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13 de novembro de 2023

Lição 08: Missionários Fazedores de Tendas

 


TEXTO ÁUREO

Vós mesmos sabeis que, pare que me era necessário, a mim e aos que estão comigo, estas mães me servirem” (At 20.34)

Esmiuçando o Texto Áureo:

- estas mãos serviram para... necessário a mim. Paulo tinha o direito de receber o seu sustento do trabalho de anunciar o evangelho (1Co 9.3-14) e algumas vezes aceitou ajuda (2Co 11.8-9; Fp 4.10-19). No entanto, muitas vezes ele trabalhou para sustentar-se e assim podia anunciar "de graça, o evangelho" (1Co 9.18).

 

VERDADE PRÁTICA

É possível servir a Deus e aos outros por meio de sua profissão onde quer que você vá.

Esmiuçando a Verdade Prática:

-“E, andando junto do mar da Galiléia, viu Simão, e André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. E Jesus lhes disse: Vinde após mim, e eu farei que sejais pescadores de homens” (Mc 1.16,17) De fato, há pessoas que são chamadas a deixarem tudo e servir a Deus. Mas a maioria é chamada a estar na sua realidade, em suas famílias, em suas profissões e servirem a Deus. O evangelismo era o propósito fundamental para o qual Jesus chamou os apóstolos, e continua sendo a missão central do seu povo (Mt 28.19-20; At 1.8).

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Atos 18.1-5; 1 Tessalonicenses 4.11,12

Esmiuçando a Leitura Bíblica em Classe:

Atos 18.1-5:

- 18.1 Corinto era o centro de liderança política e centro comercial na Grécia. Localizava-se num ponto estratégico no istmo de Corinto, que ligava a península do Peloponeso ao restante da Grécia. Virtualmente, todo trafego entre o norte e o sul da Grécia tinha que passar pela cidade. Pelo fato de Corinto ser um centro comercial que recebia todo tipo de viajantes, contava com uma população flutuante que era extremamente libertina. A cidade também acomodava um templo dedicado a Afrodite, a deusa do amor. Mil sacerdotisas do templo, que eram prostitutas rituais, iam todas as noites a cidade a fim de praticar o seu negócio.

18.2 Aquila... Priscila. Essa equipe de marido e esposa se tomaria amigo íntimo de Paulo; eles inclusive arriscaram a própria vida em favor de Paulo (Rm 16.3-4). O nome de Priscila (ou Prisca) e listado quatro vezes na Escritura antes do nome do marido, o que pode indicar que ela ocupava uma posição social mais elevada do que Aquila ou que ela era a pessoa mais proeminente dos dois na igreja. Eles provavelmente já eram cristãos quando Paulo os encontrou, provenientes de Roma, onde já existia uma igreja (Rm 1.7-8). Claudio, Imperador de Roma (41-54 d.C). decretado que todos os judeus se retirassem de Roma - Decreto que forçou Aquila e Priscila a deixarem Roma cerca de 49 d.C. O antissemitismo estava vivo já mesmo nesse tempo. O imperador Cláudio emitiu uma ordem por volta dessa época para expelir os judeus de Roma (At 18.2). Isso pode explicar por que prenderam apenas Paulo e Silas, pois Lucas era gentio e Timóteo meio-gentio.

18.3 profissão... fazer tendas. A expressão também pode referir-se a pessoas que trabalhavam com couro.

18.4 sinagoga. Paulo linha o costume de pregar primeiramente aos judeus toda vez que entrava numa nova cidade (cf. vs. 14,42; 14.1; 17.1,10,17; 18.4.19.26; 19.8) porque dispunha de uma porta aberta, como judeu que era, para falar e apresentar o evangelho. E também, se ele pregasse primeiramente aos gentios, os judeus nunca o escutariam. gregos. Gentios tementes a Deus na sinagoga (Termo técnico usado pelos judeus para se referirem aos gentios que tinham abandonado sua religião paga em favor da adoração de Deus YAWEH. Essa pessoa, conquanto seguisse a ética do AT, não havia se tornado um prosélito pleno do judaísmo por meio da circuncisão).

18.5 Silas e Timóteo desceram da Macedônia. De acordo com o desejo de Paulo. Silas e Timóteo juntaram-se a ele em Atenas (17.5). De lá, Paulo mandou Timóteo de volta para Tessalonica (1Ts 3.1-6). Paulo evidentemente mandou Silas para algum lugar na Macedônia, possivelmente a Filipos (2Co 11.9; Fp 4.15), pois ele retornou dessa província a Corinto.

 

1 Tessalonicenses 4.11,12

4.11 viver tranquilamente. Diz respeito àqueles que não apresentam problemas sociais (1Tm 2.2) nem provocam conflito entre as pessoas de seu convívio, e cuja alma descansa sossegada mesmo em meio às dificuldades (1Pe 3.4). Mais tarde, Paulo lida com aqueles que não "tratam de sua própria vida" em Tessalônica (2Ts 3.6-15). trabalhar com as próprias mãos. A cultura helênica menosprezava o trabalho braçal, mas Paulo o exaltava (Ef 4.28).

4.12 com os de fora. Os não cristãos estão sendo considerados aqui (1Co 5.2; Cl 4.5; 1Tm 3.7).

 

INTRODUÇÃO

É preciso abandonar a vocação profissional para exercer o chamado missionário? Só existe apenas um modelo de chamado missionário? Chamado missionário e vida profissional são irreconciliáveis? A lição desta semana traz uma reflexão à luz da vida do apóstolo Paulo como alguém que, ao mesmo tempo, exerce uma profissão e anuncia o Evangelho de Cristo. De acordo com esse exemplo bíblico, vamos meditar a respeito dos “fazedores de tendas”. O que essa expressão quer dizer e até que ponto a vida profissional e o chamado missionário podem e devem se encontrar para a glória de Deus.

- “Um tempo atrás, aconselhando uma jovem garota num congresso de juventude, deparei-me com uma angústia em seu coração “Pena que estou fazendo veterinária, pois uma pessoa me disse que isso não tem nada a ver com missões… mas eu amo ser veterinária!” Ledo engano! Quem disse àquela moça que ela não pode ser uma missionária e veterinária ao mesmo tempo? Há “n” oportunidades em todo o mundo para se atuar nessa áreahttps://ultimato.com.br/sites/caminhosdamissao/2022/07/12/vocacao-profissao-e-missao/. Talvez tenhamos pensado que a obra missionária estivesse delegada apenas aos vocacionados e enviados, separados para um ministério específico – Missões.

É importante entendermos, e esta lição será vital para isso, que a partir do momento que passamos a seguir a Cristo, todos somos missionários. Esse é um assunto importante, já que muitas vezes temos um conceito de missões que nos trava e engessa. Deus operou milagres e usou a vida de Moisés utilizando suas mãos e um cajado. Cremos que Ele continua agindo assim, pois temos visto homens e mulheres servirem com tudo o que são e têm na obra missionária. Além dos profissionais que atuam no mercado e são missionários em seus escritórios e em seu dia a dia, há também os que utilizam seus conhecimentos, dons e talentos em algum outro país ou longe de casa, seja à serviço de uma agência missionária ou de sua igreja. Deus tem levantado uma geração de administradores, engenheiros, veterinários, agrônomos, jornalistas, fotógrafos, advogados, contadores e muitos outros para a Sua obra.

 

I. A VIDA PROFISSIONAL DE PAULO E SUA VOCAÇÃO MINISTERIAL

1. A profissão do apóstolo Paulo. O texto de nossa Leitura Bíblica em Classe (At 18.1-5), a respeito do exemplo do apóstolo Paulo, traz um termo missiológico de “fazedor de tendas”. A expressão é traduzida com mais precisão por “trabalhadores em couro”, pois as tendas eram feitas com pelos ou couro de cabra. No Novo Testamento há um casal que tinha a mesma profissão do apóstolo Paulo: Priscila e Áquila. Devido um edito do imperado romano, Cláudio (49 d.C), Priscila e Áquila saíram de Roma e foram morar em Corinto. Assim, o apóstolo Paulo se encontrou com esse casal, passou a morar e a trabalhar com eles, dividindo o tempo entre fabricar tendas e anunciar as Boas-Novas de salvação ao outros (At 18.18,19, 24-26; Rm 16.3-5).

- Aparecem muitas citações nas cartas paulinas e escritos do Novo Testamento que falam do trabalho e profissão do apóstolo Paulo. As tendas eram originalmente feitas de peles; só mais tarde essas foram substituídas por pêlo de cabra. Portanto, o tendeiro era alguém que trabalhava com couro e o nome ficou (At 18.3). Sabemos de antemão que na época de Paulo, no mundo grego, não se concebia ser um missionário e viver com as ofertas dos seguidores. Os evangelhos que falam da realidade do tempo de Jesus, mostra que os apóstolos, comiam e bebiam daquilo que seus ouvintes doavam. Jesus mesmo falava “comei e bebei daquilo que vos derem”. Mas este pensamento não era aceito no mundo grego. Paulo era um evangelizador e trabalhador. Sabemos que era fabricante de Tendas. Embora Paulo soubesse o direito que o missionário tinha de ser sustentado, Paulo para não dar o mau exemplo sempre trabalhou, com suas próprias mãos. Era um fabricante de tenda, ofício comum naquela época. Paulo mesmo afirma trabalhar dia e noite, para não ser peso para ninguém. O que sabemos que Paulo só aceitou auxílio dos Filipenses, que os considerava como amigos. Paulo estimula aos fiéis seguidores a trabalharem e buscarem seu sustento.

2. Como o apóstolo Paulo conjugava vida profissional e ministerial? A tradição judaica exigia que os mestres religiosos oferecessem gratuitamente os seus serviços espirituais e cada rabino tinha que aprender uma profissão para se sustentar. Não por acaso, o apóstolo Paulo era fariseu e fora criado aos pés de Gamaliel, mas não esqueceu a arte de fazer tendas, provavelmente uma profissão que aprendera na juventude. Embora tivesse direito de ser sustentado pelas igrejas que plantara, o apóstolo trabalhou em seu ofício para ganhar o pão de cada dia (At 20.34; 1 Co 9.12; 2 Co 11.9-12; 1 Ts 2.9; 2 Ts 3.7-9). Em um de seus muitos comentários bíblicos, o teólogo pentecostal Myer Pearlman diz que o apóstolo Paulo adotava a firme resolução de não aceitar ofertas das pessoas que ele procurava ganhar para Cristo, pois seu objetivo era merecer a confiança do povo e comprovar que seus motivos de evangelização eram sem interesse financeiro (1 Co 9.16-18). Outrossim, Priscila e Áquila constituem um caso interessante. Eles mostram que um profissional, mesmo não sentindo o chamado de Deus para dedicar a vida toda à obra missionária, pode fazê-lo valiosamente por determinado período, em momentos específicos. Assim, eles podiam pregar nas sinagogas ou em qualquer lugar onde alguém pudesse escutar sua mensagem. Dessa forma, por meio de suas habilidades profissionais, podiam se aproximar das pessoas de diferentes segmentos e serem seus próprios mantenedores.

- Priscila e Áquila eram amigos do apóstolo Paulo. Esse casal é mencionado na Bíblia especialmente no livro de Atos dos Apóstolos. Áquila era um judeu natural do Ponto que trabalhava fabricando tendas (At 18.2). Ele e sua esposa Priscila moravam em Roma quando o imperador Cláudio decretou que todos os judeus fossem expulsos da capital do Império Romano. Esse decreto foi expedido em aproximadamente 49 d.C. são um bom exemplo de um casal atuante na obra de Deus. A fim de fugirem da perseguição, Priscila e Áquila foram para Corinto, onde conheceram Paulo de Tarso. Paulo e o casal tinham a mesma profissão e passaram a trabalhar juntos na fabricação de tendas (At 18.3). Paulo passou a morar com o casal em Corinto – é provável que Priscila e Áquila tenham se convertido nesse período. Depois que Paulo passou a se dedicar totalmente à pregação, o casal navegou com o apóstolo para Éfeso. Em seguida, estabeleceram-se na cidade, e o apóstolo continuou sua viagem missionária (At 18.18-21). Essa equipe de marido e esposa se tornaria amigos íntimos de Paulo; eles inclusive arriscaram a própria vida em favor de Paulo (Rm 16.3-4). O nome de Priscila (ou Prisca) é listado quatro vezes na Escritura antes do nome do marido, o que pode indicar que ela ocupava uma posição social mais elevada do que Aquila ou que ela era a pessoa mais proeminente dos dois na igreja. Eles provavelmente já eram cristãos quando Paulo os encontrou, provenientes de Roma, onde já existia uma igreja (Rm 1.7-8).

3. A ética financeira na atividade missionária de Paulo. O apóstolo Paulo considerava o costume judaico, incorporado ao Cristianismo, de os ministros receberem ajuda econômica da parte daqueles para quem ministravam como uma norma legítima e correta aos olhos de Deus, e até mesmo recomendada nas Escrituras, desde os tempos do Antigo Testamento (1 Co 9.12ss). Inclusive, mais tarde, o apóstolo reconheceu que não havia ensinado adequadamente os novos convertidos a sustentar a obra (2 Co 12.13; Gl 6.6), privando-os do fruto que devia abundar à conta de quem dá voluntariamente (Fp 4.17; 2 Co 11.7-12). No entanto, Paulo geralmente não aceitava ofertas em dinheiro enviadas pelas igrejas cristãs, e muito menos ainda as exigia, ainda que algumas ofertas voluntárias lhe tivessem sido enviadas pelos crentes de Filipos (Fp 4.10-12).

- Paulo não recebeu salário de algumas igrejas para proteger-se dos críticos de plantão que tentavam distorcer suas motivações e atacar seu apostolado. Por outro lado, algumas igrejas, como a igreja de Corinto, deixaram de pagar o que lhe era devido, precisando das igrejas da Macedônia, inclusive da igreja de Filipos, enviar-lhe sustento enquanto ele trabalhava em Corinto (2Co 8.8,9; 12.13). De forma particular a igreja de Filipos deu suporte financeiro a Paulo, mesmo quando estava ainda na região da Macedônia, no início do processo de evangelização da Europa (4.16). A igreja de Filipos jamais teve falta de interesse de ajudar o apóstolo; teve sim, circunstâncias desfavoráveis para fazê-lo. Hoje, muitas igrejas têm oportunidade para ajudar os missionários, mas falta-lhes interesse. A sustentação financeira aos missionários precisa ser sistemática, pois as necessidades dos obreiros são diárias. Não é suficiente enviar ofertas esporádicas. A contribuição precisa ser metódica, suficiente e contínua. Paulo não poderia levar a cabo tudo o que fez sem o apoio e a ajuda da igreja de Filipos. Essa igreja deu-lhe suporte financeiro e sustentação espiritual. Aqueles que estão na linha de frente precisam ser encorajados por aqueles que ficam na retaguarda. “… porque qual é a parte dos que desceram à peleja, tal será a parte dos que ficaram com a bagagem; receberão partes iguais” (1Sm 30.24). Deus chama uns para irem ao campo missionário e aos demais para sustentar aqueles que vão. A obra missionária é um trabalho que exige um esforço conjunto da igreja e dos missionários.

 

II. MISSIONÁRIOS FAZEDORES DE TENDAS

1. Fazedores de tendas. Fazer tendas não é uma ideia nova. É tão antiga quanto às Escrituras, conforme estudamos em Atos 18. Assim, no contexto de Missões, a expressão “fazedores de tendas” tem a ver com discípulos de Jesus, chamados e comissionados pela sua Igreja, para usarem dons, talentos e habilidades profissionais no campo missionário. São profissionais de negócios em missão que operam em regiões de grande antagonismo à mensagem cristã. Segundo os missiólogos, por muitos anos, o entendimento e a forma de fazer missões consistiam na prática de abandonar a vida secular (trabalhos profissionais, estudos etc.) para se dedicar integralmente à obra missionária. Hoje, o entendimento tornou-se mais amplo, ou seja, é perfeitamente possível ser um profissional, ou empreendedor, e realizar a obra missionária sem a necessidade de abandonar a carreira profissional.

- Não há profissão com a qual não se possa servir em missões! Professores, Farmacêuticos, Advogados, Físicos, Construtor, Técnico... Se somos cristãos, novas criaturas que seguem rumo ao prêmio da soberana vocação, e cremos, inequivocamente, na soberania de Deus, devemos estar certos que foi Ele quem governou a nossa vida, dirigiu nossos passos e nos proporcionou a formação que tivemos. Se isso foi antes da nossa conversão, ainda assim Ele foi soberano! Tudo que precisamos é nos dispor em suas santas mãos, em humildade, submissão e total dependência, e buscar n’Ele como podemos servi-Lo com a nossa profissão.

2. A força missionária no mundo. Missões se tornaram um movimento global que começou com a ação de Deus, pela sua graça, para reconciliar o mundo consigo mesmo (2 Co 5.18,19) e Ele conta conosco para continuar com essa missão. Nesse sentido, a maior força missionária cristã do mundo é formada por profissionais, empreendedores e estudantes que se movem entre culturas para servir a Cristo através de suas vidas e trabalho. Vimos esse princípio bíblico em 1 Coríntios 9.20-22, quando o apóstolo Paulo alcançou diferentes segmentos da sociedade, identificando-se com eles, a fim de contextualizar o Evangelho. Assim, a maioria dos grupos de povos não-alcançados ou menos alcançados vive em nações que são fechadas aos missionários tradicionais. Já profissionais e empreendedores cristãos são aceitos nesses mesmos países. Cristãos com diferentes habilidades, ofícios, negócios e profissões têm acesso a lugares onde os tradicionais missionários plantadores de igreja e evangelistas não têm.

- Deus, em sua imensa sabedoria, escolheu que os seus filhos participassem da missão de espalhar as boas novas do evangelho. Em outras palavras, Deus não precisa de nós, mas mesmo assim nos escolheu para sermos seus servos na Sua missão de redimir o mundo. Tanto o missionário tradicional quanto o missionário dito “fazedor de tendas” estão empenhados nessa mesma tarefa, sendo a única diferença entre os dois o fato de que o fazedor de tendas irá se empenhar em algum trabalho/profissão ao mesmo tempo que proclama as boas novas. A profissão do fazedor de tendas é, no final das contas, apenas uma plataforma para a sua presença no campo missionário. A função desta plataforma será permitir que ele tenha oportunidades de entregar a mensagem que lhe foi confiada.

 

3. O preparo dos fazedores de tendas. Como os outros missionários, os fazedores de tendas devem se preparar plenamente para se tornarem os ministros transculturais mais eficientes que puderem. Aqui, é muito oportuna a orientação do apóstolo Paulo ao jovem Timóteo, em que a boa instrução é necessária a todo bom obreiro da causa do Mestre (2 Tm 3.17). Nesse aspecto, há um crescimento significativo de profissionais missionários, ou fazedores de tendas, chamados para Missões. São homens e mulheres treinados por instituições missionárias com experiência reconhecida, para que eles usem suas profissões no exterior a fim de testemunhar de Cristo, principalmente, em países fechados para o trabalho missionário tradicional.

- Enviar um “fazedor de tendas”, profissional cristão, para desenvolver uma missão transcultural sem nenhum treinamento, é uma receita para o fracasso – talvez até mesmo uma receita para uma tragédia. Neste caso, talvez anos de treinamento serão necessários para equipar um profissional a ser um missionário. Da mesma forma, anos de formação profissional podem ser necessários para equipar um missionário a estar apto para um campo fechado no qual a figura do teólogo tradicional é proibida. Vale dizer que é triste ver missionários se sentirem mentirosos no campo dizendo que são técnicos em uma determinada área, mas na verdade não têm experiência nenhuma, e só fizeram um cursinho pela internet antes de partirem para a missão. Cogitar que a formação profissional do missionário é apenas um detalhe para estar em um país pode ser perigoso e um péssimo testemunho cristão se a pessoa não souber desempenhar a função para qual ela conseguiu o visto de trabalho. O campo missionário precisa de bons “fazedores de tenda” e não de fazedores de fiasco.

 

III. VOCAÇÃO, PROFISSÃO E MISSÕES

1. Deus é quem chama. Muitas são as oportunidades para nos envolvermos com os trabalhos em nossas igrejas locais, grupos evangelísticos de grande impacto, organizações missionárias relevantes no contexto nacional e até em outros países. Todavia, é Deus quem coloca em nosso coração a disposição ou a aptidão para executar um determinado ofício. Nesse caso, é Deus quem capacita, comissiona e habilita cada crente para uma determinada missão no mundo. É Ele quem gera em nós o envolvimento com causas específicas que nos levarão a trabalhar em atividades que fazem sentido, inclusive, na realização pessoal (1 Co 9.16-19).

- “não tenho de que me gloriar” (1Co 9.16), isso é para dizer que a sua glória não era pessoal. Ele não estava orgulhoso como se fosse seu evangelho, tampouco se orgulhava da maneira como o pregava, como se fosse habilidade dele. Paulo não pregava por orgulho próprio, mas por obrigação divina. Ele não tinha outra escolha, porque Deus, de modo soberano, o havia separado para a obra (At 9.3-6,15; 26.13-19; Gl 1.15; Cl 1.25). Não é à toa que ele “grita” “Ai”, o castigo mais severo de Deus está reservado para os ministros infiéis (Hb 13.17; Tg 3.1).

2. Exercendo a vocação. Quando respondemos de forma prática a esse chamado, exercendo a nossa vocação, é que encontramos nosso propósito de vida. A vocação é a missão única para a qual cada um de nós foi preparado a fim de prestarmos serviço ao nosso Criador; é a razão pela qual cada um de nós fomos efetivamente criados por Deus. Ele mesmo quem nos dá condições para realizarmos tais tarefas por meio de nossos dons e virtudes, tornando-nos parte integrante de seus planos para sua honra e glória. Não por acaso, o apóstolo Paulo foi um grande homem de fé, obediente e comprometido com o chamado que teve para a salvação e para anunciar a boa notícia a outros povos. Ele compreendeu que a mensagem e a vida de Jesus eram para ser experimentadas por cada cristão e, igualmente, anunciadas aos outros com todo o comprometimento (2 Co 4.11-14). Assim, o apóstolo Paulo exercia sua vocação anunciando sobre Jesus e testemunhando do Evangelho por onde Deus o enviava.

- Paulo permanecia fiel às suas convicções, não importava o custo. Não era um pragmático que modificaria a sua mensagem para ajustá-la aos seus ouvintes. Ele estava convencido do poder de Deus de agir por meio da mensagem que ele pregava.

- “Quando lemos em 1 Coríntios 7: “Foi alguém chamado sendo solteiro? Permaneça solteiro. Se é casado, não se separe, mantenha-se casado. Foi alguém chamado sendo incircunciso? Não se faça circuncidar”, e assim por diante. Por três vezes Paulo diz: “Cada um permaneça na vocação a que foi chamado” (v. 17, 20, 24). O que o apóstolo entende por vocação é aquilo que nós somos chamados a fazer em Cristo Jesus: sermos filhos e filhas de Deus, povo de Deus, discípulos de Jesus, servos uns dos outros. Esse é o nosso chamado! E nós servimos a Deus a partir desse chamado onde quer que estejamos. Hoje, eu sirvo a Deus como pastor, mas poderia fazê-lo com a mesma dignidade sendo faxineiro. Não me torno uma pessoa mais vocacionada do que alguém que exerce uma atividade lá embaixo na nossa pirâmide social. Este é um conceito pagão, não bíblico! O conceito paulino de vocação tem a ver com aquilo que nós somos em Cristo e com a nossa resposta ao mundo em que vivemos, a partir dessa identidade. Todos nós somos chamados para essa mesma realidade e, quando entendemos o nosso chamado, procuramos encontrar a melhor maneira de servir a Deus no mundo. Não importa se nós gostamos ou se não gostamos. É necessário? Precisa ser feito? Então iremos fazer! Não se trata de prazer, de satisfação, trata-se de ser povo de Deus atuando no mundo em serviço, promovendo o bem, a paz, a salvação, a reconciliação, levando homens e mulheres ao arrependimento, abençoando todas as famílias da Terra. Logo, o chamado é um convite, uma eleição, uma convocação. Para quê? Para sermos povo de Deus. E quando respondemos a uma vocação passamos a viver como pessoas convidadas, convocadas, eleitas. De preferência, devemos viver de modo digno de quem nos chamou, para sermos aquilo pelo qual ele se deu por nós. A vocação nos dá uma identidade, nos oferece um destino. Deus nos chama e nossa resposta – quando damos o “sim” – nos coloca dentro de uma nova realidade, o mundo do povo de Deus, onde Jesus Cristo é o Senhor. Nós começamos a viver de um modo adequado a essa nova realidade. O chamado, portanto, não apenas nos dá uma identidade, mas define o que iremos fazer.https://www.servodecristo.org.br/post/nossa-identidade-nossa-vocacao.

 

3. Minha profissão, meu campo missionário. Somos todos vocacionados para servir a Cristo com o que somos e com o que temos, sendo o objetivo principal da vida glorificar o nome de Deus Pai dentro e fora da igreja (Rm 16.25-27). Tudo o que temos vem de Deus e deve ser usado para a sua glória! Por isso, podemos exercer uma atividade missionária em nossa área profissional. A verdade é que a sua profissão pode ser uma grande porta aberta para a causa do Evangelho, seja por meio de um negócio próprio ou seja servindo em outras corporações. Portanto, no campo missionário há lugar para todos, quer os missionários tradicionais, que vivem integralmente para plantar igrejas, quer os profissionais que conjugam suas habilidades com a obra missionária (1 Co 9.23).

- Normalmente as pessoas separam as coisas da sua vida, denominando que estas pertencem a Deus e estas outras não. Muitos são os que crêem que algumas coisas podem ser vistas e ouvidas por Deus e outras não. A vontade de Deus é que você sirva a ele e abençoe as famílias da Terra! A vontade de Deus não é que você seja engenheiro, ou advogado, ou professor, ou isto, ou aquilo. Não! A vontade de Deus é que você tome a decisão correta a partir daquilo que você foi chamado para ser. Você acredita que ser um advogado, ou uma dona de casa, ou uma secretária é a forma de você servir a Deus? Ou você tem de escolher uma dessas ocupações por outras contingências e encontra uma maneira de servir a Deus a partir daquela realidade, vivendo como povo de Deus ali naquele lugar, como secretária, como telefonista, como doutor, como professor, ou o que for? Seja povo de Deus onde você estiver e isso vai ajudá-lo a definir como você vai andar, viver, se comportar. O chamado molda nosso comportamento, define nossa ética, explica quem nós somos nos nossos relacionamentos. Nossa vocação nos dá condições de viver uma vida coerente, integral e íntegra quando vivemos a partir da consciência de quem somos.

 

CONCLUSÃO

Deus está chamando cada vez mais profissionais para que levem a mensagem de salvação até aos confins da Terra, especialmente aos povos não alcançados. Entretanto, é preciso um alerta: Nem todos os que se sentem atraídos a “fazer tendas” estão qualificados para a tarefa. É necessário examinar os motivos e avaliar a disposição espiritual. Daí, a importância do trabalho da igreja local na descoberta de vocações, pois é onde o crescimento espiritual ocorre mais plenamente no contexto de uma igreja saudável, acompanhado de um programa pessoal, com o objetivo de levar a pessoa a desenvolver o conhecimento de Deus e das Escrituras. Uma vez que a base está firmada, podemos aprender habilidades ministeriais, especialmente, como levar outros a Cristo e discipulá-los.

- Desde os tempos do apóstolo Paulo que a relação entre fé cristã e cultura tem sido motivo de dificuldades e debates, especialmente quando o assunto é missões transculturais. Em suas viagens missionárias, e mesmo em suas cartas, Paulo lidou com esta questão. Na Epístola a Tito, por exemplo, o apóstolo chamou a atenção para aspectos singulares da cultura cretense, na qual Tito trabalhava e estava inserido, reconhecendo que existiam nela elementos que não deveriam ser compartilhados pela igreja cristã local; ao contrário, os cristãos precisariam confrontá-los e buscar a sua transformação. Em sua vocação missionária, a Igreja não deveria, portanto, simplesmente absorver ou submeter-se a uma cultura assim como esta se apresenta, postando-se passivamente diante dela. Daí, a importância do trabalho da igreja local na descoberta de vocações e no preparo ministerial do vocacionado! Identificar, envolver, treinar, são requisitos básicos do envio. No entanto, independente de ser identificado e ou enviado por uma igreja/entidade evangelística, o profissional cristão deve ter sempre em mente que ele é um vocacionado para missões, e deve compartilhar a sua fé.

FRANCISCO DE ASSIS BARBOSA

Pastor da Igreja de Cristo no Brasil em Campina Grande/PB

 

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REVISANDO O CONTEÚDO

1. Como podemos traduzir com mais precisão a expressão “fazedor de tendas”?

A expressão é traduzida com mais precisão por “trabalhadores em couro”, pois as tendas eram feitas com pelos ou couro de cabra.

2. Com o que a expressão “fazedores de tendas” tem a ver no contexto de Missões?

A expressão “fazedores de tendas” tem a ver com discípulos de Jesus, chamados e comissionados pela sua Igreja, para usarem dons, talentos e habilidades profissionais no campo missionário. São profissionais de negócios em missão que operam em regiões de grande antagonismo à mensagem cristã.

3. A maior força cristã missionária do mundo é formada por quem?

A maior força missionária cristã do mundo é formada por profissionais, empreendedores e estudantes que se movem entre culturas para servir a Cristo através de suas vidas e trabalho.

4. Segundo a lição, quando encontramos o nosso propósito de vida?

Quando respondemos de forma prática a esse chamado, exercendo a nossa vocação, é que encontramos nosso propósito de vida.

5. O que a nossa profissão pode ser?

A nossa profissão pode ser uma grande porta aberta para a causa do Evangelho, seja por meio de um negócio próprio, ou seja, servindo em outras corporações.