Pb Francisco Barbosa (@Pbassis)
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TEXTO ÁUREO
“Porém,
respondendo Pedro e os apóstolos, disseram: Mais importa obedecer a Deus do que
aos homens.” (At 5.29).
UMA
EXEGÉSE DO TEXTO PRINCIPAL:
• Esse
versículo está inserido no contexto da segunda prisão dos apóstolos em
Jerusalém. Eles haviam sido proibidos pelo Sinédrio (o conselho religioso
judaico) de pregarem em nome de Jesus. Contudo, ao serem libertos
milagrosamente por um anjo (At 5.19-20), voltam a pregar ousadamente no templo.
Quando confrontados pelas autoridades, Pedro e os demais apóstolos pronunciam
essa declaração firme e teologicamente carregada: "Mais importa obedecer a
Deus do que aos homens." "ἀποκριθεὶς" (apokritheís) respondendo, Verbo aoristo passivo
de ἀποκρίνομαι, usado frequentemente como fórmula de resposta solene em discursos
no Novo Testamento. Denota mais que uma simples resposta: é uma resposta
formal, firme, com autoridade, como em um tribunal. "Πέτρος καὶ οἱ ἀπόστολοι" Pedro e os apóstolos, Pedro aparece como porta-voz, destacando
sua liderança entre os Doze. A conjunção καὶ mostra unidade
entre eles estavam todos em acordo com essa declaração ousada. "Πειθαρχεῖν" (peitharchein) obedecer, Derivado de πείθω
(convencer, persuadir) e ἀρχή (autoridade,
governo). Termo raro, usado apenas 4 vezes no NT (cf. At 27.21; Tt 3.1), indica
submissão voluntária à autoridade legítima. Aqui, denota que Deus é a
autoridade suprema à qual se deve total lealdade. "Θεῷ μᾶλλον ἢ ἀνθρώποις" a
Deus mais do que aos homens, μᾶλλον: adverbo de
comparação “mais, em maior grau”. ἢ: partícula comparativa
“do que”. Essa construção coloca Deus em posição de primazia absoluta em termos
de obediência, mesmo acima das autoridades humanas religiosas ou civis. Pedro e
os apóstolos não estão promovendo rebeldia política, mas estão estabelecendo a
hierarquia da obediência cristã: Quando a autoridade humana contraria a vontade
revelada de Deus, o cristão fiel deve obedecer a Deus, mesmo que isso custe sua
liberdade, reputação ou vida. Obediência a Deus não é opcional, mas imperativa,
mesmo sob pressão. Fidelidade pode custar caro, mas agradar a Deus tem valor
eterno. Coragem espiritual nasce da convicção de que Deus é soberano. Atos 5.29
é um grito de resistência da fé diante de sistemas que tentam silenciar a
verdade. É a espada da consciência cristã, apontando para o céu como fonte
suprema de autoridade. É a essência da Reforma, “Ecclesia reformata semper
reformanda est”, e o eco do próprio Cristo diante de Pilatos: “Tu não terias
autoridade alguma sobre mim, se de cima não te fosse dada” (Jo 19.11).
VERDADE PRÁTICA
Em relação à verdadeira Igreja
Cristã há duas verdades inegáveis:
1) a Igreja será perseguida;
2) Deus a protegerá.
ENTENDA
A VERDADE PRÁTICA:
• Em relação à
autêntica Igreja de Cristo, há duas verdades que o tempo jamais apagará, o
inferno jamais negará e o mundo jamais compreenderá:
- 1ª A Igreja Verdadeira Sempre Será Perseguida. Não por erro, mas por
fidelidade. Não por falhas, mas por santidade. Desde o primeiro mártir até os
confins da história, os que decidem carregar a cruz, proclamar a verdade e
viver piedosamente em Cristo Jesus sofrerão oposição (2Tm 3.12). A luz incomoda
as trevas. A voz profética perturba os tronos corrompidos. A Igreja fiel não
será celebrada pelo mundo; será insultada, pressionada, caluniada, aprisionada
e, em muitos lugares, sacrificada. Mas mesmo assim… ela não se cala.
- 2ª A Igreja Verdadeira Sempre Será Protegida por Deus. Não por muros, mas
por promessas. Não por força humana, mas pela fidelidade do Deus que vela por
Sua Noiva. Nenhuma arma forjada contra ela prosperará (Is 54.17). Nenhum
decreto das trevas poderá sufocar o sopro do Espírito, porque quem guarda a
Igreja não dorme (Sl 121.4). O Senhor dos Exércitos está no meio dela. Ele é o
seu escudo, sua torre forte, sua justiça e sua retaguarda. A perseguição é
certa, a proteção é garantida. A vitória é eterna, a verdadeira Igreja pode até
ser esmagada, mas nunca destruída. Pode ser provada, mas jamais vencida. Porque
ela não pertence a este mundo, ela pertence a Cristo, e Ele jamais a abandonará.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Atos 5.25-32; 12.1-5.
Atos 5
25. E, chegando um,
anunciou-lhes, dizendo: Eis que os homens que encerrastes na prisão estão no
templo e ensinam ao povo.
• Comentário
de J. R. Lumby: Os procedimentos eram evidentemente bem conhecidos, e a sala do
julgamento não estava longe de onde os apóstolos estavam ensinando naquele
momento. estão no Templo, e ensinam ao povo. A ordem do original deve
ser preservada: estão no templo em pé, etc., pois as palavras remetem ao
comando do anjo em Atos 5:20. Esta posição implica a posição proeminente e
destemida que os apóstolos haviam assumido. Eles não eram como prisioneiros que
haviam fugido, e por isso procuravam um lugar para se esconder; mas como homens
cujo trabalho sofreu interferência e que, assim que puderam, voltaram a ele
novamente. [Lumby, aguardando revisão]
26. Então, foi o capitão com os
servidores e os trouxe, não com violência (porque temiam ser apedrejados pelo
povo).
• Comentário
de David Brown: mas não com violência, porque temiam… – endurecidos
eclesiásticos, todos sem serem atingidos pelos sinais miraculosos da presença
de Deus com os apóstolos, e o medo da multidão apenas diante de seus olhos!
[Jamieson; Fausset; Brown, aguardando revisão]
27. E, trazendo-os, os
apresentaram ao conselho. E o sumo sacerdote os interrogou, dizendo:
• Comentário
de J. A. Alexander: E quando os trouxeram, apresentaram-nos ao supremo conselho, ou
seja, no lugar de sua assembleia (veja acima, em Atos 4:15), ou ainda mais
naturalmente, no meio (veja acima, em Atos 4:7), ou na presença do próprio
Sinédrio. O Sumo Sacerdote preside a assembleia e conduz o exame judicial, como
fez depois no caso de Estêvão e de Paulo. (Veja acima, em Atos 4:5, e abaixo,
em Atos 7:1; Atos 23:2-3.) Esta autoridade não era derivada do Sinédrio, mas
inerente ao ofício de Sumo Sacerdote, em quem estava concentrado e resumiu a
representação, não apenas da família de Arão e da tribo de Levi, mas de Israel
como um todo, e através dele de todos os eleitos de Deus, ou a igreja
invisível, da qual o povo escolhido era o tipo e representante; enquanto, por
outro lado, ele prefigurava o Messias. Esta representação oficial, tanto do
Corpo como da Cabeça, fez o Sumo Sacerdote em todos os tempos, mas
particularmente quando os ofícios reais e proféticos estavam suspensos, o chefe
visível da teocracia, intitulado, não por escolha popular, mas por direito
divino, presidir em suas assembleias mais dignas. [Alexander, aguardando
revisão]
28. Não vos admoestamos nós
expressamente que não ensinásseis nesse nome? E eis que enchestes Jerusalém
dessa vossa doutrina e quereis lançar sobre nós o sangue desse homem.
• doutrina.
O evangelho de Jesus Cristo (Veja notas em 2. 1-1-10; 4.12-13). sobre nós 0
sangue desse homem. Aparentemente o Sinédrio havia esquecido a impetuosa
afirmação feita pelos que o apoiavam perante Pilatos. 0u seja, que a
responsabilidade pela morte de Jesus devia cair sobre eles e seus filhos (Mt
27.25). [MacArthur]
29. Porém, respondendo Pedro e
os apóstolos, disseram: Mais importa obedecer a Deus do que aos homens.
• Antes,
importa obedecer a Deus do que aos homens. Os cristãos devem obedecer
às autoridades governamentais (Rm 13.1-7; 1Pe 2.13-17), mas quando decretos
governamentais são claramente contrários à palavra de Deus, Deus deve ser
obedecido (cf. Êx 1.15-17; Dn 6:4-10). [MacArthur]
30. O Deus de nossos pais
ressuscitou a Jesus, ao qual vós matastes, suspendendo-o no madeiro.
• pendurando-o
num madeiro. Cf. Dt 21.23; Gl 3.13. [MacArthur]
31. Deus, com a sua destra, o
elevou a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e remissão dos
pecados.
• Deus
com sua destra o exaltou. Veja 1.9; Mc 16.19; Fp 2.9-11. Príncipe.
A confiante e determinada declaração de Pedro (cf. ICo 15.3-7) foi uma defesa
clara da ressurreição de Cristo, bem como unia evidência adicional dela. A
afirmação de Pedro foi inegável; os judeus nunca apresentaram nenhuma
evidência, tal como o cadáver de Jesus, para desmentir a sua ressurreição. a
Israel o arrependimento. Salvação para os judeus. Salvação requer
arrependimento (cf. 2.38; 3.19; 17.30; 20.21; 26.20). Para a natureza do
arrependimento, veja 2C.o 7.9-12). [MacArthur]
32. E nós somos testemunhas acerca
destas palavras, nós e também o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe
obedecem.
• bem
assim o Espírito Santo. Cada crente recebe o Espírito Santo no momento
cm que é salvo ao obedecerão evangelho (cf. Rm 8.9; ICo 6. 19-20). [MacArthur]
Atos 12
1. Por aquele mesmo tempo, o
rei Herodes estendeu as mãos sobre alguns da igreja para os maltratar;
• rei
Herodes. Herodes Agripa I reinou de 37-44 d.C. e era neto de Herodes, o
Grande. Ele contraiu grandes dívidas em Roma e fugiu para a Palestina. Preso
pelo imperador Tibério depois de alguns comentários levianos,-finalmente foi
liberto depois da morte de Tibério e elevado ao governo do norte da Palestina,
sendo-lhe acrescentadas a Judeia e Samaria em 41 d.C. Para proteger-se por
causa do seu frágil relacionamento com Roma. ele procurou o favor dos judeus
por meio do apoio à perseguição dos cristãos. [MacArthur]
2. e matou à espada Tiago,
irmão de João.
• Tiago.
O primeiro dos apóstolos a sofrer martírio. a fio de espada. A
maneira como foi executado indica que Tiago fora acusado de liderar pessoas a
seguir falsos deuses (cf. Dt 13.12-15). [MacArthur]
3. E, vendo que isso agradara
aos judeus, continuou, mandando prender também a Pedro. E eram os dias dos
asmos.
• dias
dos pães asmos. A festa de uma semana de duração logo depois da Páscoa (Êx
23.14-19; Mt 26.17). [MacArthur]
4. E, havendo-o prendido, o
encerrou na prisão, entregando-o a quatro quaternos de soldados, para que o
guardassem, querendo apresentá-lo ao povo depois da Páscoa.
• quatro
escoltas. Cada escolta continha quatro soldados que se revezavam na
guarda de Pedro. Durante todo o tempo dois guardas permaneciam acorrentados ao
apóstolo na cela, enquanto os outros dois guardavam a porta no lado de fora (v.
6). [MacArthur]
5. Pedro, pois, era guardado na
prisão; mas a igreja fazia contínua oração por ele a Deus.
• Então
Pedro era mantido na prisão, até que a festa terminasse; pouco
imaginando que o fim de Herodes estava mais próximo do que o de Pedro (como
Hackett bem observa). mas a igreja fazia fervorosa oração,
“contínua oração” (ACF). a igreja, não em uma assembleia
pública, porque evidentemente não era seguro se reunir dessa forma, mas em
pequenos grupos em casas particulares, uma das quais era a de Maria (Atos
12:12). E isso foi mantido durante todos os sete dias dos pães sem fermento. a
Deus por ele, sem dúvida, oravam por sua libertação. [Jamieson;
Fausset; Brown, 1866]
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INTRODUÇÃO
Desde o seu início, a Igreja enfrenta
oposição e perseguição. Por sua própria natureza, a fé cristã atrai sobre si a
rejeição e a perseguição. Isso porque a fé cristã, por defender princípios
exclusivos, muitas vezes se choca com os valores seculares e mundanos. Foi
assim no primeiro século e é assim ainda hoje. Contudo, devemos destacar que a
igreja não está sozinha nem abandonada no mundo. Deus é o seu dono e, portanto,
o seu protetor. Vemos ao longo da história da Igreja o Senhor agindo de
diferentes formas para dar livramento e vitória a seu povo. Assim, nesta lição,
veremos como Deus faz isso capacitando e empoderando o seu povo para viver no
meio de um mundo hostil.
• Desde
os primeiros dias da Igreja, a verdade sempre teve um preço. Viver a fé cristã genuinamente,
com base nos valores do Reino de Deus, significa bater de frente com os
sistemas deste mundo, sistemas muitas vezes encharcados de falsidade, vaidade e
manipulação. A fidelidade à verdade do Evangelho incomoda. E não por acaso.
Jesus já havia advertido: “Se
o mundo os odeia, saibam que antes me odiou” (Jo 15.18, NVI). Desde
Atos 2, vemos que a Igreja nasceu em ambiente de confronto, marcada por
oposição externa e, como o capítulo 5 demonstra, por perigos internos, entre
eles, a mentira travestida de espiritualidade.
Palavra-Chave:
PERSEGUIÇÃO
• Perseguição
é a oposição ou sofrimento enfrentado por aqueles que seguem fielmente a Deus,
especialmente por causa de sua fé, obediência à verdade e testemunho do
Evangelho. Trata-se de uma realidade inevitável para os que vivem piedosamente
em Cristo (2Tm 3.12). Em Atos 5.17-18, os apóstolos são presos pelos líderes
religiosos porque estavam pregando sobre Jesus e realizando sinais entre o
povo. Essa perseguição não foi apenas contra eles, mas contra a verdade que
anunciavam. Ainda assim, permaneceram firmes, dizendo: “Antes, importa obedecer
a Deus do que aos homens” (At 5.29). A perseguição, portanto, é um selo da
fidelidade cristã e, paradoxalmente, um meio pelo qual o Evangelho avança.
I. A IGREJA PERSEGUIDA
1. Os perseguidores. Na
Bíblia, vemos que as autoridades religiosas da época dos apóstolos começaram a
se opor à Igreja (At 5.17,24). Atos 5 menciona três grupos: os sacerdotes, os
saduceus e o capitão do templo. Os saduceus eram um grupo muito influente, com
grande poder político e religioso. Eles tinham o apoio dos sacerdotes e dos
anciãos, e, dentro dessas classes religiosas, eram os mais poderosos. Esse
grupo já havia tentado atrapalhar o ministério de Jesus várias vezes, criando
dificuldades sempre que podiam (Lc 20.27-40). Os anciãos eram líderes judaicos
influentes, representando tanto aspectos religiosos quanto políticos, mas sem
exercer funções sacerdotais no Templo. Já o capitão do Templo, mencionado
também em Atos 4.1, era um sacerdote de nível inferior, mas que tinha
autoridade policial dentro do Templo. Esses grupos, cada um com sua influência,
viram a Igreja como uma ameaça e fizeram de tudo para impedir a pregação do
Evangelho.
• Desde
os primeiros capítulos de Atos, a Igreja de Cristo nasce e cresce em meio à
pressão. Mas não por acaso. Ela carrega dentro de si uma mensagem que incomoda,
não por ser violenta ou política, mas por ser verdadeira, santa e exclusiva.
Quando o Evangelho é pregado com clareza e poder, ele naturalmente entra em
rota de colisão com os sistemas religiosos e sociais que resistem à luz. Foi
exatamente isso que aconteceu em Jerusalém: líderes religiosos, ao verem o
crescimento da Igreja e o impacto da mensagem apostólica, sentiram-se ameaçados
e começaram a reagir com hostilidade. Atos 5.17-18 revela que os principais
opositores foram os sacerdotes, os saduceus e o capitão do templo. Os saduceus,
que dominavam o Sinédrio, formavam uma elite religiosa racionalista, negando
doutrinas como a ressurreição e a existência de anjos (cf. At 23.8). Sua
preocupação não era tanto espiritual, mas política: temiam que a mensagem
cristã desestabilizasse a ordem estabelecida com Roma. O texto usa o termo
grego ζῆλος (zēlos), traduzido como
"inveja" ou "ciúmes" (At 5.17), para descrever a motivação
deles, um zelo doentio pela própria autoridade, que os cegava para a ação de
Deus no meio do povo. Já o capitão do templo, embora fosse uma autoridade de
menor escalão sacerdotal, tinha grande responsabilidade sobre a ordem e disciplina
no pátio sagrado. Seu envolvimento mostra que a oposição não era apenas
ideológica, mas organizada e institucional. O Comentário Bíblico Pentecostal
destaca que essa reação dos líderes religiosos “não visava apenas conter um
movimento, mas preservar o controle sobre o povo e impedir que a verdade
ganhasse terreno”¹. A perseguição à Igreja, portanto, não é fruto do acaso. É
uma resposta ao avanço da verdade em um mundo dominado pela mentira. É
interessante notar que esses mesmos grupos já haviam se levantado contra Jesus
(Lc 20.27-40). A perseguição à Igreja não é novidade; é continuação da
resistência ao próprio Cristo. Craig Keener observa que “os primeiros cristãos
estavam conscientes de que seguir Jesus significava participar de seu
sofrimento e enfrentamento com as autoridades”². Isso se torna evidente em Atos
12.1-5, quando Herodes manda matar Tiago e prender Pedro, buscando agradar os
judeus influentes. O que está em jogo aqui não é apenas a segurança dos
discípulos, mas a continuidade da missão da Igreja em um ambiente hostil. A
pergunta que precisamos fazer hoje é simples e profunda: nossa Igreja local
está preparada para enfrentar perseguições? Ainda nos vemos como uma Igreja
triunfante, mas também como uma Igreja resistente? Não se trata de buscar
conflitos, mas de não recuar diante deles. Uma Igreja que teme a perseguição
acaba moldando sua mensagem para agradar, não para transformar. Precisamos de
uma fé que não negocia princípios, ainda que isso nos custe status, posição ou
segurança. Como disse Antônio Gilberto: “a Igreja que perde o temor de Deus,
logo temerá os homens”³. Que o Senhor nos dê ousadia para permanecer
fiéis, não importa o preço.
1.
ARRINGTON,
French L.; STRONSTAD, Roger (org.). Comentário
Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
2.
KEENER,
Craig S. Comentário
Bíblico do Novo Testamento: Vol. 1 – Evangelhos e Atos. São Paulo:
Vida Nova, 2014.
3.
GILBERTO,
Antônio. Manual da
Escola Dominical. Rio de Janeiro: CPAD, 1998.
2. Esferas da perseguição. A
perseguição dos judeus aos cristãos se dava em duas esferas: a religiosa, por
verem a mensagem de Cristo como ameaça; e política, os romanos procuravam
aumentar o capital político com os judeus.
a) Na esfera religiosa.
Lucas registra que os religiosos judeus prenderam os apóstolos (At 5.17,18). À
medida que os cristãos testemunhavam da sua fé com poder, ganhavam mais e mais
admiração popular (At 2.47). Muitos já havia aceitado a fé (At 4.4). Esse
número continuava crescendo (At 5.14). A inveja, portanto, provocou a ira desses
líderes. Enquanto a Igreja crescia, o velho judaísmo farisaico regredia.
b) Na esfera política.
Em Atos 12.1-5, vemos que a perseguição se dá na esfera estatal e é de natureza
mais política, na esfera pública. Ali, o rei Herodes, um dos governantes que
representava o império Romano na Judeia, mandou executar Tiago e prender o
apóstolo Pedro. Sabendo que Pedro era um líder de destaque entre os apóstolos,
queria com isso aumentar o seu capital político perante os judeus que se
opunham à Igreja (At 12.3).
• A
perseguição contra a Igreja nunca foi aleatória. Desde os seus primeiros passos
em Jerusalém, o avanço do Evangelho provocou reações intensas de grupos que se
sentiram ameaçados. E essas reações vieram de duas frentes distintas: a esfera
religiosa, que se via confrontada pela verdade do Cristo ressurreto; e a esfera
política, que buscava manter controle e agradar interesses humanos. A
fidelidade dos cristãos ao Senhor Jesus os colocou diretamente no centro do
conflito entre o Reino de Deus e os reinos deste mundo. Não se tratava apenas
de oposição à fé, mas de uma tentativa estratégica de silenciar a mensagem e
impedir a expansão do Reino. Na esfera religiosa, Lucas relata em Atos 5.17-18
que os apóstolos foram presos por ordem dos principais líderes judaicos. O
verbo grego usado para descrever esse sentimento é ζῆλος (zēlos), traduzido como
"inveja" ou "ciúmes". A hostilidade não foi motivada por
simples desacordo doutrinário, mas por um zelo egoísta e corrompido pelo
orgulho. Enquanto os seguidores de Jesus testemunhavam com poder e viam
multidões se renderem ao Evangelho (At 2.47; 4.4; 5.14), os defensores do
judaísmo tradicional se ressentiam ao ver sua influência desvanecer. Como bem
destaca o Comentário Pentecostal: "a religião institucionalizada percebeu
que o mover do Espírito tirava dela o controle sobre o povo"¹. O
crescimento da Igreja expôs a fragilidade de uma fé que havia se tornado apenas
tradição, sem vida. Já no campo político, a perseguição assume outra
configuração. Atos 12.1-5 descreve Herodes Agripa I, representante direto do
poder romano na Judeia, agindo contra a liderança cristã. Ele manda matar Tiago
e prender Pedro não por convicções pessoais, mas para agradar aos judeus que se
opunham ao movimento cristão. O texto é claro: "vendo que isso agradava aos
judeus..." (At 12.3). Aqui, o Evangelho é sufocado não por
motivos teológicos, mas por conveniências políticas. Herodes usa a perseguição
como moeda de troca, buscando prestígio entre as lideranças religiosas locais.
Craig Keener afirma que "a perseguição política à Igreja, embora
superficialmente motivada por questões de ordem pública, revela a tensão
profunda entre o governo humano e a autoridade do Reino de Deus"². É
importante notar como essas duas esferas, embora distintas, se entrelaçam para
sufocar a verdade. Quando a religião se acomoda ao poder político e o poder
político manipula a religião, forma-se um ambiente hostil para qualquer
comunidade que deseje viver segundo a Palavra. O povo de Deus, ao escolher ser
fiel ao Evangelho, inevitavelmente confrontará sistemas que se alimentam de
controle, aparência e autopreservação. Como bem alertou o pastor Antônio
Gilberto: "a Igreja que cresce espiritualmente será sempre uma ameaça ao
sistema carnal do mundo e da religião sem vida"³. Diante disso, somos chamados a
uma avaliação honesta: temos coragem de ser essa Igreja? Ou preferimos o
silêncio confortável que nos mantém em paz com os sistemas ao nosso redor? A
perseguição não é um sinal de fracasso, mas de fidelidade. Ela revela que a luz
ainda incomoda as trevas. Que sejamos encontrados firmes, como Pedro e os
apóstolos, que diante da ameaça declararam: "Antes,
importa obedecer a Deus do que aos homens" (At 5.29). Que
nossas igrejas sejam refúgios da verdade, mesmo que isso nos custe a aprovação
de muitos.
1.
ARRINGTON,
French L.; STRONSTAD, Roger (org.). Comentário
Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
2.
KEENER,
Craig S. Comentário
Bíblico do Novo Testamento: Vol. 1 – Evangelhos e Atos. São Paulo:
Vida Nova, 2014.
3.
GILBERTO,
Antônio. Manual da
Escola Dominical. Rio de Janeiro: CPAD, 1998.
3. A Igreja enfrentará oposição. A
Igreja sempre enfrentará opositores, de um jeito ou de outro. Isso acontece
porque o Cristianismo Bíblico, por sua natureza, acolhe a todos, mas também
estabelece princípios para quem deseja segui-lo. Por isso, muitas vezes, é
visto como antiquado, preconceituoso e indesejado. A perseguição pode mudar
conforme o tempo e o lugar, mas seu objetivo continua o mesmo: silenciar a voz
da Igreja.
• Desde
os dias da Igreja primitiva, seguir a Cristo de forma autêntica sempre implicou
em resistência. A oposição ao povo de Deus não é acidental nem circunstancial.
É uma resposta direta ao poder transformador do Evangelho, que confronta
sistemas, valores e pecados enraizados. Em Atos 5.29, Pedro deixa claro o
princípio que move os cristãos perseguidos: “Antes, importa obedecer a Deus do
que aos homens”. Essa obediência, no entanto, custará algo, e muitas vezes,
custará tudo. O verdadeiro cristianismo não negocia seus fundamentos para se
tornar aceitável à cultura. Ele acolhe a todos, mas exige conversão; proclama
graça, mas exige arrependimento. E é justamente essa tensão que provoca
incômodo em corações não regenerados. O termo usado para “perseguir” no Novo
Testamento, διώκω
(diōkō),
traz a ideia de “caçar com intensidade”, “perseguir com hostilidade”. Não se
trata de simples desagrado, mas de uma perseguição ativa que visa sufocar a
presença e a voz da Igreja. É o cumprimento inevitável da palavra de Paulo: “E
também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão
perseguições” (2Tm 3.12). Essa hostilidade, como bem explica Craig Keener, “não
é apenas um reflexo da maldade humana, mas uma evidência da batalha espiritual
entre a luz do Reino e as trevas do mundo”¹. A perseguição assume muitas formas: prisão,
exclusão social, assassinato, ou mesmo o desprezo sutil que tenta empurrar a
Igreja para as margens da sociedade. E ainda que seus métodos mudem conforme o
tempo e a cultura, o propósito permanece o mesmo: silenciar a voz profética que
insiste em dizer a verdade, mesmo quando ela incomoda. A pergunta que
precisamos nos fazer é direta: estamos prontos para essa realidade? Muitos
querem uma fé confortável, sem confrontos, mas a Palavra de Deus nos lembra que
o discipulado genuíno é marcado por renúncia, fidelidade e, sim, perseguição.
Como bem afirmou Antônio Gilberto, “a Igreja verdadeira é um corpo vivo que caminha
na contramão do mundo; logo, será inevitavelmente atacada por ele”². Em um
tempo onde se busca aceitação a qualquer custo, precisamos ensinar que seguir a
Cristo exige coragem, convicção e firmeza. É hora de avaliarmos nossas
comunidades locais. Temos preparado nossos irmãos, e especialmente os jovens,
para resistirem às pressões e permanecerem fiéis, mesmo quando isso nos tornar
impopulares? A perseguição, longe de ser um fracasso da Igreja, é um selo de
sua autenticidade. Que sejamos encontrados dignos de sofrer por causa do nome
que carregamos. E que, em vez de temer a perseguição, sejamos como os apóstolos
que se alegravam por terem sido considerados dignos de sofrer afronta por amor
a Jesus (At 5.41).
1.
KEENER,
Craig S. Comentário
Bíblico do Novo Testamento: Vol. 1 – Evangelhos e Atos. São Paulo:
Vida Nova, 2014.
2.
GILBERTO,
Antônio. Manual da
Escola Dominical. Rio de Janeiro: CPAD, 1998.
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SINOPSE I
A igreja primitiva enfrentou
perseguição e oposição, tanto na esfera religiosa quanto na esfera política.
AUXÍLIO
BÍBLICO—TEOLÓGICO
A PERSEGUIÇÃO POLÍTICA
“A perseguição à Igreja teve início
quase que imediatamente depois de Pentecostes. Pedro tinha curado um homem coxo
junto à porta Formosa do Templo, e uma grande multidão tinha testemunhado os
resultados. Quando aquele que tinha operado o milagre aproveitou a multidão
reunida para pregar a respeito de Jesus, os sacerdotes do Templo o levaram
preso (cap. 4). Libertado, em breve ele foi aprisionado novamente, com outros
apóstolos (cap. 5). Estêvão foi a próxima vítima, só que desta vez houve uma
morte (cap. 7). Este martírio deu início a uma onda violenta de perseguições
aos crentes de Jerusalém (cap. 8). Saulo tentou levar a sua perseguição à
igreja que estava em outros lugares, mas ele mesmo se tornou um prisioneiro do
Senhor na estrada para Damasco.” (Comentário Bíblico Beacon: João
e Atos. Volume 7. Rio de Janeiro: CPAD, 2024, p.292).
AMPLIANDO O
CONHECIMENTO
“CONTÍNUA ORAÇÃO.
Os crentes do Novo Testamento
respondiam às oposições e às perseguições com intensas orações. A situação
parecia impossível: Tiago já havia morrido, e Herodes tinha Pedro sob a
custódia de dezesseis soldados. No entanto, a igreja vivia com a absoluta
certeza de que ‘a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos’ (Tg
5.16), e eles oravam intensamente e persistentemente pela situação de Pedro. A
oração deles logo foi respondida (vv.6-17; veja o artigo A ORAÇÃO EFICAZ,
p.600).” Amplie mais o seu conhecimento, lendo Bíblia de Estudo
Pentecostal — Edição Global, edita pela CPAD, p.1964.
II. A IGREJA PROTEGIDA
1. Um anjo de Deus. Lucas
destaca que em meio à perseguição, Deus provê livramento para os apóstolos (At
5.19). A igreja não era apenas perseguida, mas também protegida! Aqui a igreja
contou com a presença de anjos, seres de natureza totalmente sobrenatural. Não
é incomum a presença de anjos no Livro de Atos. Eles estiveram presentes na
libertação de Pedro da prisão (At 12.7); com Filipe em sua missão evangelística
(At 8.26); em missão na casa do centurião romano, Cornélio (At 10.3) e com o
apóstolo Paulo em alto-mar (At 27.23,24). A Bíblia diz que eles estão a serviço
daqueles que vão herdar a salvação (Hb 1.14).
• Perseguição
e proteção caminham lado a lado na história da Igreja. O mesmo Deus que permite
que seus servos enfrentem prisões e açoites também intervém soberanamente para
livrá-los quando assim Lhe apraz. Em Atos 5.19, vemos um exemplo notável disso:
um anjo do Senhor, de forma inesperada e sobrenatural, abre as portas da prisão
e conduz os apóstolos de volta à missão. Esse detalhe não é decorativo. É
teologia pura: o Reino de Deus não é refém das estruturas humanas. Quando os
homens tentam calar a Igreja, o céu responde com libertação. Lucas não registra
esse episódio como algo isolado, mas como parte de um padrão divino. Ao longo
de Atos, os anjos aparecem como mensageiros e agentes do agir sobrenatural de
Deus em momentos cruciais da missão cristã. Em Atos 12.7, novamente um anjo
liberta Pedro, enquanto a igreja intercede. Em Atos 8.26, um anjo orienta
Filipe para alcançar o eunuco etíope. Em Atos 10.3, é um anjo que prepara
Cornélio para receber o evangelho. E em Atos 27.23-24, o próprio Paulo é
confortado no meio da tempestade por uma visita angelical. Não são fantasias
espirituais; são ações concretas do Deus que age na história. O autor de
Hebreus nos lembra que os anjos são “espíritos ministradores, enviados para
servir a favor dos que hão de herdar a salvação” (Hb 1.14). O verbo grego usado
aqui, λειτουργικὰ πνεύματα (leitourgika pneumata), indica seres
celestiais dedicados ao serviço litúrgico divino, mas em favor dos santos. Isso
nos mostra que o socorro celestial não é exceção, mas expressão do cuidado
contínuo de Deus com seu povo. O Comentário Bíblico Pentecostal reforça que
"a atuação angelical no Novo Testamento confirma a continuidade do
envolvimento sobrenatural de Deus na obra da Igreja"¹. É fundamental perceber que Deus
não livra sempre da mesma forma. Às vezes, Ele livra; outras vezes, sustenta no
sofrimento. Tiago foi morto por Herodes, enquanto Pedro foi liberto (At
12.1-7). Isso não é sinal de preferência, mas de soberania. Como afirmou
Antônio Gilberto, “a Igreja é protegida, mas não blindada do sofrimento. Deus a
sustenta com livramentos quando estes servem a um propósito maior”². Cada
livramento, cada milagre, cada manifestação angelical tem um fim: que o
evangelho continue sendo proclamado. Precisamos ensinar nossas igrejas a
viverem com essa confiança madura. A presença de Deus não significa ausência de
dor, mas certeza de que Ele está conosco em todas as circunstâncias. Ele ainda
envia seus anjos. Ainda abre portas. Ainda protege sua Igreja. Mas acima de
tudo, Ele cumpre Seus propósitos eternos por meio dela. Que cada crente saiba
disso: não estamos sozinhos na missão. O céu está em movimento, e Deus continua
agindo.
1.
ARRINGTON,
French L.; STRONSTAD, Roger (org.). Comentário
Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
2.
GILBERTO,
Antônio. Manual da
Escola Dominical. Rio de Janeiro: CPAD, 1998.
2. A intercessão da Igreja. Atos
12.5 diz que a Igreja “fazia contínua oração” por Pedro. O mesmo texto bíblico
que mostra um anjo no cenário da libertação de Pedro também revela a Igreja
como um agente ativo nessa libertação. Não teria sentido Lucas destacar o papel
da Igreja intercedendo por Pedro se isso não tivesse nenhuma relevância. É
evidente que Deus é soberano e age como quer e quando quer. A morte de Tiago,
irmão de João, é mencionada anteriormente e não temos uma explicação no texto
bíblico do porquê Tiago não foi libertado (At 12.2). Contudo, esse evento
certamente causou um impacto na Igreja, levando-a a orar ainda mais
fervorosamente por Pedro. Deus respondeu à oração da igreja e libertou Pedro.
• Quando
a Igreja ora, o céu se move. Em Atos 12.5, lemos que “a Igreja fazia contínua
oração por ele a Deus”. Esse versículo simples, mas carregado de peso
espiritual, revela uma comunidade de fé profundamente abalada pela morte de
Tiago, agora se lançando em súplica por Pedro. A palavra grega usada para
"contínua" é ektenōs
(ἐκτενῶς),
que carrega a ideia de algo intenso, estendido ao máximo, como um músculo sendo esticado até seu limite. Não era uma oração ocasional ou ritualística, mas uma intercessão
fervorosa, persistente, nascida da dor e impulsionada pela fé. É curioso notar
que o mesmo capítulo que narra a morte trágica de um apóstolo nos mostra a
libertação milagrosa de outro. Tiago é morto pela espada; Pedro é libertado da
prisão por um anjo do Senhor. Por que Deus livra um e permite a morte do outro?
O texto não responde diretamente. E isso nos ensina que soberania divina não se
explica, se reverencia. O silêncio de Lucas sobre Tiago não é omissão
teológica, mas convite à confiança. Como afirma Gordon Fee, “em Atos, a oração
da Igreja e a soberania de Deus caminham juntas, sem conflito”¹. Mesmo
sem compreender plenamente os desígnios divinos, a Igreja continuou a orar. E
foi essa oração que Deus escolheu ouvir e usar como instrumento no livramento
de Pedro. A narrativa nos mostra que o milagre não veio porque Pedro era mais
importante, mas porque a Igreja compreendeu que, em tempos de crise, seu papel
não é tentar entender tudo, mas se colocar de joelhos. Craig Keener observa que
Lucas intencionalmente conecta a oração fervorosa com a resposta celestial para
afirmar a importância da intercessão como parte ativa da missão da Igreja². O
impacto dessa realidade é profundo para nós hoje. Nossas igrejas, muitas vezes,
estão mais engajadas em reuniões administrativas do que em reuniões de oração.
Que tipo de livramentos, intervenções e despertamentos estamos deixando de
experimentar por negligenciar esse ministério silencioso, mas poderoso? Como
bem disse Antônio Gilberto, “a oração da Igreja não muda a vontade de Deus, mas
conecta a Igreja ao seu agir”³. Portanto, ao olharmos para Atos 12, não vejamos
apenas um milagre extraordinário. Vejamos um chamado: a Igreja que ora é a
Igreja que coopera com Deus na execução de Seus planos. Pastores, professores e
alunos, retomemos o altar da intercessão. O mesmo Deus que enviou um anjo à
cela de Pedro ainda responde à voz do Seu povo hoje. A chave que abriu aquela
prisão foi forjada na oração da Igreja.
1.
FEE,
Gordon D. Paulo, o
Espírito e o Povo de Deus. São Paulo: Editora Vida, 2000.
2.
KEENER,
Craig S. Acts: An
Exegetical Commentary, Vol. 2. Grand Rapids: Baker Academic, 2013.
3.
GILBERTO,
Antônio. Manual da
Escola Dominical. Rio de Janeiro: CPAD, 1998.
3. O valor da oração. Essa
passagem bíblica, assim como muitas outras, mostra o grande valor da oração.
Enquanto os cristãos oravam, o lugar em que estavam tremeu (At 4.31); quando
Paulo orava, teve uma visão com Ananias de Damasco orando pela cura dele (At
9.11,12); enquanto Cornélio orava, um anjo se apresentou a ele (At 10.3) e os
apóstolos oravam para que os cristãos fossem batizados no Espírito Santo (At
8.15). Não podemos subestimar o poder da oração. A conhecida frase “muita
oração, muito poder; pouca oração pouco poder” ainda continua atual.
• Se
quisermos compreender a força propulsora por trás da Igreja primitiva, não
podemos ignorar o papel central da oração. Ela não era uma atividade
periférica, nem um ritual ocasional. Era o pulmão espiritual daquela
comunidade. Em Atos, vemos o povo de Deus se lançando em oração e, como
resposta, o céu se movimenta. Não se trata de coincidência litúrgica, mas de um
padrão teológico. Quando a Igreja ora, ela se alinha com a vontade soberana de
Deus e participa ativamente do cumprimento de seus propósitos redentores. Observe
como Lucas, com intencionalidade teológica, narra os efeitos da oração em
momentos decisivos. Em Atos 4.31, ao final de uma oração unida e cheia de
ousadia, o local onde estavam reunidos tremeu,
sinal visível de aprovação divina e presença manifesta do Espírito. A palavra
grega usada aqui para "tremeu" é esaleuthē
(ἐσαλεύθη), indicando não um mero abalo físico, mas uma intervenção poderosa do Senhor. Já em Atos 9.11-12, Paulo,
ainda recém-convertido,
ora e enquanto isso, Deus já
havia revelado a Ananias que ele seria instrumento de cura e restauração. Note:
a oração de Paulo e a visão de Ananias ocorrem simultaneamente. O mesmo padrão
se repete com Cornélio, em Atos 10.3. Sua oração contínua (grego: proseuchomenos,
orando com frequência) atrai a visita de um anjo e dá início à inclusão dos
gentios no plano de salvação. Não estamos lidando com um “acessório
devocional”, mas com um meio divinamente ordenado de atuação da Igreja na
história. O Comentário Bíblico Pentecostal destaca que, em Atos, “a oração é a
corda invisível que puxa a realidade celestial para dentro da realidade humana”¹. É por
isso que, em Atos 8.15, Pedro e João oram para que os novos crentes recebam o
Espírito Santo. A oração, aqui, não é mera intercessão; é uma cooperação ativa
com o mover do Espírito, que respeita e responde à fé da comunidade. Diante
disso, é impossível tratar a oração como algo secundário na vida cristã. A
frase popular “muita oração, muito poder; pouca oração, pouco poder” pode soar
simples, mas carrega um princípio profundamente bíblico. O pastor Antônio
Gilberto reforça que “a oração é o motor que impulsiona a Igreja rumo ao
cumprimento do propósito divino. Onde não há oração, o Espírito é entristecido,
e a Igreja se torna estéril”². Não é por acaso que a Igreja que impactou o
mundo no primeiro século era, antes de tudo, uma Igreja de oração. A reflexão
que isso nos impõe é séria e urgente. Será que nossas comunidades locais ainda
creem na eficácia da oração? Ou será que nos tornamos “estrategistas” mais do
que intercessores? A ausência de avivamento, de conversões genuínas e de
direção clara pode estar diretamente relacionada à nossa negligência no lugar
secreto. O texto bíblico é claro: Deus age enquanto seu povo ora. A pergunta é:
ainda somos esse povo?
1.
ARRINGTON,
French L.; STRONSTAD, Roger (org.). Comentário
Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
2.
GILBERTO,
Antônio. Manual da
Escola Dominical. Rio de Janeiro: CPAD, 1998.
SINOPSE II
Mesmo em meio à perseguição, Deus
manifestou seu poder de proteção.
AUXÍLIO
BÍBLICO—TEOLÓGICO
UMA AÇÃO SOBRENATURAL
“Cedo de manhã, Caifás e seus
companheiros convocam uma reunião geral do Sinédrio. Os guardas de templo são
enviados para trazer os prisioneiros, mas eles encontram a prisão vazia (v.22);
todos os doze desapareceram. Quando as autoridades ficam sabendo do
desaparecimento dos apóstolos se afligem e se sentem indefesas, não sabendo ‘do
que viria a ser aquilo’ (v.24); eles não sabem o que fazer ou dizer. Alguns,
como Gamaliel (cf. At 5.34-40), pode ter considerado que o sobrenatural estava
em ação, sobretudo visto que milagres tinham sido feitos pelas mãos dos
apóstolos. Mais tarde, um mensageiro os informa que os apóstolos estão no
templo. Como o anjo tinha instruído, eles estão falando ao povo ‘as palavras
desta vida’ de salvação provida em Jesus Cristo.” (Comentário Bíblico Pentecostal
Novo Testamento. Volume 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2024, p.654).
III. A IGREJA DESTEMIDA
1. Testemunho com poder. Tão
logo foram libertos, os apóstolos começaram a testemunhar de sua fé (At 5.25).
De nenhuma forma se sentiram intimidados. Estavam capacitados pelo poder do
alto. Não é por acaso que o livro de Atos já foi denominado por antigos
escritores de os “Atos do Espírito Santo”. Vemos o Espírito Santo operando por
todo o livro, mesmo quando o seu nome não é mencionado. Ele é a fonte de poder da
Igreja. Sem o Espírito Santo a Igreja perde o seu testemunho e se torna
inoperante.
• A
verdadeira coragem da Igreja não nasce de um ideal humano, mas do poder
sobrenatural do Espírito Santo. Em Atos 5.25, os apóstolos, recém-libertos da
prisão, não hesitam em voltar ao mesmo lugar onde haviam sido presos: o templo.
Ali, voltam a pregar publicamente. Por quê? Porque estavam cheios do Espírito
que dá ousadia. A palavra usada no versículo 29 para “obedecer” (peitharcheîn, do
grego πειθαρχεῖν) traz a ideia de uma submissão consciente à autoridade suprema. Eles
sabiam a quem deviam sua fidelidade, mesmo diante de ameaças. Isso não é
imprudência. É obediência radical à missão recebida. O livro de Atos,
frequentemente chamado por estudiosos como “Atos do Espírito Santo”¹,
mostra que o Espírito não apenas atua nos bastidores, mas lidera a missão. Ele
capacita, guia, consola e fortalece. Como lembra Craig Keener, “o Espírito é o
agente por meio do qual a presença do Cristo exaltado continua sua obra na
terra”².
Quando os apóstolos desafiam as ordens do Sinédrio, eles não o fazem por
arrogância, mas por estarem sob uma autoridade superior. Estavam testemunhando
não apenas com palavras, mas com uma vida marcada por um compromisso
inegociável com Cristo ressurreto. Esse testemunho corajoso não pode ser
entendido sem a dimensão pneumatológica do texto. Em Atos 5.32, Pedro afirma
que “o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem”, é também
testemunha junto com eles. O verbo grego eimi
(εἰμὶ),
no presente, usado para “somos
testemunhas”,
indica uma ação
contínua.
Ou seja, o testemunho da Igreja não é apenas passado; é presente, ativo,
sustentado pelo Espírito. Sem Ele, não há voz profética, não há resistência à
perseguição, não há frutos duradouros. Essa verdade precisa nos confrontar
hoje. É possível estarmos tão preocupados com estratégias e programas que nos
esqueçamos da fonte do verdadeiro poder. O pastor Antônio Gilberto advertia que
“uma igreja que ignora a Pessoa e a obra do Espírito Santo torna-se uma instituição
enfraquecida, sem autoridade espiritual”³. Quando não dependemos mais do Espírito,
substituímos o fogo por formalidade, e o fervor por funcionalidade. Somos
desafiados a avaliar: estamos vivendo como quem realmente crê que o Espírito
ainda capacita sua Igreja para testemunhar com ousadia? A história da Igreja em
Atos não é apenas uma narrativa inspiradora. É um chamado atual. Uma convocação
para que voltemos à fonte. A perseguição pode voltar, os tempos podem mudar,
mas a presença do Espírito continua sendo a garantia de que o Reino avança. Que
sejamos, hoje, como aqueles apóstolos: ousados não por temperamento, mas porque
fomos cheios do Espírito que nos transforma em testemunhas vivas da graça,
mesmo em tempos de pressão.
1.
ARRINGTON,
French L.; STRONSTAD, Roger (org.). Comentário
Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
2.
KEENER,
Craig S. Acts: An
Exegetical Commentary, Vol. 1. Grand Rapids: Baker Academic, 2012.
3.
GILBERTO,
Antônio. Manual da
Escola Dominical. Rio de Janeiro: CPAD, 1998.
2. Convictos de sua fé. Lucas
registra a ousadia do testemunho de Pedro (At 5.29). Nesse texto temos uma
clara defesa dos valores cristãos. Ele mostra que a Igreja Primitiva não
negociava sua fé, mesmo que isso lhe custasse caro. A mesma referência também é
muitas vezes usada para justificar a desobediência cível por parte da igreja em
relação ao Estado, quando este age contrariamente aos princípios adotados por
aquela. De fato, isso está em foco. Contudo, não se trata de uma mera
desobediência civil ou rebeldia, mas de uma defesa consciente daquilo que a
igreja crê como fazendo parte da sua natureza e essência e que, por conta
disso, não pode, de forma alguma, ser negociado.
• Quando
Lucas registra a firmeza de Pedro em Atos 5.29, ele nos revela algo fundamental
sobre a natureza da fé cristã. Pedro não hesita ao dizer que é preciso obedecer
a Deus antes dos homens, mesmo diante da pressão e da ameaça. Essa não é apenas
uma declaração de coragem, mas uma defesa profunda dos valores que sustentam a
Igreja desde o início. A convicção dos primeiros seguidores de Cristo era tão
sólida que não estavam dispostos a negociar sua fé, mesmo que isso custasse a
liberdade ou a própria vida. Muitas vezes, essa passagem é usada para
justificar o que chamamos de desobediência civil, quando a autoridade política
impõe leis que conflitam com os princípios do Evangelho. É certo que a Igreja
não pode compactuar com o que se opõe à vontade de Deus. Porém, é importante
destacar que essa postura não é uma simples rebeldia contra o Estado ou uma
atitude impulsiva. Trata-se de um posicionamento consciente, enraizado na
compreensão teológica de que a obediência a Deus é parte essencial da
identidade da Igreja. O verbo grego usado para “obedecer” aqui, hypakouō,
significa escutar com atenção e submeter-se, refletindo um compromisso que vai
além da mera resistência. Por isso, a questão vai muito além de uma disputa
política ou social. É um chamado a reconhecer que certas verdades não são
negociáveis porque definem quem a Igreja é. Ao rejeitar a imposição contrária à
fé, a Igreja está preservando sua essência, aquela que Cristo mesmo
estabeleceu. Essa atitude exige sabedoria, coragem e uma compreensão profunda da
soberania divina, lembrando que a fidelidade a Deus pode, sim, exigir renúncia
e sofrimento, mas também traz a segurança do Seu propósito eterno. Ao
refletirmos sobre isso, é urgente que cada comunidade local se pergunte:
estamos dispostos a manter essa mesma convicção hoje? Em meio a pressões
culturais, políticas e sociais, como temos vivido a fidelidade que não se
rende? Essa é uma lição viva, que exige de nós um compromisso sincero e prático
com a obediência a Deus, sabendo que é Ele quem sustenta e fortalece Sua Igreja
para permanecer firme até o fim. A Igreja, portanto, não pode simplesmente se
ajustar ao que o mundo impõe. Ela foi chamada para ser sal e luz, testemunha
autêntica da verdade, mesmo que isso traga conflito. Essa fidelidade não é uma
questão de rebeldia, mas de amor ao Senhor que a chamou para ser Seu povo
separado, inabalável em sua missão.
- Livro De Apoio Adulto A Igreja Em Jerusalém -
Doutrina, Comunhão E Fé: A Base Para O Crescimento Da Igreja Em Meio Às
Perseguições. Editora CPAD.
- Gilberto, Antônio. Comentário Bíblico
Pentecostal Novo Testamento. CPAD.
- Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
- Comentário Bíblico Beacon. Thomas Nelson
Brasil.
- Comentário Bíblico Champlin. Vida Nova.
- Bíblia de Estudo MacArthur. Thomas Nelson.
- Yong, Amos; Palma, Anthony D.; Keener, Craig
S.; Oss, Douglas; Macchia, Frank D.; Arrington, French L.; Fee, Gordon D.;
Menzies, Robert P. Obras e artigos diversos sobre a Igreja Primitiva e a
soberania de Deus.
SINOPSE III
O Espírito Santo capacitou os crentes
a testemunharem com ousadia.
CONCLUSÃO
Vimos como uma igreja capacitada pelo
Espírito enfrenta perseguições. O cristão, portanto, não deve se assustar com
elas. No contexto do Cristianismo Bíblico essa é a regra, não a exceção.
Ninguém gosta de ser perseguido; contudo, as Escrituras nos previnem a respeito
da realidade da perseguição na jornada cristã (Jo 16.33). Isso não significa
que o sofrimento deve ser um alvo a ser alcançado, mas que devemos estar
conscientes de que não podemos evitá-lo. Portanto, o nosso foco deve estar em
Deus, pois Ele é quem pode nos guardar e capacitar no meio do sofrimento.
• Ao longo
desta lição, vimos que uma Igreja verdadeiramente capacitada pelo Espírito
Santo encara a perseguição com firmeza e confiança. Para o cristão, o sofrimento
por causa da fé não deve ser motivo de surpresa ou medo, pois a Palavra deixa
claro que enfrentar oposição é parte integrante da caminhada cristã. Jesus
mesmo alertou seus discípulos dizendo que no mundo teriam aflições, mas que
neles deveríamos ter paz (João 16.33). Isso nos mostra que a perseguição não é
um acaso, nem uma exceção, mas uma realidade constante para quem segue a Cristo
de forma sincera. Isso não quer dizer que devemos buscar o sofrimento ou
encará-lo como um objetivo em si mesmo. Ao contrário, o chamado é para que
tenhamos plena consciência de que ele pode vir e, diante disso, permaneçamos
firmes. O segredo está em manter o olhar fixo em Deus, que é soberano e fiel
para guardar seus filhos. É Ele quem nos fortalece e capacita para resistir às
adversidades sem perder a esperança ou o testemunho. Por isso, nossa missão é
cultivar uma fé robusta, sustentada pelo Espírito, que transforma a adversidade
em oportunidade para o crescimento espiritual e para a manifestação do poder
divino. A perseguição revela o que há de mais genuíno na Igreja e nos convida a
viver uma vida marcada pela fidelidade, coragem e confiança absoluta naquele
que venceu o mundo. Assim, que cada cristão e cada comunidade reflita sobre seu
próprio compromisso com a verdade do Evangelho, sabendo que, mesmo em meio à
prova, Deus está presente e ativo. Que essa certeza nos encha de coragem para
continuar firmes, proclamando a Palavra com ousadia e vivendo como testemunhas
vivas do Senhor que nos sustenta em todas as circunstâncias.
Aqui está, cinco aplicações práticas, desta preciosa lição:
• Viva a fé com coragem e transparência: Não esconda sua identidade cristã
por medo de rejeição ou crítica. Como os apóstolos, seja firme na defesa dos
valores bíblicos, mesmo quando isso gerar desconforto social. A ousadia no
testemunho vem do Espírito Santo e é um sinal de maturidade espiritual.
• Cultive uma vida de oração constante e intercessora: Assim como a Igreja
em Jerusalém orava fervorosamente por Pedro, devemos manter uma comunidade
unida em oração, sustentando uns aos outros, especialmente quando alguém
enfrenta dificuldades por causa da fé. A oração é o canal pelo qual Deus libera
seu poder e proteção.
• Fortaleça seu relacionamento com o Espírito Santo: Reconheça que é pelo
poder do Espírito que conseguimos resistir à oposição e permanecer firmes.
Busque diariamente a presença e a capacitação do Espírito, através do estudo da
Palavra, da oração e da comunhão com outros irmãos.
• Eduque e prepare a igreja para enfrentar desafios: Ensine na Escola
Bíblica Dominical e nos pequenos grupos a importância da perseverança diante
das dificuldades. Prepare os membros para que saibam entender a perseguição
como parte do caminho cristão, evitando o desânimo e fortalecendo a esperança.
• Confie soberanamente em Deus, mesmo quando não houver respostas claras: Assim
como a Igreja orou por Pedro, mesmo diante da morte de Tiago, precisamos
entender que Deus age segundo sua sabedoria e propósito. Não devemos desistir
ou duvidar quando o sofrimento persistir, mas manter a confiança firme na
fidelidade de Deus.
Meu ministério aqui é um chamado do coração —
compartilhar o ensino da Palavra de Deus de forma livre e acessível, para que
você, irmão ou irmã em Cristo, possa crescer na fé e no conhecimento das
Escrituras, sem barreiras, com subsídios preparados por um Especialista em
Exegese Bíblica do Novo Testamento.
Todo
o material que ofereço é fruto de oração, estudo e dedicação, e está disponível
gratuitamente para que a luz do Evangelho alcance ainda mais vidas sedentas
pela verdade. Porém, para que essa missão continue firme, preciso da sua ajuda.
Chave
PIX: assis.shalom@gmail.com
Juntos, podemos fazer a diferença. Conto com você!
REVISANDO O CONTEÚDO
1. Quais
eram os três grupos que faziam oposição à Igreja?
Os
três grupos que faziam oposição à Igreja eram os sacerdotes, os saduceus e o
capitão do templo.
2. Em
quais esferas a igreja sofria perseguição?
A
igreja sofria perseguição em duas esferas: a religiosa e a política.
3. O
que não é incomum no Livro de Atos?
A
presença de anjos não é incomum no Livro de Atos.
4. Cite
três eventos como resultado de oração conforme demonstrados na lição.
Três
eventos como resultado de oração demonstrados na lição são: os cristãos oravam
e o lugar em que estavam tremeu (At 4.31); Paulo teve uma visão com Ananias de
Damasco orando pela cura dele (At 9.11,12); enquanto Cornélio orava, um anjo se
apresentou a ele (At 10.3).
5. O
que Atos 5.29 mostra em relação à Primeira Igreja?
Atos
5.29 registra a ousadia do testemunho de Pedro e uma clara defesa dos valores
cristãos por parte da primeira igreja.
SUBSÍDIOS
ENSINADOR CRISTÃO
UMA IGREJA QUE NÃO TEME A PERSEGUIÇÃO
Prezado(o) professor(a), a paz do
Senhor. A trajetória da igreja de Cristo neste mundo sempre foi marcada por
oposições e perseguições. A pregação do Evangelho não encontra apenas desafios
de ordem política ou religiosa, mas também espiritual. Não podemos nos esquecer
que a nossa luta não é contra carne e sangue, mas contra as hostes espirituais,
principados e potestades das trevas (Ef 6.12). É preciso ter em mente essa
perspectiva a fim de que lutemos com as armas espirituais e não materiais.
Desde o princípio da igreja, nossos irmãos fizeram uso dessas ferramentas. Eles
se reuniam e faziam continuamente oração para o Espírito Santo os capacitar a
pregar a Palavra e a vencer os desafios impostos pelas perseguições.
Além da oração, a igreja perseverava
em um testemunho dos valores bíblicos com poder e pronta disposição. Não havia
incoerência entre o que pregavam e o que praticavam, pois para eles a prática
do Evangelho foi adotada como um estilo de vida. Eles agiam, pensavam, se
comunicavam e tomavam decisões de acordo com a direção do Espírito Santo. Como
vemos em Atos, os primeiros crentes perseveravam unânimes todos os dias no
templo, partindo o pão e louvando a Deus (At 2.46,47). Essa comunhão chamava a
atenção da sociedade de modo que muitos criam no Evangelho e se convertiam à fé
cristã.
De acordo com o Dicionário
Bíblico Wycliffe, editado pela CPAD, “a Bíblia não só apresenta a Igreja
como sofredora como também desenvolve uma teologia da perseguição — sua origem,
objetivo e efeitos. A origem da perseguição é o ódio do homem pecador contra
Deus. Paulo chama os homens irreconciliados e ‘inimigos de Deus’ (Rm 5.10). O
amor ao mundo é inimizade contra Deus. ‘Ninguém pode servir a dois senhores’
(Mt 6.24). ‘A luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a
luz’ (Jo 3.19). ‘Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois
não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser’ (Rm 8.7). O Senhor
Jesus Cristo assegura aos seus seguidores que não é o servo maior do que o seu
Senhor. ‘Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós’ (Jo 15.20). No
mundo, os discípulos devem esperar tribulações, mas devem preocupar-se com o
fato de serem bem-vistos por todos. Eles devem regozijar-se quando falarem mal
deles (Mt 5.11,12). Os homens farão mais do que falar contra a reputação, eles
matarão os discípulos julgando estar prestando um serviço a Deus (Jo 16.2).”
(2006, p.1512).
Além de vigiar, é precisa buscar
continuamente a presença do Espírito Santo. Só com a capacitação do Espírito
podemos suportar as adversidades que tentam impedir o progresso espiritual da
igreja. Perseveremos (1Co 15.58).