Pb Francisco Barbosa (@Pbassis)
Tenho dinâmica para esta
aula! Se desejar receber, mande-me um e-mail. É o mesmo da chave PIX!
TEXTO PRINCIPAL
“Porque
todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus.” (Gl 3.26).
ENTENDA O TEXTO PRINCIPAL:
• πάντες (pantes), todos. Abrange judeus e gentios (cf.
Gl 3.28), anulando distinções étnicas, sociais ou de gênero no que diz respeito
à filiação divina. Aqui, Paulo está enfatizando universalidade da inclusão no
corpo de Cristo. υἱοὶ (huioi), filhos. (filhos maduros, herdeiros).
Diferente de tekna (crianças), huios no contexto paulino indica filiação legal
e status de herdeiro (cf. Rm 8.14-17). Não é apenas “criação” de Deus (At
17.28), mas filho adotado com plenos direitos. θεοῦ (theou), de
Deus. Genitivo possessivo: Deus é o Pai e o proprietário desta
filiação. Indica relacionamento íntimo, não apenas posição legal. διὰ (dia), por
meio de. Expressa o meio instrumental pelo qual ocorre a filiação, não
é por obras, tradição ou Lei, mas exclusivamente “por meio da fé”. πίστεως
(pisteōs), fé. Não é mero assentimento intelectual, mas confiança plena,
entrega pessoal e lealdade (trust + faithfulness). É fé em ação, que une o
crente a Cristo. ἐν Χριστῷ Ἰησοῦ (en Christō Iēsou), em Cristo Jesus, Expressa a esfera
de realidade espiritual na qual a filiação acontece. Ser “em Cristo” é estar
unido a Ele pela fé, partilhando Sua vida, morte e ressurreição (cf. Gl 2.20). Paulo
está ensinando que a filiação divina não é obtida pela Lei mosaica, mas pela
união vital com Cristo, recebida pela fé. No uso de huios, ele comunica que o
crente não é apenas um “menor” sob tutela (como era sob a Lei, cf. Gl 3.24-25),
mas agora é filho adulto e herdeiro pleno, porque a promessa feita a Abraão se
cumpre em Cristo. Assim, a fé é o canal, e Cristo é o ambiente dessa nova
identidade. A comunidade cristã é, portanto, uma família espiritual na qual não
há barreiras étnicas, sociais ou culturais, mas uma só filiação baseada na
graça.
RESUMO DA LIÇÃO
A
promessa de Deus não pode ser revogada pela Lei, pois Deus não se contradiz.
ENTENDA O RESUMO DA LIÇÃO:
• A promessa que Deus fez a Abraão, ratificada por Ele
mesmo e fundamentada em Sua fidelidade, permanece inalterável; a Lei, vinda 430
anos depois, não tem autoridade para anulá-la ou modificá-la, pois o Deus que a
estabeleceu é imutável em Sua natureza e incapaz de se contradizer, de modo que
aquilo que Ele decretou é irrevogável e eterno. Comentário da
Bíblia de Estudo Pentecostal (BEP).
• Paulo explica que a promessa a Abraão
precede a Lei em 430 anos. A Lei não anula a promessa, pois Deus fez um pacto
irrevogável com Abraão. A promessa é superior à Lei porque é baseada na graça e
na fé, enquanto a Lei é baseada na obediência e funciona como um sistema
temporário. Comentário da Bíblia de Estudo MacArthur (MSB)
TEXTO BÍBLICO
Gálatas 3.17-24
17. Mas
digo isto: que tendo sido o testamento anteriormente confirmado por Deus, a
lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois, não o invalida, de forma a
abolir a promessa.
• Paulo estabelece que o pacto da Lei, dado a Moisés 430 anos
depois da promessa feita a Abraão, não anula a promessa divina. O pacto mosaico
foi dado por um tempo determinado e para um propósito específico, mas não
substitui a aliança anterior que Deus fez com Abraão.
(BEP).
18.
Porque, se a herança provém da lei, já não provém da promessa; mas Deus, pela
promessa, a deu gratuitamente a Abraão.
• A herança prometida a Abraão não vem pela Lei, mas pela
promessa, porque, se fosse pela Lei, a promessa não teria sentido. A Lei foi
acrescentada por causa das transgressões, para mostrar a humanidade seu pecado
e necessidade de redenção, e foi entregue por intermédio de anjos, sob a
mediação de um mediador humano (Moisés). (BEP).
19.
Logo, para que é a lei? Foi ordenada por causa das transgressões, até que
viesse a posteridade a quem a promessa tinha sido feita, e foi posta pelos
anjos na mão de um medianeiro.
• A herança prometida a Abraão não é obtida pela Lei, pois
isso invalidaria a promessa. A Lei foi introduzida para lidar com o pecado,
mostrando a necessidade de um Salvador. Foi dada por meio de anjos e mediada
por Moisés para o povo que estava sob a antiga aliança.
(MSB)
20.
Ora, o medianeiro não o é de um só, mas Deus é um.
• A Lei não contradiz a promessa, pois não há um mediador para
uma única parte; ela apenas regula a relação entre Deus e o povo sob a antiga
aliança. A Escritura encerrou tudo sob o pecado, para que a promessa da justiça
pela fé em Jesus Cristo fosse recebida por todos os que creem.
(BEP).
21.
Logo, a lei é contra as promessas de Deus? De nenhuma sorte; porque, se dada
fosse uma lei que pudesse vivificar, a justiça, na verdade, teria sido pela
lei.
22.
Mas a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé em
Jesus Cristo fosse dada aos crentes.
• Não existe mediador para uma única promessa, indicando que a
promessa é direta de Deus ao crente pela fé, enquanto a Lei tem um mediador. A
Escritura encerrou todos sob o pecado para que a justiça fosse recebida pela fé
em Jesus Cristo, preparando o caminho para a nova aliança.
(MSB)
23.
Mas, antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da lei e encerrados
para aquela fé que se havia de manifestar.
• Antes de Cristo, a Lei era como um tutor que guardava o
povo, mas não podia justificar. Sua função era apontar o pecado e preparar os crentes
para a fé que viria em Cristo. Agora, pela fé em Cristo, os crentes são
libertos da tutela da Lei e recebem a herança prometida.
(MSB)
24.
De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que,
pela fé, fôssemos justificados.
• Antes da vinda de Cristo, a Lei atuava como um tutor,
guardando e limitando o povo até que a fé fosse revelada. Agora, com a chegada
da fé em Cristo, o crente é libertado da tutela da Lei e entra na herança
prometida por Deus, pela fé. (BEP).
Este ministério nasceu de
um chamado:
Levar a Palavra de Deus a todos: GRÁTIS,
SEM BARREIRAS.
Cada estudo,
cada palavra, é fruto de oração e dedicação para alimentar sua fé. Mas para
continuar, preciso de você.
Se este
conteúdo foi útil para você, transforme gratidão em ação.
Sua
contribuição, por menor que seja, mantém essa luz acesa. Não deixe que essa
missão pare. Seja parte da transformação!
Chave PIX: assis.shalom@gmail.com
Juntos, iluminamos vidas.
Obrigado por caminhar comigo.
INTRODUÇÃO
Nesta lição, veremos que Paulo se
refere à importância da promessa em detrimento da Lei. Os judaizantes criam que
eram a semente de Abraão, e somente eles. Mas Paulo mostra que a semente de
Abraão, para Deus, é mais abrangente, e alcança todos os que creram e creem em
Jesus pela fé, judeus e gentios. A Lei, que é o pacto moisaico, não tem o poder
de anular a promessa de Deus feita ao patriarca 400 anos antes, pois Deus não
voltou atrás em sua promessa.
• Na caminhada cristã, entender a centralidade da promessa de
Deus sobre a Lei é fundamental para vivermos a verdadeira liberdade em Cristo.
Paulo, em sua carta aos Gálatas, enfrenta um desafio que ainda ecoa em nossas
igrejas hoje: o perigo de confundir identidade espiritual com pertencimento
étnico ou meras tradições religiosas. Os judaizantes alegavam ser a única
“semente de Abraão” (σπέρμα, sperma), um termo que, no grego, indica
descendência não apenas física, mas espiritual e legal (Coelho, 2025). Porém,
Paulo rompe essa visão limitada e nos revela que a verdadeira descendência de
Abraão abarca todos os que creem pela fé em Jesus Cristo, independentemente de
sua origem. A Lei mosaica, entregue aproximadamente 430 anos depois da promessa
(Gl 3.17), não possui poder para revogar o pacto que Deus fez com Abraão. A
palavra grega usada para “promessa” (ἐπαγγελία, epangelia) carrega a ideia de uma garantia firme e
incondicional, selada pela própria fidelidade divina (Comentário Bíblico
Pentecostal, 2023). Deus não é um ser sujeito a mudanças ou arrependimentos, como
nos lembra a Escritura em Números 23:19, e sua promessa permanece intacta, pois
Ele é fiel (Bíblia de Estudo MacArthur, 2021). Ao compreendermos isso, somos
chamados a refletir sobre como, muitas vezes, podemos tentar “cumprir a Lei”
para provar nossa fé ou merecer a salvação, esquecendo que a justiça vem
exclusivamente pela fé (Gl 3.11). A Lei tem seu papel: o de revelar o pecado e
conduzir à necessidade do Salvador (Rm 3.20; Gl 3.24), mas não é o fundamento
da nossa filiação espiritual. Esta filiação se dá “pela fé em Cristo Jesus” (Gl
3.26), termo que expressa não um mero assentimento, mas uma confiança ativa,
uma entrega total que nos insere na família de Deus como filhos e herdeiros
(López, 2024; Gilberto, 2019). Essa verdade nos desafia profundamente: será que
estamos vivendo como filhos, sustentados pela promessa irrevogável de Deus, ou
como órfãos tentando cumprir regras para alcançar aceitação? A promessa divina
nos liberta do jugo da escravidão da Lei e nos convida a uma relação íntima,
marcada pela fé e pelo Espírito (Yong et al., 2020). Que essa lição seja um
chamado para examinarmos nossa identidade em Cristo, buscando viver não segundo
obras, mas segundo a graça que transforma de dentro para fora, revelando o
caráter do verdadeiro herdeiro de Deus.
I. O PACTO
DE DEUS ANTERIOR À LEI
1. A Lei não invalida o testamento.
Paulo se vale de uma linguagem jurídica para mostrar aos gálatas a importância
das promessas de Deus. Aqui, ele apresenta uma contraposição entre a promessa e
uma lei. Deus fez promessas a Abraão, e destacamos a de que ele seria pai de
uma grande nação. Pelo que vemos ao longo da revelação divina, com base em
Gênesis 12.3: “em ti serão benditas todas as famílias da terra”, o alcance da
promessa divina a Abraão ia além da sua semente física. Deus fez um pacto com
Abraão, e esse pacto não seria revogado pela lei de Moisés. Na língua grega há
duas expressões para a palavra “aliança”. A primeira é syntheke, “colocar
junto”, onde um pacto é feito entre partes iguais, com direitos iguais de
discutir o acordo a ser proposto. A segunda palavra é diatheke, “colocar por”,
e traz a ideia de um acordo em que as partes são desiguais, quando uma parte
coloca os termos e a outra aceita ou rejeita. Esse é o termo que Paulo usa para
explicar o pacto de Deus com Abraão. O patriarca, como ser humano, era limitado
no que poderia oferecer a Deus, exceto pela fé que tinha no Eterno. Deus, por
sua vez, prometeu bênçãos a Abraão, e uma vez feito o pacto acerca dessa
promessa, não voltaria atrás. Em sua presciência, Deus sabia que os gentios
seriam alcançados e experimentariam a oportunidade de viver pela fé.
• A promessa de Deus feita a Abraão não pode ser anulada pela
Lei; essa é uma verdade que Paulo expõe usando uma linguagem que remete ao
direito e à fidelidade de Deus. Ele contrapõe a promessa, que é um compromisso
unilateral e soberano de Deus, à Lei, que é um sistema que veio muito depois,
para guiar e preparar o povo. Em Gênesis 12.3, Deus diz a Abraão que “em ti
serão benditas todas as famílias da terra”, mostrando que essa promessa não se
limita à descendência física, mas se estende a todos os que creem pela fé,
judeus e gentios. No grego, a palavra usada por Paulo para descrever esse pacto
é diathēkē, que difere de synthēkē, usada para alianças entre iguais. Diathēkē
é um testamento, um acordo estabelecido por quem tem autoridade, que estabelece
termos imutáveis. Deus é esse soberano que oferece bênçãos a Abraão e, uma vez
feita a promessa, não volta atrás. O patriarca, embora limitado em seus
recursos, confiou plenamente na fidelidade divina, e é essa fé que Deus
valoriza como base do relacionamento com seu povo (Coelho, 2025; Comentário
Bíblico Pentecostal, 2023). Essa distinção entre promessa e Lei nos desafia a
refletir sobre onde estamos fundamentando nossa fé. A Lei não tem o poder de
revogar o que Deus declarou por sua palavra e ação. Sua função era revelar o
pecado e conduzir o homem à necessidade do Salvador, mas não é o fundamento da
justificação nem da filiação espiritual. Ser “filho de Deus pela fé em Cristo
Jesus” (Gl 3.26) é reconhecer que a verdadeira herança não depende de obras,
ritos ou genealogia, mas da graça concedida por meio da fé viva (Bíblia de
Estudo MacArthur, 2021; López, 2024). O alcance dessa promessa é vasto e inclui
todos os povos, cumprindo o plano divino que, em sua presciência, já
contemplava a inclusão dos gentios no povo de Deus. Essa compreensão amplia
nossa visão da Igreja e nos convida a viver na liberdade que vem da certeza do
amor imutável de Deus, que não se contradiz e permanece fiel ao que prometeu
(Gilberto, 2019; Yong et al., 2020). Por fim, este texto nos provoca a uma
autoavaliação profunda: estamos vivendo na segurança dessa promessa
irrevogável, ou ainda nos apoiamos em obras que nunca poderiam garantir nossa
filiação? Que o Espírito nos conduza a reconhecer nossa verdadeira identidade
em Cristo, permitindo que essa verdade transforme nossa fé e nosso dia a dia
(Beacon, 2017; Champlin, 2018).
Coelho, A. (2025). Livro de Apoio
Jovens “A Liberdade em Cristo Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta
de Paulo aos Gálatas”. Editora CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal.
(2023). Novo Testamento. CPAD.
Bíblia de Estudo MacArthur.
(2021). Thomas Nelson Brasil.
López, H. D. (2024). Gálatas -
Comentários Expositivos Hagnos: A carta da liberdade cristã. Hagnos.
Gilberto, A. (2019). Comentário
Bíblico. Editora Cultura Cristã.
Yong, A. D. P., Palma, A. D.,
Keener, C. S., Oss, D., Macchia, F. D., Arrington, F. L., Fee, G. D., &
Menzies, R. P. (2020). Estudos Teológicos Contemporâneos. CPAD.
Beacon, C. (2017). Comentário
Bíblico. Editora Beacon.
Champlin, J. (2018). Comentário
Bíblico. Vida Nova.
2. A herança vem pela promessa.
Por mais que a herança possa ser regulamentada por uma lei, ou seja, por mais
que uma lei defina as regras para que uma herança possa ser dada e recebida, a
lei não tem o poder de modificar a vontade do testador, nem de alterar o
testamento depois de o testador ter falecido. A lei pode regulamentar, mas não
invalidar o testamento, ainda mais se essa lei veio muito tempo depois de o
testamento ter sido acertado entre o doador e o herdeiro. A promessa de Deus a
Abraão não poderia ser revogada pela Lei que Deus deu ao seu povo. A herança
não viria através da Lei, mas da promessa baseada e ratificada pelo testamento
entre Deus e Abraão.
• A herança sempre vem pela promessa. Mesmo que uma lei possa
estabelecer regras para a entrega dessa herança, ela jamais tem o poder de
mudar a vontade daquele que a concedeu, nem de alterar um testamento depois que
seu autor já faleceu. A lei pode regular o processo, mas não pode invalidar o
testamento firmado entre o doador e o herdeiro. Isso fica ainda mais claro
quando a lei surge muitos anos depois de o testamento ter sido estabelecido. No
caso da promessa que Deus fez a Abraão, essa verdade se torna ainda mais firme.
A Lei dada ao povo de Deus veio cerca de quatro séculos após essa promessa, e
não poderia revogá-la ou modificá-la. A herança não é fruto da Lei, mas da
promessa; essa promessa foi confirmada e ratificada por um pacto, ou diathēkē
(διαθήκη), termo grego que indica uma disposição soberana e irrevogável feita
por Deus. Assim, o relacionamento entre Deus e Abraão é fundado em um
compromisso divino que transcende qualquer legislação posterior (COELHO, 2025;
COMENTÁRIO BÍBLICO PENTECOSTAL, 2023). Essa distinção é crucial para
compreendermos a fé cristã. A Lei tem o papel de revelar o pecado e preparar o
caminho, mas é a promessa de Deus, selada pela fé em Cristo, que nos torna
herdeiros legítimos. A justiça que vem da Lei não pode nos salvar, porque
ninguém pode cumpri-la perfeitamente; a verdadeira justiça, que nos garante a
herança celestial, é a justiça que recebemos pela fé na promessa de Deus
cumprida em Jesus (BÍBLIA DE ESTUDO MACARTHUR, 2021; LÓPEZ, 2024). Por isso,
reconhecer que nossa filiação e herança espiritual dependem da promessa e não
da Lei é vital para a vida cristã. Essa certeza nos liberta da escravidão
legalista e nos conduz à verdadeira liberdade em Cristo, onde a graça de Deus é
o fundamento sólido e imutável da nossa salvação (GILBERTO, 2019; YONG et al.,
2020).
COELHO, Alexandre. Livro de Apoio
Jovens “A Liberdade em Cristo Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta
de Paulo aos Gálatas”. Rio de Janeiro: Editora CPAD, 2025.
COMENTÁRIO BÍBLICO PENTECOSTAL.
Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.
BÍBLIA DE ESTUDO MACARTHUR. Thomas
Nelson Brasil, 2021.
LÓPEZ, Hernandes Dias. Gálatas -
Comentários Expositivos Hagnos: A carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos,
2024.
GILBERTO, Antônio. Comentário
Bíblico. São Paulo: Cultura Cristã, 2019.
YONG, Amos et al. Estudos
Teológicos Contemporâneos. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.
3. A Lei existe por causa das
transgressões. Paulo explica o motivo da Lei existir, pois se não
o fizesse, certamente os gálatas manteriam a percepção de que seguir os preceitos
mosaicos, sendo gentios, era a forma correta de viver o Evangelho. De certa
forma, a Lei de Moisés pode ser comparada a um objeto que tem a capacidade de
refletir a imagem de uma pessoa, mas não de limpá-la. A Lei mostrava quem a
pessoa era, mas não podia mudá-la. Espelhos não mudam a aparência das pessoas
que se colocam diante deles. A Lei tinha por objetivo regular as relações entre
o homem e Deus, entre o homem e o seu próximo e o homem consigo mesmo. Era um
código de suma importância para os hebreus. Ela existia porque a natureza
pecaminosa dos filhos de Abraão era a mesma natureza pecaminosa dos demais
seres humanos, e os hebreus pelo menos teriam um referencial escrito para não
pecar contra Deus. Como já sabemos, a Lei apontava o pecado. Ela, de certa
forma, restringia a maldade, e nos é dito que ela existia por conta das
transgressões. Como sabemos, é da natureza pecaminosa do ser humano tentar
burlar regras (Rm 7.7). A Lei mostrava o pecado, e os homens testavam os
limites do alcance dela pecando contra Deus.
• A Lei existe por causa das transgressões. Paulo deixa claro
que a função da Lei não era apenas estabelecer regras, mas revelar a condição
pecaminosa do ser humano. Se isso não fosse assim, os gálatas continuariam
acreditando que seguir os preceitos mosaicos, mesmo sendo gentios, seria o
caminho para viver o Evangelho de forma correta. Podemos comparar a Lei a um
espelho: ela reflete a imagem da pessoa, mostrando sua verdadeira condição, mas
não tem o poder de limpá-la ou transformá-la. Assim como um espelho não muda o
rosto de quem se olha, a Lei revela o pecado, mas não pode removê-lo (COELHO,
2025; COMENTÁRIO BÍBLICO PENTECOSTAL, 2023). A Lei regulava a relação do homem
com Deus, com o próximo e consigo mesmo, sendo um código de extrema importância
para os hebreus. Ela existia porque a natureza pecaminosa dos filhos de Abraão
é a mesma de todos os seres humanos, e os hebreus receberam esse referencial
escrito para que não pecassem contra Deus. A Lei, portanto, apontava o pecado e
impunha limites à maldade humana. Como Paulo explica, ela veio “por causa das
transgressões” (καὶ ἵνα ἡ ἁμαρτία πληθυνθῇ, kai hina hē hamartia plēthynthē), enfatizando que o
aumento da Lei correspondia ao aumento da consciência do pecado (BÍBLIA DE
ESTUDO MACARTHUR, 2021; LÓPEZ, 2024). Sabemos que é da natureza humana tentar
burlar regras, buscar brechas para escapar das exigências divinas (Rm 7.7). A
Lei mostrava claramente o pecado, mas os homens frequentemente testavam seus
limites, desafiando Deus ao transgredi-la. Isso revela a profunda necessidade
de um Salvador que não apenas mostrasse o pecado, mas que o removesse
definitivamente. Por isso, a Lei cumpriu seu papel ao preparar o caminho para a
graça e a justificação pela fé em Cristo (GILBERTO, 2019; YONG et al., 2020).
COELHO, Alexandre. Livro de Apoio
Jovens “A Liberdade em Cristo Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta
de Paulo aos Gálatas”. Rio de Janeiro: Editora CPAD, 2025.
COMENTÁRIO BÍBLICO PENTECOSTAL.
Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.
BÍBLIA DE ESTUDO MACARTHUR. Thomas
Nelson Brasil, 2021.
LÓPEZ, Hernandes Dias. Gálatas -
Comentários Expositivos Hagnos: A carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos,
2024.
GILBERTO, Antônio. Comentário
Bíblico. São Paulo: Cultura Cristã, 2019.
YONG, Amos et al. Estudos
Teológicos Contemporâneos. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.
Quer
ter acesso ao mesmo material que utilizo para escrever estes comentários?
- Adquira seu acesso vitalício à Minha Superbiblioteca!
Milhares
de livros e e-books indispensáveis para formação cristã e recomendados por
instituições de ensino reunidos em um só lugar que aprimora a experiência de
leitura.
VOCÊ ENCONTRARÁ:
📚 TEOLOGIAS SISTEMÁTICAS DIVERSAS
📚 COMENTÁRIOS BÍBLICOS DIVERSOS
📚 COLEÇÃO PATRÍSTICA
📚 COLEÇÃO ERA DOS MARTIRES
📚 CAPACITAÇÃO DE OBREIROS (CURSOS
TEOLÓGICOS)
📚 57
BÍBLIAS DE ESTUDO DIVERSAS
📚 TEOLOGIA NÍVEL MÉDIO – BACHAREL –
MESTRADO - DOUTORADO
✅ Tenha acesso a tudo
isso por
APENAS R$
30,00!
🔑 Chave PIX: assis.shalom@gmail.com
🤝 Após o pagamento e
recebimento do comprovante, será enviado via WhatsApp o link do material
SUBSÍDIO I
Professor(a), inicie o primeiro
tópico da lição com a seguinte pergunta: “Qual era o propósito da Lei?”.
Incentive a participação dos alunos e ouça-os com atenção. Depois, enfatize a
nossa fragilidade para cumpri-la. Diga que ao escrever aos Romanos, Paulo
mostra que a função da Lei era revelar o pecado. Paulo afirma: “porque eu não
conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás” (Rm 7.7). A
Lei mostrava o pecado, e que os homens por seus próprios esforços não poderiam
cumpri-la. Explique que a Lei tinha por objetivo regular as relações entre o
homem e Deus, entre o homem e o seu próximo e o homem consigo mesmo.
II. A LEI NÃO INVALIDA AS
PROMESSAS DE DEUS
1. A Lei não é contra as promessas de
Deus. É estranho imaginar que Deus tenha feito um pacto
com Abraão e, quatrocentos anos depois, tenha mudado as regras, fazendo uma Lei
para os descendentes de Abraão e mudando os termos antes acertados. Em sua
fidelidade, o Eterno mantém o que foi ajustado com Abraão ao longo dos séculos.
Paulo pergunta: “Logo, a Lei é contra as promessas de Deus? De nenhuma sorte;
porque, se dada fosse uma Lei que pudesse vivificar, a justiça, na verdade,
teria sido pela Lei” (Gl 3.21). O que os judaizantes não compreendiam é que a
Lei e a promessa de Deus não eram opostas. Deus não criou a Lei para se opor à
promessa que havia feito a Abraão, mas para conduzir os hebreus à fé em Cristo.
Ela era um aio, como veremos.
• A Lei não anula as promessas de Deus! Perceba que é
impossível imaginar que o Deus imutável tenha firmado uma aliança eterna com
Abraão e, séculos depois, mudado os termos como se fosse um contrato humano
instável. Quando Paulo escreve aos gálatas, ele rebate essa ideia absurda ao
afirmar que a nomos (Lei) jamais
poderia anular a epangelía (promessa)
de Deus. O pacto abraâmico, estabelecido pela graça e confirmado pela fé, não
foi substituído pela Lei mosaica, mas coexistiu com ela, cada qual cumprindo
seu propósito no plano soberano do Senhor (Gl 3.21). Se a Lei tivesse o poder
de dar vida (zōopoiein), a justiça viria por ela; mas, como nos lembra Paulo, a
vida e a justiça só podem ser concedidas pela fé em Cristo (cf. Rm 3.21-22). Os
judaizantes, no entanto, não enxergavam que a Lei e a promessa não são rivais,
mas complementares no drama da redenção. A Lei não foi criada para contradizer
o pacto, mas para expor a realidade do pecado (hamartía) e preparar o povo para
receber o Messias. Hernandes Dias Lopes observa que “a Lei funcionou como um
pedagogo severo, conduzindo o pecador à sala de aula da graça”¹. Paulo chama isso de paidagōgós, o
tutor que conduzia a criança até o mestre, mostrando que a função da Lei era
apontar, não substituir, o caminho da salvação². Na prática, isso nos ensina que não há contradição entre a
santidade que a Lei revela e a graça que o Evangelho concede. A Lei ilumina o
nosso pecado como um espelho fiel, mas não pode limpar as manchas da alma;
apenas Cristo pode fazê-lo. É como Davi, que ao ser confrontado por Natã (2Sm
12), reconhece seu pecado e clama: “Cria em mim um coração puro” (Sl 51.10).
Assim como ele, nós precisamos encarar a santidade de Deus revelada na Lei para
então correr aos braços de Cristo, o único capaz de nos justificar. Esse
entendimento é vital para a juventude cristã de hoje. Muitos ainda vivem como
se pudessem “equilibrar” sua vida espiritual no cumprimento de regras,
esquecendo que a verdadeira vida em Deus não é conquistada, mas recebida pela
fé. Ao mesmo tempo, outros negligenciam a santidade, usando a graça como
desculpa para viverem segundo a carne. Ambos os caminhos são enganosos. A Lei
não salva, mas sem a Lei não compreenderíamos plenamente o valor do Evangelho.
Ela continua nos lembrando que fomos chamados para viver de maneira digna da
promessa, caminhando em santidade como fruto da fé (Ef 2.8-10). Portanto,
diante da Palavra, pergunte-se: a Lei para você é apenas um peso ou é um guia
que revela a sua necessidade de Cristo? E a promessa, é uma esperança distante
ou uma realidade que molda sua vida hoje? Deus não mudou as regras; Ele nos
revelou, em Cristo, a plenitude do que sempre prometeu. Não despreze a Lei, mas
permita que ela cumpra seu papel de apontar para o Salvador. Não desvalorize a
promessa, mas viva à altura dela. Essa é a vida cristã madura, fundamentada na
graça e expressa em obediência.
1. LOPES, Hernandes Dias. Gálatas:
A Carta da Liberdade Cristã. São Paulo: Hagnos, 2015.
2. COELHO, Alexandre. A Liberdade
em Cristo Vivendo o Verdadeiro Evangelho Conforme a Carta de Paulo aos Gálatas.
Rio de Janeiro: CPAD, 2023.
2. Tudo está debaixo do pecado.
Antes de falar sobre a Lei como um tutor, Paulo fala que “a Escritura encerrou
tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé em Jesus Cristo fosse dada
aos crentes” (Gl 3.22). A salvação é uma dádiva, não uma dívida que tenha de
ser paga pelo esforço humano. Aqui entra o fator graça de Deus. Com todos
colocados no mesmo padrão, ou seja, debaixo do pecado, há uma “padronização”,
ou seja, ninguém é melhor ou superior a ninguém quando se trata de receber a
salvação. Ou é pela fé ou não é por caminho nenhum.
• Antes de apresentar a Lei como um tutor, Paulo afirma
que “a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé
em Jesus Cristo fosse dada aos que creem” (Gl 3.22). A expressão “encerrou”
traduz o verbo grego synkleíō, que significa “fechar completamente”, “confinar”
ou “colocar sob custódia”. É como se toda a humanidade estivesse trancada numa
prisão espiritual, sem rota de fuga, até que Cristo viesse abrir as portas.
Esse aprisionamento não é físico, mas moral e espiritual: todos, sem exceção,
foram colocados sob a acusação e o domínio do pecado (hamartía), de modo que
ninguém pode se apresentar diante de Deus reivindicando justiça própria. Esse é
um ponto central do Evangelho: a salvação é dom, não dívida. Não é resultado de
esforço humano, mas da graça soberana de Deus. Como afirma Hernandes Dias
Lopes, “a Lei revela o pecado e mostra que todos estão no mesmo patamar diante
de Deus: culpados e carentes de perdão”¹. Quando Paulo diz que “a promessa... fosse dada aos que
creem”, ele aponta para a epangelía que Abraão recebeu séculos antes, promessa
que se cumpre exclusivamente pela fé (pístis) e nunca por obras. Aqui não há
espaço para comparações espirituais; diante da cruz, não existe superioridade
moral. Essa “padronização” da culpa humana é dura de ouvir, mas essencial para
compreender a graça. Alexandre Coelho lembra que “se todos estão igualmente
perdidos, todos igualmente precisam de Cristo”². A mensagem é direta: ou é pela fé, ou não é por caminho
algum. A Lei, nesse contexto, não oferece escapatória; ela apenas confirma a
sentença. O Comentário Bíblico Pentecostal observa que “o propósito de Deus, ao
submeter todos ao pecado, não foi destruí-los, mas abrir caminho para que todos
pudessem ser salvos em Cristo”³. Para o jovem cristão, essa verdade exige humildade. Não
importa se você nasceu em um lar evangélico, conhece as Escrituras de cor ou
nunca se envolveu em grandes escândalos: sem Cristo, está igualmente perdido. A
comparação com Davi é inevitável; mesmo como rei e homem segundo o coração de
Deus, ele reconheceu no Salmo 51 que estava espiritualmente arruinado e
dependente da misericórdia divina. Reconhecer isso é o primeiro passo para
experimentar a liberdade da promessa. Portanto, avalie: você ainda confia,
mesmo que de forma sutil, em méritos pessoais para se manter diante de Deus? Ou
vive diariamente consciente de que depende inteiramente da graça que vem pela
fé em Cristo? Essa consciência molda o modo como tratamos os outros, elimina o
orgulho espiritual e nos mantém de joelhos diante Daquele que abriu a prisão e
nos libertou. Quem entende que tudo está debaixo do pecado, entende também que
tudo está debaixo da graça.
1. LOPES, Hernandes Dias. Gálatas:
A Carta da Liberdade Cristã. São Paulo: Hagnos, 2015.
2. COELHO, Alexandre. A Liberdade
em Cristo Vivendo o Verdadeiro Evangelho Conforme a Carta de Paulo aos Gálatas.
Rio de Janeiro: CPAD, 2023.
3. ARRINGTON, French L. Comentário
Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
3. A lei como “aio”.
A Lei agia como um tutor. Ela ensinava, conduzia no caminho, mas também tolhia
a liberdade. Como um batedor militar, que conduz uma autoridade até o seu
destino, o aio assim agia. Ele direciona o comboio, faz a proteção, mas não os
deixa em liberdade até que tenham chegado ao destino esperado. A Lei de Moisés
deve guiar os seus seguidores até Cristo. Da mesma forma que um aio deveria
conduzir uma criança até o destino proposto, assim a Lei deveria fazer. A Lei
de Moisés não é adversária da graça de Deus. Na prática, a Lei conduz os
hebreus até a graça de Deus, pois as ordenanças mosaicas apontam para uma
impossibilidade de se agradar a Deus pelas obras: “Porque a lei foi dada por
Moisés: a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo” (Jo 1.17). A Lei nos
prende ao pecado mostrando o que é o pecado. A liberdade dessa prisão só pode
vir por Cristo.
• Quando Paulo afirma que “a Lei nos serviu de aio para
nos conduzir a Cristo” (Gl 3.24), ele usa a palavra grega paidagōgós, que não
descrevia exatamente um professor, mas um escravo encarregado de levar a
criança à escola e vigiá-la no caminho. O paidagōgós garantia que o filho do
seu senhor chegasse com segurança ao mestre, corrigindo-o quando necessário,
mas sem ser ele mesmo o mestre. Assim era a Lei: não tinha o poder de salvar,
mas de conduzir o pecador ao único que pode fazê-lo: Cristo. Esse tutor
espiritual tinha uma função dupla: guiar e restringir. Como um batedor militar
que acompanha e protege uma autoridade até o destino, a Lei mantinha Israel
“sob custódia” (phrouréō, Gl 3.23), limitando a liberdade até o momento
determinado por Deus para a revelação plena da graça. Hernandes Dias Lopes
explica que “a Lei cercou Israel por todos os lados, não para sufocá-lo, mas para
conduzi-lo à salvação em Cristo”¹. Ela não se opunha à graça, mas preparava o terreno para
ela. Na prática, as ordenanças mosaicas tinham um papel pedagógico: mostrar a
santidade de Deus e, ao mesmo tempo, a incapacidade humana de alcançá-la por
méritos próprios. Como afirma João 1.17, “a Lei foi dada por Moisés; a graça e
a verdade vieram por Jesus Cristo”. O Comentário Bíblico Pentecostal observa
que “a Lei aponta para a enfermidade, mas Cristo é o remédio”². Esse é o contraste: a Lei revela o
que é o pecado (hamartía), mas não oferece cura; ela diagnostica, Cristo
liberta. Para o jovem cristão, essa verdade é crucial. Muitos ainda vivem como
se a maturidade espiritual fosse alcançada apenas por regras e disciplina
externa. Embora a obediência seja fruto da fé, ela não é a fonte da
justificação. A Lei nos mantém conscientes da nossa condição pecaminosa, mas
somente Cristo abre a porta da liberdade. Como um aio que cumpre sua missão e
se afasta quando o mestre assume o ensino, a Lei cumpre seu papel até que a
graça tome o lugar principal. Por isso, olhe para a Lei não como um fardo
ultrapassado, mas como um lembrete da seriedade do pecado e da grandeza da
salvação. Ela ainda fala, mas aponta sempre na mesma direção: para a cruz, onde
o verdadeiro Mestre ensina que a liberdade não vem de um código, mas de um
relacionamento vivo com Ele. Quem entendeu isso não volta a viver como
prisioneiro, mas caminha com gratidão e temor diante de Deus.
1. LOPES, Hernandes Dias. Gálatas:
A Carta da Liberdade Cristã. São Paulo: Hagnos, 2015.
2. ARRINGTON, French L. Comentário
Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
3. COELHO, Alexandre. A Liberdade
em Cristo Vivendo o Verdadeiro Evangelho Conforme a Carta de Paulo aos Gálatas.
Rio de Janeiro: CPAD, 2023.
SUBSÍDIO II
“A
palavra para ‘lei’ (gr. nomos; heb. torah) significa ‘ensinamento’ ou
‘orientação’. A lei pode ser uma referência aos Dez Mandamentos, o Pentateuco,
ou qualquer mandamento no Antigo Testamento. O uso que Paulo faz da lei aqui
inclui o sistema de sacrifícios que fazia parte do concerto de Deus no Antigo
Testamento, feito com Israel, e dado a Moisés (O concerto era o ‘acordo de
vida’ de Deus com Israel com base nas suas leis e promessas a eles e na sua
fidelidade e obediência a Ele). A respeito da lei, Paulo declara várias coisas:
(1) Ela foi dada por Deus ‘por causa das transgressões’, o que quer dizer que
ela (a) definia ofensas a Deus e expunha o pecado como a violação da vontade de
Deus (isto é, os seus propósitos, padrões, desejos e intenções com base no seu
perfeito caráter e nos seus planos) e (b) despertava na humanidade a sensação
de necessidade da misericórdia de Deus, da sua graça e salvação por intermédio
de Cristo (cf. Rm 5.20; 8.2). (2) Embora a lei de Deus fosse santa, boa e justa
(Rm 7.12), era inadequada, porque não podia dar ao povo a vida espiritual ou a
força moral (v.21; Rm 8.5-32). Nenhuma forma de obediência a regras - até mesmo
às regras de Deus — pode nos colocar em um relacionamento correto com Deus. (3)
A lei agia como um tutor temporário, ou guia de instrução para o povo de Deus,
protegendo-os e colocando-os na direção correta até que a salvação espiritual
fosse revelada e se tornasse disponível, por meio da fé em Jesus Cristo
(vv.22-26). Até então, a lei revelava a vontade de Deus e os seus padrões para
o comportamento do seu povo, e também permitia que os sacrifícios de sangue
compensassem os pecados das pessoas (veja Lv 1.5; 16.33) e apontava, de uma
maneira profética, para a morte de Cristo, que expiou os pecados e trouxe o
perdão absoluto e final (Hb 9.14; 10.12-14) (4) A lei foi dada ‘para nos
conduzir a Cristo, para que, pela fé, fôssemos justificados’ (v.24). Mas agora
que Cristo veio, a função de supervisão da lei havia terminado (v.25). Embora a
lei de Deus ainda sirva para revelar o padrão perfeito de Deus e para revelar a
nossa necessidade de Cristo, não mais podemos tentar manter um relacionamento
correto com Deus por intermédio das provisões da lei do Antigo Testamento,
incluindo o sistema de sacrifícios. A salvação agora se baseia nas provisões do
novo concerto (isto é, o ‘acordo de vida’ de Deus com as pessoas com base na
vida, morte e ressurreição de seu Filho, Jesus Cristo). A principal provisão é
a morte expiatória de Jesus Cristo (isto é, a sua morte que cobre e perdoa os
pecados, e a sua milagrosa ressurreição, que selou o novo concerto de Deus e
propiciou o perdão e a nova vida para aqueles que entregam a vida a Cristo
(vv.27-29).” (Bíblia de Estudo Pentecostal para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD,
2023, p.1627).
III. OS VERDADEIROS FILHOS DE
DEUS
1. Somos filhos de
Deus pela fé. O que faz com que sejamos
feitos filhos de Deus não é a observância da Lei. Não somos filhos de Deus
pelas coisas que fazemos, e sim pela fé em Jesus. É possível que resquícios da
mensagem dos judaizantes estejam sendo ensinados em nossos dias, quando se
exige que uma pessoa cumpra uma série de preceitos para que possa ser abençoada
ou salva.
• Paulo é categórico ao afirmar: “Pois todos sois
filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus” (Gl 3.26). No original grego, a
palavra traduzida como “filhos” é huioi, que carrega o sentido de filhos
maduros, herdeiros legítimos, não meros menores sob tutela. Isso significa que,
em Cristo, fomos adotados plenamente na família de Deus, com todos os direitos
e privilégios que isso implica. A filiação divina não nasce da observância da
Lei ou do acúmulo de boas obras, mas de uma relação viva com Cristo, recebida
pela fé (pístis), que aqui significa confiança plena e entrega total a Ele.
Hernandes Dias Lopes destaca que “a fé é a única condição para entrar na
família de Deus, porque é o único meio pelo qual a justiça de Cristo é
creditada ao pecador”¹. Obediência e santidade são frutos dessa filiação, não
pré-requisitos para obtê-la. O problema que Paulo combate em Gálatas não é
apenas histórico. Hoje, a mensagem distorcida dos judaizantes ainda ecoa quando
líderes e comunidades impõem listas de preceitos como condição para ser aceito
por Deus. O Comentário Bíblico Pentecostal adverte que “a volta à lógica das
obras é retroceder ao estado de escravidão espiritual”². Qualquer sistema que coloca o
desempenho humano como base para receber bênçãos anula a graça, pois troca a
cruz por um contrato de méritos. Para o jovem cristão, isso significa discernir
entre vida santa e legalismo. Santidade é resposta amorosa ao Pai; legalismo é
tentar comprar Seu favor. A verdadeira filiação nos liberta da insegurança de
“ter que merecer” e nos convida a viver a vida cristã com gratidão. Como ensina
João 1.12, “a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos
filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome”. Por isso, examine seu
coração. Você serve a Deus como filho amado ou como empregado com medo de ser
demitido? Filhos não trabalham para ganhar o amor do Pai; eles obedecem porque
já são amados. E é justamente essa certeza que transforma nosso serviço em
adoração e nossa obediência em alegria.
1. LOPES, Hernandes Dias. Gálatas:
A Carta da Liberdade Cristã. São Paulo: Hagnos, 2015.
2. ARRINGTON, French L. Comentário
Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
2. Não há judeu
nem grego. Na graça de Deus, todos somos
iguais para a salvação: pecadores. Sem fé, um hebreu não terá a salvação, e
pela fé, um gentio verá a Deus. Por isso Paulo diz que “nisto não há judeu nem
grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um
em Cristo Jesus” (Gl 3.28).
• A afirmação de Paulo em Gálatas 3.28 é mais do que uma
frase inspiradora; é uma declaração revolucionária que subverte toda forma de
distinção humana quando se trata de salvação. No original grego, ele usa a
expressão ouk eni (οὐκ ἔνι), que significa literalmente “não há dentro” ou “não
existe no âmbito de…”. Em Cristo, essas barreiras deixam de ter qualquer peso
para definir nossa identidade espiritual. Judeu ou grego, servo ou livre, homem
ou mulher, categorias que no mundo antigo determinavam valor, privilégio e até
acesso religioso, são esvaziadas de qualquer poder para separar aqueles que
creem. Isso não significa que nossas diferenças culturais, sociais ou
biológicas sejam apagadas, mas que elas não têm papel algum no ato justificador
de Deus. A salvação não é mérito étnico, social ou ritual, mas um dom concedido
pela fé (pistis, πίστις) no Filho de Deus. A radicalidade dessa igualdade se
torna mais nítida quando lembramos que, para o judeu do primeiro século, ser
“filho de Abraão” era garantia de proximidade com Deus. Porém, como Paulo já
mostrou, sem fé um hebreu não verá o Senhor, e pela fé até o gentio mais
distante é feito participante da herança (Ef 2.12-13). O evangelho derruba o
muro da separação (Ef 2.14) que a Lei, por sua função pedagógica, havia erguido
para mostrar a gravidade do pecado e a necessidade de um Redentor. Aqui, a
graça não apenas nivela, mas reconstrói a humanidade em uma nova categoria: en
Christō Iēsou (ἐν Χριστῷ Ἰησοῦ), unidos vitalmente ao Messias. Isso significa que todo crente,
independentemente de seu passado, goza de igual acesso ao Pai e recebe a mesma
adoção (Rm 8.15). Essa verdade, no entanto, confronta a igreja contemporânea.
Quantas vezes não recriamos, ainda que de forma sutil, novas barreiras? Muitas
comunidades, sem perceber, estabelecem sistemas implícitos de “primeira” e
“segunda” classe espiritual, seja pela posição social, por dons específicos ou
por um histórico denominacional. Mas diante da cruz, não há espaço para
hierarquias humanas. A fé que salva é a mesma para o missionário experiente e
para o jovem convertido. O chamado pastoral de Paulo nos leva a avaliar se
nossas práticas congregacionais realmente refletem essa unidade ou se, na
prática, mantemos preconceitos e distinções que Cristo já aboliu. Aplicar essa
doutrina ao dia a dia significa viver de forma que a dignidade de cada irmão
seja preservada e celebrada. Isso implica não apenas em eliminar favoritismos,
mas também em buscar ativamente a comunhão com aqueles que, aos olhos humanos,
seriam “distantes” de nós. A unidade que Paulo apresenta é orgânica, nascida do
Espírito, e não uma mera uniformidade artificial. Tal compreensão deveria
moldar desde nossas conversas no corredor da igreja até nossas decisões
ministeriais, porque qualquer postura que negue na prática essa verdade está em
contradição direta com o evangelho. Se Paulo, inspirado pelo Espírito, afirmou
que “todos vós sois um” (heis este, εἷς ἐστε), não há justificativa teológica para divisões que
excluem ou diminuem. Essa não é apenas uma doutrina para se memorizar; é um
chamado a vivermos como a nova humanidade inaugurada em Cristo, onde a única
credencial exigida é a fé viva no Salvador. Assim como Davi reconheceu,
quebrantado, que seu valor diante de Deus não estava em seu título, mas na misericórdia
divina (Sl 51), somos convidados hoje a olhar para nossa própria vida e
perguntar: minha conduta dentro da igreja reflete a unidade que Cristo comprou
com seu sangue?
ARRINGTON, French L. Comentário
Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
COELHO, Alexandre. A Liberdade em
Cristo: Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas.
Rio de Janeiro: CPAD, 2017.
DIAS LOPES, Hernandes. Gálatas: A
carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2011.
GILBERTO, Antônio. Teologia
Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.
KEENER, Craig S. Comentário
Bíblico do Contexto Cultural do Novo Testamento. São Paulo: Vida, 2014.
MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo
MacArthur. São José dos Campos: Sociedade Bíblica do Brasil, 2017.
PALMA, Anthony D. O Batismo no
Espírito Santo: A perspectiva pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2000.
YONG, Amos. O Espírito Santo e a
Missão. São Paulo: Vida Nova, 2014.
CHAMPLIN, Russell N. O Novo
Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos, 2001.
BEACON. Comentário Bíblico Beacon.
Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
3. Somos
descendentes de Abraão (Gl 3.29). Paulo não diz que
somos herdeiros de Abraão por força da Lei de Moisés, mas sim por causa da
promessa de Deus. Os judeus ainda são descendência física de Abraão, mas todos
os que creem em Jesus, pela fé, são igualmente filhos de Abraão. Nós fomos
feitos filhos de Deus por adoção, mas nem por isso somos menos filhos de Deus.
A adoção traz para nós as prerrogativas de uma herança que nos está destinada
pela fé.
• Quando Paulo afirma que “se sois de Cristo, então sois
descendência de Abraão” (Gl 3.29), ele redefine, pela inspiração do Espírito, a
verdadeira identidade do povo de Deus. O termo grego sperma (σπέρμα), traduzido
como “descendência”, remete à promessa feita em Gênesis 12.3 e reafirmada em
Gênesis 22.18, onde Deus declara que, na “semente” de Abraão, todas as nações
seriam abençoadas. Paulo, em Gálatas 3.16, já havia esclarecido que essa sperma
não se refere a muitos, mas a um só: Cristo. Portanto, ser herdeiro de Abraão
não é questão de genealogia física ou de observância à Lei de Moisés, mas de
união vital com Cristo pela fé (pistis, πίστις) (LOPES, 2011; ARRINGTON, 1996;
FEE, 2007). Os judeus, sem dúvida, continuam sendo a descendência física de
Abraão, mas isso, por si só, não garante herança espiritual. Jesus foi claro ao
confrontar os líderes religiosos: “Deus pode destas pedras suscitar filhos a
Abraão” (Mt 3.9). O que determina a verdadeira filiação é a relação com o
Messias prometido. Por meio da fé, o gentio que outrora estava “sem esperança e
sem Deus no mundo” (Ef 2.12) é agora enxertado na oliveira da promessa (Rm
11.17), recebendo o mesmo status e as mesmas bênçãos espirituais que o crente
judeu (CHAMPLIN, 2001; MACARTHUR, 2017). Essa filiação se concretiza por
adoção. O termo usado por Paulo, huiothesia (υἱοθεσία), carrega no contexto romano a
ideia de um ato legal que confere a todos os direitos, privilégios e
responsabilidades de um filho legítimo. Não somos “menos” filhos por sermos
adotados; ao contrário, fomos escolhidos intencionalmente pelo Pai e recebemos
“o Espírito de seu Filho” em nossos corações, pelo qual clamamos “Aba, Pai” (Gl
4.6). Essa adoção não apenas nos dá um novo nome, mas também nos garante
herança eterna, já reservada nos céus (1Pe 1.4) (COELHO, 2017; PENTECOSTAL,
1995; BEACON, 2006). A implicação prática dessa verdade é profunda: se todos os
crentes em Cristo são igualmente herdeiros, então não há espaço para
privilégios espirituais baseados em tradição, nacionalidade ou histórico
eclesiástico. O mesmo sangue que nos comprou nos colocou na mesma família, e
nossa herança não se limita a bênçãos futuras, mas já se manifesta no presente,
em comunhão, santificação e missão. Ser descendente de Abraão, portanto, não é
apenas um título honorífico, mas um chamado para viver pela fé e manifestar ao
mundo o caráter do Deus que cumpre Suas promessas (PALMA, 2000; KEENER, 2019). Assim
como Davi, que recebeu promessas eternas não por mérito, mas pela graça, somos
chamados a nos alegrar na certeza de que, em Cristo, já estamos incluídos na
história da redenção iniciada com Abraão. Essa convicção deve moldar nossa
identidade, sustentar nossa esperança e guiar nossas escolhas diárias, até que
recebamos plenamente a herança no Reino vindouro (OSS, 1996; MACCHIA, 2006). O
texto de Gálatas 3.9 afirma: “De modo que os que são da fé são abençoados com o
crente Abraão”. A expressão “os que são da fé” traduz o grego hoi ek pisteos (οἱ ἐκ πίστεως), indicando
aqueles cuja origem e identidade espiritual provêm da fé, e não da linhagem ou
da observância legalista. O apóstolo estabelece que a bênção prometida a Abraão
[registrada em Gênesis 12.3 e reiterada em Gênesis 15.6] é transmitida a todos
os que seguem o mesmo padrão de fé. Paulo explica em Romanos 4.3-11 que Abraão
foi declarado justo (dikaioō, δικαιόω) antes mesmo de receber a circuncisão.
Isso significa que a base da justificação nunca foi a Lei, mas a fé. Nem todos
os descendentes físicos de Abraão fazem parte do “Israel de Deus” (Gl 6.16).
Paulo reforça em Romanos 9.6-8 que “nem todos os descendentes de Israel são
Israel”. O verdadeiro Israel é composto por aqueles que, como Abraão, creem e
confiam plenamente nas promessas divinas, independentemente de sua etnia. “Herdeiros
segundo a promessa” (Gl 3.29) aponta para klēronomoi (κληρονόμοι), termo
jurídico que descreve quem tem direito legal a uma herança. Essa herança é a
bênção espiritual da aliança abraâmica, que culmina na justificação pela fé (Gn
15.6). Essa bênção se cumpre em Cristo, de modo que todos os crentes, judeus ou
gentios, são coerdeiros (Rm 8.17) da mesma promessa. Assim, Gálatas 3.9 nos
convida a abandonar qualquer confiança em méritos, linhagem ou ritos, e a nos
firmar totalmente na fé que justifica. Para o cristão, essa verdade é
libertadora: a mesma bênção que repousou sobre Abraão repousa hoje sobre nós,
porque pertencemos a Cristo, a verdadeira Semente prometida.
ARRINGTON, French L.
Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.
BEACON. Comentário Bíblico Beacon.
10 vols. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. Rio
de Janeiro: CPAD, 1995.
CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo
Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos, 2001.
COELHO, Alexandre. A Liberdade em
Cristo Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas.
Rio de Janeiro: CPAD, 2017.
FEE, Gordon D. Paulo, o Espírito e
o Povo de Deus. São Paulo: Vida, 2007.
KEENER, Craig S. The IVP Bible
Background Commentary: New Testament. Downers Grove: IVP Academic, 2019.
LOPES, Hernandes Dias. Gálatas A
Carta da Liberdade Cristã. São Paulo: Hagnos, 2011.
MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo
MacArthur. São José dos Campos: Fiel, 2017.
MACCHIA, Frank D. Baptized in the
Spirit: A Global Pentecostal Theology. Grand Rapids: Zondervan, 2006.
OSS, Douglas. “Pentecostalism and
the New Paul”. In: The Spirit and the Last Days. Springfield: Logion Press,
1996.
PALMA, Anthony D. O Batismo no
Espírito Santo: Uma perspectiva pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2000.
CONCLUSÃO
A salvação é um presente de Deus, uma
herança, que nos é dada por intermédio da fé, que nos justifica e nos faz
filhos de Deus por adoção. Ela não é nem pode ser fruto de troca, como algumas
pessoas queiram sugerir. E a Lei de Deus não se opõe à promessa dEle, pois
aceita o homem pela fé, e esse é o padrão que Ele estabeleceu para que os
homens se aproximassem dEle. Somos filhos de Deus e descendência do patriarca
Abraão pela fé.
• A salvação que Deus nos oferece não é fruto de esforço
humano, nem uma recompensa por obras ou observância legalista. Ela é um
presente divino, uma herança garantida pela graça, que recebemos somente por
meio da fé (pistis) em Jesus Cristo, que justifica o pecador e o faz filho de
Deus por adoção (huiothesia). Essa adoção não nos torna membros de segunda
categoria, mas nos insere na família do Pai com todos os direitos, privilégios
e responsabilidades inerentes à herança prometida a Abraão, aquela mesma promessa
que é cumprida plenamente em Cristo, a única “semente” (sperma) que agrada a
Deus e oferece vida eterna (Gl 3.16; Rm 4.3-5). A Lei, longe de se opor à
promessa divina, desempenha um papel essencial como tutor e guia (paidagogos),
conduzindo-nos à consciência do pecado e à necessidade de Cristo, pois ela não
pode justificar nem livrar do pecado. Paulo revela que a Lei “foi dada por
Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo” (Jo 1.17). Portanto, a
promessa divina estabelece o único caminho para a salvação: a fé. A pretensão
de qualquer justiça pela Lei representa um retrocesso espiritual, um apego a um
padrão incapaz de salvar e que apenas revela a nossa total dependência da
graça. Além disso, a exclusão de distinções humanas, seja de raça, status
social ou gênero, confirma que a salvação é universal, acessível a todos que
creem, “pois todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl 3.28). Essa unidade nos
desafia hoje a viver sem preconceitos, promovendo uma comunhão autêntica que
reflete a justiça e a reconciliação operadas pelo Espírito Santo. Em resumo,
somos filhos de Deus, feitos parte da verdadeira descendência de Abraão, não
por mérito humano, mas pela fé que nos une a Cristo, a Semente prometida. Essa
verdade nos liberta da escravidão do legalismo e nos chama a uma vida de
gratidão, fidelidade e missão. Que essa convicção transforme nossas
comunidades, nossas igrejas e nosso caminhar diário. Diante desse precioso
conteúdo, não podemos deixar de expor três aplicações práticas:
1. Examine
sua vida e ministério: Pergunte-se se você tem confiado na sua fé em Cristo
para a salvação ou se ainda busca aprovação através de obras ou rituais. A
verdadeira liberdade cristã começa quando reconhecemos que a justificação é
somente pela fé.
2. Pratique
a unidade no corpo de Cristo: Reconheça e valorize que não há distinção entre
irmãos baseada em etnia, status social ou gênero. Busque promover a comunhão
genuína, onde todos são recebidos como iguais diante de Deus.
3. Viva
como herdeiro da promessa: A fé que justifica nos chama para uma vida marcada
pela esperança e missão. Compartilhe a mensagem do evangelho com os que ainda
vivem na dependência da Lei, mostrando que em Cristo há verdadeira liberdade e
vida abundante.
Viva para a máxima glória do
Nome do Senhor Jesus!
Meu
ministério aqui é um chamado do coração: compartilhar o ensino da
Palavra de Deus de forma livre e acessível, para que você, irmão ou irmã em
Cristo, possa crescer na fé e no conhecimento das Escrituras, sem barreiras,
com subsídios preparados por um Especialista em Exegese Bíblica do Novo Testamento.
Todo o material que ofereço é fruto de
oração, estudo e dedicação, e está disponível gratuitamente para que a luz do
Evangelho alcance ainda mais vidas sedentas pela verdade. Porém, para que essa
missão continue firme, preciso da sua ajuda.
Chave PIX:
assis.shalom@gmail.com
Juntos, podemos fazer a diferença. Conto com você!
HORA DA REVISÃO
1. Qual a promessa feita a Abraão e
que alcança todas as famílias da Terra?
Deus fez promessas a Abraão, e
destacamos a de que ele seria pai de uma grande nação (Gn 12.1-3).
2. Quais são as duas
expressões gregas para a palavra “aliança”?
A primeira e synthehe, “colocar
junto”, onde um pacto é feito entre partes iguais, com direitos iguais de
discutir o acordo a ser proposto. A segunda palavra é diatheke “colocar por”, e
traz a ideia de um acordo onde as partes são desiguais, onde uma parte coloca
os termos e a outra aceita ou rejeita.
3. Por que a Lei
existe?
A Lei existe por causa das
transgressões.
4. Qual o objetivo da
Lei?
A Lei tinha por objetivo regular
as relações entre o homem e Deus, entre o homem e o seu próximo e o homem
consigo mesmo.
5. A Lei invalida as
promessas de Deus?
Não. A Lei não é contra as
promessas de Deus.