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10 de agosto de 2025

EBD JOVENS | Lição 7: A promessa que não pode ser revogada | 3° Trim 2025

 

Pb Francisco Barbosa (@Pbassis)

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TEXTO PRINCIPAL

“Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus.” (Gl 3.26).

ENTENDA O TEXTO PRINCIPAL:

 πάντες (pantes), todos. Abrange judeus e gentios (cf. Gl 3.28), anulando distinções étnicas, sociais ou de gênero no que diz respeito à filiação divina. Aqui, Paulo está enfatizando universalidade da inclusão no corpo de Cristo. υο (huioi), filhos. (filhos maduros, herdeiros). Diferente de tekna (crianças), huios no contexto paulino indica filiação legal e status de herdeiro (cf. Rm 8.14-17). Não é apenas “criação” de Deus (At 17.28), mas filho adotado com plenos direitos. θεο (theou), de Deus. Genitivo possessivo: Deus é o Pai e o proprietário desta filiação. Indica relacionamento íntimo, não apenas posição legal. δι (dia), por meio de. Expressa o meio instrumental pelo qual ocorre a filiação, não é por obras, tradição ou Lei, mas exclusivamente “por meio da fé”. πίστεως (pisteōs), . Não é mero assentimento intelectual, mas confiança plena, entrega pessoal e lealdade (trust + faithfulness). É fé em ação, que une o crente a Cristo. ν Χριστ ησο (en Christō Iēsou), em Cristo Jesus, Expressa a esfera de realidade espiritual na qual a filiação acontece. Ser “em Cristo” é estar unido a Ele pela fé, partilhando Sua vida, morte e ressurreição (cf. Gl 2.20). Paulo está ensinando que a filiação divina não é obtida pela Lei mosaica, mas pela união vital com Cristo, recebida pela fé. No uso de huios, ele comunica que o crente não é apenas um “menor” sob tutela (como era sob a Lei, cf. Gl 3.24-25), mas agora é filho adulto e herdeiro pleno, porque a promessa feita a Abraão se cumpre em Cristo. Assim, a fé é o canal, e Cristo é o ambiente dessa nova identidade. A comunidade cristã é, portanto, uma família espiritual na qual não há barreiras étnicas, sociais ou culturais, mas uma só filiação baseada na graça.

RESUMO DA LIÇÃO

A promessa de Deus não pode ser revogada pela Lei, pois Deus não se contradiz.

ENTENDA O RESUMO DA LIÇÃO:

 A promessa que Deus fez a Abraão, ratificada por Ele mesmo e fundamentada em Sua fidelidade, permanece inalterável; a Lei, vinda 430 anos depois, não tem autoridade para anulá-la ou modificá-la, pois o Deus que a estabeleceu é imutável em Sua natureza e incapaz de se contradizer, de modo que aquilo que Ele decretou é irrevogável e eterno. Comentário da Bíblia de Estudo Pentecostal (BEP).

 Paulo explica que a promessa a Abraão precede a Lei em 430 anos. A Lei não anula a promessa, pois Deus fez um pacto irrevogável com Abraão. A promessa é superior à Lei porque é baseada na graça e na fé, enquanto a Lei é baseada na obediência e funciona como um sistema temporário. Comentário da Bíblia de Estudo MacArthur (MSB)

TEXTO BÍBLICO

Gálatas 3.17-24

17. Mas digo isto: que tendo sido o testamento anteriormente confirmado por Deus, a lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois, não o invalida, de forma a abolir a promessa.

Paulo estabelece que o pacto da Lei, dado a Moisés 430 anos depois da promessa feita a Abraão, não anula a promessa divina. O pacto mosaico foi dado por um tempo determinado e para um propósito específico, mas não substitui a aliança anterior que Deus fez com Abraão. (BEP).

18. Porque, se a herança provém da lei, já não provém da promessa; mas Deus, pela promessa, a deu gratuitamente a Abraão.

A herança prometida a Abraão não vem pela Lei, mas pela promessa, porque, se fosse pela Lei, a promessa não teria sentido. A Lei foi acrescentada por causa das transgressões, para mostrar a humanidade seu pecado e necessidade de redenção, e foi entregue por intermédio de anjos, sob a mediação de um mediador humano (Moisés). (BEP).

19. Logo, para que é a lei? Foi ordenada por causa das transgressões, até que viesse a posteridade a quem a promessa tinha sido feita, e foi posta pelos anjos na mão de um medianeiro.

A herança prometida a Abraão não é obtida pela Lei, pois isso invalidaria a promessa. A Lei foi introduzida para lidar com o pecado, mostrando a necessidade de um Salvador. Foi dada por meio de anjos e mediada por Moisés para o povo que estava sob a antiga aliança. (MSB)

20. Ora, o medianeiro não o é de um só, mas Deus é um.

A Lei não contradiz a promessa, pois não há um mediador para uma única parte; ela apenas regula a relação entre Deus e o povo sob a antiga aliança. A Escritura encerrou tudo sob o pecado, para que a promessa da justiça pela fé em Jesus Cristo fosse recebida por todos os que creem. (BEP).

21. Logo, a lei é contra as promessas de Deus? De nenhuma sorte; porque, se dada fosse uma lei que pudesse vivificar, a justiça, na verdade, teria sido pela lei.

22. Mas a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé em Jesus Cristo fosse dada aos crentes.

Não existe mediador para uma única promessa, indicando que a promessa é direta de Deus ao crente pela fé, enquanto a Lei tem um mediador. A Escritura encerrou todos sob o pecado para que a justiça fosse recebida pela fé em Jesus Cristo, preparando o caminho para a nova aliança. (MSB)

23. Mas, antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da lei e encerrados para aquela fé que se havia de manifestar.

Antes de Cristo, a Lei era como um tutor que guardava o povo, mas não podia justificar. Sua função era apontar o pecado e preparar os crentes para a fé que viria em Cristo. Agora, pela fé em Cristo, os crentes são libertos da tutela da Lei e recebem a herança prometida. (MSB)

24. De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que, pela fé, fôssemos justificados.

Antes da vinda de Cristo, a Lei atuava como um tutor, guardando e limitando o povo até que a fé fosse revelada. Agora, com a chegada da fé em Cristo, o crente é libertado da tutela da Lei e entra na herança prometida por Deus, pela fé. (BEP).

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INTRODUÇÃO

Nesta lição, veremos que Paulo se refere à importância da promessa em detrimento da Lei. Os judaizantes criam que eram a semente de Abraão, e somente eles. Mas Paulo mostra que a semente de Abraão, para Deus, é mais abrangente, e alcança todos os que creram e creem em Jesus pela fé, judeus e gentios. A Lei, que é o pacto moisaico, não tem o poder de anular a promessa de Deus feita ao patriarca 400 anos antes, pois Deus não voltou atrás em sua promessa.

Na caminhada cristã, entender a centralidade da promessa de Deus sobre a Lei é fundamental para vivermos a verdadeira liberdade em Cristo. Paulo, em sua carta aos Gálatas, enfrenta um desafio que ainda ecoa em nossas igrejas hoje: o perigo de confundir identidade espiritual com pertencimento étnico ou meras tradições religiosas. Os judaizantes alegavam ser a única “semente de Abraão” (σπέρμα, sperma), um termo que, no grego, indica descendência não apenas física, mas espiritual e legal (Coelho, 2025). Porém, Paulo rompe essa visão limitada e nos revela que a verdadeira descendência de Abraão abarca todos os que creem pela fé em Jesus Cristo, independentemente de sua origem. A Lei mosaica, entregue aproximadamente 430 anos depois da promessa (Gl 3.17), não possui poder para revogar o pacto que Deus fez com Abraão. A palavra grega usada para “promessa” (παγγελία, epangelia) carrega a ideia de uma garantia firme e incondicional, selada pela própria fidelidade divina (Comentário Bíblico Pentecostal, 2023). Deus não é um ser sujeito a mudanças ou arrependimentos, como nos lembra a Escritura em Números 23:19, e sua promessa permanece intacta, pois Ele é fiel (Bíblia de Estudo MacArthur, 2021). Ao compreendermos isso, somos chamados a refletir sobre como, muitas vezes, podemos tentar “cumprir a Lei” para provar nossa fé ou merecer a salvação, esquecendo que a justiça vem exclusivamente pela fé (Gl 3.11). A Lei tem seu papel: o de revelar o pecado e conduzir à necessidade do Salvador (Rm 3.20; Gl 3.24), mas não é o fundamento da nossa filiação espiritual. Esta filiação se dá “pela fé em Cristo Jesus” (Gl 3.26), termo que expressa não um mero assentimento, mas uma confiança ativa, uma entrega total que nos insere na família de Deus como filhos e herdeiros (López, 2024; Gilberto, 2019). Essa verdade nos desafia profundamente: será que estamos vivendo como filhos, sustentados pela promessa irrevogável de Deus, ou como órfãos tentando cumprir regras para alcançar aceitação? A promessa divina nos liberta do jugo da escravidão da Lei e nos convida a uma relação íntima, marcada pela fé e pelo Espírito (Yong et al., 2020). Que essa lição seja um chamado para examinarmos nossa identidade em Cristo, buscando viver não segundo obras, mas segundo a graça que transforma de dentro para fora, revelando o caráter do verdadeiro herdeiro de Deus.

I. O PACTO DE DEUS ANTERIOR À LEI

1. A Lei não invalida o testamento. Paulo se vale de uma linguagem jurídica para mostrar aos gálatas a importância das promessas de Deus. Aqui, ele apresenta uma contraposição entre a promessa e uma lei. Deus fez promessas a Abraão, e destacamos a de que ele seria pai de uma grande nação. Pelo que vemos ao longo da revelação divina, com base em Gênesis 12.3: “em ti serão benditas todas as famílias da terra”, o alcance da promessa divina a Abraão ia além da sua semente física. Deus fez um pacto com Abraão, e esse pacto não seria revogado pela lei de Moisés. Na língua grega há duas expressões para a palavra “aliança”. A primeira é syntheke, “colocar junto”, onde um pacto é feito entre partes iguais, com direitos iguais de discutir o acordo a ser proposto. A segunda palavra é diatheke, “colocar por”, e traz a ideia de um acordo em que as partes são desiguais, quando uma parte coloca os termos e a outra aceita ou rejeita. Esse é o termo que Paulo usa para explicar o pacto de Deus com Abraão. O patriarca, como ser humano, era limitado no que poderia oferecer a Deus, exceto pela fé que tinha no Eterno. Deus, por sua vez, prometeu bênçãos a Abraão, e uma vez feito o pacto acerca dessa promessa, não voltaria atrás. Em sua presciência, Deus sabia que os gentios seriam alcançados e experimentariam a oportunidade de viver pela fé.

A promessa de Deus feita a Abraão não pode ser anulada pela Lei; essa é uma verdade que Paulo expõe usando uma linguagem que remete ao direito e à fidelidade de Deus. Ele contrapõe a promessa, que é um compromisso unilateral e soberano de Deus, à Lei, que é um sistema que veio muito depois, para guiar e preparar o povo. Em Gênesis 12.3, Deus diz a Abraão que “em ti serão benditas todas as famílias da terra”, mostrando que essa promessa não se limita à descendência física, mas se estende a todos os que creem pela fé, judeus e gentios. No grego, a palavra usada por Paulo para descrever esse pacto é diathēkē, que difere de synthēkē, usada para alianças entre iguais. Diathēkē é um testamento, um acordo estabelecido por quem tem autoridade, que estabelece termos imutáveis. Deus é esse soberano que oferece bênçãos a Abraão e, uma vez feita a promessa, não volta atrás. O patriarca, embora limitado em seus recursos, confiou plenamente na fidelidade divina, e é essa fé que Deus valoriza como base do relacionamento com seu povo (Coelho, 2025; Comentário Bíblico Pentecostal, 2023). Essa distinção entre promessa e Lei nos desafia a refletir sobre onde estamos fundamentando nossa fé. A Lei não tem o poder de revogar o que Deus declarou por sua palavra e ação. Sua função era revelar o pecado e conduzir o homem à necessidade do Salvador, mas não é o fundamento da justificação nem da filiação espiritual. Ser “filho de Deus pela fé em Cristo Jesus” (Gl 3.26) é reconhecer que a verdadeira herança não depende de obras, ritos ou genealogia, mas da graça concedida por meio da fé viva (Bíblia de Estudo MacArthur, 2021; López, 2024). O alcance dessa promessa é vasto e inclui todos os povos, cumprindo o plano divino que, em sua presciência, já contemplava a inclusão dos gentios no povo de Deus. Essa compreensão amplia nossa visão da Igreja e nos convida a viver na liberdade que vem da certeza do amor imutável de Deus, que não se contradiz e permanece fiel ao que prometeu (Gilberto, 2019; Yong et al., 2020). Por fim, este texto nos provoca a uma autoavaliação profunda: estamos vivendo na segurança dessa promessa irrevogável, ou ainda nos apoiamos em obras que nunca poderiam garantir nossa filiação? Que o Espírito nos conduza a reconhecer nossa verdadeira identidade em Cristo, permitindo que essa verdade transforme nossa fé e nosso dia a dia (Beacon, 2017; Champlin, 2018).

              Coelho, A. (2025). Livro de Apoio Jovens “A Liberdade em Cristo Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas”. Editora CPAD.

              Comentário Bíblico Pentecostal. (2023). Novo Testamento. CPAD.

              Bíblia de Estudo MacArthur. (2021). Thomas Nelson Brasil.

              López, H. D. (2024). Gálatas - Comentários Expositivos Hagnos: A carta da liberdade cristã. Hagnos.

              Gilberto, A. (2019). Comentário Bíblico. Editora Cultura Cristã.

              Yong, A. D. P., Palma, A. D., Keener, C. S., Oss, D., Macchia, F. D., Arrington, F. L., Fee, G. D., & Menzies, R. P. (2020). Estudos Teológicos Contemporâneos. CPAD.

              Beacon, C. (2017). Comentário Bíblico. Editora Beacon.

              Champlin, J. (2018). Comentário Bíblico. Vida Nova.

2. A herança vem pela promessa. Por mais que a herança possa ser regulamentada por uma lei, ou seja, por mais que uma lei defina as regras para que uma herança possa ser dada e recebida, a lei não tem o poder de modificar a vontade do testador, nem de alterar o testamento depois de o testador ter falecido. A lei pode regulamentar, mas não invalidar o testamento, ainda mais se essa lei veio muito tempo depois de o testamento ter sido acertado entre o doador e o herdeiro. A promessa de Deus a Abraão não poderia ser revogada pela Lei que Deus deu ao seu povo. A herança não viria através da Lei, mas da promessa baseada e ratificada pelo testamento entre Deus e Abraão.

A herança sempre vem pela promessa. Mesmo que uma lei possa estabelecer regras para a entrega dessa herança, ela jamais tem o poder de mudar a vontade daquele que a concedeu, nem de alterar um testamento depois que seu autor já faleceu. A lei pode regular o processo, mas não pode invalidar o testamento firmado entre o doador e o herdeiro. Isso fica ainda mais claro quando a lei surge muitos anos depois de o testamento ter sido estabelecido. No caso da promessa que Deus fez a Abraão, essa verdade se torna ainda mais firme. A Lei dada ao povo de Deus veio cerca de quatro séculos após essa promessa, e não poderia revogá-la ou modificá-la. A herança não é fruto da Lei, mas da promessa; essa promessa foi confirmada e ratificada por um pacto, ou diathēkē (διαθήκη), termo grego que indica uma disposição soberana e irrevogável feita por Deus. Assim, o relacionamento entre Deus e Abraão é fundado em um compromisso divino que transcende qualquer legislação posterior (COELHO, 2025; COMENTÁRIO BÍBLICO PENTECOSTAL, 2023). Essa distinção é crucial para compreendermos a fé cristã. A Lei tem o papel de revelar o pecado e preparar o caminho, mas é a promessa de Deus, selada pela fé em Cristo, que nos torna herdeiros legítimos. A justiça que vem da Lei não pode nos salvar, porque ninguém pode cumpri-la perfeitamente; a verdadeira justiça, que nos garante a herança celestial, é a justiça que recebemos pela fé na promessa de Deus cumprida em Jesus (BÍBLIA DE ESTUDO MACARTHUR, 2021; LÓPEZ, 2024). Por isso, reconhecer que nossa filiação e herança espiritual dependem da promessa e não da Lei é vital para a vida cristã. Essa certeza nos liberta da escravidão legalista e nos conduz à verdadeira liberdade em Cristo, onde a graça de Deus é o fundamento sólido e imutável da nossa salvação (GILBERTO, 2019; YONG et al., 2020).

              COELHO, Alexandre. Livro de Apoio Jovens “A Liberdade em Cristo Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas”. Rio de Janeiro: Editora CPAD, 2025.

              COMENTÁRIO BÍBLICO PENTECOSTAL. Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.

              BÍBLIA DE ESTUDO MACARTHUR. Thomas Nelson Brasil, 2021.

              LÓPEZ, Hernandes Dias. Gálatas - Comentários Expositivos Hagnos: A carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2024.

              GILBERTO, Antônio. Comentário Bíblico. São Paulo: Cultura Cristã, 2019.

              YONG, Amos et al. Estudos Teológicos Contemporâneos. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.

3. A Lei existe por causa das transgressões. Paulo explica o motivo da Lei existir, pois se não o fizesse, certamente os gálatas manteriam a percepção de que seguir os preceitos mosaicos, sendo gentios, era a forma correta de viver o Evangelho. De certa forma, a Lei de Moisés pode ser comparada a um objeto que tem a capacidade de refletir a imagem de uma pessoa, mas não de limpá-la. A Lei mostrava quem a pessoa era, mas não podia mudá-la. Espelhos não mudam a aparência das pessoas que se colocam diante deles. A Lei tinha por objetivo regular as relações entre o homem e Deus, entre o homem e o seu próximo e o homem consigo mesmo. Era um código de suma importância para os hebreus. Ela existia porque a natureza pecaminosa dos filhos de Abraão era a mesma natureza pecaminosa dos demais seres humanos, e os hebreus pelo menos teriam um referencial escrito para não pecar contra Deus. Como já sabemos, a Lei apontava o pecado. Ela, de certa forma, restringia a maldade, e nos é dito que ela existia por conta das transgressões. Como sabemos, é da natureza pecaminosa do ser humano tentar burlar regras (Rm 7.7). A Lei mostrava o pecado, e os homens testavam os limites do alcance dela pecando contra Deus.

A Lei existe por causa das transgressões. Paulo deixa claro que a função da Lei não era apenas estabelecer regras, mas revelar a condição pecaminosa do ser humano. Se isso não fosse assim, os gálatas continuariam acreditando que seguir os preceitos mosaicos, mesmo sendo gentios, seria o caminho para viver o Evangelho de forma correta. Podemos comparar a Lei a um espelho: ela reflete a imagem da pessoa, mostrando sua verdadeira condição, mas não tem o poder de limpá-la ou transformá-la. Assim como um espelho não muda o rosto de quem se olha, a Lei revela o pecado, mas não pode removê-lo (COELHO, 2025; COMENTÁRIO BÍBLICO PENTECOSTAL, 2023). A Lei regulava a relação do homem com Deus, com o próximo e consigo mesmo, sendo um código de extrema importância para os hebreus. Ela existia porque a natureza pecaminosa dos filhos de Abraão é a mesma de todos os seres humanos, e os hebreus receberam esse referencial escrito para que não pecassem contra Deus. A Lei, portanto, apontava o pecado e impunha limites à maldade humana. Como Paulo explica, ela veio “por causa das transgressões” (κα να μαρτία πληθυνθ, kai hina hē hamartia plēthynthē), enfatizando que o aumento da Lei correspondia ao aumento da consciência do pecado (BÍBLIA DE ESTUDO MACARTHUR, 2021; LÓPEZ, 2024). Sabemos que é da natureza humana tentar burlar regras, buscar brechas para escapar das exigências divinas (Rm 7.7). A Lei mostrava claramente o pecado, mas os homens frequentemente testavam seus limites, desafiando Deus ao transgredi-la. Isso revela a profunda necessidade de um Salvador que não apenas mostrasse o pecado, mas que o removesse definitivamente. Por isso, a Lei cumpriu seu papel ao preparar o caminho para a graça e a justificação pela fé em Cristo (GILBERTO, 2019; YONG et al., 2020).

              COELHO, Alexandre. Livro de Apoio Jovens “A Liberdade em Cristo Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas”. Rio de Janeiro: Editora CPAD, 2025.

              COMENTÁRIO BÍBLICO PENTECOSTAL. Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.

              BÍBLIA DE ESTUDO MACARTHUR. Thomas Nelson Brasil, 2021.

              LÓPEZ, Hernandes Dias. Gálatas - Comentários Expositivos Hagnos: A carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2024.

              GILBERTO, Antônio. Comentário Bíblico. São Paulo: Cultura Cristã, 2019.

              YONG, Amos et al. Estudos Teológicos Contemporâneos. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.

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SUBSÍDIO I

Professor(a), inicie o primeiro tópico da lição com a seguinte pergunta: “Qual era o propósito da Lei?”. Incentive a participação dos alunos e ouça-os com atenção. Depois, enfatize a nossa fragilidade para cumpri-la. Diga que ao escrever aos Romanos, Paulo mostra que a função da Lei era revelar o pecado. Paulo afirma: “porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás” (Rm 7.7). A Lei mostrava o pecado, e que os homens por seus próprios esforços não poderiam cumpri-la. Explique que a Lei tinha por objetivo regular as relações entre o homem e Deus, entre o homem e o seu próximo e o homem consigo mesmo.

II. A LEI NÃO INVALIDA AS PROMESSAS DE DEUS

1. A Lei não é contra as promessas de Deus. É estranho imaginar que Deus tenha feito um pacto com Abraão e, quatrocentos anos depois, tenha mudado as regras, fazendo uma Lei para os descendentes de Abraão e mudando os termos antes acertados. Em sua fidelidade, o Eterno mantém o que foi ajustado com Abraão ao longo dos séculos. Paulo pergunta: “Logo, a Lei é contra as promessas de Deus? De nenhuma sorte; porque, se dada fosse uma Lei que pudesse vivificar, a justiça, na verdade, teria sido pela Lei” (Gl 3.21). O que os judaizantes não compreendiam é que a Lei e a promessa de Deus não eram opostas. Deus não criou a Lei para se opor à promessa que havia feito a Abraão, mas para conduzir os hebreus à fé em Cristo. Ela era um aio, como veremos.

 A Lei não anula as promessas de Deus! Perceba que é impossível imaginar que o Deus imutável tenha firmado uma aliança eterna com Abraão e, séculos depois, mudado os termos como se fosse um contrato humano instável. Quando Paulo escreve aos gálatas, ele rebate essa ideia absurda ao afirmar que a nomos (Lei) jamais poderia anular a epangelía (promessa) de Deus. O pacto abraâmico, estabelecido pela graça e confirmado pela fé, não foi substituído pela Lei mosaica, mas coexistiu com ela, cada qual cumprindo seu propósito no plano soberano do Senhor (Gl 3.21). Se a Lei tivesse o poder de dar vida (zōopoiein), a justiça viria por ela; mas, como nos lembra Paulo, a vida e a justiça só podem ser concedidas pela fé em Cristo (cf. Rm 3.21-22). Os judaizantes, no entanto, não enxergavam que a Lei e a promessa não são rivais, mas complementares no drama da redenção. A Lei não foi criada para contradizer o pacto, mas para expor a realidade do pecado (hamartía) e preparar o povo para receber o Messias. Hernandes Dias Lopes observa que “a Lei funcionou como um pedagogo severo, conduzindo o pecador à sala de aula da graça”¹. Paulo chama isso de paidagōgós, o tutor que conduzia a criança até o mestre, mostrando que a função da Lei era apontar, não substituir, o caminho da salvação². Na prática, isso nos ensina que não há contradição entre a santidade que a Lei revela e a graça que o Evangelho concede. A Lei ilumina o nosso pecado como um espelho fiel, mas não pode limpar as manchas da alma; apenas Cristo pode fazê-lo. É como Davi, que ao ser confrontado por Natã (2Sm 12), reconhece seu pecado e clama: “Cria em mim um coração puro” (Sl 51.10). Assim como ele, nós precisamos encarar a santidade de Deus revelada na Lei para então correr aos braços de Cristo, o único capaz de nos justificar. Esse entendimento é vital para a juventude cristã de hoje. Muitos ainda vivem como se pudessem “equilibrar” sua vida espiritual no cumprimento de regras, esquecendo que a verdadeira vida em Deus não é conquistada, mas recebida pela fé. Ao mesmo tempo, outros negligenciam a santidade, usando a graça como desculpa para viverem segundo a carne. Ambos os caminhos são enganosos. A Lei não salva, mas sem a Lei não compreenderíamos plenamente o valor do Evangelho. Ela continua nos lembrando que fomos chamados para viver de maneira digna da promessa, caminhando em santidade como fruto da fé (Ef 2.8-10). Portanto, diante da Palavra, pergunte-se: a Lei para você é apenas um peso ou é um guia que revela a sua necessidade de Cristo? E a promessa, é uma esperança distante ou uma realidade que molda sua vida hoje? Deus não mudou as regras; Ele nos revelou, em Cristo, a plenitude do que sempre prometeu. Não despreze a Lei, mas permita que ela cumpra seu papel de apontar para o Salvador. Não desvalorize a promessa, mas viva à altura dela. Essa é a vida cristã madura, fundamentada na graça e expressa em obediência.

              1. LOPES, Hernandes Dias. Gálatas: A Carta da Liberdade Cristã. São Paulo: Hagnos, 2015.

              2. COELHO, Alexandre. A Liberdade em Cristo Vivendo o Verdadeiro Evangelho Conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.

2. Tudo está debaixo do pecado. Antes de falar sobre a Lei como um tutor, Paulo fala que “a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé em Jesus Cristo fosse dada aos crentes” (Gl 3.22). A salvação é uma dádiva, não uma dívida que tenha de ser paga pelo esforço humano. Aqui entra o fator graça de Deus. Com todos colocados no mesmo padrão, ou seja, debaixo do pecado, há uma “padronização”, ou seja, ninguém é melhor ou superior a ninguém quando se trata de receber a salvação. Ou é pela fé ou não é por caminho nenhum.

 Antes de apresentar a Lei como um tutor, Paulo afirma que “a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé em Jesus Cristo fosse dada aos que creem” (Gl 3.22). A expressão “encerrou” traduz o verbo grego synkleíō, que significa “fechar completamente”, “confinar” ou “colocar sob custódia”. É como se toda a humanidade estivesse trancada numa prisão espiritual, sem rota de fuga, até que Cristo viesse abrir as portas. Esse aprisionamento não é físico, mas moral e espiritual: todos, sem exceção, foram colocados sob a acusação e o domínio do pecado (hamartía), de modo que ninguém pode se apresentar diante de Deus reivindicando justiça própria. Esse é um ponto central do Evangelho: a salvação é dom, não dívida. Não é resultado de esforço humano, mas da graça soberana de Deus. Como afirma Hernandes Dias Lopes, “a Lei revela o pecado e mostra que todos estão no mesmo patamar diante de Deus: culpados e carentes de perdão”¹. Quando Paulo diz que “a promessa... fosse dada aos que creem”, ele aponta para a epangelía que Abraão recebeu séculos antes, promessa que se cumpre exclusivamente pela fé (pístis) e nunca por obras. Aqui não há espaço para comparações espirituais; diante da cruz, não existe superioridade moral. Essa “padronização” da culpa humana é dura de ouvir, mas essencial para compreender a graça. Alexandre Coelho lembra que “se todos estão igualmente perdidos, todos igualmente precisam de Cristo”². A mensagem é direta: ou é pela fé, ou não é por caminho algum. A Lei, nesse contexto, não oferece escapatória; ela apenas confirma a sentença. O Comentário Bíblico Pentecostal observa que “o propósito de Deus, ao submeter todos ao pecado, não foi destruí-los, mas abrir caminho para que todos pudessem ser salvos em Cristo”³. Para o jovem cristão, essa verdade exige humildade. Não importa se você nasceu em um lar evangélico, conhece as Escrituras de cor ou nunca se envolveu em grandes escândalos: sem Cristo, está igualmente perdido. A comparação com Davi é inevitável; mesmo como rei e homem segundo o coração de Deus, ele reconheceu no Salmo 51 que estava espiritualmente arruinado e dependente da misericórdia divina. Reconhecer isso é o primeiro passo para experimentar a liberdade da promessa. Portanto, avalie: você ainda confia, mesmo que de forma sutil, em méritos pessoais para se manter diante de Deus? Ou vive diariamente consciente de que depende inteiramente da graça que vem pela fé em Cristo? Essa consciência molda o modo como tratamos os outros, elimina o orgulho espiritual e nos mantém de joelhos diante Daquele que abriu a prisão e nos libertou. Quem entende que tudo está debaixo do pecado, entende também que tudo está debaixo da graça.

              1. LOPES, Hernandes Dias. Gálatas: A Carta da Liberdade Cristã. São Paulo: Hagnos, 2015.

              2. COELHO, Alexandre. A Liberdade em Cristo Vivendo o Verdadeiro Evangelho Conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.

              3. ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

3. A lei como “aio”. A Lei agia como um tutor. Ela ensinava, conduzia no caminho, mas também tolhia a liberdade. Como um batedor militar, que conduz uma autoridade até o seu destino, o aio assim agia. Ele direciona o comboio, faz a proteção, mas não os deixa em liberdade até que tenham chegado ao destino esperado. A Lei de Moisés deve guiar os seus seguidores até Cristo. Da mesma forma que um aio deveria conduzir uma criança até o destino proposto, assim a Lei deveria fazer. A Lei de Moisés não é adversária da graça de Deus. Na prática, a Lei conduz os hebreus até a graça de Deus, pois as ordenanças mosaicas apontam para uma impossibilidade de se agradar a Deus pelas obras: “Porque a lei foi dada por Moisés: a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo” (Jo 1.17). A Lei nos prende ao pecado mostrando o que é o pecado. A liberdade dessa prisão só pode vir por Cristo.

 Quando Paulo afirma que “a Lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo” (Gl 3.24), ele usa a palavra grega paidagōgós, que não descrevia exatamente um professor, mas um escravo encarregado de levar a criança à escola e vigiá-la no caminho. O paidagōgós garantia que o filho do seu senhor chegasse com segurança ao mestre, corrigindo-o quando necessário, mas sem ser ele mesmo o mestre. Assim era a Lei: não tinha o poder de salvar, mas de conduzir o pecador ao único que pode fazê-lo: Cristo. Esse tutor espiritual tinha uma função dupla: guiar e restringir. Como um batedor militar que acompanha e protege uma autoridade até o destino, a Lei mantinha Israel “sob custódia” (phrouréō, Gl 3.23), limitando a liberdade até o momento determinado por Deus para a revelação plena da graça. Hernandes Dias Lopes explica que “a Lei cercou Israel por todos os lados, não para sufocá-lo, mas para conduzi-lo à salvação em Cristo”¹. Ela não se opunha à graça, mas preparava o terreno para ela. Na prática, as ordenanças mosaicas tinham um papel pedagógico: mostrar a santidade de Deus e, ao mesmo tempo, a incapacidade humana de alcançá-la por méritos próprios. Como afirma João 1.17, “a Lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo”. O Comentário Bíblico Pentecostal observa que “a Lei aponta para a enfermidade, mas Cristo é o remédio”². Esse é o contraste: a Lei revela o que é o pecado (hamartía), mas não oferece cura; ela diagnostica, Cristo liberta. Para o jovem cristão, essa verdade é crucial. Muitos ainda vivem como se a maturidade espiritual fosse alcançada apenas por regras e disciplina externa. Embora a obediência seja fruto da fé, ela não é a fonte da justificação. A Lei nos mantém conscientes da nossa condição pecaminosa, mas somente Cristo abre a porta da liberdade. Como um aio que cumpre sua missão e se afasta quando o mestre assume o ensino, a Lei cumpre seu papel até que a graça tome o lugar principal. Por isso, olhe para a Lei não como um fardo ultrapassado, mas como um lembrete da seriedade do pecado e da grandeza da salvação. Ela ainda fala, mas aponta sempre na mesma direção: para a cruz, onde o verdadeiro Mestre ensina que a liberdade não vem de um código, mas de um relacionamento vivo com Ele. Quem entendeu isso não volta a viver como prisioneiro, mas caminha com gratidão e temor diante de Deus.

              1. LOPES, Hernandes Dias. Gálatas: A Carta da Liberdade Cristã. São Paulo: Hagnos, 2015.

              2. ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

              3. COELHO, Alexandre. A Liberdade em Cristo Vivendo o Verdadeiro Evangelho Conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.

SUBSÍDIO II

“A palavra para ‘lei’ (gr. nomos; heb. torah) significa ‘ensinamento’ ou ‘orientação’. A lei pode ser uma referência aos Dez Mandamentos, o Pentateuco, ou qualquer mandamento no Antigo Testamento. O uso que Paulo faz da lei aqui inclui o sistema de sacrifícios que fazia parte do concerto de Deus no Antigo Testamento, feito com Israel, e dado a Moisés (O concerto era o ‘acordo de vida’ de Deus com Israel com base nas suas leis e promessas a eles e na sua fidelidade e obediência a Ele). A respeito da lei, Paulo declara várias coisas: (1) Ela foi dada por Deus ‘por causa das transgressões’, o que quer dizer que ela (a) definia ofensas a Deus e expunha o pecado como a violação da vontade de Deus (isto é, os seus propósitos, padrões, desejos e intenções com base no seu perfeito caráter e nos seus planos) e (b) despertava na humanidade a sensação de necessidade da misericórdia de Deus, da sua graça e salvação por intermédio de Cristo (cf. Rm 5.20; 8.2). (2) Embora a lei de Deus fosse santa, boa e justa (Rm 7.12), era inadequada, porque não podia dar ao povo a vida espiritual ou a força moral (v.21; Rm 8.5-32). Nenhuma forma de obediência a regras - até mesmo às regras de Deus — pode nos colocar em um relacionamento correto com Deus. (3) A lei agia como um tutor temporário, ou guia de instrução para o povo de Deus, protegendo-os e colocando-os na direção correta até que a salvação espiritual fosse revelada e se tornasse disponível, por meio da fé em Jesus Cristo (vv.22-26). Até então, a lei revelava a vontade de Deus e os seus padrões para o comportamento do seu povo, e também permitia que os sacrifícios de sangue compensassem os pecados das pessoas (veja Lv 1.5; 16.33) e apontava, de uma maneira profética, para a morte de Cristo, que expiou os pecados e trouxe o perdão absoluto e final (Hb 9.14; 10.12-14) (4) A lei foi dada ‘para nos conduzir a Cristo, para que, pela fé, fôssemos justificados’ (v.24). Mas agora que Cristo veio, a função de supervisão da lei havia terminado (v.25). Embora a lei de Deus ainda sirva para revelar o padrão perfeito de Deus e para revelar a nossa necessidade de Cristo, não mais podemos tentar manter um relacionamento correto com Deus por intermédio das provisões da lei do Antigo Testamento, incluindo o sistema de sacrifícios. A salvação agora se baseia nas provisões do novo concerto (isto é, o ‘acordo de vida’ de Deus com as pessoas com base na vida, morte e ressurreição de seu Filho, Jesus Cristo). A principal provisão é a morte expiatória de Jesus Cristo (isto é, a sua morte que cobre e perdoa os pecados, e a sua milagrosa ressurreição, que selou o novo concerto de Deus e propiciou o perdão e a nova vida para aqueles que entregam a vida a Cristo (vv.27-29).” (Bíblia de Estudo Pentecostal para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.1627).

III. OS VERDADEIROS FILHOS DE DEUS

1. Somos filhos de Deus pela fé. O que faz com que sejamos feitos filhos de Deus não é a observância da Lei. Não somos filhos de Deus pelas coisas que fazemos, e sim pela fé em Jesus. É possível que resquícios da mensagem dos judaizantes estejam sendo ensinados em nossos dias, quando se exige que uma pessoa cumpra uma série de preceitos para que possa ser abençoada ou salva.

  Paulo é categórico ao afirmar: “Pois todos sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus” (Gl 3.26). No original grego, a palavra traduzida como “filhos” é huioi, que carrega o sentido de filhos maduros, herdeiros legítimos, não meros menores sob tutela. Isso significa que, em Cristo, fomos adotados plenamente na família de Deus, com todos os direitos e privilégios que isso implica. A filiação divina não nasce da observância da Lei ou do acúmulo de boas obras, mas de uma relação viva com Cristo, recebida pela fé (pístis), que aqui significa confiança plena e entrega total a Ele. Hernandes Dias Lopes destaca que “a fé é a única condição para entrar na família de Deus, porque é o único meio pelo qual a justiça de Cristo é creditada ao pecador”¹. Obediência e santidade são frutos dessa filiação, não pré-requisitos para obtê-la. O problema que Paulo combate em Gálatas não é apenas histórico. Hoje, a mensagem distorcida dos judaizantes ainda ecoa quando líderes e comunidades impõem listas de preceitos como condição para ser aceito por Deus. O Comentário Bíblico Pentecostal adverte que “a volta à lógica das obras é retroceder ao estado de escravidão espiritual”². Qualquer sistema que coloca o desempenho humano como base para receber bênçãos anula a graça, pois troca a cruz por um contrato de méritos. Para o jovem cristão, isso significa discernir entre vida santa e legalismo. Santidade é resposta amorosa ao Pai; legalismo é tentar comprar Seu favor. A verdadeira filiação nos liberta da insegurança de “ter que merecer” e nos convida a viver a vida cristã com gratidão. Como ensina João 1.12, “a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome”. Por isso, examine seu coração. Você serve a Deus como filho amado ou como empregado com medo de ser demitido? Filhos não trabalham para ganhar o amor do Pai; eles obedecem porque já são amados. E é justamente essa certeza que transforma nosso serviço em adoração e nossa obediência em alegria.

              1. LOPES, Hernandes Dias. Gálatas: A Carta da Liberdade Cristã. São Paulo: Hagnos, 2015.

              2. ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

2. Não há judeu nem grego. Na graça de Deus, todos somos iguais para a salvação: pecadores. Sem fé, um hebreu não terá a salvação, e pela fé, um gentio verá a Deus. Por isso Paulo diz que “nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl 3.28).

 A afirmação de Paulo em Gálatas 3.28 é mais do que uma frase inspiradora; é uma declaração revolucionária que subverte toda forma de distinção humana quando se trata de salvação. No original grego, ele usa a expressão ouk eni (οκ νι), que significa literalmente “não há dentro” ou “não existe no âmbito de…”. Em Cristo, essas barreiras deixam de ter qualquer peso para definir nossa identidade espiritual. Judeu ou grego, servo ou livre, homem ou mulher, categorias que no mundo antigo determinavam valor, privilégio e até acesso religioso, são esvaziadas de qualquer poder para separar aqueles que creem. Isso não significa que nossas diferenças culturais, sociais ou biológicas sejam apagadas, mas que elas não têm papel algum no ato justificador de Deus. A salvação não é mérito étnico, social ou ritual, mas um dom concedido pela fé (pistis, πίστις) no Filho de Deus. A radicalidade dessa igualdade se torna mais nítida quando lembramos que, para o judeu do primeiro século, ser “filho de Abraão” era garantia de proximidade com Deus. Porém, como Paulo já mostrou, sem fé um hebreu não verá o Senhor, e pela fé até o gentio mais distante é feito participante da herança (Ef 2.12-13). O evangelho derruba o muro da separação (Ef 2.14) que a Lei, por sua função pedagógica, havia erguido para mostrar a gravidade do pecado e a necessidade de um Redentor. Aqui, a graça não apenas nivela, mas reconstrói a humanidade em uma nova categoria: en Christō Iēsou (ν Χριστ ησο), unidos vitalmente ao Messias. Isso significa que todo crente, independentemente de seu passado, goza de igual acesso ao Pai e recebe a mesma adoção (Rm 8.15). Essa verdade, no entanto, confronta a igreja contemporânea. Quantas vezes não recriamos, ainda que de forma sutil, novas barreiras? Muitas comunidades, sem perceber, estabelecem sistemas implícitos de “primeira” e “segunda” classe espiritual, seja pela posição social, por dons específicos ou por um histórico denominacional. Mas diante da cruz, não há espaço para hierarquias humanas. A fé que salva é a mesma para o missionário experiente e para o jovem convertido. O chamado pastoral de Paulo nos leva a avaliar se nossas práticas congregacionais realmente refletem essa unidade ou se, na prática, mantemos preconceitos e distinções que Cristo já aboliu. Aplicar essa doutrina ao dia a dia significa viver de forma que a dignidade de cada irmão seja preservada e celebrada. Isso implica não apenas em eliminar favoritismos, mas também em buscar ativamente a comunhão com aqueles que, aos olhos humanos, seriam “distantes” de nós. A unidade que Paulo apresenta é orgânica, nascida do Espírito, e não uma mera uniformidade artificial. Tal compreensão deveria moldar desde nossas conversas no corredor da igreja até nossas decisões ministeriais, porque qualquer postura que negue na prática essa verdade está em contradição direta com o evangelho. Se Paulo, inspirado pelo Espírito, afirmou que “todos vós sois um” (heis este, ες στε), não há justificativa teológica para divisões que excluem ou diminuem. Essa não é apenas uma doutrina para se memorizar; é um chamado a vivermos como a nova humanidade inaugurada em Cristo, onde a única credencial exigida é a fé viva no Salvador. Assim como Davi reconheceu, quebrantado, que seu valor diante de Deus não estava em seu título, mas na misericórdia divina (Sl 51), somos convidados hoje a olhar para nossa própria vida e perguntar: minha conduta dentro da igreja reflete a unidade que Cristo comprou com seu sangue?

              ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

              COELHO, Alexandre. A Liberdade em Cristo: Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.

              DIAS LOPES, Hernandes. Gálatas: A carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2011.

              GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.

              KEENER, Craig S. Comentário Bíblico do Contexto Cultural do Novo Testamento. São Paulo: Vida, 2014.

              MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. São José dos Campos: Sociedade Bíblica do Brasil, 2017.

              PALMA, Anthony D. O Batismo no Espírito Santo: A perspectiva pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2000.

              YONG, Amos. O Espírito Santo e a Missão. São Paulo: Vida Nova, 2014.

              CHAMPLIN, Russell N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos, 2001.

              BEACON. Comentário Bíblico Beacon. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.

3. Somos descendentes de Abraão (Gl 3.29). Paulo não diz que somos herdeiros de Abraão por força da Lei de Moisés, mas sim por causa da promessa de Deus. Os judeus ainda são descendência física de Abraão, mas todos os que creem em Jesus, pela fé, são igualmente filhos de Abraão. Nós fomos feitos filhos de Deus por adoção, mas nem por isso somos menos filhos de Deus. A adoção traz para nós as prerrogativas de uma herança que nos está destinada pela fé.

 Quando Paulo afirma que “se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão” (Gl 3.29), ele redefine, pela inspiração do Espírito, a verdadeira identidade do povo de Deus. O termo grego sperma (σπέρμα), traduzido como “descendência”, remete à promessa feita em Gênesis 12.3 e reafirmada em Gênesis 22.18, onde Deus declara que, na “semente” de Abraão, todas as nações seriam abençoadas. Paulo, em Gálatas 3.16, já havia esclarecido que essa sperma não se refere a muitos, mas a um só: Cristo. Portanto, ser herdeiro de Abraão não é questão de genealogia física ou de observância à Lei de Moisés, mas de união vital com Cristo pela fé (pistis, πίστις) (LOPES, 2011; ARRINGTON, 1996; FEE, 2007). Os judeus, sem dúvida, continuam sendo a descendência física de Abraão, mas isso, por si só, não garante herança espiritual. Jesus foi claro ao confrontar os líderes religiosos: “Deus pode destas pedras suscitar filhos a Abraão” (Mt 3.9). O que determina a verdadeira filiação é a relação com o Messias prometido. Por meio da fé, o gentio que outrora estava “sem esperança e sem Deus no mundo” (Ef 2.12) é agora enxertado na oliveira da promessa (Rm 11.17), recebendo o mesmo status e as mesmas bênçãos espirituais que o crente judeu (CHAMPLIN, 2001; MACARTHUR, 2017). Essa filiação se concretiza por adoção. O termo usado por Paulo, huiothesia (υοθεσία), carrega no contexto romano a ideia de um ato legal que confere a todos os direitos, privilégios e responsabilidades de um filho legítimo. Não somos “menos” filhos por sermos adotados; ao contrário, fomos escolhidos intencionalmente pelo Pai e recebemos “o Espírito de seu Filho” em nossos corações, pelo qual clamamos “Aba, Pai” (Gl 4.6). Essa adoção não apenas nos dá um novo nome, mas também nos garante herança eterna, já reservada nos céus (1Pe 1.4) (COELHO, 2017; PENTECOSTAL, 1995; BEACON, 2006). A implicação prática dessa verdade é profunda: se todos os crentes em Cristo são igualmente herdeiros, então não há espaço para privilégios espirituais baseados em tradição, nacionalidade ou histórico eclesiástico. O mesmo sangue que nos comprou nos colocou na mesma família, e nossa herança não se limita a bênçãos futuras, mas já se manifesta no presente, em comunhão, santificação e missão. Ser descendente de Abraão, portanto, não é apenas um título honorífico, mas um chamado para viver pela fé e manifestar ao mundo o caráter do Deus que cumpre Suas promessas (PALMA, 2000; KEENER, 2019). Assim como Davi, que recebeu promessas eternas não por mérito, mas pela graça, somos chamados a nos alegrar na certeza de que, em Cristo, já estamos incluídos na história da redenção iniciada com Abraão. Essa convicção deve moldar nossa identidade, sustentar nossa esperança e guiar nossas escolhas diárias, até que recebamos plenamente a herança no Reino vindouro (OSS, 1996; MACCHIA, 2006). O texto de Gálatas 3.9 afirma: “De modo que os que são da fé são abençoados com o crente Abraão”. A expressão “os que são da fé” traduz o grego hoi ek pisteos (ο κ πίστεως), indicando aqueles cuja origem e identidade espiritual provêm da fé, e não da linhagem ou da observância legalista. O apóstolo estabelece que a bênção prometida a Abraão [registrada em Gênesis 12.3 e reiterada em Gênesis 15.6] é transmitida a todos os que seguem o mesmo padrão de fé. Paulo explica em Romanos 4.3-11 que Abraão foi declarado justo (dikaioō, δικαιόω) antes mesmo de receber a circuncisão. Isso significa que a base da justificação nunca foi a Lei, mas a fé. Nem todos os descendentes físicos de Abraão fazem parte do “Israel de Deus” (Gl 6.16). Paulo reforça em Romanos 9.6-8 que “nem todos os descendentes de Israel são Israel”. O verdadeiro Israel é composto por aqueles que, como Abraão, creem e confiam plenamente nas promessas divinas, independentemente de sua etnia. “Herdeiros segundo a promessa” (Gl 3.29) aponta para klēronomoi (κληρονόμοι), termo jurídico que descreve quem tem direito legal a uma herança. Essa herança é a bênção espiritual da aliança abraâmica, que culmina na justificação pela fé (Gn 15.6). Essa bênção se cumpre em Cristo, de modo que todos os crentes, judeus ou gentios, são coerdeiros (Rm 8.17) da mesma promessa. Assim, Gálatas 3.9 nos convida a abandonar qualquer confiança em méritos, linhagem ou ritos, e a nos firmar totalmente na fé que justifica. Para o cristão, essa verdade é libertadora: a mesma bênção que repousou sobre Abraão repousa hoje sobre nós, porque pertencemos a Cristo, a verdadeira Semente prometida.

       ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.

              BEACON. Comentário Bíblico Beacon. 10 vols. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.

              BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

              CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos, 2001.

              COELHO, Alexandre. A Liberdade em Cristo Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.

              FEE, Gordon D. Paulo, o Espírito e o Povo de Deus. São Paulo: Vida, 2007.

              KEENER, Craig S. The IVP Bible Background Commentary: New Testament. Downers Grove: IVP Academic, 2019.

              LOPES, Hernandes Dias. Gálatas A Carta da Liberdade Cristã. São Paulo: Hagnos, 2011.

              MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. São José dos Campos: Fiel, 2017.

              MACCHIA, Frank D. Baptized in the Spirit: A Global Pentecostal Theology. Grand Rapids: Zondervan, 2006.

              OSS, Douglas. “Pentecostalism and the New Paul”. In: The Spirit and the Last Days. Springfield: Logion Press, 1996.

              PALMA, Anthony D. O Batismo no Espírito Santo: Uma perspectiva pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2000.

CONCLUSÃO

A salvação é um presente de Deus, uma herança, que nos é dada por intermédio da fé, que nos justifica e nos faz filhos de Deus por adoção. Ela não é nem pode ser fruto de troca, como algumas pessoas queiram sugerir. E a Lei de Deus não se opõe à promessa dEle, pois aceita o homem pela fé, e esse é o padrão que Ele estabeleceu para que os homens se aproximassem dEle. Somos filhos de Deus e descendência do patriarca Abraão pela fé.

 A salvação que Deus nos oferece não é fruto de esforço humano, nem uma recompensa por obras ou observância legalista. Ela é um presente divino, uma herança garantida pela graça, que recebemos somente por meio da fé (pistis) em Jesus Cristo, que justifica o pecador e o faz filho de Deus por adoção (huiothesia). Essa adoção não nos torna membros de segunda categoria, mas nos insere na família do Pai com todos os direitos, privilégios e responsabilidades inerentes à herança prometida a Abraão, aquela mesma promessa que é cumprida plenamente em Cristo, a única “semente” (sperma) que agrada a Deus e oferece vida eterna (Gl 3.16; Rm 4.3-5). A Lei, longe de se opor à promessa divina, desempenha um papel essencial como tutor e guia (paidagogos), conduzindo-nos à consciência do pecado e à necessidade de Cristo, pois ela não pode justificar nem livrar do pecado. Paulo revela que a Lei “foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo” (Jo 1.17). Portanto, a promessa divina estabelece o único caminho para a salvação: a fé. A pretensão de qualquer justiça pela Lei representa um retrocesso espiritual, um apego a um padrão incapaz de salvar e que apenas revela a nossa total dependência da graça. Além disso, a exclusão de distinções humanas, seja de raça, status social ou gênero, confirma que a salvação é universal, acessível a todos que creem, “pois todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl 3.28). Essa unidade nos desafia hoje a viver sem preconceitos, promovendo uma comunhão autêntica que reflete a justiça e a reconciliação operadas pelo Espírito Santo. Em resumo, somos filhos de Deus, feitos parte da verdadeira descendência de Abraão, não por mérito humano, mas pela fé que nos une a Cristo, a Semente prometida. Essa verdade nos liberta da escravidão do legalismo e nos chama a uma vida de gratidão, fidelidade e missão. Que essa convicção transforme nossas comunidades, nossas igrejas e nosso caminhar diário. Diante desse precioso conteúdo, não podemos deixar de expor três aplicações práticas:

       1. Examine sua vida e ministério: Pergunte-se se você tem confiado na sua fé em Cristo para a salvação ou se ainda busca aprovação através de obras ou rituais. A verdadeira liberdade cristã começa quando reconhecemos que a justificação é somente pela fé.

       2. Pratique a unidade no corpo de Cristo: Reconheça e valorize que não há distinção entre irmãos baseada em etnia, status social ou gênero. Busque promover a comunhão genuína, onde todos são recebidos como iguais diante de Deus.

       3. Viva como herdeiro da promessa: A fé que justifica nos chama para uma vida marcada pela esperança e missão. Compartilhe a mensagem do evangelho com os que ainda vivem na dependência da Lei, mostrando que em Cristo há verdadeira liberdade e vida abundante.

Viva para a máxima glória do Nome do Senhor Jesus!

Meu ministério aqui é um chamado do coração: compartilhar o ensino da Palavra de Deus de forma livre e acessível, para que você, irmão ou irmã em Cristo, possa crescer na fé e no conhecimento das Escrituras, sem barreiras, com subsídios preparados por um Especialista em Exegese Bíblica do Novo Testamento.

       Todo o material que ofereço é fruto de oração, estudo e dedicação, e está disponível gratuitamente para que a luz do Evangelho alcance ainda mais vidas sedentas pela verdade. Porém, para que essa missão continue firme, preciso da sua ajuda.

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Juntos, podemos fazer a diferença. Conto com você!

HORA DA REVISÃO

1. Qual a promessa feita a Abraão e que alcança todas as famílias da Terra?

Deus fez promessas a Abraão, e destacamos a de que ele seria pai de uma grande nação (Gn 12.1-3).

2. Quais são as duas expressões gregas para a palavra “aliança”?

A primeira e synthehe, “colocar junto”, onde um pacto é feito entre partes iguais, com direitos iguais de discutir o acordo a ser proposto. A segunda palavra é diatheke “colocar por”, e traz a ideia de um acordo onde as partes são desiguais, onde uma parte coloca os termos e a outra aceita ou rejeita.

3. Por que a Lei existe?

A Lei existe por causa das transgressões.

4. Qual o objetivo da Lei?

A Lei tinha por objetivo regular as relações entre o homem e Deus, entre o homem e o seu próximo e o homem consigo mesmo.

5. A Lei invalida as promessas de Deus?

Não. A Lei não é contra as promessas de Deus.