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TEXTO ÁUREO
“[…] Disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando, e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram” (At 13.2,3)
VERDADE PRÁTICA
A oração e o jejum são disciplinas espirituais que potencializam sensivelmente a vida piedosa do crente.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Mateus 6.5-18
INTRODUÇÃO
Nesta lição, aprenderemos acerca da oração conforme ensinada por Jesus Cristo, bem como as lições espirituais do jejum. O Divino Salvador nos assegura que, orando e jejuando ao Pai em secreto, Ele não estará indiferente às aspirações da alma, isto é, às nossas orações. Contudo, é imprescindível que a oração e o jejum sejam realizados da maneira que Jesus ensinou. Por isso, estudaremos o modelo verdadeiro de oração e jejum ensinado pelo Senhor Jesus no Sermão do Monte
COMENTÁRIO
A oração ensinada por Jesus é um modelo, não simplesmente uma liturgia. É notável pela sua brevidade, simplicidade e abrangência. Das seis petições, três são dirigidas a Deus (vs. 9-10) e três estão voltadas às necessidades humanas (vs. 11-13). Nela entendemos que toda oração, em primeiro lugar, submete-se voluntariamente aos planos, aos propósitos e à glória de Deus; que precisamos clamar pelo perdão das nossas dívidas (a passagem paralela Lc 11.4, usa uma palavra que significa "pecado" de modo que, no contexto, as dívidas são espirituais). Os pecadores são devedores a Deus pela violação de suas leis (Mt 18.23-27). Esse pedido é o cerne da oração; o que Jesus enfatizou com palavras seguiu-se imediatamente à oração (Mc 11.25).
É importante salientarmos que Jesus a ensinou aos seus discípulos quando lhes falava sobre esmolas, oração e jejum atendendo a um pedido dos próprios discípulos.
É interessante como, em nossa vida, enfrentamos tanta dificuldade em orar. Dificilmente poderemos exagerar a importância da oração; e, no entanto, nos vemos tão preguiçosos em sua prática. Por outro lado, corre-se o risco de incorrer no mesmo erro farisaico da demonstração pública. De fato, vemos Jesus advertindo contra o abuso da oração, pois os fariseus e outros líderes religiosos, que deveriam saber melhor, usavam-na como meio de se glorificarem ante os homens. Jesus não condenou a adoração pública e nem as orações em público, mas tão-somente procurou sujeitar tudo ao espírito de humildade. Você certamente já presenciou orações teatrais, onde o orante muda a voz, usa palavras difíceis, até muda o sotaque... Nesta passagem Jesus queria libertar as orações das atitudes teatrais, tornando-as parte do santuário. Quão frequentemente a igreja se transforma em um teatro, ao invés de ser um santuário!
Vamos em frente?
I- A ORAÇÃO É UM DIÁLOGO COM O PAI
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1. A natureza da oração. Podemos dizer que a oração é o diálogo da alma com Deus, a qual aparece na Bíblia Sagrada em diversas formas como confissão (1Rs 8.47; Ne 1.6; Dn 9.3-15), adoração (SI 45-1,8; Mt 14.33; Ap 4.11), comunhão (Gn 18.33; Êx 25.22; 31.18), ações de graças, feito de modo belo por Miriã (Êx 15.20,21), Débora (Jz 5) e Davi (2Sm 23.1-7). No Novo Testamento, Paulo exortou os cristãos a fazerem sempre esse tipo de oração (Fp 4.6; Cl 4.2; Ef 5.20). Pelo exposto, e em primeiro lugar, o que deve marcar prioritariamente nossas orações é a busca da glorificação do Pai (Mt 6.9). Mas também devemos pedir, suplicar e perseverar em nosso pedido, com o Daniel (Dn 6.10) e a mulher siro-fenícia fizeram (Mt 15.21-28). Há resposta de Deus para quem o busca incessantemente (Lc 18.1-8), conforme o apóstolo Paulo nos incentiva a fazer (Ef 6.18; 1Tm 2.1,2). Finalmente, podemos ainda pontuar a oração intercessora com o exemplo de Samuel (1Sm 12.23), bem como o da Igreja Primitiva (At 12.5).
COMENTÁRIO
Mateus 6.9 contém a oração do Senhor, uma composição inigualável pela abrangência e beleza. Supõe-se que algumas dessas petições foram retiradas daquelas de uso comum entre os judeus. De fato, alguns deles ainda são encontrados nos escritos judaicos, mas eles não existiam nessa bela combinação. Esta oração é dada como um “modelo”. Ele foi projetado para expressar a “maneira” pela qual devemos orar, evidentemente não as palavras ou petições precisas que devemos usar. A substância da oração é registrada por Lucas (Lc 11.2-4). Em Lucas, no entanto, isso varia da forma dada em Mateus, mostrando que ele pretendia não prescrever isso como uma forma de oração a ser usada sempre, mas expressar a substância de nossas petições ou mostrar quais petições seriam apropriadas.
Falando da natureza ou da essência da oração, o nome de Deus representa o todo do seu caráter e de seus atributos (Sl 8.1 ,9; 9.10; 22.22; 52.9; 115.1).
O Comentarista da lição cita o teólogo Charles Hodge: “Oração é a conversa da alma com Deus. Nela manifestamos ou expressamos diante dele nossa reverência e nosso amor por sua divina perfeição, nossa gratidão por todas as suas mercês, nossa penitência por nossos pecados, nossa esperança em seu amor perdoador, nossa submissão à sua autoridade, nossa confiança em seu cuidado, nossos anelos por seu favor e pelas bênçãos providenciais e espirituais indispensáveis para nós e para os outros.
Em grandes obras teológicas, a natureza da oração é descrita em diversos pontos. Alguns falam dela como ato de submissão. Nesse particular, diz-se que o crente vive em um mundo que envolve batalhas espirituais, e Paulo falou muito bem disso quando frisou que nossa luta não é contra carne, mas, sim, contra os principados e potestades, os dominadores deste mundo tenebroso (Ef 6.12).
Destarte, para sair vitorioso, o cristão precisa submeter -se a Deus, voltar-se para Ele em oração, o que deve ser feito com toda a confiança e dependência divina (Hb 11.1; Mt 21.22).
Quando falamos da oração no seu sentido de submissão, estamos dizendo que a alma do orante coloca-se em total e plena dependência divina, colocamos de lado nossa capacidade, nossa limitação, nossa inteligência e nos derramamos perante Deus cientes de que somente dEle vem o livramento, a vitória. Quando nos entregamos ao Pai em oração, a vitória é certa. Foi assim que procedeu o rei Josafá.
Temendo seus adversários, ele foi sincero e se rendeu a Deus dizendo: “Ah! Nosso Deus, acaso, não executarás tu o teu julgamento contra eles?
Porque em nós não há força para resistirmos a essa grande multidão que vem contra nós, e não sabemos nós o que fazer; porém os nossos olhos estão postos em ti” (2Cr 20.12, ARA).
Quando falamos sobre a oração no sentido de submissão, ela se torna ainda mais gloriosa, pois quem a faz não está apenas querendo receber algo de Deus, visto que nela, como a alma está totalmente rendida, entregue ao Pai eterno, o que se prioriza é o realizar a vontade de Deus, nada mais.
Podemos ainda destacar mais dois aspectos interessantes quanto à natureza da adoração. A primeira, a oração é também adoração, o que envolve tanto a liturgia quanto a adoração individual como coletiva. Como adoração, a oração ultrapassa a experiência simples do pedir e do querer, ela envolve submissão e confiança irrestrita em Deus, prioriza sua vontade, seu querer e o louva pelas obras de sua criação. Nesse tipo de oração, além de desejar que a vontade de Deus prevaleça em tudo, o desejo maior é ser como Jesus (Rm 8.29).
Quanto à essência da oração, o segundo aspecto que podemos salientar é que ela é considerada como um ato criador. Ao orar, o cristão é consciente de que todas as coisas que existem foram criadas pelo poder de Deus. Isso implica também dizer que as coisas são modificadas pelo poder de Deus, como bem se vê em Gênesis capítulo 1. Falando da oração como ato criador, na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosoxa seus autores pontuam:
Na oração, pois, entregamos nas mãos de Deus na ordem presente de coisas, para que elas sejam “modificadas”. Essa modificação talvez exija, antes de tudo, a nossa própria transformação moral. Mas uma vez que nos tornemos seres transformados, podemos ser, nós mesmos, instrumentos modificadores.
Todavia, a oração também pode criar novas situações nas circunstâncias externas, ou diferenças de atitude em outras pessoas, as quais podem modificar os acontecimentos. Quando a oração é um genuíno exercício da alma, isso nos põe sob o controle do poder criador de Deus. Isso também nos torna mais sensíveis para com a vontade de Deus, para com as necessidades alheias e para com as nossas próprias necessidades, diminuindo nossos desejos por cosias meramente físicas. Por conseguinte, em seu poder criador, a oração eleva o inteiro tom espiritual de nossas vidas.
Ao atentar para a expressão instrumentos modificadores, Tiago fala da importância da oração de um cristão realmente justo. Ele diz: […] “Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo” (Tg 5.16, ARA). Vale dizer que não há poder no cristão para curar; isso vem por meio da oração, quando se volta a Deus pela fé, na certeza de que a operação resulta pelo seu agir. Como instrumentos modificadores, tanto o presbítero como os cristãos podem clamar a Deus por todos quantos estão enfermos, pois essa permissão vem de Cristo Jesus”. Gomes. Osiel,. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pag. 160-163
2. Como os homens de Deus viam a oração? A Bíblia nos incentiva a orar porque há poder nesse maravilhoso recurso espiritual, o qual não podemos desprezar. Logo que lemos a Bíblia, percebemos que a oração é apresentada como uma ordem (Lc 18.1; 1Ts 5.17; 1Tm 2.8). No Antigo Testamento, por exemplo, Esdras via a oração como um recurso mais poderoso que o exército do rei Artaxerxes (Ed 8.21-23). No Novo Testamento, o Senhor Jesus tinha a oração como tão necessária quanto o sono e o alimento (Mt 4.2; Lc 6.12; Mc 1.35); e os apóstolos também perseveravam em oração (At 6.4).
COMENTÁRIO
A oração é um grande mistério! Não oramos para determinar tarefas a Deus, para satisfazer o nosso ego ou apenas quando tudo vai bem ou tudo vai mal, mas para nos submeter ao senhorio do Deus Eterno e em reconhecimento de nossa total incapacidade e dependência d’Ele. Oramos porque Deus se agrada e ordena: “Orai sem cessar” (1Ts 5.17).
Falar em oração não se pode deixar de lado Jesus, ainda que, nas Escrituras, encontremos muitos personagens dedicados a esse mistério. Ele é a maior referência que temos neste assunto. Sua vida, ministério e relacionamento com os discípulos, com os estranhos e com o Pai foram profundamente marcados pela oração. Jesus começou seu ministério orando durante quarenta dias no deserto, depois disso Ele passou uma noite inteira orando para escolher seus primeiros discípulos. Temos que orar sempre antes de iniciar qualquer tarefa, antes de sonhar e antes de dar qualquer passo. Oração é colocar tudo diante do Senhor e reconhecer que o sim e o não vem d’Ele. É saber que o nosso coração pode fazer planos, mas a resposta certa vem do Senhor. O Pastor Hernandes Dias Lopes comenta: “Três fatos são dignos de observação acerca do ministério de oração de Jesus: Em primeiro lugar, o cansaço físico não impedia Jesus de orar (1.35). Jesus se levantou alta madrugada, depois de um dia intenso de trabalho, e foi para um lugar deserto para orar. Ali ele derramou o seu coração em oração ao seu Pai celestial. Ele tinha plena consciência que não podia viver sem comunhão com o Pai, por meio da oração. Jesus entendia que intimidade com o Pai precede o exercício do ministério.
Jesus dava grande importância à oração. Ele mesmo orou quando foi batizado (Lc 3.21). Orou uma noite inteira antes de escolher os doze apóstolos (Lc 6.12). Ele se retirava para orar quando a multidão o procurava apenas atrás de milagres (Lc 5.15-17). Ele orou antes de fazer uma importante pergunta aos discípulos (Lc 9.18) e também orou no Monte de Transfiguração, quando o Pai o consolou antes de ir para a cruz (Lc 9.28). Ele orou antes de ensinar seus discípulos a “Oração do Senhor” (Lc 11.1). Jesus orou no túmulo de Lázaro (Jo 11.41,42). Orou por Pedro, antes da negação (Lc 22.32). Orou durante a instituição da Ceia do Senhor (Jo 14.16; 17.1-24). Orou no Getsêmani (Mc 14.32-39), na cruz (Lc 23.34) e também após a ressurreição (Lc 24.30). Hoje, Ele está orando por nós (Rm 8.34; Hb 7.25).
John Charles Ryle diz que um mestre tão comprometido com a oração não pode ter servos descomprometidos com ela. Um servo sem oração é um servo sem Cristo, inútil, na estrada da destruição. Quando há pouca oração, a graça, a força, a paz e a esperança são escassas. Ryle pergunta:
Se Jesus que era santo, inculpável, puro e apartado dos pecadores orou continuamente, quanto mais nós que somos sujeitos à fraqueza? Se Ele foi encontrado necessitando orar com alto clamor e lágrimas (Hb 5.7), quanto mais nós devemos clamar por nós, que ofendemos a Deus diariamente de tantas formas?
Nós devemos orar com mais empenho se quisermos ter comunhão com o Pai. Devemos orar com mais fervor se quisermos fazer sua obra. Trabalho sem oração é presunção. Sigamos as pegadas do nosso Mestre!
Em segundo lugar, a oração para Jesus era intimidade com o Pai e não desempenho diante dos homens (1.35). Jesus buscava mais intimidade com o Pai do que popularidade. Ele era homem do povo, mas não governado pela vontade do povo. Sempre que os homens o buscaram apenas como um operador de milagres, viu nisso uma tentação, mais do que uma oportunidade e refugiava-se em oração.
Marcos registra três momentos quando Jesus preferiu o refúgio da oração: Primeiro, depois do seu bem-sucedido ministério de cura em Cafarnaum, quando a multidão o procurava apenas por causa dos milagres (1.35-37); Segundo, depois da multiplicação dos pães, quando a multidão o queria fazer rei (6.46). Terceiro, no Getsêmani, antes da sua prisão, tortura e crucificação (14.32-42).
Em terceiro lugar, Jesus dava mais valor à comunhão com o Pai do que ao sucesso diante dos homens (1.37). A multidão desejava ver a Jesus novamente, mas não para ouvir sua Palavra, porém, para receber curas e ver operações de milagres.180 Certamente Pedro não discerniu a superficialidade da multidão, sua incredulidade e sua falta de apetite pela Palavra de Deus. Todo pregador é fascinado com a multidão, mas Jesus algumas vezes, fugiu dela para refugiar-se na intimidade do Pai através da oração. O pregador que busca intimidade com Deus mais do que popularidade diante dos homens sabe ir ao encontro das multidões e também fugir delas. A intimidade com Deus em oração é mais importante do que sucesso no ministério. Em 1997, estive visitando a Igreja do Evangelho Pleno em Seul, na Coréia do Sul. Certa feita, o presidente da Coréia do Sul ligou para o pastor da igreja, Paul Yong Cho. A secretária lhe disse: “O pastor não pode atender o senhor, pois ele está orando”. O presidente, inconformado, retrucou: “Eu sou o presidente da Coréia do Sul e quero falar com ele, agora!”. A secretária, firmemente respondeu: “Ele não vai atender o senhor, pois ele está orando”. Mais tarde, o presidente ligou para o pastor em tom de reprovação, por não ter sido atendido, mas o pastor lhe disse: “Eu não o atendi, porque estava falando com alguém muito mais importante do que o senhor. Eu estava falando com o Rei dos reis e Senhor dos senhores””. LOPES. Hernandes Dias. Marcos O Evangelho dos milagres. Editora Hagnos. 1ª edição 2006.
3. A maneira de orar. A Bíblia nos ensina que a oração tem um interlocutor direto: “Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome” (Mt 6.9). Por isso, não podemos orar de qualquer maneira. É preciso ter a mesma atitude dos discípulos a respeito da forma de orar: “Senhor, ensina-nos a orar” (Lc 11.1). E a Palavra de Deus nos ensina a respeito da maneira de orar:
a) A quem a oração deve ser dirigida? A oração deve ser dirigida a Deus Pai em nome de seu Filho, Jesus Cristo (Ne 4.9; Jo 16.23,24).
b) A postura do corpo na oração. Não há uma exigência específica na Bíblia a respeito da postura do crente no ato da oração, pois as Escrituras revelam formas diversas de orar: em pé, deitado, prostrado, assentado, andando, de joelhos, com as mãos estendidas etc (Is 38.2; 1Rs 8.54).
c) O horário da oração. Ter um horário regular para falar com Deus é bíblico e bom (SI 55.17; Dn 6.10; At 3.1), mas a Bíblia também diz que devemos orar sempre (Lc 18.1; Ef 6.18).
d) O lugar da oração. Jesus disse que podemos orar secretamente em nosso aposento (Mt 6.6) ou noutro lugar solitário (Mc 1.35). A ideia é de intimidade, de momentos a sós com Deus. O apóstolo Paulo diz que podemos orar em todo lugar (1T m 2.8).
e) O decoro na oração. O decoro diz respeito à sinceridade, decência e reverência no ato de orar (At 2.1,2).
f) O estado do coração na oração. Se o coração estiver transformado e cheio da Palavra de Deus, nossa oração será ouvida (Jo 15.7).
COMENTÁRIO
“Em relação à maneira certa de orar, é preciso que o cristão saiba que o mais importante não é a postura. Podemos ver que na Bíblia homens e mulheres de Deus oraram nas mais diversas posições: em pé (Mc 11.25); ajoelhado (1Rs 8.54); prostrado no chão (Mt 26.39); deitado na cama (Sl 63.6); assentado (1Rs 18.42); pendurado na cruz (Lc 23.42). Deus nunca disse: “Orem nessa posição”. Para Ele, o que vale não é a postura, e sim os motivos — se forem sinceros, verdadeiros, buscarem priorizar o Reino, a resposta é certa.
Acima dissemos que a postura não importa tanto, porém, há uma coisa que precisamos levar em consideração: a oração de joelho representava duas atitudes — humildade e entrega absoluta a Deus.
No demais, é verdadeiro o que disse Jesus, que seja a posição que for, se o coração não for puro, a oração não terá qualquer serventia, pois muitos o honravam apenas com os lábios, mas o coração estava longe dEle (Mt 15.8).
Ainda envolvendo a maneira de orar, é preciso ressaltar a necessidade de o cristão ter momentos reservados para falar com Deus. Quando lemos Lucas 18.1, Jesus falou do dever de orar sempre, isso também foi reforçado por Paulo quando falou que devemos orar sem cessar (Ef 6.18; 1Ts 5.17). Obviamente, não há nas Escrituras uma exigência quanto à prática ou lugar da oração, quantas horas ou minutos se deve orar; todavia, entendemos que ela mostra que reservar momentos para ficar a sós com Deus é de suma importância (Dn 6.10; Sl 55.17; At 3.1).
A prática de ter um momento para construir intimidade com o Pai por intermédio da oração é um bom hábito para a vida espiritual, revela também disposição, equilíbrio e disciplina na vida cristã. Além da necessidade de orar sempre, e dos momentos reservados para ficar em comunhão a sós com o Pai, lemos na Bíblia que os santos do Senhor sempre praticavam orações nos momentos das refeições ou em outras situações especiais (Lc 6.12,13; Jo 6.15; Sl 50.15)”. Gomes. Osiel,. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pag. 165-166.
O Pastor Hernandes Dias Lopes escreve no Artigo: Os ensinamentos de Jesus sobre a oração: “Jesus estava no Cenáculo com seus/as discípulos/as. Passava-lhes suas últimas instruções. Falou para eles/as sobre a Casa do Pai, a segunda vinda e a promessa do Espírito Santo. Lavou seus pés, revelou-lhes seu amor e inaugurou a nova aliança em seu sangue. Nesse feixe de benditos ensinamentos, Jesus falou aos/às seus/as discípulos/as, também, sobre oração. No texto em tela, Jesus ensina quatro verdades sublimes sobre oração. Vejamos:
Em primeiro lugar, a abrangência ilimitada da oração. “E tudo o que pedirdes…”. Jesus não colocou limites no alcance da oração. Podemos apresentar a ele nossas necessidades, nossos desejos e nossos propósitos. Para ele não há coisa demasiadamente difícil. Ele pode todas as coisas e nada lhe é impossível. Podemos ser ousados/as e apresentar a ele aquilo que é impossível na perspectiva humana. Não oramos a um ídolo mudo, mas ao Todo-Poderoso Deus. Ele está assentado no trono. Tem as rédeas da história em suas mãos. Ele é poderoso para interferir no curso da história e atender ao clamor de seu povo. Ouse apresentar grandes pedidos a Deus. Ouse colocar diante dEle o impossível dos homens. O que o homem não pode fazer e o que a ciência não pode realizar, Ele pode!
Em segundo lugar, a mediação eficaz da oração. “… em meu nome…”. Não existe oração forte nem pessoas poderosas na oração. Não oramos fiados/as em nossos méritos. As orações são atendidas não com base nos méritos de quem ora, mas pelos méritos daquele/a que media a oração. Achegamo-nos a Ele falidos/as, mas Ele tem todo o crédito. Chegamos à sua presença fracos/as, mas Ele tem todo o poder. Chegamos a Ele não em nosso próprio nome, mas em seu nome. Não é a oração que é poderosa. Poderoso é aquele que responde às orações. Poderoso é o mediador das nossas súplicas.
“E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho” (Jo 14.13)
Em terceiro lugar, a promessa segura da oração. “… isso farei…”. Aquele que nos ensina a orar promete ouvir nossa oração e garante-nos que a atenderá. Sendo assim, orar é unir a fraqueza humana à onipotência divina. É conectar o altar da terra com o trono do céu. Se tudo é possível para Deus, então, tudo é possível por meio da oração. Sendo Deus soberano, e fazendo todas as coisas conforme o conselho de sua vontade, escolheu, livremente, agir por meio das orações do seu povo. Tiago, irmão do Senhor, escreveu: “… nada tendes, porque não pedis” (Tg 4.2). O nosso glorioso Redentor ensinou: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á” (Mt 7.7). Orar as promessas de Deus é orar com plena ousadia. Ele não é homem para mentir. Nenhuma de suas palavras cai por terra.
Em quarto lugar, o propósito maior da oração. “… a fim de que o Pai seja glorificado no Filho”. O fim último da oração não é o bem do homem, mas a glória do Pai manifestada no Filho. Quando o Senhor atende a nossas petições e súplicas, o Pai é glorificado e o Filho é exaltado nele. A oração não é antropocêntrica, mas teocêntrica. A oração não visa exaltar o homem, mas a Cristo. Tudo vem de Cristo, tudo é por meio de Cristo e tudo é para Cristo. Na mesma medida que nossas necessidades são supridas, em resposta às nossas orações, o Pai é glorificado no Filho. Na mesma proporção que apresentamos ao Senhor os anseios de nossa alma e encontramos nEle resposta, a bênção que vem do céu a nós retorna para o céu, como um tributo de louvor ao Pai, o único que é digno de toda honra, glória e louvor.” https://www.expositorcristao.com.br/artigo-os-ensinamentos-de-jesus-sobre-a-oracao
II- A ORAÇÃO QUE JESUS ENSINOU
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1. Jesus não condenou a oração em público. No texto bíblico em estudo, o Senhor Jesus não condenou a oração pública, visto que pelo aspecto bíblico ela é aceitável e recomendada (2Cr 6.12-42; At 4.24-31). O que Jesus condena é a oração, quer individual, quer coletiva, dominada pelo espírito de exibição, ostentação, cuja intenção do “orador” é ser visto e louvado pelos homens, o que os hipócritas fariseus buscavam (Mt 6.5; Lc 18.9-14). Um cristão transformado por Jesus anda em sinceridade com Cristo, não busca glória para si e age com humildade
COMENTÁRIO
CHAMPLIN esclarece o termo Praças assim: “ Tradução que aparece em AA (também cm Apo. 21:21) e que provavelmente não tem base no grego. Essa palavra indica ruas ou estradas largas, em contraste com as estreitas. Eram as principais ruas em uma cidade. O vs. 2 apresenta a outra palavra, que indica as ruas estreitas.
Aqueles homens selecionavam os lugares mais públicos para orar. Lemos que naqueles dias muitos judeus observavam horas determinadas para suas orações, que nunca deixavam passar. Eram atores que saíam às ruas propositalmente, especialmente nas ruas principais, para que, chegada a hora certa, estivessem em algum lugar bem visível. Chegada a hora da oração, oravam onde se encontravam, sem nenhum pejo da sua hipocrisia, mas até com orgulho. Provavelmente o costume de orar em horas certas começou bem cedo na história dos judeus. O trecho de Dan. 6:10-11 parece ser uma alusão a esse costume. Jesus não condena a prática de orações em horas definidas, e, sim, censura o costume de orar em lugar público, somente para atrair a atenção alheia”. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 1. pag. 322.
Oração denota comunhão. Na noite anterior a ser entregue, enquanto estava com os discípulos no cenáculo, Jesus orou ao Pai na presença deles, dizendo: “porque me amaste antes da fundação do mundo” (Jo 17.24). A partir dessa afirmação, entendemos que, mesmo antes da criação, havia uma relação de amor e desfrute mútuo entre o Pai e o Filho. O Pai alegrava-se com o Filho e vice-versa. Portanto, não é de surpreender que Jesus tenha passado tempo sozinho para a oração com Deus. O amor entre os dois era um vínculo indissolúvel e nem se quer foi interrompido pelo ministério terrestre de nosso Senhor. Portanto, é necessário concluir que Jesus orava porque desfrutava da comunhão de Seu Pai. Assim, compreendemos por que Jesus advertiu quanto à exibição teatral. Esse momento íntimo, de comunhão, nos diz que um cristão é alguém que ora (6.5). Jesus não diz “se orardes…”, mas: quando orardes. Não há cristianismo verdadeiro sem oração. Quem nasce de novo, clama: “Aba, Pai”. Um cristão não ora para chamar a atenção para si (6.5). A oração ostentatória não é endereçada a Deus, mas é feita diante dos homens, para chamar a atenção dos homens, para receber recompensa apenas dos homens. No culto público, nós oramos a Deus, e devemos fazê-lo, façamos não teatralmente, mas sincera, desnudada, de alma rasgada.
2. Jesus quer que sejamos discretos. As expressões “entra no teu aposento” e “fechando a tua porta” (Mt 6.6) não significam que devemos ter um quarto só para a oração. É claro que podemos fazer de algum cômodo de nossa casa um local particular para falarmos com o Pai. Contudo, no ensino de Cristo em Mateus 6.5,6, sua ênfase não é o lugar, mas a atitude de quem ora. Esse lugar secreto traz o sentido de que quem tem a mente e coração transformados orará a Deus de modo humilde e sincero, sem buscar aplauso dos homens. Para o cristão, o lugar secreto é visto com o especial a fim de se afastar do mundo e estar sozinho com Deus. Ele sabe que a sua recompensa não vem de homens, mas do Pai que está nos céus.
COMENTÁRIO
Toda casa judaica tinha um lugar para devoção secreta. Os telhados de suas casas eram lugares planos, bem adaptados para caminhadas, conversas e meditação. Aqui, em segredo e solidão, o judeu piedoso pode oferecer suas orações, sem ser visto por ninguém, exceto pelo pesquisador de corações. Nesse lugar, ou em algum lugar semelhante, nosso Salvador instruiu seus discípulos a reparar quando desejavam manter comunhão com Deus. Este é o lugar comumente mencionado no Novo Testamento como o “cenáculo”, ou o local da oração secreta. O significado do Salvador é que deve haver algum lugar onde possamos estar em segredo – onde podemos estar sozinhos com Deus. Deve haver algum “lugar” para o qual possamos recorrer, onde nenhum ouvido nos ouvirá, exceto o ouvido “Dele”, e nenhum olho poderá nos ver, a não ser Seu olho.
CHAMPLIN define o termo Quarto (tameion/câmara) assim: “No grego mais antigo, o termo significava o depósito ou a despensa do administrador da casa. Lugar onde ninguém suspeitaria encontrar alguém orando. Só o administrador tinha acesso àquele lugar, pelo que era um lugar privativo dele. Mais tarde, a palavra passou a ser usada para indicar qualquer sala privada no in te rio r da residência. Essa palavra é usada em M a t. 2 4 :2 6: «Se vos disserem: Eis que ele está no deserto não saiais. Ei-lo no interior da casa não acrediteis». Este versículo ilustra muito bem o amplo sentido da palavra. A expressão alude, portanto, ao lugar que uma pessoa reserva só para si, onde outras não têm acesso.
Nesse lugar é que se deve orar, onde ninguém nos vê. Com esse ensino Jesus faz contraste com os lugares públicos, onde era costumeiro ver orando as autoridades do povo, quer nas sinagogas, quer nas ruas principais.
Fechada a porta. Para frisar mais ainda a lição. Não devia ser apenas um lugar onde nenhum outro pudesse entrar, mas também não se deveria deixar a porta aberta para que outros o vissem.
[…] Em secreto. Provavelmente há alusão à crença que Deus habitava no lugar mais remoto e secreto do templo, o lugar mais santo (Heb. 9:3), onde só o sumo sacerdote podia entrar, uma vez por ano. A ideia é que nos encontramos com Deus em um lugar assim, onde a verdadeira oração pode ser oferecida; ali é o lugar secreto de Deus, ali nos encontramos com Deus”. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 1. pag. 322.
3. Não useis de vãs repetições nas orações. Quando a oração é balbuciada apenas em palavras vazias perde o foco, que é Deus, e se firma nas vãs repetições. Sobre esse assunto, Cristo novamente combate os escribas, os quais faziam longas orações (Mc 12.40; Lc 20.47). Não é verdade que o Senhor desprezava longos períodos de oração, pois na Bíblia encontramos esse tipo de oração (2Cr 6.14-42; Ne 9; Sl 18); mas o que Ele contraria aqui é a atitude de alguém achar que quanto mais fizer barulho, Deus lhe ouvirá. Esse procedimento era peculiar dos pagãos, com o bem se observa no caso dos profetas de Baal (1Rs 18.25-29). Ora, na Bíblia encontramos orações curtas feitas pelos homens de Deus, com verdadeiro sentimento, e que foram respondidas prontamente, como por exemplo: Salomão (1Rs 3.6-12); Ezequias (2Rs 19.14-20). Oração que tem repetição, mas que não envolve futilidade, o mecanicismo o, tem seu valor e é aceitável, pois assim Jesus orou (Mt 26.36-46). Quando entregamos tudo nas mãos de Deus em oração sincera e humilde, Ele cuida de nós.
COMENTÁRIO
Em Mateus 6.7, a palavra original deve derivar do nome de um poeta grego, que fez versos longos e cansativos, declarando por muitas formas e repetições sem fim o mesmo sentimento. Portanto, significa repetir uma coisa com frequência; dizer a mesma coisa em palavras diferentes, ou repetir as mesmas palavras, como se Deus não tivesse ouvido a princípio. Um exemplo disso temos em 1 Reis 18.26: “Eles chamaram Baal da manhã até o meio dia, dizendo: Ó Baal, ouça-nos!” Pode servir para ilustrar essa passagem e mostrar quão verdadeira é a descrição aqui dos modos predominantes de oração, para se referir às formas e modos de devoção ainda praticados na Palestina pelos muçulmanos. Na verdade, o que Jesus disse é que muitos não têm um verdadeiro relacionamento com o Pai, por isso disse: “como os gentios”¸ os quais, por não conhecerem o verdadeiro Deus, mas aos ídolos de pedra e madeira, oram a eles fazendo repetições constantes de seus nomes, achando que quanto mais insistirem poderão fazer com que tais deuses se rendam pelas importunações de suas palavras. Esse procedimento era comum nos adoradores de Baal (1Rs 18.25-29).
Hernandes Dias Lopes escreve: “[…] um cristão não imita os pagãos multiplicando palavras em vãs repetições (6.7,8). Charles Spurgeon diz que as orações cristãs são medidas pela sinceridade, e não pela duração. Os pagãos repetiam palavras e mais palavras, com o fim de serem ouvidos por seus deuses, mas o cristão é alguém que está na presença daquele que sonda os corações e conhece as necessidades do cristão antes mesmo que este faça algum pedido. A expressão grega me battalogesete, traduzida por “vãs repetições”, traz a ideia de mero palavrório ou tagarelice, palavreado oco, conversa tola, repetição vazia. Traduz a expressão popular “blá-blá-blá”. Podemos ilustrar isso com a prática dos adoradores de Baal (lRs 18.26) e com os adoradores da deusa Diana (At 19.34)”. LOPES. Hernandes Dias. Mateus Jesus, O Rei dos reis. Editora Hagnos. pag. 215-216.
III- ORAÇÃO E JEJUM
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1. Oração e jejum: uma combinação perfeita. Em inúmeras passagens bíblicas podemos notar que a oração e o jejum estão bem combinados (1Sm 7.5,6; 2Cr 20.3,5; Ed 8.21-23; Ne 1.4; 9.1; Lc 2.37; At 13.2,3). Por meio das Escrituras, podemos dizer que a oração e o jejum são vistos como atos que revelam disciplina, autonegação e humilhação, e mostram também dependência total de Deus em momentos mais extremos, quando precisamos buscá-lo para resolver um problema específico ou receber uma determinada orientação.
COMENTÁRIO
O objetivo principal de fazer jejum e oração é ter mais comunhão com Deus, e é importante saber como jejuar. Paulo foi claro quando disse que temos uma luta contra as forças infernais (Ef 6.12). Essa luta começa desde o momento em que aceitamos a Jesus como nosso salvador. O cristão não deve tratar a oração e o jejum como “coisas mágicas”, algo místico. Essas duas verdades só têm efeito quando entendemos primeiramente que nossa vitória vem de Cristo Jesus (Jo 16.11; Ef 1.20-22; Cl 2.15). Jejuar é um ato de fé em Deus. Quando jejuamos, colocamos Deus acima de nossas necessidades físicas. O jejum também é um tempo para focar em Deus, sem distrações. Por isso, o jejum está sempre ligado à oração (conversar com Deus). O jejum pode ser total ou parcial (só comer alguns alimentos), com ou sem ingestão de líquidos. O crente também pode escolher abdicar de algumas atividades normais, como ver televisão. Cada pessoa pode escolher como vai fazer o jejum, de acordo com o que sentir que é de Deus.
Fazer jejum e oração é uma coisa entre você e Deus. Não serve para se mostrar mais espiritual nem para ter a aprovação de outras pessoas (Mateus 6:16-18). Você pode jejuar individualmente ou com outros crentes, orando juntos.
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2. O aspecto bíblico sobre o jejum. Na Bíblia, há três eventos que caracterizam a necessidade do jejum: o ato de humilhar-se, que, por meio da confissão, acontecia por causa da tristeza do pecado (Dt 9.18; Jn 3.5); o da lamentação, fosse por causa de um mal sofrido, fosse por alguma praga, uma derrota sofrida em uma batalha ou uma ameaça (Jz 20.26; Ne 1.4; Et 4.3); e o evento espiritual de grande concentração de fiéis, como no caso do envio de missionários e a escolha de homens para obra (At 13.2,3; 14.23). Pela Lei Mosaica havia um jejum anual, no dia da expiação (Lv 16.29-34; Nm 29.7-11; At 27.9). Essa prática se multiplicou em diversas formas: do nascer ao pôr do sol (Jz 20.26); jejum de sete dias (1Sm 31.13); de três semanas (Dn 10.3); de quarenta dias (Êx 34.2,28; 1Rs 19.8); nos meses quinto e sétimo (Zc 7.5). Diante disso, os judeus decidiram jejuar duas vezes por semana, o que se tornou uma prática degenerada por causa do orgulho, como no caso dos fariseus (Lc 18.12). Entretanto, o Senhor Jesus não estabeleceu dias fixos sobre o jejum. Ele jejuou de modo espontâneo, tendo como objetivo principal estar mais preparado e sensível à missão para a qual fora enviado pelo Pai (Mt 4.2), jamais por mera tradição.
COMENTÁRIO
Na Bíblia o jejum não aparece como um mandamento, mas é assumido como prática normal do cristão. Deve ser voltado para Deus, não para o reconhecimento dos outros. O jejum e a oração devem fazer parte da natureza do cristão, pois a bíblia é bem clara no tocante a estas duas práticas. Se fizermos uma analise bíblica sobre os temas, veremos que homens, mulheres, e até mesmo nações inteiras, alcançaram respostas favoráveis da parte de Deus, por terem praticado o jejum e a oração. Não é de se admirar que até o próprio Cristo praticou a combinação do jejum com a oração em seu ministério terreno. Certamente Jesus deve ser o nosso maior exemplo bíblico de prática cristã. Se Ele sentiu a necessidade de tais práticas, quem somos nós para não acatá-las. O intuito deste estudo é resgatar os princípios bíblicos que foram tão eficazes para aqueles que assim como nós, professaram uma fé firme e sincera no Deus Todo Poderoso, e que em nossos dias infelizmente está bastante escasso. Creio que estamos num tempo de grandes realizações da igreja, porém estas dependem única e exclusivamente de nós nos sujeitarmos totalmente a vontade de Deus.
Por que jejuar?
Para ficar mais próximo de Deus. Esta é a razão principal para jejuar, todas as outras são secundárias (Zacarias 7:5). Jejuar é uma forma de adorar a Deus e de o escutar melhor.
Para se controlar. Desfrutar da comida é bom, mas não devemos ser dominados por ela (1 Coríntios 6:12). Jejuar ajuda a pôr o corpo debaixo da autoridade de Deus.
Para libertação e milagres. Jejuar e orar ajudam a vencer batalhas espirituais, porque aprendemos a confiar e depender mais de Deus. Por exemplo, Ester, antes de falar com o rei para resolver um problema que parecia impossível, convocou um jejum de três dias (Ester 4:15-17).
Para obter respostas. Em Atos do Apóstolos 13:2-3, Deus falou com as pessoas enquanto jejuavam. Quando jejuamos e oramos Deus pode revelar-nos coisas úteis ou importantes.
Para mostrar tristeza e arrependimento. Quando o povo de Nínive ouviu o profeta Jonas e se arrependeu, foi proclamado um jejum para pedir perdão a Deus e consertar as coisas (Jonas 3:5-9).
3. O ensino de Jesus sobre o jejum. Segundo o Sermão do Monte, entendemos que a prática do jejum é livre, um ato voluntário, espontâneo, isso porque deve nascer do desejo genuíno da alma com motivos especiais, quer seja diante do perigo, quer seja diante da tristeza ou da tentação (Mt 9.14,15). No texto de Mateus 6.16-18, o ensino do jejum também é a respeito da humildade e discrição na prática. Para jejuar não é preciso desfigurar o rosto e ostentar espiritualidade, pois nosso Senhor ensina: “unge a cabeça e lava o rosto” (Mt 6.17). Assim como a oferta e a oração, o jejum não pode ser usado para atrair os olhares humanos, pois trata-se de uma prática piedosa diante do Pai. Toda prática verdadeiramente piedosa busca a glória de Deus.
COMENTÁRIO
O Dr STOTT esclarece: “Os fariseus jejuavam “duas vezes por semana”, às segundas e às quintas-feiras. João Batista e seus discípulos também jejuavam regularmente, até mesmo “com frequência”, mas os discípulos de Jesus não jejuavam. Por que então, nestes versículos do Sermão do Monte, Jesus não só esperava que seus seguidores jejuassem, mas também deu instruções sobre como fazê-lo? Eis aqui uma passagem comumente ignorada. Suspeito que alguns de nós vivemos nossa vida cristã como se estes versículos tivessem sido arrancados de nossas Bíblias. A maioria dos cristãos destaca a necessidade da oração diária e da contribuição sacrificial, mas poucos insistem no jejum.
O Cristianismo evangélico, em particular, cuja ênfase característica está na religião interior, do coração e do espírito, tem dificuldade em render-se a uma prática física exterior como o jejum. Não é um hábito do Velho Testamento, perguntamos, ordenado por Moisés para o Dia da Expiação, e exigido após o retorno do exílio da Babilônia em outros dias do ano, mas agora revogado por Cristo? Não vieram perguntar a Jesus: “Por que os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam, mas os teus discípulos não jejuam?” E o jejum não é uma prática católico-romana, a ponto de a igreja medieval elaborar um calendário sofisticado de “dias de festa” e “dias de jejum”? Não está também associado a um ponto de vista supersticioso da missa e da “comunhão em jejum”? Podemos dizer “sim” a todas estas perguntas. Mas ê fácil sermos seletivos em nosso conhecimento e uso das Escrituras e da história da Igreja.
Eis alguns outros fatos que devemos considerar: o próprio Jesus, nosso Senhor e Mestre, jejuou por quarenta dias e quarenta noites, no deserto; em resposta à pergunta que o povo lhe fez, disse: “Dias virão … em que lhes será tirado o noivo, e nesses dias eles (os meus discípulos) hão de jejuar. ” No Sermão do Monte ele nos disse como jejuar, pressupondo que o faríamos. E em Atos e nas cartas do Novo Testamento, temos diversas referências aos apóstolos jejuando. Portanto, não podemos ignorar o jejum como se fosse uma prática do Velho Testamento revogada no Novo, ou como uma prática católica rejeitada pelos protestantes. Primeiro, então, o que é o jejum? Falando estritamente, é uma total abstenção de alimento. Mas pode ser legitimamente ampliado para uma abstenção parcial ou total, durante períodos de tempo mais curtos ou mais longos. Daí, naturalmente, vem o nome da primeira refeição do dia, “desjejum”, uma vez que “quebramos o jejum” do período da noite, quando não comemos nada. Não temos dúvidas de que, nas Escrituras, o jejum se relacionava de diversos modos com a renúncia e a autodisciplina. Em primeiro lugar e principalmente, “jejuar” e “humilhar-se diante de Deus” são termos virtualmente equivalentes (por exemplo, SI 35:13; Is 58:3, 5). Às vezes era uma expressão de penitência por pecados passados. Quando as pessoas estavam profundamente amarguradas por seu pecado e culpa, choravam e jejuavam.
Por exemplo, Neemias reuniu o povo “com jejum e pano de saco” e “fizeram confissão dos seus pecados”; os habitantes de Nínive arrependeram-se quando Jonas pregou, proclamaram um jejum e vestiram-se de pano de saco; Daniel buscou a Deus “com oração e súplicas, com jejum, pano de saco e cinza”, orou ao Senhor seu Deus e fez confissão dos pecados do seu povo; e Saulo de Tarso, depois de sua conversão, foi levado a penitenciar-se de sua perseguição a Cristo, pois durante três dias não comeu nem bebeu. Às vezes, mesmo hoje em dia, quando o povo de Deus está convencido do pecado e é levado ao arrependimento, não é coisa fora de propósito que, em sinal de penitência e tristeza, chore e jejue. A homília anglicana intitulada “Das Boas Obras, e do Jejum” dá a entender que esse é o modo de aplicarmos a nós mesmos a palavra de Jesus: “Dias virão em que lhes será tirado o noivo, e nesses dias hão de jejuar.” Refere-se a Cristo, o noivo, que, pode-se dizer, está “conosco” na festa do casamento, quando nos regozijamos nele e na sua salvação. Mas o noivo pode ser “tirado” e a festa interrompida quando somos oprimidos pela derrota, pela aflição e pela adversidade.
“Então é a hora adequada”, diz a homília, “para o homem humilhar-se diante do Deus Todo-Poderoso, jejuando, chorando e gemendo pelos seus pecados, com um coração contrito.” Não devemos, entretanto, nos humilhar diante de Deus apenas em arrependimento por pecados passados, mas também na dependência dele para a misericórdia futura. E aqui, novamente, o jejum pode expressar a nossa humildade diante de Deus. Pois se “o arrependimento e o jejum” andam juntos nas Escrituras, “a oração e o jejum” são ainda mais frequentemente reunidos. Não constitui uma prática regular, pois nem sempre jejuamos quando oramos, mas algo ocasional e especial, quando precisamos buscar a Deus para orientação ou bênção especial e, então, nos abstemos do alimento e de outras distrações para fazê-lo.
Assim, Moisés jejuou no monte Sinai imediatamente depois que foi renovada a aliança pela qual Deus aceitou a Israel como seu povo; Josafá, vendo que os exércitos de Moabe e Amom avançavam sobre ele, “se pôs a buscar ao Senhor; e apregoou jejum em todo o Judá”; a rainha Ester, antes de arriscar a sua vida apresentando-se diante do rei, insistiu com Mordecai que reunisse os judeus e que jejuassem por ela, enquanto ela e suas criadas faziam o mesmo; Esdras proclamou um jejum antes de conduzir os exilados de volta a Jerusalém, “para lhe pedirmos jornada feliz para nós, para nossos filhos e para tudo o que era nosso”; e, como já mencionamos, nosso Senhor Jesus jejuou exatamente antes de começar o seu ministério público; e a igreja primitiva seguiu lhe o exemplo; a igreja de Antioquia jejuou antes de Paulo e Barnabé serem enviados em sua primeira viagem missionária; e eles próprios, antes de designar anciãos em cada nova igreja que iam organizando. São evidências claras de que empreendimentos especiais exigem orações especiais, e que orações especiais envolvem o jejum.
Ainda há outro motivo bíblico para o jejum. A fome é um dos apetites básicos do homem, e a gula um pecado capital. Portanto, “o domínio próprio” não tem significado se não incluir o controle de nossos corpos, e é impossível sem a autodisciplina. Paulo usa o atleta como exemplo. Para participar dos jogos este tem de estar fisicamente apto, e por isso treina. Seu treinamento inclui a disciplina de um regime alimentar adequado, sono e exercícios: “Todo atleta em tudo se domina”. E os cristãos participantes da competição cristã devem fazer o mesmo. Paulo escreve sobre “esmurrar” o seu corpo (deixando-o todo roxo) e sobre subjugá-lo (conduzindo-o como um escravo). Isto não se refere ao masoquismo (sentir prazer na dor), nem ao falso ascetismo (tal como usar uma camisa áspera ou dormir sobre uma cama de pregos), nem a uma tentativa de ganhar mérito como os fariseus no templo. Paulo rejeitaria todas essas ideias, e nós também. Não temos motivos para “punir” nossos corpos, pois são criação de Deus; mas devemos discipliná-los para que nos obedeçam. E o jejum, sendo uma abstinência voluntária de alimento, é uma forma de aumentar o nosso autocontrole”. STOTT, John. Contracultura cristã. A mensagem do Sermão do Monte. Editora: ABU, 1981, pag. 63-65.
CONCLUSÃO
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O cristão que conhece a Palavra de Deus sabe da importância da oração e do jejum como exercícios espirituais (1Tm 4.8). Pela prática de ambos, o crente estará mais sensível ao Espírito Santo, de modo que sua realização traz constantes benefícios para a nossa vida espiritual, especialmente diante de um mundo materialista e utilitarista.
COMENTÁRIO
Cristo é o nosso exemplo de perfeita obediência e uma vida que agrada a Deus. Ele é nosso exemplo supremo de santidade, piedade e pureza. O apóstolo Pedro disse que “Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo, para seguirdes os seus passos” (1Pe 2.21). E nesse mesmo contexto, ele disse que “quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente” (1Pe 2.22,23). O que o apóstolo enfatizou foi que a atitude de Jesus de confiar-se a Deus é uma virtude a ser imitada, especialmente quando sofremos. Além disso, outro apóstolo disse em um sentido semelhante: “Aquele que diz que permanece nele deve andar como ele andou” (1Jo 2.6). Isso significa que a vida de Jesus, incluindo a vida de oração, é o exemplo de uma vida que agrada ao Pai. Ele é o nosso modelo e nós o imitamos. Nosso Senhor não se limitou a ordenar que orássemos, mas ele próprio era um exemplo de oração.
Em vista disso, embora a vida de oração de Jesus continue sendo um modelo para nós, as duas primeiras razões também são aspectos de nossa comunhão com Deus que devemos levar em consideração. Através do sacrifício de Cristo, agora temos entrada gratuita (Hb 10.20) e podemos desfrutar de Sua presença e também nos aproximarmos com confiança (Hb 4.16) para buscar Sua ajuda e socorro. Sendo assim, temos o privilégio de desfrutar do amor do Pai e podemos depender dEle em todos os momentos. E, assim como Jesus fez, a oração fornece uma ocasião para ambos os casos.
Espero ter ajudado...
Em Cristo,
Francisco Barbosa
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REVISANDO O CONTEÚDO
1- Segundo a lição, o que é oração?
® A oração é o diálogo da alma com Deus.
2- Por que a Bíblia nos incentiva a orar?
® A Bíblia nos incentiva a orar porque há poder nesse maravilhoso recurso espiritual, o qual não podemos desprezar.
3- Em relação à oração, o que Jesus condena?
® O que Jesus condena é a oração, quer individual, no templo ou na rua, dominada pelo espírito de exibição, ostentação, cuja intenção é ser visto e louvado pelos homens.
4- O Senhor Jesus condenou períodos longos de oração? Justifique.
® Não é verdade que o Senhor desprezava longos períodos de oração, pois na Bíblia encontramos esse tipo de oração (2 Cr 6.14-42; Ne 9; SI 18); mas o que Ele contraria aqui é a atitude de alguém achar que quanto mais fizer barulho, Deus lhe ouvirá.
5- Cite os três eventos que justificam o jejum segundo a lição.
® Na Bíblia, há três eventos que caracterizam a necessidade do jejum: o ato de humilhar-se, que, por meio da confissão, acontecia por causa da tristeza do pecado (Dt 9.18; Jn 3.5); o da lamentação, fosse por causa de um mal sofrido ou de alguma praga que viria, uma derrota sofrida em uma batalha ou uma ameaça (Jz 20.26; Ne 1.4; Et 4.3); e o evento espiritual de grande concentração de fiéis, com o no caso do envio de missionários e a escolha de homens para obra (At 13.2,3; 14 23).