TEXTO ÁUREO
“E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.” (At 2.4)
VERDADE PRÁTICA
A doutrina do Batismo no Espírito Santo e o falar em línguas como sua evidência são um distintivo pentecostal mantido pela nossa igreja.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Atos 2.1-4; 1 Coríntios 12.7-11
INTRODUÇÃO
Nesta lição bíblica vamos estudar a identidade pentecostal e sua relação com o pentecostes bíblico. Contudo, o nosso enfoque será mostrar que algumas sutilezas do erro têm aparecido no meio do Movimento Pentecostal. No contexto de nossa igreja, o principal deles está relacionado com a negação da atualidade dos dons espirituais e, de uma forma mais específica, a negação da doutrina do falar em outras línguas como a evidência física do Batismo no Espírito. Vejamos, pois, como corrigir esse desvio doutrinário.
COMENTÁRIO
A Palavra de Deus alerta, em Romanos 1.23-26, quanto a mudanças indevidas e seus resultados funestos para a igreja. Daniel menciona “mudanças” como uma das características do tempo do Anticristo. Essas mudanças são muitas e injustificáveis, como a teologia da libertação, o culto da prosperidade, além de um elevado número de fatos e eventos registrados na Bíblia transformados em doutrina pelos falsos mestres.
Em 2 Coríntios 4.2, lemos sobre o perigo da falsificação da Palavra de Deus e o que devemos fazer para não sermos enganados: “antes, rejeitamos as coisas que, por vergonha, se ocultam, não andando com astúcia nem falsificando a palavra de Deus; e assim recomendamos à consciência de todo homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade”.
Há um padrão bíblico para a igreja (2Tm 1.13; Hb 8.5). E os que a edificam devem atentar para o que está escrito em I Coríntios 3.10: “Segundo a graça de Deus que foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele”, pois a obra de cada um se manifestará (v. 13). Cuidado, os edificadores da igreja; os que fazem discípulos para o Senhor (Mt 28.19). Souza. Ronaldo Rodrigues de,. Teologia Sistemática Pentecostal. Editora CPAD. pag. 179-180.
O reavivamento e crescimento do Cristianismo ao redor do globo, especialmente nos países do Terceiro Mundo, é um testemunho poderoso de que os dons espirituais estão operando na promoção do Reino de Deus. O Movimento Pentecostal/Carismático cresceu de 16 milhões, em 1945, a 405 milhões, até 1990.1 As dez maiores igrejas no mundo pertencem a esse movimento.
A exegese de todos os textos do Novo Testamento concernentes aos dons espirituais está além do escopo deste capítulo. Meu enfoque recairá nos principais ensinos de Paulo a respeito dos dons na Igreja e no viver diário do crente, sobre como se relacionam os dons e os frutos e a maneira de exercer os dons. O ensino bíblico sem a prática é decepcionante; a prática sem o ensino sólido é perigosa. Por outro lado, o estudo deve levar à prática, e a prática pode iluminar o estudo. HORTON. Staleym. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Editora CPAD.
Tem sido considerável o número de livros escritos nestes últimos anos por autores antipentecostais, com o propósito de denegrir a nossa fé. Pelo que me consta, nunca um escritor de confissão pentecostal, no Brasil, assumiu a responsabilidade de escrever uma refutação a esses livros. Em geral, os nossos líderes têm deixado que o próprio progresso do Movimento Pentecostal e a fé dinâmica das igrejas que o compõem silenciem a pena dos seus oponentes gratuitos; mas isso tem sido inútil, pois os tais não se convencem nem diante de fatos. Para eles, mais importa uma boa pitada de confusão teológica, do que as provas documentadas por vidas transformadas; esquecendo-se eles que teologia sem uma genuína experiência de vida é semelhante à fé sem as obras – é morta. Raimundo F. de Oliveira. A Doutrina Pentecostal Hoje. Editora CPAD.
I – O PENTECOSTES BÍBLICO
1- O Espírito prometido. O Antigo Testamento mostra a ação do Espírito Santo em diferentes momentos e sobre a vida de diferentes pessoas. Assim vemos o Espírito do Senhor agindo sobre a Criação (Gn 1.2); na vida de Bezalel (Êx 31.2,3); Gideão (Jz 6.34); Jefté (Jz 11.29) etc. Na Antiga Aliança há uma excepcionalidade da ação do Espírito de Deus. De uma forma mais específica, o Espírito de Deus sob o Antigo Pacto atuava sobre a vida de pessoas escolhidas para obras especiais; dos sacerdotes, reis e profetas (Êx 28.41; 1Sm 16.14; 1Rs 19.16). Assim se observa uma ação mais restrita do Espírito de Deus na Antiga Aliança. Contudo, no Antigo Testamento, havia uma promessa do derramamento do Espírito de Deus sobre todos, e não apenas sobre pessoas escolhidas ou uma classe especial (Ez 36.26,27; Jr 31.31-34; Jl2.28).
COMENTÁRIO
A OBRA DO ESPÍRITO SANTO NO ANTIGO TESTAMENTO.
A Bíblia descreve várias atividades do Espírito Santo no Antigo Testamento.
(1) O Espírito Santo desempenhou um papel ativo na criação. O segundo versículo da Bíblia diz que “o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas” (Gn 1.2), preparando tudo para que a palavra criadora de Deus desse forma ao mundo. Tanto o Verbo de Deus (i.e., a segunda pessoa da Trindade) quanto o Espírito de Deus, foram agentes na criação (ver Jó 26.13; Sl 33.6; ver o estudo A CRIAÇÃO). O Espírito também é o autor da vida. Quando Deus criou Adão, foi indubitavelmente o seu Espírito quem soprou no homem o fôlego da vida (Gn 2.7; cf. Jó 27.3). O Espírito Santo continua a dar vida às criaturas de Deus (Jó 33.4; Sl 104.30).
(2) O Espírito estava ativo na comunicação da mensagem de Deus ao seu povo. Era o Espírito, por exemplo, quem instruía os israelitas no deserto (Ne 9.20). Quando os salmistas de Israel compunham seus cânticos, faziam-no mediante o Espírito do Senhor (2Sm 23.2; cf. At 1.16,20; Hb 3.7-11).
Semelhantemente, os profetas eram inspirados pelo Espírito de Deus a declarar sua palavra ao povo (Nm 11.29; 1Sm 10.5,6,10; 2Cr 20.14; 24.19,20; Ne 9.30; Is 61.1-3; Mq 3.8; Zc 7.12; cf. 2Pe 1.20,21). Ezequiel ensina que os falsos profetas “seguem o seu próprio espírito” ao invés de andarem segundo o Espírito de Deus (Ez 13.2,3). Era possível, entretanto, o Espírito de Deus vir sobre alguém que não tinha um relacionamento genuíno com Deus para levá-lo a entregar uma mensagem verdadeira ao povo (ver Nm 24.2 nota).
(3) A liderança do povo de Deus no AT era fortalecida pelo Espírito do Senhor. Moisés, por exemplo, estava em tão estreita harmonia com o Espírito de Deus que compartilhava dos próprios sentimentos de Deus; sofria quando Ele sofria, e ficava irado contra o pecado quando Ele se irava (ver Êx 33.11 nota; cf. Êx 32.19). Quando Moisés escolheu, em obediência à ordem do Senhor, setenta anciãos para ajudá-lo a liderar os israelitas, Deus tomou do Espírito que estava sobre Moisés, e o colocou sobre eles (Nm 11.16,17; ver 11.12 nota). Semelhantemente, quando Josué foi comissionado para que sucedesse Moisés como líder, Deus indicou que “o Espírito” (i.e., o Espírito Santo) estava nele (Nm 27.18 ver nota). O mesmo Espírito veio sobre Gideão (Jz 6.34), Davi (1Sm 16.13) e Zorobabel (Zc 4.6). Noutras palavras, no AT a maior qualificação para a liderança era a presença do Espírito de Deus.
(4) O Espírito de Deus também vinha sobre indivíduos a fim de equipá-los para serviços especiais.
Um exemplo notável, no AT, era José, a quem fora outorgado o Espírito para capacitá-lo a agir de modo eficaz na casa de Faraó (Gn 41.38-40). Note, também, Bezalel e Ooliabe, aos quais Deus concedeu a plenitude do seu Espírito para que fizessem o trabalho artístico necessário à construção do Tabernáculo, e também para ensinarem aos outros (ver Êx 31.1-11; 35.30-35). A plenitude do Espírito Santo, aqui, não é exatamente a mesma coisa que o batismo no Espírito Santo no NT
No AT, o Espírito Santo vinha sobre uns poucos indivíduos selecionados para servirem a Deus de modo especial, e os revestia de poder. O Espírito do Senhor veio sobre muitos dos juízes, tais como Otniel (Jz 3.9,10). Gideão (Jz 6.34), Jefté (Jz 11.29) e Sansão (Jz 14.5,6; 15.14-16). Estes exemplos revelam o princípio divino que ainda perdura: quando Deus opta por usar grandemente uma pessoa, o seu Espírito vem sobre ela.
(5) Havia, ainda, uma consciência no AT de que o Espírito desejava guiar as pessoas no terreno da retidão. Davi dá testemunho disto em alguns dos seus salmos (Sl 51.10-13; 143.10). O povo de Deus, que seguia o seu próprio caminho ao invés de ouvir a voz de Deus, recusava-se a seguir o caminho do Espírito (ver Gn 16.2 nota). Os que deixam de viver pelo Espírito de Deus experimentam, inevitavelmente, alguma forma de castigo divino.
(6) Note que, nos tempos do AT, o Espírito Santo vinha apenas sobre umas poucas pessoas, enchendo-as a fim de lhes dar poder para o serviço ou a profecia. Não houve nenhum derramamento geral do Espírito Santo sobre Israel. O derramamento do Espírito Santo de forma mais ampla (cf. 2.28,29; At 2.4,16-18) começou no grande dia de Pentecoste.
A PROMESSA DO PLENO PODER DO ESPÍRITO SANTO. O AT antegozava a era vindoura do Espírito, i.e., a era do NT. (1) Em várias ocasiões, os profetas falaram a respeito do papel que o Espírito desempenharia na vida do Messias. Isaías, em especial, caracterizou o Rei vindouro, o Servo do Senhor, como uma pessoa sobre quem o Espírito de Deus repousaria de modo especial (ver Is 11.1-4; 42.1; 61.1-3). Quando Jesus leu as palavras de Isaías 61, em Nazaré, cidade onde morava, terminou dizendo: “Hoje, se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos” (Lc 4.21).
(2) Outras profecias do AT anteviam o período do derramamento geral do Espírito Santo sobre a totalidade do povo de Deus. Entre esses textos, o de maior destaque é 2.28,29, citado por Pedro no dia de Pentecoste (At 2.17,18). Mas a mesma mensagem também se acha em Is 32.15-17; 44.3-5; 59.20,21; Ez 11.19,20; 36.26,27; 37.14; 39.29. Deus prometeu que, quando a vida e o poder do seu Espírito viessem sobre o seu povo, os seus seriam capacitados a profetizar, ver visões, ter sonhos proféticos, viver uma vida em santidade e retidão, e a testemunhar com grande poder. Por conseguinte, os profetas do AT previram a era messiânica. E, a respeito dela, profetizaram que o derramamento e a plenitude do Espírito Santo viriam sobre toda a humanidade. E foi o que aconteceu no domingo do Pentecoste (dez dias depois de Jesus ter subido ao céu), com uma subsequente gigantesca colheita de almas (cf. 2.28,32;At 2.41; 4.4; 13,44,48,49). Stamps, Donald C,. Bíblia de Estudo Pentecostal. Editora CPAD. pag. 1291-1292.
A Promessa do Espírito no Antigo Testamento
O Antigo Testamento é um prelúdio indispensável à discussão sobre o batismo no Espírito Santo. Os eventos acontecidos no dia de Pentecostes (At 2) foram o clímax das promessas de Deus feitas séculos antes, sobre a instituição da nova aliança e a inauguração da era do Espírito. Duas passagens são especialmente importantes:
Ezequiel 36.25-27 e Joel 2.28,29.
A passagem de Ezequiel fala sobre a água pura sendo espalhada e a purificação de todas as imundícies espirituais. Ela continua, dizendo que o Senhor removerá os corações de pedra de seu povo e dar-lhe-á “um coração novo” e “um coração de carne”, além de colocar dentro dele “um espírito novo”. A concessão do Espírito Santo é o meio pelo qual essa mudança acontecerá: “porei dentro de vós o meu espírito”. Como resultado, o Senhor diz: “e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observeis” (v. 27).
A promessa é claramente relacionada ao conceito de regeneração do Novo Testamento. Paulo fala sobre “a lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo” (Tt 3.5), ecoando a declaração de Jesus sobre a necessidade de “nascer da água e do Espírito” (Jo 3.5). A transformação que acontece no novo nascimento resulta num estilo de vida transformado, tornado possível pela concessão do Espírito Santo. 0 Espírito habita dentro de cada crente (Rm 8.9,14-16: 1 Co 6.19): assim a ideia de um crente sem o Espírito Santo é uma contradição em seus termos.
A profecia de Joel é bem diferente da de Ezequiel. Ela não fala sobre transformação interior, estilo de vida alterado, ou a atuação interior do Espírito Santo: em vez disso, o Senhor diz: “derramarei o meu Espírito sobre toda a carne”. O resultado será muito dramático — os vasos profetizarão, terão sonhos e visões. Essa profecia lembra um desejo muito intenso de Moisés: “Tomara que todo o povo do Senhor fosse profeta, que o Senhor lhes desse o seu Espírito! ” (Nm 11.29). A narrativa ressalta a ênfase em Joel e no Novo Testamento de que o derramamento do Espírito não é restrito a indivíduos selecionados ou a um local particular. Os paralelos entre a profecia de Joel e o desejo de Moisés são inerrantes.
Em Joel os resultados da atividade do Espírito são bem diferentes daqueles em Ezequiel; eles são dramáticos e “carismáticos” por natureza. O termo “carismático” passou a significar a atividade especial do Espírito de uma natureza dinâmica, e também será utilizado nesta obra. Sabe-se, no entanto, que a palavra grega chârísrm tem um alcance de significados maior no Novo Testamento. Não obstante, o uso corrente determina significado corrente. Na profecia de Joel, o Espírito vem sobre o povo de Deus em primeiro lugar para dar lhe o poder de profetizar. Isso é evidente quando Pedro cita Joel em seu discurso no dia de Pentecostes (At 2.16 21). Nesse dia, os discípulos foram “cheios do Espírito Santo” (At 2.4); eles não foram regenerados por aquela experiência.
Desse modo, precisamos concluir, dadas as diferenças substanciais entre as profecias de Ezequiel e de Joel, que deveriam haver duas vindas históricas separadas do Espírito Santo? A resposta tem de ser não. E melhor falar de uma promessa ampla do Espírito que inclui tanto a sua habitação interior quanto seu derramar ou a concessão de poder ao povo de Deus. Esses são dois aspectos da prometida atuação do Espírito Santo na nova era.
O quadro a seguir ilustra a dupla promessa do Pai:
Ezequiel Joel/Moisés
Limpeza Capacitação
Novo coração, novo espírito Profecias, sonhos, visões
Espírito interior Espírito derramado fora/sobre
Mudança moral Sem menção de conduta
Atuação interna do Espírito Atuação visível do Espírito
Natureza – habitacional Natureza – carismática. Anthony de Palma. O Batismo no Espírito Santo e Com Fogo. Editora CPAD. pag. 14-17.
Vestimentas do Espírito
Gideão, em contraste com Débora, precisou ser encorajado repetidas vezes. Pertencia a uma família de pouca importância na tribo de Manasses. (A tribo de Efraim, embora descendesse do filho mais novo de José, assumiu a liderança e fez com que a tribo de Manasses se sentisse marginalizada e esquecida). Deus encorajou Gideão por meio de uma prova com um velo de lã e do sonho de um midianita, a fim de que ele assumisse a liderança e cresse que receberia a vitória. Obedeceu, inclusive, ao anjo que lhe apareceu e destruiu a idolatria na casa de seu pai.
Esse ato de fé e de obediência não demorou a ser seguido por uma experiência muito rara com o Espírito Santo. Lemos: “O Espírito do Senhor revestiu a Gideão” (Jz 6.34). Nesta passagem, a palavra hebraica é bem diferente daquela que é traduzida por “veio sobre” em Juízes 3.10. “Revestiu a Gideão” significa “vestiu-se de Gideão”.
Muitos estudiosos bíblicos não alcançam o significado total desse fato. A interpretação mais comum de Juízes 6.34 é que o Espírito Santo revestiu Gideão. Keil não chega à altura, quando diz que o Espírito Santo “desceu sobre ele, e colocou-se ao seu redor como se fosse uma armadura, ou um equipamento forte, para Gideão tornar-se invencível e invulnerável no seu poder”. Semelhantemente, A.B. Davidson diz que subentende “o envolver completo de todas as faculdades humanas na dimensão divina”. Knight, embora ofereça a tradução correta do texto hebraico, interpreta-o no sentido de que Gideão “vestiuse do Espírito do Deus vivo! A ação poderosa que então realizou ao livrar Israel não era apenas sua própria ação; era também a ação salvífica de Deus”.
O Targum judaico explica simplesmente que o Espírito da força do Senhor veio sobre Gideão. Alguns escritores modernos tratam do assunto como apenas mais uma manifestação repentina ou violenta do Espírito Santo, ao passo que outros (tais como Bertheau, Fuerst e Ewald) oferecem uma interpretação semelhante à de Keil.
Uns poucos reconhecem, no entanto, que o hebraico somente pode significar que o Espírito Santo encheu Gideão. Ele não se revestiu do Espírito Santo, o Espírito Santo revestiu-se de Gideão. Para Gideão estar vestido do Espírito Santo, é mais provável que foi usada outra forma do verbo hebraico. Gideão era apenas a roupa, “o manto exterior do Espírito Santo que governa, fala e testifica nele”. HORTON. Stanley. M. O que a Bíblia Diz Sobre o ESPÍRITO SANTO. Editora CPAD.
2- O Espírito derramado. No Novo Testamento, entretanto, é que as promessas a respeito da vinda do Espírito Santo têm cumprimento. O profeta Joel profetizou a vinda do Espírito de uma forma copiosa (Jl 2.28). Essa promessa teve seu fiel cumprimento no Dia de Pentecostes e é identificada como o Batismo no Espírito Santo (At 2.1-4). No Pentecostes observamos que o Espírito é derramado sobre toda a carne, sem distinção de sexo, raça ou idade. Isso mostra a universalização da promessa de Deus. Todos os que creem, e não apenas alguns escolhidos, podem ser revestidos pelo Espírito Santo. Diferentemente do Antigo Pacto, no qual apenas pessoas especiais tinham o privilégio de serem usadas por Deus; no Novo Pacto, a partir de Pentecostes, Deus derramou o seu Espírito sobre todo o seu povo. Agora todos poderiam cumprir a missão de proclamar a mensagem de seu Reino.
COMENTÁRIO
Este é um sinal visível do dom que os discípulos receberam. Eles viram línguas repartidas, como que de fogo (v. 3), as quais pousaram – ekhatise. Não foram as línguas repartidas que pousaram, mas Ele, o Espírito (assim significado), que pousou sobre cada um deles, como ocorreu com os profetas de antigamente. Ou conforme a descrição do Dr. Hammond: “Houve o surgimento de algo parecido com a luz de fogo em chamas sobre cada um deles, que se dividiu e, assim, assumiu a semelhança de línguas divididas ou repartidas próximo das suas cabeças”. A chama de uma vela é algo semelhante a uma língua. Existe um meteoro que os naturalistas chamam ignis lambens – uma chama suave, não um fogo voraz, como fora este. HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 13.
A descida do Espírito Santo (2.1-4)
Cristo subiu, e o Espírito Santo desceu. O Cristo ressurreto ascendeu aos céus e enviou o Espírito a fim de habitar para sempre com a igreja.
Destacamos aqui alguns pontos importantes.
Em primeiro lugar, o significado do Pentecostes (2.1a).
Ao cumprir-se o dia de Pentecostes… A palavra pentecoste significa o quinquagésimo dia. Pentecostes era a festa que acontecia cinquenta dias após o sábado da semana da Páscoa (Lv 23.15,16), portanto era o primeiro dia da semana. E também chamado de Festa das Semanas (Dt 16.10), Festa da Colheita (Êx 23.16) e Festa das Primícias (Nm 28.26). Cristo ressuscitou como as primícias dos que dormem e durante quarenta dias deu provas incontestáveis de sua ressurreição com várias aparições a seus discípulos.
Dez dias após sua ascensão, o Espírito Santo foi derramado no Pentecostes. John Wesley afirma que, no Pentecostes do Sinai no Antigo Testamento e no Pentecostes de Jerusalém no Novo Testamento aconteceram duas grandes manifestações de Deus, a legal e a evangélica; uma da montanha e a outra do céu; a primeira terrível, e a segunda, misericordiosa.
Em segundo lugar, a espera do Pentecostes (2.1b).
… estavam todos reunidos no mesmo lugar. Os 120 discípulos estavam congregados no cenáculo em unânime e perseverante oração, quando, de repente, o Espírito Santo foi derramado sobre eles. Estribados na promessa do Pai anunciada por Jesus, havia no coração deles a expectativa do revestimento de poder. Todos estavam no mesmo lugar, com o mesmo propósito, buscando o mesmo revestimento do Espírito.
Em terceiro lugar, o derramamento do Espírito no Pentecostes (2.2-4).
O historiador Lucas registra a descida do Espírito com as seguintes palavras:
De repente, veio do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam assentados. E apareceram distribuídas entre eles, línguas, como de fogo, e pousou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem (2.2-4)
O derramamento do Espírito Santo foi um fenômeno celestial. Não foi algo produzido, ensaiado, fabricado.
Aconteceu algo verdadeiramente do céu. Foi incontestável e irresistível. Foi soberano, ninguém pôde produzi-lo. Foi eficaz, ninguém pôde desfazer os seus resultados. Foi definitivo, ele veio para ficar para sempre com a igreja. Aquilo que aqui se denomina ficar cheio, também é chamado de batismo (1.5; 11.16), derramamento (2.17,18; 10.45) e recebimento (10.47).69 William MacDonald diz que a vinda do Espírito envolveu um som para ouvir, um cenário para ver e um milagre para experimentar. O versículo 1 informa-nos que todos estavam reunidos no mesmo lugar.
O termo todos, que aparece mais uma vez no versículo 4, deve ser entendido no sentido de que não só os doze estão presentes, mas também as mulheres e os outros discípulos mencionados em 1.13-15. Foi sobre todos esses, e não só sobre os doze, que o Espírito desceu.
Três fatos nos chamam a atenção.
Primeiro, o derramamento do Espírito veio como um som (2.2). Não foi barulho, algazarra, falta de ordem, histeria, mas um som do céu. A palavra grega echos, usada aqui, é a mesma usada em Lucas 21.25 para descrever o estrondo do mar. O derramamento do Espírito foi um acontecimento audível, verificável, público, reverberando sua influência na sociedade. Esse impacto atraiu grande multidão para ouvir a Palavra.
Segundo, o derramamento do Espírito veio como um vento (2.2). O vento é símbolo do Espírito Santo (Ez 37.9,14; Jo 3.8). O Espírito veio em forma de vento para mostrar sua soberania, liberdade e inescrutabilidade. Assim como o vento é livre, o Espírito sopra onde quer, da forma que quer, em quem quer. O Espírito sopra onde jamais sopraríamos e deixa de soprar onde gostaríamos que ele soprasse.
Como o vento, o Espírito é soberano; ele sopra irresistivelmente.
O chamado de Deus é irresistível, e sua graça é eficaz. O Espírito sopra no templo, na rua, no hospital, no campo, na cidade, nos ermos da terra e nos antros do pecado.
Quando ele sopra, ninguém pode detê-lo. Os homens podem até medir a velocidade do vento, mas não podem mudar o seu curso. Como o vento, o Espírito também é misterioso; ninguém sabe donde vem nem para onde vai.
Seu curso é livre e soberano. Deus não se submete à agenda dos homens nem se deixa domesticar.
Terceiro, o derramamento do Espírito veio em línguas como de fogo (2.3). O fogo também é símbolo do Espírito Santo. Deus se manifestou a Moisés na sarça em que o fogo ardia e não se consumia (Ex 3.2). Quando Salomão consagrou o templo ao Senhor, desceu fogo do céu (2Cr 7.1). No Carmelo, Elias orou, e fogo desceu (lR s 18.38,39). Deus é fogo. Sua Palavra é fogo. Ele faz dos seus ministros labaredas de fogo. Jesus batiza com fogo, e o Espírito desceu em línguas como de fogo. O fogo ilumina, purifica, aquece e alastra. Jesus veio para lançar fogo sobre a terra. Hoje, muitas vezes, a igreja está fria. Parece mais uma geladeira a conservar intacto seu religiosismo do que uma fogueira a inflamar corações. Muitos crentes parecem mais uma barra de gelo do que uma labareda de fogo. Certa feita alguém perguntou a Dwight Moody: “Como podemos experimentar um reavivamento na igreja?”. O grande avivalista respondeu: “Acenda uma fogueira no púlpito”. Quando gravetos secos pegam fogo, até lenha verde começa a arder.
John Wesley disse: “Ponha fogo no seu sermão, ou ponha o seu sermão no fogo”.
Matthew Henry diz que o fogo foi dado como sinal de cumprimento da predição de João Batista relativa a Jesus: Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo (Mt 3.11), ou seja, com o Espírito Santo, como fogo. Os discípulos estavam na Festa de Pentecostes celebrando o recebimento da lei no monte Sinai. A lei foi dada em fogo, por isso foi chamada “lei de fogo” como o evangelho é chamado “evangelho de fogo”. A missão de Ezequiel foi confirmada por uma visão de brasas de fogo ardente (Ez 1.13), e a de Isaías, por uma visão de brasa viva que lhe tocou os lábios (Is 6.6,7). O Espírito, como o fogo, derrete o coração, separa e queima a escória, e acende sentimentos santos e devotos na alma. É na alma, como o fogo que está sobre o altar, que são oferecidos os sacrifícios espirituais. Este é o fogo que Jesus veio lançar na terra (Lc 12.49).
Quarto, o derramamento do Espírito traz uma experiência pessoal de enchimento do Espírito Santo (2.4). Aqueles discípulos já eram salvos. Por três vezes Jesus havia deixado isso claro (Jo 13.10; 15.3; 17.12). De acordo com a teologia de Paulo, se eles já eram já salvos, já tinham o Espírito Santo, pois o apóstolo escreveu: […] Se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele (Rm 8.9). Jesus disse: Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino (Jo 3.5).
Além de já terem o Espírito Santo, após sua ressurreição Jesus ainda soprou sobre eles o Espírito Santo, e disse: […] Recebei o Espírito Santo (Jo 20.22). Mas a despeito de serem regenerados pelo Espírito e de receberem o sopro do Espírito, eles ainda não estavam cheios do Espírito. Uma coisa é ter o Espírito Santo, outra é o Espírito Santo ter alguém. Uma coisa é ser habitado pelo Espírito, outra é ser cheio dele. Uma coisa é ter o Espírito presente, outra é tê-lo como presidente.
Você, que tem o Espírito, está cheio do Espírito?
A experiência da plenitude é pessoal (At 2.3,4). O Espírito desce sobre cada um individualmente. Cada um vive sua própria experiência. Ninguém precisa pedir, como as virgens néscias, azeite emprestado. Todos ficaram cheios do Espírito. Concordo com Matthew Henry quando diz: “Para mim está claro que não só os doze apóstolos, mas todos os 120 discípulos foram igualmente cheios do Espírito Santo nessa ocasião”. Logo que eles ficaram cheios do Espírito, começaram a falar as grandezas de Deus (2.11). Sempre que alguém ficou cheio do Espírito no livro de Atos começou a pregar (At 1.8; 2.4,11,14,41; 4.8,29-31; 6.5,8-10; 9.17-22). A plenitude do Espírito nos dá poder para pregar com autoridade. Certa feita, David Hume, o patrono dos agnósticos, foi visto correndo pelas ruas de Londres. Alguém o abordou: “Para onde você vai, com tanta pressa?” . O filósofo respondeu: “Vou ver George Whitefield pregar”. O questionador lhe perguntou, espantado: “Mas você não acredita no que ele prega, acredita?”. Hume respondeu: “Eu não acredito, mas ele acredita!”. Um crente cheio do Espírito prega a Palavra com poder e autoridade.
Matthew Henry diz que eles foram cheios com a graça do Espírito e ficaram, mais do que nunca, sob a sua influência santificadora. Agora, eles eram santos, espirituais, menos apegados a este mundo e mais familiarizados uns com os outros. Ficaram mais cheios do consolo do Espírito, alegraram-se mais no amor de Jesus e na esperança celestial, e, nisso, todas as suas aflições e medos foram absorvidos.
Eles também foram, como prova disso, enchidos com os dons do Espírito Santo, que é o propósito específico do evento narrado neste texto. LOPES. Hernandes Dias. Atos. A ação do Espírito Santo na vida da igreja. Editora Hagnos. pag. 50-55.
AUXÍLIO TEOLÓGICO
O Batismo no Espírito Santo “Os pentecostais reconhecem que o Novo Testamento fala de dois batismos no Espírito: um que é soteriológico e inicia o crente no corpo de Cristo (1Co 12.13) e um que é missiológico e capacita o crente para o serviço (At 1.8). No entanto, os pentecostais acham que é particularmente adequado adotar a linguagem de Lucas e falar do dom pentecostal como ‘batismo no Espírito Santo’. Afinal, esse batismo no Espírito Santo é prometido a todo crente, a todos os servos e servas de Deus (At 2.18). Lucas usa a frase em três ocasiões, Paulo apenas uma vez. Os pentecostais também temem que, se a linguagem de Paulo for empregada e o dom do Espírito recebido na conversão for chamado de ‘o batismo no Espírito Santo’, então o dom pentecostal deixará de ser adequadamente entendido. A tendência nas igrejas protestantes é ler Lucas à luz de Paulo. Paulo trata das preocupações pastorais na igreja; Lucas escreve um manifesto missionário. Talvez isso explique por que discussões protestantes acerca do Espírito centralizam-se mais em sua obra na Palavra e sacramentos, ‘o testemunho interior’ do Espírito, e menos em sua missão para o mundo” (MENZIES, Robert P. Pentecostes: Essa História é a nossa História. Rio de Janeiro: CPAD, 2016, p.54).
AMPLIANDO O CONHECIMENTO
“VOSSOS FILHOS E VOSSAS FILHAS PROFETIZARÃO
Joel prevê que um dos principais resultados do derramamento do Espírito Santo será a distribuição dos dons espirituais, entre estes o de profetizar. A Manifestação do Espírito, através dos dons, torna conhecida a presença de Deus entre 0 seu povo. O apóstolo Paulo declarou que se a igreja profetiza, o incrédulo será compelido a declarar: ‘que Deus está verdadeiramente entre vós (1Co 14.24,25).” Amplie mais o seu conhecimento, lendo a Bíblia de Estudo Pentecostal, editada pela CPAD, p.1290.
II – O DISTINTIVO PENTECOSTAL DE NOSSA IGREJA
1- A atualidade dos dons espirituais. Agostinho de Hipona (354-430) introduziu na igreja o erro doutrinário de que os dons haviam cessado. No entendimento dele, os dons, de fato, existiram, contudo, haviam sido restritos ao período apostólico. Esse ensino moldou o catolicismo medieval e, mesmo com o advento da grande Reforma luterana, os reformadores não conseguiram se desvencilhar dele. O Movimento Pentecostal surge posteriormente como resposta a esse desvio doutrinário. Os Pentecostais não somente creem que os dons estão vigentes na Igreja como os exercem. Nossa igreja emerge na história dessa gigantesca explosão do reavivamento dos dons espirituais. Na sua Declaração de Verdades Fundamentais de 1916, as Assembleias de Deus confessavam que todos os crentes têm o direito e devem sinceramente buscar a promessa do Pai, o Batismo no Espírito Santo e com fogo. Afirma ainda que com o Batismo no Espírito Santo vem o revestimento de poder para a vida e serviço, a concessão dos dons e seus usos no trabalho do ministério (Lc 24.49; At 1.4,8; 1Co 12.1-31). E que essa experiência maravilhosa é distinta e subsequente à experiência do novo nascimento (At 10.44-46; 11.14-16; 15.7-9).
COMENTÁRIO
COM A PALAVRA, A ACUSAÇÃO
Um dos livros mais pretensiosos e, de propósito, eminentemente antipentecostal, foi publicado em 1972, pela Junta de Educação Religiosa e Publicações da Convenção Batista Brasileira (JUERP). Esse livro tem por título: “Movimento Modemo de Línguas”, de autoria do batista americano, Robert G. Gromacki.
Numa análise feita por Gromacki quanto à origem do Movimento Pentecostal, após analisar se o movimento é de origem divina, satânica, psicológica ou artificial, ele conclui que tem de ser considerado “não somente como uma simulada contrafação, porém como sendo realmente de origem satânica”.
Outro livro, “A Doutrina do Espírito Santo”, trabalho encomendado pela Convenção Batista Brasileira, combate as células “renovacionistas” surgidas no seio dessa Convenção, trazendo, inclusive, palavras pouco elogiosas ao Movimento Pentecostal, sempre tido pelos autores (treze lideres batistas brasileiros), como “confusão”, “gritaria”, “descontrole físico”, “emocionalismo demasiado” etc.
H.E.Alexander, um dos autores antipentecostais mais lidos no Brasil, em seu livro “Pentecostismo ou Cristianismo?” mostra o Movimento Pentecostal como uma ameaça à integridade do verdadeiro Cristianismo. Escreve:
“Temos, portanto, de evitar todo equívoco e afirmar com precisão que, se existe um ‘Movimento de Pentecoste’ há também um considerável número de crentes que diligenciam não ser deste ‘movimento’, mas que, no entanto, possuem um forte espírito ‘pentecostista’. Por este fato, é que nós julgamos necessário falar de ‘pentecostalismo’, pois que pretendemos em absoluto não fazer parte deste ‘movimento’, pois pode-se ter certas concepções mentais e certas interpretações errôneas que, como é óbvio, engendram um espírito que não é outra coisa senão um espírito estranho, semelhante ao do Pentecostismo”.
Mais à frente escreve Alexander:
“Perante os erros e estragos do Pentecostismo, há somente uma atitude digna do cristão. Se ele caiu neste erro, que confesse a Deus e se separe absolutamente daquilo que a Bíblia condena. Quanto ao crente que teve algum contacto com estes desvarios, mas que começa a discerni-los, que se afaste deles e saiba que Deus o destina a outra coisa: ao serviço frutuoso… Porém, que se mantenha bem perto de seu Salvador, pela razão seguinte: um espírito estranho não deixa nunca sua vítima escapar com facilidade. Quando numa alma começam a surgir dúvidas a respeito do Movimento Pentecostal e seu espírito começa a discernir a verdade quanto as contrafações, aos exageros e erros doutrinários que caracterizam o Pentecostismo, se ela abrir-se com algum adepto deste movimento, haverá então reação imediata: ‘Não nos compreende mais, suas dúvidas são causadas peio pecado’. Ou então, o que é pior ainda: ‘Verá o que vai suceder-lhe se nos deixar, o julgamento de Deus o atingirá’. E chamam a isto de ‘Despertamento’ e ‘Pentecoste!’ Ou, em vez de ameaças, apelarão para o sentimentalismo, como pretexto de amor, lágrimas -procedimento que não é são nem santo, e do qual é, às vezes, difícil livrar-se. Porém, com o socorro de Deus, andando na obediência de Cristo e sua Palavra, aquele que tiver sido dominado pelos pentecostais será libertado.”
Para H.E.Alexander, o Movimento Pentecostal ou “Pentecostismo”, como ele prefere chamar, nada mais é do que um dos ramos do Espiritismo, Feiticismo, Macumba, ou coisa semelhante; movimento de cuja influência aqueles que a ele se apegam devem ser exorcisado pelo ensino antipente-costal.
Francisco Huling, autor do opúsculo: “É Bíblico o Pentecostismo?”, escreveu:
“Deus libertou o autor deste folheto do erro pentecostal alguns anos atrás. Um domingo de manhã, numa reunião pentecostal, um membro levantou-se e começou a ler o capítulo 14 de 1 Coríntios, e eu escutei-o atentamente. De repente uma mulher levantou-se e começou a levantar os braços e a ‘falar em línguas’ e depois mais uma, e mais outra, até que nove ao todo estavam num estado de êxtase descontrolada. Mas mesmo entre o barulho e o pandemônio que faziam, eu consegui ouvir as palavras: ‘Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos… Mas faça-se tudo descentemente e com ordem’, 1 Co 14.33,40. O contraste completo entre o que eu via e o que as Escrituras diziam ajudaram-me a pensar, e eu comecei a ver que o Pentecostalismo não é de Deus, mas sim do Diabo”.
No seu livro, “Os Carismáticos”, John F. MacArthur, denuncia e condena o Movimento Carismático, por, segundo ele, fazer da experiência algo superior às Escrituras.
Poderia continuar citanto textos de muitos outros livros de autores antipentecostais, que tenho na minha biblioteca, porém, deixo de fazê-lo por duas razões: primeiro, por absoluta falta de espaço, e em segundo lugar, porque contêm praticamente as mesmas blasfêmias e desprezo pelo Movimento Pentecostal. Raimundo F. de Oliveira. A Doutrina Pentecostal Hoje. Editora CPAD.
«…a respeito…» Provavelmente uma referência à inquirição feita pelos crentes de Corinto, em uma missiva dirigida a Paulo, como também se vê em I Cor. 7:1. Ou então essa expressão pode ser uma simples designação de modificação de assunto, em que se passaria para outro tema.
«…não quero que sejais ignorantes…» Essa fórmula paulina indica os assuntos que merecem nossa cautelosa atenção. (Ver I Cor. 10:1 e comparar com Rom. 1:13; 11:25; II Cor. 1:8; I Tes. 4:13). Porém, também pode estar subentendido que a despeito de todo o seu pretenso conhecimento, bem como da posse de tais dons, devido ao seu abuso, faltava-lhes o conhecimento essencial a respeito desses dons e de seu propósito. Aqueles coríntios vinham usando os dons espirituais para sua própria exaltação, como parte de suas facções e de sua adoração a «heróis», ao invés de fazerem-no para a glória de Cristo. Ora, isso era uma «ignorância» essencial sobre a questão da natureza e do uso dos dons espirituais.
«…irmãos…» Essa palavra é de vez em quando usada por Paulo para suavizar suas declarações ásperas, mostrando seu afeto, reconhecendo que estava identificado com eles, em Cristo, conforme tem sido frequentemente empregado em outros trechos desta epístola. (Ver I Cor. 1:11,26; 2:1; 3:1 e 10:1). Paulo também empregou a expressão «meus amados», em I Cor. 10:14. Mas, em I Cor. 11:1, volta ele a empregar a palavra «irmãos».
«…ignorantes…», isto é, acerca dos meios, dos usos e dos propósitos dos dons espirituais, especialmente em face do fato que servem para exaltar a Jesus Cristo e devem proceder da parte do Espírito Santo (ver o terceiro versículo deste capítulo), em contraste com sua anterior idolatria, que envolvia todas as modalidades de elementos prejudiciais (ver o segundo versículo). Os verdadeiros dons espirituais e seu devido emprego devem ser encarados como um sinal digno de confiança que os crentes de Corinto tinham abandonado sua adoração idólatra, pertencendo agora a um novo Senhor. Porém, os abusos por eles cometidos punham tudo isso em dúvida. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 4. pag. 189.
A importância do verdadeiro entendimento dos dons espirituais (12.1). Quando Paulo escreve: Não quero, irmãos, que sejais ignorantes, ele está indicando a importância de todo esse assunto. Os coríntios haviam sido recentemente convertidos ao cristianismo. “Com suas ideias sobre a moralidade cristã ainda em fase de formação, com pouco conhecimento das Escrituras do AT, e com as Escrituras do NT ainda em fase de composição, não é de admirar que os coríntios fossem ignorantes”.
Era muito importante ter conhecimento sobre o lugar e a natureza dos dons espirituais, porque os coríntios tinham uma formação voltada à idolatria. Paulo estava ansioso para “apagar das suas mentes alguns traços do seu antigo politeísmo, imprimindo nelas a verdade de que os diversos dons vêm de um Espírito, da Unidade Infinita”.
Em Corinto o conceito que as pessoas tinham sobre os dons do Espírito havia se degenerado. Como consequência natural, “os dons eram muito reverenciados, não aqueles que eram os mais úteis, mas os que eram aparentemente mais impressionantes. Entre eles o dom de línguas era o mais proeminente por ser o mais expressivo da nova vida espiritual”.4 A maioria dos dons relacionados por Paulo no capítulo 12 foi ignorada e aquele que mais se distinguia dos outros era o dom de falar em línguas. Parece que o interesse estava centralizado em adquirir o poder de fazer coisas milagrosas e de provocar admiração na mente dos descrentes. O Espírito Santo foi explorado com a finalidade de se obter resultados sensacionais. “Parece que a sua função santificadora na vida dos cristãos havia sido relegada a um segundo plano, e Ele era considerado o autor, não da graça… mas dos [dons] charismas, e no vocabulário da época a palavra ‘espiritual’ era um atributo imputado aos efeitos do espírito de poder, e não aos efeitos de um espírito de santidade”.
Dessa maneira, o Espírito Santo passou a significar, na mente das pessoas comuns, não o poder de crer, de esperar, de amar ou de ser puro, mas o poder de falar admiravelmente, em êxtase, e de realizar feitos sensacionais. Sobre esse tipo de religião o mesmo autor declara:
Toda a comunidade das pessoas que podem ser religiosas, mas ao mesmo tempo falsas, ambiciosas e sensuais, que se dobram como juncos frente à crescente corrente de um tempo de entusiasmo, mas sem uma radical mudança do coração, logo começa a fervilhar. Elas apareciam em toda parte, como a praga no meio do trigo do Reino, e eram singularmente abundantes na igreja de Corinto, onde todos podiam falar de uma forma ou outra, e a virtude não era levada em conta – uma igreja que havia se limitado a uma mistura de línguas.
Por causa da dissensão e dos atritos causados pela perda de perspectiva em relação aos dons espirituais, a igreja de Corinto enfrentava sérias dificuldades, correndo até mesmo o risco de uma extinção espiritual. Como Hayes comentou: “Esta é uma prova da insuperável genialidade do apóstolo Paulo, que foi capaz de salvar essa e todas as suas igrejas do fanatismo e da dissolução, e de construir por meio delas um cristianismo que conquistou o mundo”. Donald S. Metz. Comentário Bíblico Beacon. I Coríntios. Editora CPAD. Vol. 8. pag. 333.
2- As línguas como evidência. A Declaração de Fé das Assembleias de Deus de 1916 afirma que: “O batismo dos crentes no Espírito Santo é testemunhado pelo sinal físico inicial de falar em outras línguas conforme o Espírito de Deus lhes dá capacidade de falar (At 2.4). O falar em línguas neste caso é o mesmo em essência que o dom de línguas (1Co. 12. 4-10, 28), mas diferente em propósito e uso”.
Nenhum pentecostal da primeira geração tinha dúvida quanto a isso. Tanto William H. Durham, bem como Gunnar Vingren e Daniel Berg, pentecostais da primeira geração, criam e pregavam com convicção essa doutrina. Contudo, nos dias atuais esse ensino tem dado sinais de enfraquecimento. Isso por conta de ensinamentos sutis que negam a doutrina das línguas como evidência inicial do poderoso batismo pentecostal. A sutileza está em dizer que o falar em outras línguas, de fato, existe, contudo, não é para todos. Esse desvio doutrinário tira a convicção do crente de que esse dom seja para ele. Na dúvida, ninguém recebe nada (Tg 1.6- 8). No entanto, a doutrina das línguas como evidência inicial do Batismo no Espírito é inegociável.
COMENTÁRIO
São duas as marcas distintivas do pentecostalismo clássico, “batizar ou ser batizado no Espírito Santo” como algo distinto da conversão, trata-se de uma experiência subsequente à salvação, como capacitação para o serviço, e a identificação do falar em línguas como evidência física inicial do batismo no Espírito.
O falar línguas é a evidência física inicial que indica que o irmão ou a irmã foi batizado no Espírito Santo, “mas somente a evidência inicial, pois há evidência contínua da presença especial do Espírito como o “fruto do Espírito” (Gl 5.22) e a manifestação dos dons (1Co 14.1)”.46 Esse é o resultado de muitos debates desde os pioneiros do pentecostalismo moderno como Charles Fox Pahram e William J. Seymour, esse último liderou o movimento da Rua Azusa. Outros líderes surgiram não somente em Los Angeles, na Califórnia, como também no estado do Texas, em Topeka e Houston, em Chicago, no estado de Illinois, em Nova Iorque e também em diversas regiões da Europa, como Alemanha, Inglaterra e Suíça. Mas, foi na primeira Conferência Mundial Pentecostal, organizada em Zurique, Suíça, 1947, que afirmou a doutrina da evidência inicial.
Charles Fox Pahram, um itinerante metodista convertido ao movimento Holiness e pregador de curas pela fé, é tido por muitos como o fundador do pentecostalismo. Ele influenciou o movimento com o pensamento único do falar em línguas como evidência do batismo no Espírito Santo. Mas, isso já havia sido ensinado na Grã-Bretanha. Cerca de 75 anos antes do avivamento da Rua Azusa, Edward Irving (1792-1834), teólogo presbiteriano escocês, que, segundo o Dicionário do Movimento Pentecostal, foi o precursor do movimento pentecostal, fundou em Londres a Igreja Apostólica Católica, que não sobreviveu tempo o suficiente para se juntar aos pentecostais do século 20.48 Um discípulo de Pahram, William J. Seymour, liderou o movimento da Rua Azusa a partir de 1906.
Houve divergências entre os pioneiros do pentecostalismo clássico, cuja posição nunca foi monolítica. Vamos às Escrituras. O fenômeno, “falar em outras línguas”, aparece explicitamente três vezes associado diretamente a ação divina de batizar no Espírito Santo (At 2.4; 10.44-48; 19.1-7).
A narrativa de Atos 2.1-13 mostra que as línguas do Pentecostes são ininteligíveis, a glossolalia, que se distinguem das línguas humanas reais. Lucas emprega dois termos gregos para “línguas” na narrativa do dia de Pentecostes: glo¯ssa (vv. 3, 4, 11) e dialektos (vv. 6, 8). Glo¯ ssa significa “língua”, como fala, linguagem, “idioma” e também membro ou órgão físico da boca (Tg 3.5), que aparece metaforicamente no relato de Lucas: “E apareceram, distribuídas entre eles, línguas, como de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles” (v. 3). Ao serem cheios do Espírito Santo, os discípulos e as discípulas “começaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem” (v. 4). A exegese das línguas permite os pentecostais clássicos interpretarem o falar em línguas como um dom do Espírito e de natureza ininteligível.
A palavra “outras” em grego é heteros, assim: lalein heterais glo¯ ssais significa “falar em outras línguas”. Segundo o Dicionário Vine, o adjetivo heteros “expressa uma diferença qualitativa e denota ‘outro’ de tipo diferente”. Lucas está falando de uma língua que só pode ser compreendida por um milagre.
O falar em línguas revela as grandezas de Deus: “todos os temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus” (v. 11). E quando Cornélio com sua família e amigos foram batizados no Espírito Santo, o apóstolo Pedro e a sua comitiva: “os ouviam falar em línguas e magnificar a Deus” (At 10.46). Nessas línguas, glo¯ ssai, plural de glo¯ ssa, eles magnificam a Deus como em Pentecostes, eles falavam das grandezas de Deus. Mais adiante, o apóstolo Paulo revela que o dom de línguas é a linguagem do Espírito (1 Co 14.15). O termo grego para “línguas”, no derramamento do Espírito em Pentecostes, na casa de Cornélio e nos discípulos de Éfeso, é glo¯ ssa (At 10.46; 19.6).
O dialekto é a “linguagem” de um país ou região, “idioma, dialeto”. Fora da narrativa do Pentecostes, essa palavra aparece mais quatro vezes no Novo Testamento como idioma (At 1.19; 21.40; 22.2; 26.14). Quando esses peregrinos de Jerusalém se referem a sua língua materna, Lucas emprega o substantivo dialektos, “porque cada um os ouvia falar na sua própria língua” (v.6); “Então como os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna?” (v. 8). A manifestação das línguas nos discípulos era o dom de línguas, glossolalia, e os de fora ouviam em seu próprio idioma, em que cada um foi nascido. O milagre em Pentecostes foi duplo: os discípulos falaram línguas desconhecidas, a glo¯ ssa, e cada representante dessas 17 nações os ouvia cada um em sua própria língua, dialektos. Deus capacitou a cada um para que entendesse em sua própria língua, mas a língua que os discípulos falavam era ininteligível.
A glossolalia é a manifestação das línguas estranhas no batismo no Espírito Santo bem como das línguas como um dos dons espirituais. São línguas celestes e ininteligíveis. Trata-se de um termo técnico de origem grega, glo¯ ssa, “língua, idioma”, e de lalía, “modo de falar” (Mt 26.73), “linguagem” (Jo 8.43), substantivo derivado do verbo grego lalein, “falar”. A expressão lalein glo¯ ssais, “falar línguas” (1 Co 14.5), é usada no Novo Testamento para indicar a linguagem do Espírito (1 Co 14.15). É comum o uso do termo “glossolalia” nos temas pentecostais para designar o “falar em línguas”.
A xenolalia é outra coisa, é a habilidade de falar uma língua que o indivíduo não aprendeu. O termo vem do grego xenos, “estrangeiro, estranho”, e lalein, “falar”. Os pioneiros pentecostais da Rua Azusa pensavam que o dom de línguas fosse uma xenolalia, e por isso esperavam evangelizar rapidamente o mundo com esse recurso. Os precursores do avivamento da Rua Azusa, como A. B. Simpson e W. B. Godbey, entendiam o dom de línguas como uma xenoglossia missionária. Alguns pais da igreja chegaram a pensar dessa maneira, como Irineu de Lião em Contra as Heresias, no livro V.6.1, e também João Crisóstomo, patriarca de Constantinopla, em Homilia sobre 1 Coríntios 12.1, 2. Pahram defendeu essa ideia a vida inteira, mas a maioria dos pioneiros pentecostais da Rua Azusa abandonou rapidamente essa visão de “língua missionária”.
Segundo Robert Menzies, as línguas podem servir como ferramenta evangelística, mas em casos muito especiais, e o único exemplo xenolálico é o próprio Pentecostes: “E em Jerusalém estavam habitando judeus, varões religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu” (At 2.5). Mas, segundo Max Turner, Lucas não deixa evidência de que “glo¯ ssais lalein geralmente servia a um propósito evangelístico”. Mas, isso não significa necessariamente que Deus não tenha operado esse milagre ao longo da História. Soares. Esequias,.O verdadeiro Pentecostalismo. A atualidade da doutrina Bíblica sobre a Atuação do Espírito Santo. Editora CPAD. 1 Ed. 2020.
Em todos os períodos da história, todas as vezes que o Espírito Santo se manifestou na vida de uma pessoa, esta desempenhou o papel de um verdadeiro cristão pentecostal, pois seria impossível não deixar fluir o que recebera; era necessário dividir com os outros.
No início do presente século, por volta do fim de 1900, alguns alunos de uma escola teológica começaram a estudar sobre o batismo no Espírito Santo.
Entre esses alunos estavam Agnes Ozman e duas outras mulheres.
O estudo ministrado pelo Pr. Parham aos seus 40 primeiros alunos era realmente gratificante. Porém, a experiência durante o culto da noite de 1º de janeiro de 1901, foi algo realmente sublime.
Agnes Ozman, sentindo um forte desejo de ser batizada no Espírito Santo, perguntou ao Pr. Parham se ele poderia impor suas mãos e orar para que ela recebesse a promessa.
De acordo com o relato do Pr. Parham, “Agne Ozman falou chinês por três dias, durante os quais não podia falar nem escrever inglês”.
O mês de janeiro, então, é considerado a data oficial do início do Movimento Pentecostal que se estende até os nossos dias.
Os discípulos de Éfeso, quando foram visitados pelo apóstolo Paulo, receberam o Espírito Santo mediante a fé e pela imposição das mãos do apóstolo (At 19.6).
Outro relato importantíssimo que está registrado nos anais da história do pentecostalismo é o acontecimento da rua Azuza, na cidade norte-americana de Los Angeles, Califórnia, EUA.
A mensagem do Pr. Parham e a notícia do que havia acontecido influenciaram J. A. Warren a abrir uma nova escola bíblica em Houston, Texas. Warren era orador leigo metodista, assistente de Parham e William J. Seymour.
Seymour era de raça negra e, juntamente com outros negros que se interessaram pela mensagem do movimento da “Fé Apostólica”, mudou-se para Los Angeles e ali iniciou um ponto de pregação em uma casa de família na Bonnie Brae Street, para um público mesclado. Falava e pregava, mediante a sua fé nas Escrituras de algo que ele mesmo ainda não havia provado. Porém, no domingo de 9 de abril de 1906 o próprio Seymour e outros sete irmãos receberam o batismo no Espírito Santo. O resultado não poderia ser outro; como esse acontecimento, muitos curiosos e pessoas interessadas em conhecer a glossolalia, vinham assistir aos cultos, e com isso o ambiente em pouco tempo se tornou pequeno.
Seymour se viu obrigado a obter um espaço maior, num lugar acessível a todos. Foi assim que descobriu um prédio de uma igreja metodista episcopal, que estava fechada, na rua Azuza nº 312, lugar propício para continuar seu trabalho. Fundou-se então, nesse local, a Apostolic Faith Gospel Mission (Missão Evangélica da Fé Apostólica).
O movimento de Azuza Street 312 foi tão poderoso que causou grande vulto entre o povo, atraindo até mesmo a mídia secular, que por sua vez se encarregou de divulgar os acontecimentos. Assim, vinham pessoas de várias partes do país e até mesmo do exterior para comprovar aquilo que eles ouviam falar de Avivamento Espiritual. Com as visitas de pessoas de longe, o movimento espiritual foi se espalhando por meio dos que recebiam e levavam consigo o poder pentecostal para os pontos mais distantes do mundo.
O avivamento alcançou a Índia; de Seattle, Washington, chegou ao Japão; da Escandinávia à Inglaterra, Holanda e Alemanha; da Inglaterra à Estônia; da Índia ao Chile. Dos principais avivamentos que varreram a América do Norte — de Topeka, Kansas, Houston, Texas, Los Angeles, Califórnia; Nova York, Chicago, Illinois; e outros — surgiram dois jovens suecos: Gunnar Vingren e Daniel Berg. Estes são os pioneiros da nossa denominação, atualmente a que mais cresce no mundo e a maior do país.
Analisando esses pequenos relatos cronológicos, entendemos que o avivamento pentecostal contribuiu e muito para que hoje tivéssemos uma denominação forte e fundamentada nos preceitos bíblicos. E sabe-se que, da maioria dos envolvidos no pentecostes da rua Azuza, muitos saíram com a chama missionária em seus corações, estabelecendo igrejas em diversas partes do mundo. Carvalho. César Moises,. Pentecostalismo e Pós Modernidade; Quando a experiência sobrepõe a teologia. Editora CPAD. 2 Ed. 2017.
Trata-se de uma experiência espiritual que ocorre após ou junto à regeneração, sendo acompanhada da evidência física inicial do falar em outras línguas: “E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (At 2.4). Nessa passagem, ser “cheio do Espírito” indica ser batizado no Espírito Santo. O falar em línguas é a evidência inicial desse batismo, mas somente a evidência inicial, pois há evidência contínua da presença especial do Espírito como o “fruto do Espírito” (Gl 5.22) e a manifestação dos dons. O batismo no Espírito Santo é uma bênção resultante da obra de Cristo no Calvário.
A extensão da promessa. O derramamento do Espírito veio com um sinal específico, o falar em línguas: “E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (At 2.4). Essa experiência repete-se na vida da Igreja: “Porque os ouviam falar em línguas e magnificar a Deus” (At 10.46); “veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas e profetizavam” (At 19.6). Isso porque a experiência pentecostal não ficou restrita ao dia de Pentecostes; ela acontece no cotidiano da Igreja de Cristo na terra ao longo dos séculos, conforme a promessa divina: “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar” (At 2.39). Jesus disse que é uma dádiva do Pai para qualquer crente que crê e busca,10 homens e mulheres de todas as idades, independentemente de seu status social. A promessa do Espírito Santo diz respeito principalmente aos “últimos dias” (At 2.17), e não somente à era dos apóstolos. Além disso, Pedro, ao citar o profeta Joel, substituiu a expressão “derramarei o meu Espírito” (Jl 2.28) por “derramarei do meu Espírito” (At 2.17), que indica um ponto de partida. Isso mostra que o Pentecostes foi o início da dispensação do Espírito Santo, (conhecida também como Dispensação da Graça ou da Igreja) e que a efusão do Espírito seria na sua plenitude nos ״últimos dias”, os dias em que estamos vivendo. Essa profecia de Joel iniciou o seu cumprimento no dia de Pentecostes e contempla essa bênção para homens e mulheres de todas as idades.
A natureza das línguas. A expressão “outras línguas” (At 2.4) diz respeito a um tipo diferente. Essas línguas são de natureza espiritual, pois que eles falavam “conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (At 2.4). Essas línguas reaparecem mais adiante como um dos dons do Espírito Santo, o de variedade de línguas: “Porque o que fala língua estranha não fala aos homens, senão a Deus; por- que ninguém 0 entende, e em espírito fala de mistérios” (1 Co 14.2). A língua aqui é da mesma essência da do Pentecostes; a diferença está na função. É a chamada glossolalia, palavra usada para indicar “outras línguas”, que podem ser humanas ou celestiais.12 Essa é a nossa marca, como pentecostais que somos. Quem ora em línguas edifica-se a si mesmo.13 Cada representante das nações presentes em Jerusalém nessa ocasião14 ouvia na sua língua materna “falar das grandezas de Deus” (At 2.11). Algo semelhante aconteceu na experiência na casa de Cornélio: “Porque os ouviam falar em línguas e magnificar a Deus” (At 10.46). A capacidade para compreender essa fala veio do Espírito Santo: ״[…] porque cada um os ouvia falar na sua própria língua […]. Como pois os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos?” (At 2.6,8). Isso mostra que é possível o Espírito Santo usar um crente de pouca instrução para falar numa língua desconhecida, a qual ele não estudou e nem aprendeu, para transmitir uma mensagem na língua materna de um estrangeiro a fim de revelar o poder de Deus e a sua glória. As línguas só cessarão quando vier aquEle que é perfeito,15 uma referência à volta de Cristo: “Portanto, irmãos, procurai, com zelo, profetizar e não proibais falar línguas” (1 Co 14.39). Soares. Esequias,. Declaração de Fé das Assembleias de Deus. Editora CPAD. pag. 165; 167-169.
III – MANTENDO A CHAMA PENTECOSTAL ACESA
1- Fidelidade às Escrituras. Uma marca distintiva dos pentecostais clássicos ou históricos era seu amor e fidelidade às Escrituras (cf. At 2.42). Já foi dito que o Movimento Pentecostal surgiu em um contexto de reação ao liberalismo Teológico. Uma das características do liberalismo teológico era o secularismo que negava a infalibilidade e inerrância das Escrituras. Para os pentecostais, a Bíblia é a inerrante e infalível Palavra de Deus. Sem dúvida o afrouxamento doutrinário e a consequente negação da atualidade dos dons Espirituais são marcas que mostram que segmentos do Movimento Pentecostal contemporâneo estão se distanciando da Palavra de Deus. Todo desvio doutrinário, bem como toda heresia, existem por conta da negação ou acréscimo de alguma coisa às Escrituras. Como dizia certo teólogo, as Escrituras não precisam de penduricalhos. Precisamos voltar às Escrituras.
COMENTÁRIO
A vida da igreja cheia do Espírito Santo (2.42-47)
A igreja de Jerusalém conjugava doutrina e vida, credo e conduta, palavra e poder, qualidade e quantidade. Hoje vemos igrejas que revelam grandes desequilíbrios. As igrejas que zelam pela doutrina não celebram com entusiasmo. As igrejas ativas na ação social desprezam a oração. Aquelas que mais crescem em número mercadejam a verdade. Ao contrário disso, a igreja de Jerusalém era unificada (2.44), exaltada (2.47a) e multiplicada (2.47b).
Quais são as marcas de uma igreja cheia do Espírito Santo?
Em primeiro lugar, uma igreja cheia do Espírito é comprometida com a fidelidade à Palavra de Deus (2.42).
A igreja de Jerusalém nasceu sob a égide da verdade.
A igreja começou com o derramamento do Espírito, a pregação cristo Centrica e a permanência dos novos crentes na doutrina dos apóstolos. A doutrina dos apóstolos é o inspirado ensino pregado oralmente naquele tempo, e agora preservado no Novo Testamento. Stott diz que o Espírito Santo abriu uma escola em Jerusalém; seus professores eram os apóstolos que Jesus escolhera; e havia 3 mil alunos no jardim da infância. A igreja apostólica era uma igreja que aprendia. Com isso, deduzimos que o anti-intelectualíssimo e a plenitude do Espírito são incompatíveis, pois o Espírito Santo é o Espírito da verdade. O Espírito de Deus leva o povo de Deus a submeter-se à Palavra de Deus. Justo González destaca que o perseverar no ensino dos apóstolos não quer só dizer que o povo não se desviou das doutrinas apostólicas ou permaneceu ortodoxo. Quer dizer também que eles perseveraram na prática de aprender com os apóstolos — que eram alunos, ou discípulos, ávidos por conhecimento sob o comando dos mestres.
Ao longo da história houve muitos desvios da verdade: às heresias da Idade Média; a ortodoxia sem piedade; o Pietismo — piedade sem ortodoxia; os quacres — o importante é a luz interior; o movimento liberal — a razão acima da revelação; e o movimento neopentecostal — a experiência acima da revelação.
Deus tem um compromisso com a Palavra. Ele tem zelo pela Palavra. Uma igreja fiel não pode mercadejar a Palavra.
Em segundo lugar, uma igreja cheia do Espírito é perseverante na oração (2.42). Uma igreja cheia do Espírito ora com fervor e constância. A igreja de Jerusalém não apenas possuía uma boa teologia da oração, mas efetivamente orava.
Ela dependia mais de Deus do que dos próprios recursos:
Atos 1.14 — Todos unânimes perseveravam em oração;
Atos 3.1 – Os líderes da igreja vão orar às 3 horas da tarde;
Atos 4.31 – A igreja sob perseguição ora, o lugar treme e o Espírito desce;
Atos 6.4 – A liderança entende que a sua maior prioridade é oração e a Palavra;
Atos 9.11 – O primeiro sinal que Deus deu a Ananias sobre a conversão de Paulo é que ele estava orando;
Atos 12.5 – Pedro está preso, mas há oração incessante da igreja em seu favor e ele é miraculosamente libertado;
Atos 13.1-3 — A igreja de Antioquia ora e Deus abre as portas das missões mundiais;
Atos 16.25 — Paulo e Silas oram na prisão e Deus abre as portas da Europa para o evangelho;
Atos 20.36 – Paulo ora com os presbíteros da igreja de Éfeso na praia;
Atos 28.8,9 – Paulo ora pelos enfermos da ilha de Malta e os cura.
Em terceiro lugar, uma igreja cheia do Espírito tem uma profunda comunhão (2.42,44-46). Em uma igreja cheia do Espírito os irmãos se amam profundamente. Na igreja de Jerusalém os irmãos gostavam de estar juntos (2.44). Eles partilhavam seus bens (2.45). Eles apreciavam estar no templo (2.46) e também nos lares (2.46b). Havia um só coração e uma só alma. Onde desce o óleo do Espírito, aí há união entre os irmãos; aí ordena o Senhor a sua bênção e a vida para sempre (SI 133). Os crentes eram sensíveis para ajudar os necessitados (2.44,45). Eles converteram o coração e o bolso. Tinham desapego dos bens e apego às pessoas.
Encarnaram a graça da contribuição. Concordo com Stott quando ele diz que a comunhão cristã e o cuidado cristão é compartilhamento cristão.92 Justo González enfatiza que o partir do pão não significa apenas que eles comiam junto.
Refere-se à celebração da comunhão, que desde o início e por muitos séculos, é o centro da adoração crista.
Em quarto lugar, uma igreja cheia do Espírito adora a Deus com entusiasmo (2.47). Uma igreja cheia do Espírito canta com fervor e louva a Deus com entusiasmo. O culto era um deleite. Eles amavam a casa de Deus. Uma igreja viva tem alegria de estar na casa de Deus para adorar. A comunhão no templo é uma das marcas da igreja ao longo dos séculos. O louvor da igreja era constante. Uma igreja alegre canta. Os muçulmanos têm mais de um bilhão de adeptos no mundo, mas eles não cantam. Uma igreja viva tem um louvor fervoroso, contagiante, restaurador, sincero, verdadeiro. O louvor que agrada a Deus tem origem no próprio Deus, tem como propósito exaltá-lo e tem como resultado quebrantamento dos corações. O culto verdadeiro produz reverência e alegria, pois, se a alegria do Senhor for obra do Espírito, o temor do Senhor também será autêntico.
A igreja de Jerusalém era reverente e também receptiva ao agir soberano de Deus. Tinha a agenda aberta para as soberanas intervenções do Senhor. Acreditava nos milagres de Deus. A manifestação extraordinária de Deus estava presente na vida da igreja:
Atos 3 — O paralítico é curado;
Atos 4.31 — O lugar onde a igreja ora, treme;
Atos 5.12,15 — Muitos sinais e prodígios são efetuados;
Atos 8.6 — Filipe realiza sinais em Samaria;
Atos 9 — A conversão de Saulo é seguida da sua cura;
Atos 12 — Pedro é libertado pelo anjo do Senhor; Atos 16.26 – Ocorre um terremoto em Filipos;
Atos 19.11 – Pelas mãos de Paulo, Deus fazia milagres;
Atos 28.8,9 – Deus cura os enfermos de Malta pela oração de Paulo. Hoje há dois extremos na igreja: aqueles que negam os milagres e aqueles que os inventam. LOPES. Hernandes Dias. Atos. A ação do Espírito Santo na vida da igreja. Editora Hagnos. pag. 65-69.
Este primeiro relato da igreja que acabava de nascer descreve a adoração na igreja primitiva, na primeira década da igreja. Os três mil novos crentes se agregaram aos outros crentes. Isto é, se reuniram com outros como eles, pessoas de pensamento e fé semelhantes. Perseveravam implica que estavam regularmente, continuamente, persistindo nas atividades que vinham a seguir.
Estas atividades formam um mapa prático não somente para a igreja de um dia de idade, mas para qualquer igreja, de qualquer idade.
A doutrina dos apóstolos era essencial para o conteúdo daquilo que deveria ser estudado. Os apóstolos, as testemunhas oculares de tudo o que Jesus tinha feito, seriam aqueles a quem o Espírito Santo lembraria as verdades fundamentais segundo as quais a igreja seria conduzida pelos séculos futuros (Jo 14.17,25,26; 16.13). Desde o início, a igreja primitiva se dedicou a ouvir, estudar e aprender o que os apóstolos tinham para ensinar.
A comunhão (do grego, koinonia) significa associação e relacionamentos íntimos. Isto era mais do que simplesmente ficarem juntos, certamente mais do que simplesmente uma reunião religiosa. Isto envolvia compartilhar bens, fazer refeições juntos, e orar juntos.
O partir do pão se refere aos cultos de comunhão que eram realizados como lembrança de Jesus e instituídos de acordo com a Última Ceia, que Jesus tinha tido com os seus discípulos antes da sua morte (Mt 26.26-29). E provável que este culto incluísse regularmente uma refeição em comum (At 2.46; 20.7; 1 Co 10.16; 11.23-25; Jd 1.12).
A oração está ligada ao partir do pão, para explicar a palavra “comunhão”. Estas eram pelo menos duas das atividades que faziam parte das suas reuniões regulares. A oração sempre foi uma marca das reuniões dos crentes. Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 1. pag. 633.
Lucas registra como viviam os novos convertidos.
Alistam-se quatro atividades das quais participavam. Geralmente, são consideradas como quatro coisas separadas, mas também é possível argumentar que são, na realidade, os quatro elementos que caracterizavam uma reunião cristã na igreja primitiva e, de modo geral, é este o ponto de vista preferível.
Em primeiro lugar, havia a doutrina dada pelos apóstolos, que eram qualificados para esta tarefa por causa do seu convívio com Jesus. É possível que tenham sido considerados, num sentido especial, os guardiães das tradições acerca de Jesus, na medida em que a igreja crescia e se desenvolvia.2 5 Em segundo lugar, havia comunhão-, a palavra significa “coparticipação”, e, embora pudesse referir-se à distribuição dos bens conforme a descrição nos w. 4445, é mais provável que aqui se refira a uma refeição em comum ou a uma experiência religiosa da qual todos participavam. Em terceiro lugar, havia o partir do pão. Este é o termo que Lucas emprega para aquilo que Paulo chama de “Ceia do Senhor”. Refere-se ao ato que dava início a uma refeição judaica, e que passara a ter um significado especial para os cristãos, tendo em vista a ação de Jesus na Última Ceia, e também quando alimentou as multidões (Lc 9:16; 22:19; 24:30; At 20:7, 11).
Alguns alegam que o que há em mira aqui não passa de mera refeição de convívio, talvez uma continuação das refeições feitas com o Senhor ressurreto, sem qualquer relação específica à Última Ceia ou à forma paulina da Ceia do Senhor, que celebrava a Sua morte; é muito mais provável, no entanto, que Lucas aqui está empregando um nome antigo palestiniano para a Ceia do Senhor no sentido rigoroso. Finalmente, mencionam se as orações. Caso não se trate de uma referência a parte de uma reunião cristã, então trata-se da maneira dos cristãos observarem as horas de oração marcadas pelos judeus (3:1).
Estes são os quatro elementos essenciais na prática religiosa da igreja cristã. Howard Marshall. Atos. Introdução e Comentário. Editora Mundo Cristão. pag. 62-63.
2- Exercício dos dons espirituais. Como nos dias do profeta Samuel em que “as visões não eram frequentes” (1Sm 3.1 – NAA), assim também os “dons espirituais” parecem ter se tornado algo extremamente raro entre muitos pentecostais. Não existe Movimento Pentecostal autêntico sem a prática dos dons espirituais. O Movimento não pode existir somente como uma doutrina árida, ele deve se expressar no dia a dia através do exercício dos dons espirituais. O medo de possíveis abusos não serve como desculpa. Não podemos rejeitar as verdadeiras manifestações do Espírito por temer as falsas.
COMENTÁRIO
Devemos, no entanto, evitar a ideia de que, em nossa vida cristã, nosso objetivo principal seja o nosso aperfeiçoamento. A verdade é que conseguimos mais crescimento, enquanto servimos. O santo (dedicado, consagrado) não é o que passa todo o seu tempo no estudo, na oração e nas devoções, por mais importante que isso seja. Os vasos no tabernáculo não podiam ser usados para outros fins, mas não foi a separação do uso comum que os tornou santos. Não eram santos até serem usados no serviço de Deus. Logo, o santo é aquele que não somente é separado do mal, mas também separado para Deus, santificado e ungido para o uso do Mestre. Isto era simbolizado, no Antigo Testamento, pelo fato de que o sangue era aplicado primeiro, e depois, o óleo sobre o sangue. A purificação, portanto, era seguida por uma unção simbólica que representava a obra do Espírito na preparação para o serviço. De modo que nós também somos ungidos, assim como o foram os profetas, os reis, e os sacerdotes da antiguidade (2 Coríntios 1.21; 1 João 2.20).
Os meios e o poder para o serviço provêm através dos dons espirituais. Mas é necessário fazer distinção entre os dons e o dom do Espírito. O batismo com o Espírito Santo era necessário antes de os primeiros discípulos saírem de Jerusalém ou até mesmo cumprirem a Grande Comissão. Precisavam de poder, e o próprio nome do Espírito Santo tem ligação com força. Ele se manifesta como o Dom e o Poder. Ele mesmo é as primícias da grande colheita, e veio para iniciar a tarefa que trará alguns de cada raça, língua, povo e nação para estar junto do trono (Apocalipse 5.9). O mesmo batismo foi experimentado por outros, em pelo menos quatro ocasiões, registradas em Atos, conforme já vimos, bem como por alguns, posteriormente, de conformidade com Tito 3.5. HORTON. Stanley. M. O que a Bíblia Diz Sobre o ESPÍRITO SANTO. Editora CPAD.
Quando Vingren foi batizado no Espírito Santo em 1909, já fazia três anos que o avivamento da rua Azusa chegara a Chicago trazendo a firme convicção de que as línguas sempre evidenciam o batismo pentecostal.
Quando Vingren foi participar de uma conferência de avivamento na Primeira Igreja Batista de Chicago, ele já tinha assimilado por intermédio de William H. Durham que as línguas eram a evidência do batismo no Espírito. E foi com essa convicção que ele foi buscar o batismo pentecostal.
Tendo se radicado no Brasil, Vingren e Berg espalharam a doutrina pentecostal das línguas como evidência do batismo no Espírito nos quatro cantos da terra de Vera Cruz. Na verdade, a doutrina das línguas como evidência do batismo no Espírito Santo foi o pilar principal sobre o qual a Assembleia Brasileira foi fundada. As línguas como evidência eram uma prova física da presença do Espírito no crente e a porta para a entrada em outras manifestações do Espírito (At 19.6). Por onde iam, eles faziam discípulos e os ensinavam sobre a necessidade de serem batizados no Espírito Santo com o falar em outras línguas como sinal que o acompanhava.
Em 1950, o jornal Mensageiro da Paz publicou um artigo sobre o batismo no Espírito Santo escrito por Gustavo Kesller. Fica claro no artigo de Kessler como a doutrina pentecostal verberada no Brasil por Gunnar Vingren havia se consolidado. Como observou Émile Léonard em seu pioneiro livro O Iluminismo num Protestantismo de Constituição Recente (2015, p.108), esse artigo foi apresentado como uma espécie de “Declaração de Fé”.
O artigo foi escrito para alcançar as denominações históricas, as quais Kessler identifica como “irmãos denominacionais”.
Nós crentes das Assembleias de Deus cremos como vós que Jesus é o único e suficiente Salvador; que a salvação é inteiramente pela graça, por meio da fé, em Jesus Cristo. Nós cremos em todas as doutrinas ensinadas por Jesus Cristo e pelos apóstolos e cremos também que “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente”. É por isso, somente por isso, que cremos que ele ainda batiza com o Espírito Santo, pois ele ainda é o mesmo. “Porque em verdade João Batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo”. O batismo com o Espírito Santo não é recebido no momento da salvação, nem na hora do batismo nas águas.
Os crentes de Samaria eram salvos e batizados nas águas, mas ainda não tinham recebido o batismo com o Espírito Santo (Atos 8.15-16). Os que creram na casa de Cornélio foram salvos e receberam o batismo com o Espírito Santo antes de receberem o batismo nas águas (Atos 10.44). O sinal do batismo com o Espírito Santo é o falar em línguas estranhas; assim como ocorreu no dia de Pentecostes (At 2.4); na casa de Cornélio (Atos 10.48); em Éfeso (Atos 19.6). Em Samaria o mesmo sinal visível houve uma vez que Simão ofereceu dinheiro aos apóstolos; logo vira algum sinal sobre os que eram batizados com o Espírito Santo (Atos 8.19) […] o batismo com o Espírito Santo não é a salvação; a salvação vem pela fé; mas o batismo com o Espírito Santo é uma bênção advinda da salvação. Aceitar a salvação que Deus oferece e rejeitar ou negligenciar o batismo com o Espírito Santo, que Deus também oferece, não pode deixar de ser uma grande falta que ofende a dignidade do bondoso Pai Celestial. Irmãos denominacionais, vós todos os salvos, buscai o batismo com o Espírito Santo.
A doutrina pentecostal de Vingren fez escola. Sua mensagem foi consolidada. Da pena de nativos, o que ele havia crido no início do pentecostalismo estava sendo proclamado com toda força nos quatro cantos do Brasil. Aquilo que havia começado com um punhado de gente agora já era uma multidão. A identidade pentecostal gerada em Topeka e Azusa, formatada em Chicago, agora estava sendo verberada no Brasil. Gonçalves. José,. Os Ataques Contra a Igreja de Cristo. As Sutilezas de Satanás neste Dias que Antecedem a Volta de Jesus Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022.
AUXÍLIO DOUTRINÁRIO
OS DOIS PROPÓSITOS DAS ESCRITURAS
“São dois os propósitos das Escrituras Sagradas: revelar o próprio Deus e expressar a sua vontade à humanidade. Pelo primeiro, dentre outras formas de revelação, Deus graciosamente revelou a si mesmo pela Palavra: ‘Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo filho’ (Hb 1.1). Pelo segundo propósito, Deus expressa claramente a sua vontade redentora a todos e a cada um dos seres humanos sem nenhuma acepção de pessoas, por meio da fé em Jesus Cristo: ‘Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé como está escrito: Mas o justo viverá da fé’ (Rm 1.17).
Assim sendo, o Senhor Jesus Cristo é o centro das Escrituras. Ele mesmo disse: ‘São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés nos profetas, e nos Salmos’ (Lc 24.44). Tudo o que precisamos saber sobre Deus e a nossa redenção está suficientemente revelado em sua Palavra. Ela é o manual de Deus para toda a humanidade, e suas instruções visam, também, à felicidade humana e o bem-estar espiritual e social de todos os seres humanos” (Declaração de Fé das Assembleias de Deus: 1° ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, pp.27-28).
CONCLUSÃO
Nesta lição vimos que o Movimento Pentecostal possui sólida fundamentação Bíblica. Vimos também que, como um movimento do Espírito, o pentecostalismo está inserido dentro de certo contexto histórico. Isso o fez consciente de sua missão. Contudo, após um século do seu advento, o movimento passou a dar sinais de esfriamento. Não há dúvida de que o enfraquecimento doutrinário, e até mesmo desvios teológicos que negam a manifestação dos dons espirituais, está na gênese desse processo.
Elaborado: Pb Alessandro Silva
Disponível em: https://professordaebd.com.br/8-licao-3-tri-22-a-sutileza-do-enfraquecimento-da-identidade-pentecostal/.
Acesse mais: Lições Bíblicas do 1° Trimestre 2022
REVISANDO O CONTEÚDO
1- O que o Antigo Testamento mostra?
Antigo Testamento mostra a ação do Espírito Santo em diferentes momentos e sobre a vida de diferentes pessoas.
2- O que podemos observar no Pentecostes?
No Pentecostes observamos que o Espírito é derramado sobre toda a carne, sem distinção de sexo, raça ou idade. Isso mostra a universalização da promessa de Deus.
3- Quem introduziu na igreja o erro doutrinário de que os dons haviam cessado?
Agostinho de Hipona (354-430 d.C.) introduziu na igreja o erro doutrinário de que os dons haviam cessado.
4- Onde está a sutileza a respeito do falar em outras línguas?
A sutileza está em dizer que o falar em outras línguas, de fato, existe, contudo, não é para todos.
5- O que não podemos rejeitar?
Não podemos rejeitar as verdadeiras manifestações do Espírito por temer as falsas.