressão prática da fé que transforma vida e comunidade.

1. PALMA, Anthony D. The Spirit and the New Testament Believer. CPAD, 2010.

2. LOPES, Hernandes Dias. Gálatas: A carta da liberdade cristã. Hagnos, 2015.

CONCLUSÃO

Nesta lição, vimos que Paulo faz uma comparação entre o herdeiro criança e o herdeiro que já atingiu a maioridade e mostra a importância de se ter o zelo correto para com as coisas de Deus e as pessoas de Deus. Ele mostra o zelo espiritual que caracterizava o seu ministério, e que a maturidade tem suas responsabilidades, não sendo, portanto, compatível a uma pessoa madura agir como uma criança para com as coisas de Deus.

 Nesta lição, vimos que Paulo, ao comparar o herdeiro criança com o herdeiro que alcançou a maioridade, nos ensina verdades essenciais sobre maturidade espiritual, zelo e responsabilidade. O herdeiro criança, embora dono de tudo, não possui acesso à herança, assim como o cristão imaturo ainda não vive plenamente a liberdade e os benefícios de Cristo (Gl 4.1-3). Paulo mostra que a maturidade exige discernimento, inteligência espiritual e responsabilidade pelos próprios atos. Aprendemos também que nem todo zelo é fruto do Espírito. O zelo dos judaizantes era religioso e manipulativo, voltado à aparência e à influência, enquanto o zelo de Paulo era pastoral, espiritual e motivado pelo amor ao rebanho (Gl 4.17-18). A verdadeira maturidade se expressa em obediência à Palavra, cuidado com o próximo e liberdade guiada pelo Espírito Santo. Mesmo diante de fraqueza ou doença, Paulo demonstrava que o ministério eficaz não depende de força física, mas da graça de Deus agindo no coração e na vida daqueles que o recebem. Em suma, a lição de Paulo aos gálatas é clara: crescer em Cristo significa assumir responsabilidades, viver com discernimento e agir em amor, com zelo espiritual genuíno, nunca permitindo que práticas externas ou legalismos substituam a fé viva e madura. A maturidade não é opcional; é a expressão prática da herança em Cristo e do relacionamento íntimo com Deus. Não podemos encerrar essa lição, nem o capítulo 4 de Gálatas, sem extrair três aplicações práticas para nós e nossa classe:

1. Avalie seu próprio zelo: pergunte-se se suas ações na igreja e na vida espiritual refletem amor e cuidado pelos outros ou apenas cumprimento de regras e aparências.

2. Assuma responsabilidades espirituais compatíveis com sua maturidade: envolva-se ativamente no crescimento da igreja e no cuidado de irmãos mais novos na fé.

3. Cultive uma fé que não dependa de sua força ou perfeição, mas da graça de Deus, permitindo que Ele trabalhe em você e através de você, mesmo em momentos de fraqueza ou limitação.

Viva para a máxima glória do Nome do Senhor Jesus!

Meu ministério aqui é um chamado do coração: compartilhar o ensino da Palavra de Deus de forma livre e acessível, para que você, irmão ou irmã em Cristo, possa crescer na fé e no conhecimento das Escrituras, sem barreiras, com subsídios preparados por um Especialista em Exegese Bíblica do Novo Testamento.

       Todo o material que ofereço é fruto de oração, estudo e dedicação, e está disponível gratuitamente para que a luz do Evangelho alcance ainda mais vidas sedentas pela verdade. Porém, para que essa missão continue firme, preciso da sua ajuda.

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HORA DA REVISÃO

1. Segundo a lição, qual era a responsabilidade do aio?

Conduzir a criança até a escola e exercer sobre ela uma tutela, uma guarda.

2. Explique, segundo a lição, o que é a “plenitude dos tempos”.

O momento da história humana em que Deus interveio para transformar uma promessa em um fato consumado é chamado de “plenitude dos tempos”.

3. O que significa “remir”?

Remir é comprar novamente.

4. Qual é a nossa posição em Deus?

Somos filhos e herdeiros.

5. Toda demonstração de zelo é do Espírito?

Nem toda demonstração de zelo é do Espírito. É possível que haja na igreja pessoas que apresentam o que seria tido por um comportamento aceitável diante de Deus, mas sem o aval dEle.