TEXTO ÁUREO
“E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.” (Mc 16.15)
Esmiuçando o
versículo-chave:
- Semelhante ao relato de Mateus da Grande Comissão, com o
contraste adicional entre aqueles que foram batizados (crentes) e os que se
recusaram a crer e são condenados. Em Mateus ficamos sabendo que, com base na
autoridade de Cristo, os discípulos foram enviados a fazer "discípulos de
todas as nações". O amplo escopo do comissionamento dos discípulos é
consumado por meio da autoridade ilimitada de Jesus.
VERDADE PRÁTICA
A ordem imperativa de
Jesus aos seus discípulos aponta para a universalidade da pregação do Evangelho
no mundo.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Mateus 28.19,20; Marcos
16.15-18
INTRODUÇÃO
Neste trimestre,
estudaremos a respeito da obra missionária. É um convite a refletir sobre o
imperativo de nosso Senhor Jesus para pregar o Evangelho a toda a criatura. Por
isso, nesta primeira lição, nosso propósito é esclarecer a respeito da Grande
Comissão, conceituar e desenvolver o tema das Missões Transculturais e
apresentar uma visão global da mensagem do Evangelho no mundo. Veremos que
missões é uma ordem divina e que Deus conta com cada crente para dizer “sim” à
obra que Ele iniciou por intermédio de seu Filho, o Senhor Jesus Cristo.
- “Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e
do Filho, e do Espírito Santo.” (Mt 28.19). O tema de Mateus é Cristo como
Rei, e a incumbência final de Jesus aos seus súditos reflete uma perspectiva
global. O ministério terreno de Cristo foi dirigido a Israel (Mt10.5,6), mas a
proclamação do seu Reino e a adesão à sua autoridade estende-se a todas as
nações. A forma pela qual os discípulos devem reconhecer abertamente sua
lealdade a Cristo é através do batismo em águas, ministrado em nome da
Trindade.
Iniciamos o último trimestre deste ano abordando um tema
crucial para a Igreja neste dias – missões. Importante que se diga, a
evangelização requer da Igreja a proclamação integral do Evangelho ao mundo
todo.
- “Ide...
ensinai...batizando”, estas palavras constituem a Grande Comissão de Cristo
a todos os seus seguidores, em todas as gerações. Declaram o alvo, a
responsabilidade e a outorga da tarefa missionária da Igreja. A igreja deve ir
a todo o mundo e pregar o evangelho a todos de conformidade com a revelação do
Novo Testamento, da parte de Cristo e dos apóstolos. Esta tarefa inclui a
responsabilidade primordial de enviar missionários a todas as nações (At
13.1-4). O evangelho pregado centraliza-se no arrependimento e na remissão de
pecados (Lc 24.47), na promessa do recebimento de ”o dom do Espírito Santo” (At
2.38), e na exortação de separar-nos desta geração perversa (At 2.40), ao mesmo
tempo em que esperamos a volta de Jesus, do céu (At 3.19, 20; 1Ts 1.10)
I – A GRANDE
COMISSÃO
1. O que é a Grande Comissão? É o mandamento do Senhor
para a sua Igreja proclamar o Evangelho a todas as nações. Esse mandamento tem
rastros no Antigo Testamento (Is 45.22; cf. Gn 12.3) e está fundamentado no
Novo (Mt 9.37,38; 28.19; At 1.8). Dessa forma, a Grande Comissão pode ser
melhor compreendida como uma ordem pós-ressurreição de Jesus Cristo dada aos
seus discípulos (Mt 28.18-20; Mc 16.15-20; Lc 24.46-49; Jo 20.21-23; At
1.4,5,8). A respeito dela, James Hudson Taylor, missionário inglês na China por
51 anos, disse: “A Grande Comissão não é uma opção a ser considerada. É um
mandamento a ser obedecido”.
- A Grande Comissão é a
ordem que Jesus deu para ir e fazer discípulos em todo o mundo. Jesus deu essa
ordem aos apóstolos quando ressuscitou. A Grande Comissão é uma ordem para
todos os crentes. É importante observar que a comissão de Cristo para ir e
fazer discípulos é dada à igreja como um todo, não apenas a cristãos em
particular. É comum enxergar a Grande Comissão como uma ordem para que cada
cristão em particular se envolva em evangelização. E algumas missões têm
advogado que, a menos que você tenha um chamado específico para permanecer em
sua terra natal, você deve se tornar um missionário transcultural em obediência
à Grande Comissão. Por mais bem intencionadas que essas perspectivas possam
ser, elas erram o alvo ao deixar de pôr a ordem Cristo no contexto do ensino do
Novo Testamento acerca do corpo de Cristo. O apóstolo Paulo escreveu: “Porque assim como num só corpo temos muitos
membros, mas nem todos os membros têm a mesma função, assim também nós,
conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros, tendo,
porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada” (Rm 12.4-6).
Embora cada cristão tenha um papel a desempenhar na Grande Comissão, nem todos
nós temos o mesmo papel.
- No texto de Mateus, que é o texto principal da Grande
Comissão, o verbo principal da oração não é, como equivocadamente a maioria
acredita, o “Ide”; mas o verbo de maior enfoque é “fazei”! Certamente, há
alguns que têm o papel de missionários, evangelistas, pastores, ou mestres da
Bíblia. E alguns irão para o outro lado do planeta para cumprir esses papéis.
Há uma imensa necessidade no mundo hoje de missionários transculturais, e o
campo missionário é um lugar fantástico para servir a Cristo. Mas não é para
todo mundo. Quando Jesus disse: “Ide”, ele não estava ordenando que todos os
seus discípulos fossem para o exterior. Logo antes de sua ascensão, Jesus foi
bastante específico acerca dos pontos geográficos aonde ele esperava que seus
discípulos fossem. Ele lhes disse: “E
sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e
até aos confins da terra” (At 1.8). Jesus e os seus discípulos estavam em
Jerusalém quando ele disse essas palavras. Jesus queria que eles começassem a
dar testemunho da sua vida, morte e ressurreição ali mesmo onde eles estavam –
em Jerusalém. Assim, o verbo “fazei” é aquele que cada membro do Corpo de
Cristo pode e deve fazer! Assim como os discípulos originais que estavam em
Jerusalém, nós buscamos viver com fidelidade no lugar em que nos encontramos,
“estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da
esperança que há em vós” (1Pedro 3.15). E, a despeito da nossa condição de
vida, sempre há algum modo de tomarmos nossa parte em fazer discípulos de todas
as nações.
2. A questão cultural. O “Ide” de Jesus
significa também atravessar fronteiras. Nesse caso, anunciar o Evangelho em uma
cultura diferente é o grande desafio da obra missionária. Logo, não devemos
desprezar a cultura de um povo a quem pretendemos evangelizar, nem impingir-lhe
a nossa (1 Co 1.1,2). Entretanto, a cultura de um povo deve ser avaliada e
provada pelas Escrituras. Se por um lado a cultura é rica em beleza e bondade,
pois o homem foi criado à imagem e semelhança de um Deus bom e amoroso; por
outro, em consequência da Queda, ela foi manchada pelo pecado e, em parte,
dominada por ações demoníacas. Portanto, estejamos prontos a pregar o Evangelho
além de nossas fronteiras! Preparemo-nos para esse desafio!
- O Comentário Barnes
esclarece Marcos 16.15 assim:
- por todo o mundo.
Tanto aos gentios quanto aos judeus. Era contrário às opiniões dos judeus que
os gentios deveriam ser admitidos aos privilégios do reino do Messias, ou que o
muro de separação entre eles deveria ser derrubado. Ver Atos 22:21-22. Muito
antes que os discípulos pudessem ser formados para a crença de que o evangelho
deveria ser pregado a todos as pessoas; e foi somente por revelação especial,
mesmo depois desta ordem, que Pedro pregou ao centurião gentio, Atos 10; Jesus
graciosamente ordenou que a pregação do evangelho não fosse impedida por
barreiras. Onde quer que haja pessoas, ali deve ser proclamado. A cada pecador
ele oferece vida, e todo o mundo está incluído na mensagem de misericórdia, e a
cada filho de Adão é oferecida a salvação eterna.
- pregai –
proclamem; façam conhecido; ofereçam. Fazer isso a toda criatura é oferecer
perdão e vida eterna a ela nos termos do plano de misericórdia – por meio do
arrependimento e da fé no Senhor Jesus.
- o Evangelho. As
boas notícias. As novas de salvação. A certeza de que o Messias veio, e que
o pecado pode ser perdoado e a alma salva.
- a cada criatura. Ou
seja, a todo ser humano. Ninguém tem o direito de limitar esta oferta a
qualquer classe de pessoas. Deus ordena a seus servos que ofereçam a salvação a
“todos os homens”. Se eles rejeitam, é por sua própria conta e risco. Deus não
é culpado se eles não escolherem ser salvos. Sua misericórdia é manifesta; sua
graça é ilimitada ao oferecer a vida a uma criatura tão culpada como ser
humano. [Barnes]
- Desde que o Evangelho implica em mudança de mente,
mudança de vida, radicalmente irá mudar também qualquer cultura contrária a
ele! Não obstante isso, a mensagem do Evangelho pode ser pregada em qualquer contexto
cultural. Quando lemos sobre os primórdios da história do cristianismo, vemos
que a grande força dos convertidos daqueles dias estava em viver de uma forma
diferente – tratando o “inferior” com respeito, amando o próximo, ajudando o
necessitado, vivendo em unidade apesar das diferenças – e que este “novo”
estilo, bem diferente dos valores comumente aceitos pela população do Império
Romano, era um grande aliado na pregação do evangelho da salvação em Jesus
Cristo. A chamada Igreja Primitiva era pacífica, mas de modo algum passiva
diante dos desafios da cultura romana, o que também aconteceu ao longo da
história, de forma mais intensa ou mais frouxa, dependendo da época, mas sempre
tendo na comunidade genuinamente cristã, uma contracultura transformadora (por
genuína, digo aqueles que realmente seguiam o ensino de Cristo, e não os que
carregavam apenas o título).
3. A ordem de fazer discípulos em todas as nações. A palavra “nação” é a
tradução do termo ethnos, que se refere a grupos étnicos e não primariamente a
países. Um país é uma nação politicamente definida, já a etnia é um povo
culturalmente definido com uma língua e uma cultura próprias. De acordo com
alguns museólogos, há no mundo 24.000 etnias. Quase a metade desse total ainda
não foi evangelizada. Será que isso não nos comove? Há milhões de pessoas que
ainda não ouviram o Evangelho de Cristo. É urgente e imperioso o clamor do
apóstolo Paulo: “Esforçando-me deste modo, por pregar o evangelho, não onde
Cristo já foi anunciado” (Rm 15.20 – NAA).
- A ordem é fazer
discípulos em todas as nações. O termo grego ethne, traduzido por nações no
versículo 19, significa ‘grupos de pessoas’ – hoje em dia estima-se que haja
cerca de 24.000 etnias no mundo. A exemplo de Paulo, que centralizou seu
esforço ministerial nas missões, principalmente nas áreas onde o evangelho não
tinha sido pregado suficientemente e assim facultou àqueles que não tinham
ouvido a oportunidade de aceitarem a Cristo. Paulo questiona: “Como ouvirão, se
não há quem pregue?” (Rm 10.14). Um ‘púlpito’ pessoal é designado a cada crente
– em casa, na comunidade, no trabalho ou na escola – para mostrar e contar aos
outros as boas novas. Como diz Paulo: ‘eu sou devedor’, para demonstrar seu
senso de obrigação de anunciar o evangelho. Leia aqui sobre COMISSÃO CULTURAL – UMA CONVOCAÇÃO À
IGREJA
4. A eficácia e os objetivos da Grande Comissão. Para ser eficaz e cumprir
os seus objetivos, a Grande Comissão deve ser executada por pessoas cheias do
poder do Espírito Santo (Lc 24.49; At 1.8), pois é Ele que convence a pessoa do
pecado (Jo 16.8), regenera o pecador (Tt 3.5) e capacita os homens a
confessarem Jesus como Senhor (1 Co 12.3).
Nesse sentido, a Igreja
estará pronta para atingir os seguintes objetivos da Grande Comissão:
1) Proclamar o Evangelho
em palavras e ações a toda criatura;
2) Discipular os novos
convertidos, tornando-os fiéis seguidores de Cristo;
3) Integrá-los espiritual
e socialmente na igreja local, a fim de que cresçam na graça e no conhecimento
por intermédio da ação do Espírito Santo em sua vida, desfrutando sempre da
comunhão dos santos.
- Em cinco referências
do Novo Testamento, Jesus incumbe diretamente seus discípulos a ir e pregar o
evangelho a todo o mundo (Mt 28.18-20; Mc 16.15-18; Lc 24.45-48; Jo 20.21-23, e
At 1.8). Certamente, a Igreja e o mundo são comunidades distintas. O mundo é
tenebroso, sem luz. O mundo (humanidade não regenerada em Cristo), manifesta
uma tendência à podridão, à imundícia, em função do domínio do pecado. A
Igreja, apesar de distinta, permanece no mundo com duplo papel: como sal para
interromper, ou pelo menos retardar, o processo da corrupção social; e, como
luz, para desfazer as trevas. Nas bem aventuranças, Jesus ensinou aos seus
discípulos acerca do caráter cristão que deve marcar suas vidas. Na última bem
aventurança, Jesus chamou a atenção dos seus discípulos para a perseguição que
eles haveriam de sofrer por evidenciarem em suas vidas o caráter do Reino. Essa
perseguição é a reação de ódio do mundo contra os discípulos fiéis de Jesus
Cristo. Assim o mundo reage em relação aos discípulos de Cristo. Como então, o
cristão deve reagir em relação ao mundo em que vive? Será que os cristãos podem
influenciar o mundo? Cristo nos ensina que sim. Logo depois de ensinar as bem
aventuranças ele chama seus discípulos de “sal da terra” e “luz do mundo”.
- Notadamente, ser cheio do Espírito Santo é ser totalmente
controlado por Ele! A Bíblia diz que você recebe o Espírito Santo quando você
se converte. O Espírito Santo tem um papel importante na salvação. Mas ser
cheio do Espírito Santo é algo diferente. Efésios 5:18-20 explica que o
Espírito Santo pode lhe encher e que essa experiência é melhor que o sentimento
de estar embriagado! O resultado é grande alegria, louvor e gratidão a Deus! O
Espírito Santo lhe torna mais desinibido e capaz de dar glória a Deus. De igual
forma, é preciso esclarecer que nem todos que são cheios do Espírito Santo
falam em línguas ou recebem algum dom “mais sobrenatural”. O Espírito distribui
os dons como quer. No entanto, toda experiência de ser cheio do Espírito Santo
é poderosa e importante. Uma pessoa pode ter várias experiências de ser cheia
do Espírito Santo ao longo da vida.
II – MISSÕES
TRANSCULTURAIS
1. Conceito. O prefixo trans vem do latim e tem o sentido
de “movimento para além de” e “através de”. Em linhas gerais, Missões
Transculturais são transpor uma cultura para levar a mensagem do Evangelho.
Essa mensagem não pode se restringir a uma cultura somente, mas alcançar todos
os quadrantes da Terra, onde quer que esteja uma etnia que ainda não tenha
ouvido falar das Boas-Novas.
- A palavra
“transcultural” traz a ideia de um missionário que transpõe as barreiras da
cultura de um povo, ou civilização, para apresentar o amor de Deus. Missionário
Transcultural. Obreiro cristão de tempo integral enviado por sua igreja para
trabalhar entre povos de outras culturas, quer dentro de sua própria nação quer
no exterior. A suprema tarefa da Igreja sem sombra da dúvida é a Grande
Comissão. As palavras de Jesus relatadas nos Evangelhos e nos Atos dos
Apóstolos aponta para o alvo para o qual a Igreja deve seguir e o objetivo a
ser alcançado.
- Quando falamos de missões transculturais, estamos falando
do esforço da Igreja em cruzar qualquer fronteira que separe o missionário de
seu público alvo. Não se trata de cruzar barreiras geo-políticas, mas cruzar
barreiras como a da lingüística, dos costumes, das etnias, das religiões, além
das sociais, morais e etc.
2. Visão transcultural da Bíblia. Quando se fala em
missões transculturais, a Bíblia Sagrada é o padrão a ser seguido. O Antigo
Testamento registra a revelação de um Deus missionário. Em pelo menos três
ocasiões específicas, no livro de Gênesis, Ele tratou com toda a humanidade e
não somente com uma nação (Gn 3.15; 6.11-14; Gn 12.3). Nesse sentido, Missões
Transculturais têm esse mesmo apelo e são parte fundamental da missão da
Igreja, pois esta é uma agência executiva de missões. Deus não escolheu outra
instituição, por mais poderosa financeiramente que seja para esse
empreendimento. Entretanto, Ele escolheu a sua Igreja, estabelecendo-a na Terra
com a missão de expandir seu reino para todas as nações (At 9.15; 16.5;
22.14,15,21; 26.16-18).
- O Antigo Testamento já
apresenta a noção de visão transcultural e apresenta o Deus de Israel como um
Deus missionário que, desde os tempos antigos, planejou o testemunho de Jesus
Cristo fosse proclamado a todos os homens (Gn 12.3; cf. Mt 24.14; 28.18- 20). A
vontade divina é que todos os moradores da terra tenham conhecimento a respeito
da pessoa de Jesus. Nesse sentido, o meio planejado por Deus para o mundo
conhecer o seu Filho passava por uma nação. O Pai chamou a nação de Israel para
ser um povo missionário. Dessa forma, os israelitas deveriam ser testemunhas de
Deus (Is 42.5-7; 43.10-13). O projeto missionário foi iniciado já no Antigo
Testamento, ainda no Jardim do Éden, após a queda de Adão e Eva, ao instituir a
busca aos perdidos. Podemos citar ainda Abraão, que atendendo à ordenança
divina saiu da casa de seu pai, da sua parentela, para habitar em uma terra de
pagãos, os cananeus, e nessa terra pagã, ele se tornou testemunha do monoteísmo
em meio a uma cultura politeísta. Deus estava se revelando por meio de Abraão.
Poderíamos falar da história da viúva de Sarepta e o profeta Elias, de Jonas e
Nínive. Nos livros proféticos encontramos profecias de restauração, incluindo
um dia futuro no qual as nações estarão entre os redimidos (Is 45.6,22; 49.6;
52.10). Portanto, a preocupação de Deus para com as nações é clara no Antigo
Testamento
- Melquisedeque e Jetro, sacerdotes do Deus Altíssimo,
proclamavam o Senhor e O anunciavam de alguma forma para outros povos. O
profeta Daniel, ao estar cativo na Babilônia, testemunhou das maravilhas do
Criador. Por intermédio desse profeta o rei Nabucodonosor diz que se curva e
exalta ao Deus de Israel, que é único; o Israel cativo semeou a mensagem de
Deus dentro do império pagão babilônico. Ainda que no Antigo Testamento a obra
missionária fosse mais restrita, no entanto, o conceito de missões é ampliado
antes da vinda de Cristo. Salmos 96.3, Davi diz: “Anunciai entre as nações a sua glória; entre todos os povos, as suas
maravilhas”. Em toda a Antiga Aliança, Deus se revela a Israel para que
então Ele fosse conhecido por outros povos.
3. Barreiras nas Missões Transculturais. Há barreiras complexas
para a evangelização do mundo e a Igreja precisa conhecê-las e preparar-se para
realizar sua tarefa missional. As barreiras são inúmeras.
Vejamos:
a) Barreiras geográficas:
novas nações e novas culturas;
b) Barreiras culturais:
valores de vida, costumes e hábitos;
c) Barreiras econômicas:
diferenças de moeda e comércio;
d) Barreiras linguísticas:
as línguas nativas;
e) Barreiras religiosas:
Islamismo, ateísmo, materialismo, secularismo etc. Os apóstolos enfrentaram
essas mesmas barreiras. Mas, na força do Espírito Santo, o Evangelho saiu de
Jerusalém e alcançou os “confins da Terra”. Esse mesmo Espírito está com a
Igreja do presente século para confirmar a nobre missão de proclamar o
Evangelho.
- Quando estudamos o
texto de João 4.1-9, percebemos que o objetivo de Jesus nunca foi entrar em uma
disputa religiosa. Assim, decidiu sair do saturado centro religioso judaico
(Judeia) para alcançar os sedentos da verdade em Samaria (v.1-3).
Ainda hoje, muitos carecem da Água da vida. A missão da
Igreja é procurar esses sedentos. Sair da comodidade para alcançar os perdidos.
Neste texto, Jesus preanunciou algumas barreiras que
precisam ser rompidas na apresentação do evangelho a um outro povo.
Barreiras geográficas
(v.4-6)
Os judeus evitavam atravessar a província de Samaria devido
a inimizade que havia entre os dois povos. A rota normal para um judeu chegar a
Galileia, era fazer uma volta pela região da Pereia. Mas, Jesus viu a
necessidade de passar por Samaria, quebrando uma barreira geográfica, porque
ali havia pecadores que precisavam conhecer a verdade (v.4).
Segundo algumas pesquisas, os locais geográficos de mais
difícil acesso são os locais onde estão os povos mais necessitados de
conhecerem o evangelho de Cristo. Alcançar esses lugares é uma obra desgastante
(v.6).
No Brasil há mais de 300 tribos indígenas, sendo que
aproximadamente 100 destas não tem nenhuma presença missionária evangélica.
Essas tribos, em sua maioria, encontram-se em áreas de difícil acesso, longe de
cidades modernas ou até mesmo de estradas, como na Floresta Amazônica ou no
sertão nordestino.
Para levar o evangelho de Cristo àqueles que nunca ouviram
do amor de Deus, a Igreja precisa sair da zona de conforto e romper as
barreiras geográficas.
Barreiras sociais
(v.7-8)
Jesus sentado ao lado do poço se encontra com uma mulher.
Em sua humanidade, cansado e com sede, pede-lhe água para beber (v.7). Para um
judeu da época, não era permitido conversar com uma mulher a sós, mesmo que
publicamente. Se um homem de certa posição falasse com uma mulher em local onde
pudessem serem vistos, isso era considerado um ato escandaloso. Algumas
autoridades religiosas achavam que este gesto era motivo para divórcio
imediato. Os mais extremistas eram da opinião que na rua o homem não podia
conversar nem com a própria esposa. Até os próprios discípulos de Jesus
desejaram censurar a atitude do Mestre ao conversar com aquela mulher (Jo
4.27).
Jesus foi alguém que dedicou atenção especial às mulheres,
não fazendo nenhuma distinção social. Era sustentado por mulheres, aceitou-as
em seu grupo de discípulos, ensinou verdades espirituais a elas, conversava
pessoalmente com elas e deixava ser tocado por elas.
O evangelho de Cristo não faz qualquer distinção social.
Todos podem ouvir e receber a mensagem de salvação. O evangelho precisa chegar
aos povos em que, muitas vezes, há barreiras sociais.
Para levar o evangelho de Cristo àqueles que nunca ouviram
do amor de Deus, a Igreja precisa sair da zona de conforto e romper as
barreiras sociais.
Barreiras culturais
(v.9)
Jesus ultrapassou também a barreira cultural que havia
entre judeus e samaritanos ao conversar com aquela mulher (v.9). O preconceito
racial era uma barreira cultural entre judeus e samaritanos. Os samaritanos
eram uma mistura de judeus com pagãos (2Rs 17.24), oriunda da época do
Cativeiro Assírio em 722 a.C. Até Jesus foi chamado de “samaritano” (Jo 8.48),
um insulto que os judeus usaram contra Ele.
Além do judeu não se dar com o samaritano, ele nunca usaria
o mesmo utensílio para beber água, como Jesus estava pedindo. Qualquer judeu se
sentiria contaminado se comesse ou bebesse em Samaria, mas não Jesus. O amor a
Deus e aos perdidos era maior que essas diferenças culturais.
Para conseguir a atenção dos perdidos, precisamos nos
despir de qualquer barreira cultural (alimentação, vestimentas, modo de vida,
etc.) que possa haver para que eles ouçam a verdade do evangelho. O conhecido
missionário Hudson Taylor foi um dos primeiros a entender a importância disto.
Ele insistiu em se vestir, comer e viver como os chineses para os quais foi
chamado por Deus. Quando criou uma sociedade missionária, instituiu essa
prática a todos os seus membros.
Somos atraídos por aqueles que parecem iguais a nós, e
damos as costas aos que parecem diferentes e esquisitos. As pessoas precisam
ser atraídas ao missionário antes de serem atraídas à mensagem dele.
Para levar o evangelho de Cristo àqueles que nunca ouviram
do amor de Deus, a Igreja precisa sair da zona de conforto e romper as
barreiras culturais. Texto extraído de: https://missiologando.wordpress.com/2015/04/25/barreiras-na-obra-missionaria-transcultural/
III – VISÃO
GLOBAL DO EVANGELHO NO MUNDO
1. Evangelização e Discipulado. Em Mateus 28.18-20,
percebemos uma ênfase em “fazer discípulos”. Ora, fazer discípulos é uma ordem
baseada na relação de um mestre com o seu discípulo. Nessa ordem está
subentendido que a missão não se dá em apenas um ato, um momento. Fazer
discípulo, conforme as Escrituras, demanda tempo. Nosso Senhor passou pelo
menos três anos forjando o caráter dos seus discípulos. Por outro lado, em
Marcos 16.15-20, percebemos uma ênfase na “proclamação” e no “anúncio”. A
tarefa missional leva em conta a proclamação pública do Evangelho ao mesmo
tempo em que atua na formação permanente do novo convertido. Evangelização e
discipulado não são excludentes, mas duas faces da mesma missão.
- O tema de Mateus é
Cristo como Rei, e a incumbencia final de Jesus aos seus súditos reflete uma
perspectiva global. O ministério terreno de Cristo foi dirigido a Israel
(Mt10.5,6), mas a proclamação do seu Reino e a adesão à sua autoridade
estende-se a todas as nações. A forma pela qual os discípulos devem reconhecer
abertamente sua lealdade a Cristo é através do batismo em águas, ministrado em
nome da Trindade.
- Mateus 28.18-20 declaram o alvo, a responsabilidade e a outorga
da tarefa missionária da Igreja. O cerne da Grande Comissão está no versículo
19; Todos os verbos estão no gerúndio, mas fazer
discípulos é uma ordem.
Um discípulo é um seguidor. Isso implica:
1) Fazer do Reino de Deus seu tesouro;
2) Renunciar tudo por amor a Jesus;
3) Isso significa guardar as palavras de Jesus.
O alcance da Grande Comissão, também no versículo 19, é: “Fazei discípulos de todas as nações”. A palavra nações é etnias. Onde houver um
povo, com sua língua, cultura, raça, etnia ali o evangelho deve chegar. Ali
Deus comprou com o sangue de Cristo aqueles que devem ser chamados e discipulados.
O coração de Deus pulsa pelo mundo todo. Deus disse a Abraão: “Em ti serão benditas todas as famílias da
terra”. Apocalipse 5.9 diz que Deus comprou com o sangue do Seu Filho os
que procedem de toda tribo, língua, povo e nação.
2. Arrependimento e capacitação do Espírito. Na Missão Transcultural,
a mensagem missionária tem de levar em conta o apelo ao arrependimento para o
perdão dos pecados (Lc 24.46-49). Esse apelo deve estar sob a autoridade de
Jesus, que tem por objeto “sermos [suas] testemunhas”, no poder do Espírito Santo,
“tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra”
(At 1.8). Nesse sentido, devemos estar prontos para anunciar a mensagem de
Jesus sob a capacidade do Espírito Santo, conforme lemos em Atos dos Apóstolos,
rogando que os pecadores se arrependam e creiam no Evangelho (Mc 1.15).
- A missão dos apóstolos
de difundir o evangelho foi a razão principal para a qual o Espírito Santo os
capacitou. Esse acontecimento alterou dramaticamente a história mundial, e a
mensagem do evangelho finalmente chegou a todas as partes da terra (Mt
28.19-20). Os apóstolos já haviam experimentado o poder do Espírito Santo de salvar,
guiar, ensinar e realizar milagres. Em breve eles receberiam a presença
habitadora do Espírito e uma nova dimensão de poder para testemunhar (At 2.4;
1Co 6 .19-20; Ef 3.16,20). Pessoas que contam a verdade sobre Jesus Cristo eram
essas testemunhas que o texto aponta (Jo 14.26; 1Pe 3.15). A palavra grega significa
para testemunha significa “pessoa que dá a vida pela sua fé", pois esse
foi o preço comumente pago pelo testemunho.
- Viver em uma nova cultura sempre será um choque na vida de qualquer
missionário, pois do ponto de vista da pessoa que está se inserindo na cultura,
ele espera ainda ver costumes de sua cultura, no entanto começa a estranhar
algumas atitudes. Oliveira (2009, p. 17) diz que “É comum observarmos e julgarmos as demais culturas a partir da nossa.
Ficamos estarrecidos e não nos conformamos ao observar como as pessoas em
outros ambientes étnicos agem” O missionário que se envolve
em missões transculturais deve ficar atento a esses aspectos, mostrando-se apto
a aprender e a compreender a nova cultura que está inserido e ter o máximo de
cuidado para não impor a sua cultura. Não é transformar a cultura do outro
através da nossa, mas imitar Jesus e pelo seu modelo, identificar-se com o
outro para poder falar do amor.
- “A comunicação do
evangelho é muito difícil se não imitarmos Jesus, o qual, para se fazer
compreendido e mostrar amor, identificou-se com os homens, não só encarnando-se
em forma humana, mas também encarnando-se culturalmente. ‘Ele veio para os
seus...’ O seus eram o povo Judeu. Por isso, Ele falou a língua daquele povo,
vestiu-se conforme os costumes da época, comeu o que eles comiam, dormiu onde
eles dormiam – enfim, Jesus foi judeu como todos os outros, humanamente falando”. (BURNS, 1995, p.
14-15)
CONCLUSÃO
Temos um grande desafio
em Missões Transculturais: alcançar o mundo inteiro com a mensagem genuína do
Evangelho. Por isso, como Igreja de Deus, somos chamados a sair “de Jerusalém”
em perspectiva de alcançar os “confins da Terra”. Há muitos povos neste mundo
para serem alcançados, de sorte que Deus conta com cada crente comprometido com
a causa do Reino de Deus. É um imperativo do Reino nos perguntarmos a respeito
do que estamos fazendo para que “a água da vida” sacie a sede dos que estão
sedentos por vida eterna ao redor do mundo. O pecador depende do envio do Corpo
de Cristo para ouvir de nós as Boas-Novas de salvação.
- É interessante observar
como o cristianismo ganhou “caras” nas diferentes culturas mundo a fora. Assim
compreendemos que é primordial o identificar-se com o outro.
Missões transculturais parece
uma tarefa enorme, e é, por isto precisamos aprender a trabalhar com parcerias,
olhando o todo, percebendo onde encontramos lugares onde o evangelho não está
sendo pregado e ir até lá, mesmo que através de parceiros.
A Igreja de Jesus precisa
começar a pensar sobre possibilidades de realizar missão transcultural; como
corpo de Cristo e comissionados por Ele, precisamos orar para que possamos
tomar as decisões corretas e ouvir atentamente a voz de Deus.
- O nosso Deus é o Deus
da História e Ele tem um propósito para ela. As Escrituras são claras quanto a
isso e descrevem este propósito do início ao fim. Se cremos que a Bíblia é a
Palavra de Deus devemos crer necessariamente que missões transculturais é o
programa de Deus, visto que de Gênesis a Apocalipse ela nos revela o amor de
Deus pelas nações da terra (Gn 12.3; Is 49.6; Ap 5.9).
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REVISANDO O
CONTEÚDO
1. O que é a Grande
Comissão?
É o mandamento do Senhor para a sua Igreja proclamar
o Evangelho a todas as nações.
2. Cite pelo menos dois
objetivos da Grande Comissão.
- Proclamar o Evangelho em palavras e ações a toda
criatura;
- Discipular os novos convertidos, tornando-os fiéis
seguidores de Cristo.
3. Cite pelo menos duas
barreiras em Missões Transculturais. Barreiras geográficas:
novas nações e novas culturas; b) Barreiras
culturais: valores de vida, costumes e hábitos.
4. O que percebemos em
Mateus 28.18-20?
Em Mateus 28.18-20, percebemos uma ênfase em “fazer
discípulos”.
5. O que a mensagem
missionária tem de levar em conta nas Missões Transculturais?
Na Missão Transcultural, a mensagem missionária tem
de levar em conta o apelo ao arrependimento para o perdão dos pecados (Lc
24.46-49).