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8 de dezembro de 2021

A D U L T O S - LIÇÃO 11: O ZELO DO APÓSTOLO PAULO PELA SÃ DOUTRINA

 

 

TEXTO AUREO

Tem cuidado de ti mesmo e da dou trina; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem” (1 Tm 4.16)

 

VERDADE PRATICA

A igreja de Cristo é a única instituição divina na terra que preserva e defende a sã doutrina diante dos enganos e males das heresias.

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

1 Timóteo 6.3-6,11; 2 Timóteo 3.14-17

 

INTRODUÇÃO

Qual o fim do mandamento? Por que devemos zelar pela sã doutrina? Qual o ponto de equilíbrio da sã doutrina estudaremos nesta lição responderá essas questões que se mostram importantes para a nossa caminhada na vida cristã. Que o Espírito Santo o enriqueça na graça e no conhecimento.

Comentário

O tema da da lição desta semana é "o zelo do apóstolo Paulo pela sã doutrina." Para entendermos isso, precisamos compreender três palavras chaves neste título: zelo, sã e doutrina. A palavra "zelo" em hebraico é "qina". Ela aparece por quarenta e três vezes no Antigo Testamento e é usada tanto no bom sentido, significando “ardor ou ciúme”, quanto no mau sentido egoísta (Il Rs 10.16; 19.31; Sl 69.9; 119.139; Is 9.7; 37.32; 59.17; 63.15; Ez 5.13). No sentido positivo da palavra, Deus é mostrado na Bíblia como "Deus Zeloso" (heb. El qana) (Êx 20.5). Esta referência a Deus como "zeloso" é como um pai, que cuida dos seus filhos e enfrenta qualquer coisa para defendê-los. A palavra correspondente a "qina" no grego é "zelos" que significa ardor ou devoção e no sentido negativo, significa desconfiança ou inveja. A segunda palavra é "sã". Esta palavra  aparece nos escritos de Paulo como um adjetivo da doutrina (1 Tm 1.10; 2 Tm 4.3-4; Tt 2.1) e da linguagem do cristão (Tt 2.8), que deve ser "sã". A ideia, portanto, é de algo puro, santo, sagrado. Por último, temos a palavra “doutrina.” Existem duas palavras gregas traduzidas por doutrina: "didaskalia" e "didaquê". Estas palavras aparecem quarenta e oito vezes no Novo Testamento, referindo-se a um conteúdo ensinado ou ao próprio ato de ensinar. A palavra doutrina não é usada apenas no sentido teológico. Há doutrina no direito, na filosofia e em outras áreas do conhecimento. Quando falamos de doutrina, no sentido bíblico, há três tipos de doutrina, de acordo com a origem: De Deus, dos homens e dos demônios.

O Dicionário Bíblico Wycliffe (CPAD) define assim: “ZELO No uso do grego clássico, zelos denotava “a capacidade ou estado de comprometimento passional com uma pessoa ou causa” (Albrecht Stumpff, “Zelos etc.’’, TDNT, II, 877888), assim como um nobre impulso em direção ao desenvolvimento do caráter, ou como algo oposto à paixão venenosa da inveja (q.u.). O contexto determina a importância desta emoção humana. No grego koine, o termo possui tanto um sentido bom – “ardor, devoção”, quanto mau – “desconfiança, inveja”. No AT Deus declara que Ele mesmo manifesta o ardor, a devoção ou a desconfiança (heb, qin’a) por parte de seu povo (Is 9.7; 37.32; 42.13; 59.17; 63.15; Ez 5.13; Zc 1.14; 8.2). De maneira semelhante, Paulo escreve que sentia zelo pelos crentes de Corinto, um “zelo de Deus” (theou zelo, 2 Coríntios 11.2 – “estou zeloso de vós com zelo de Deus”). Alguns outros usos do termo zelo no NT trazem à mente a preocupação amorosa ou o cuidado com certos indivíduos do AT, na questão relacionada a manter a honra de Deus e fazer sua vontade (Nm 25.6-13; 2 Sm 21.2; 1 Rs 19.10,14; 2 Rs 10.16; Sl 119.139). Os discípulos, pensando no Salmo 69.9, viram um paralelo na purificação do templo realizada pelo Senhor Jesus (Jo 2.17). O zelo dos judeus em relação aos cristãos era uma atitude equivocada on até mesmo invejosa (At 5.17; 13.45). O próprio Paulo sentia-se culpado por ter sido “extremamente zeloso” das tradições de seus pais, um zelo equivocado (Gl 1.14; Fp 3.6). No entanto, o apóstolo elogiou os judeus pelo zelo que demonstravam para com Deus (Rm 10.2; At 22.3; cf. 21.20). Os cristãos devem ser zelosos e se arrepender (Ap 3.19) para corrigir os erros (2 Co 7.11), e para ofertar (2 Co 9.2). Eles devem procurar com zelo os dons espirituais, deseja-los fervorosamente (de zeloo), especialmente o de profetizar (1 Co 14.12; 12.31; 14.1,39)”. (F. D. L. PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 2039).

 

I – ORTODOXIA VERSUS HETERODOXIA

 

1. Dois termos técnicos importantes. Ortodoxia e heterodoxia são dois termos técnicos necessários à Teologia para compreender a distinção entre ensino correto e desvios quanto à doutrina bíblica. Esses termos nos ajudam a compreender a preocupação de Paulo com a invasão de heresias nas igrejas locais.    

Comentário

Para saber o tipo de doutrina que alguém está pregando, no sentido religioso, a teologia usa dois termos técnicos, que vamos defini-los neste tópico: ortodoxia e heterodoxia. Assim como acontece com a palavra doutrina, as palavras ortodoxia e heterodoxia também são usadas em outros ramos do conhecimento, como na economia, por exemplo. A ortodoxia consiste na conformidade a formulações oficiais da verdade. A não-conformidade forma a heterodoxia ou heresia.

Silas Daniel em A Sedução das Novas Teologias (CPAD), escreve: “Ortodoxia Generosa: novo nome para Heterodoxia Há um conto simples e célebre de Esopo que, de certa forma, aplica-se à dita “ortodoxia generosa”, tão incensada pelos emergentes. Trata-se da história do asno vestido de pele de leão. Contava Esopo que, certa vez, um asno encontrou uma pele de leão e vestiu-se com ela. Fantasiado, passeou pela floresta e todos que o viam passaram a respeitá-lo, pois pensavam que estavam diante de um leão e não de um asno. Até que, certo dia, o asno fantasiado quis impressionar a raposa, mas ela escutou o bicho emitindo o seu som natural e respondeu: “Eu provavelmente teria me impressionado, se antes não tivesse escutado o seu zurro”. Moral da história: qualquer um pode se esconder com belas roupagens, mas suas palavras dirão a todos quem na verdade é. Ou aplicando ao que nos interessa: alguém pode se apresentar como ortodoxo, mas o que vai provar se é mesmo ou não o que diz são os seus reais posicionamentos diante de determinadas questões. Se seu posicionamento difere de sua apresentação como ortodoxo, é um asno posando de leão (sei que a figura do asno pode soar agressiva ao ser relacionada aos emergentes, mas, além de estarmos sendo fiéis aos personagens do conto de Esopo, a moral do conto se aplica muito bem ao caso). A “ortodoxia generosa” nada mais é do que uma falsa ortodoxia (por isso coloco-a entre aspas). É heterodoxia posando de ortodoxia. E apenas uma terminologia eufêmica usada para camuflar o fato de que seus proponentes rejeitam mesmo a ortodoxia bíblica, que normalmente chamam de “ortodoxia rígida”. Os emergentes dizem que são bíblicos, mas, contraditoriamente, relativizam a Bíblia e reivindicam que a teologia cristã precisa ser flexível e submetida a constantes reexames, a “reformulações eternas”, sendo sempre adaptada à realidade hodierna. No caso de nossos dias, adaptada à pós modernidade. Justamente por isso, as igrejas emergentes não têm uma postura doutrinária definida ou uma exposição doutrinária definitiva, até em relação às doutrinas bíblicas fundamentais. Praticamente, os únicos pontos sólidos em seu pensamento é a existência de Deus e a Salvação por meio de Jesus, e neste último ponto ainda há muita contradição, fruto de sua tendência ecumênica. Além disso, os emergentes não percebem que, mesmo sustentando esses dois pontos (e o segundo bem timidamente), o fato de terem relativizado os outros pontos doutrinários fundamentais acabou afetando até mesmo os pontos que lhes restaram. Afetaram a definição bíblica de Deus e o próprio conceito bíblico de Salvação. A tendência ao ecumenismo religioso provoca isso e é ela que está por trás da proposta denominada “ortodoxia generosa””. (Daniel., Silas. A Sedução das Novas Teologias. Editora: CPAD. pag. 105-106).      

 

2. Conceito de ortodoxia. Na língua grega do Novo Testamento, a palavra tem como prefixo orthos e significa “o que é direito, reto, certo” (1 Tm 4.1,2). Então, a definição técnica para a palavra “ortodoxia” diz respeito à “absoluta conformidade com um princípio ou doutrina”. Na Teologia Cristã, o termo refere-se ao modelo bíblico das “sãs palavras” (2 Tm 1.13). Logo, a Doutrina é Cristã é ortodoxa enquanto for coerente com o que Cristo e os apóstolos ensinaram.

Comentário

Esta palavra deriva de dois termos gregos: "orthos", que significa "reto", "correto" e "doxa", que significa "opinião". Portanto, a palavra ortodoxia significa "opinião correta" ou conforme o padrão. A palavra ortodoxia não aparece na Bíblia. Ela começou a ser usada logo nos primeiros séculos da Igreja Cristã, para confrontar os falsos ensinos, principalmente os dos judaizantes e dos gnósticos. A Igreja Cristã precisou se posicionar sobre os Livros considerados canônicos e definir o seu credo. Foi publicado um documento chamado Didaché, também conhecido como "Ensino dos doze apóstolos". Este documento surgiu entre o final do séc. I d. C e início do séc. II d.C. e serviu de base para a refutação das heresias que surgiram nos primeiros anos da Igreja, após a morte da geração dos apóstolos. Do ponto de vista da Doutrina Cristã, uma doutrina só pode ser considerada ortodoxa, se ela estiver de acordo com aquilo que Jesus e os seus apóstolos ensinaram. Os católicos romanos colocam no mesmo patamar, a Bíblia, a tradição da Igreja e o magistério da Igreja. Sendo que este último, tem autoridade sobre os outros dois. Logo, não podem ser considerados ortodoxos, pois relativizam a Palavra de Deus e adotam doutrinas extra-bíblicas e até anti-bíblicas, com base em tradições humanas e supostas visões e experiências. Do lado protestante, também há Igrejas que seguiram o mesmo caminho, adotando visões, escritos de seus fundadores e experiências pessoais, como fontes de doutrinas.

CHAMPLIN escreve: “Definições e Manipulações Ortodoxia é uma palavra que vem do grego ortbóa, reto e dóxa, «opinião». Dai essa palavra veio a indicar «crença correta», os vícios de várias ortodoxias (e há muitas) é que elas equiparam a crença certa (conforme elas a julgam) com a verdade. Entretanto, a história tem frequentemente demonstrado, nos campos da ciência, da filosofia e da religião, que a ortodoxia de uma geração é contradita por alguma heterodoxia, e que esta’ última, ao obter poder, torna-se uma nova ortodoxia.’ Pode-se ver isso de geração em geração, até mesmo nas ciências, quando novas ideias substituem antigas ideias. Consideremos o caso do judaísmo ortodoxo. Este foi substituído, no caso de muitos milhões de pessoas, por uma grande heterodoxia e heresia, a fé cristã. O judaísmo considerou Jesus e Paulo os arqui-hereges; mas não demorou para que eles fossem considerados os campeões da nova ortodoxia. Forças Moldadoras da Ortodoxia ..Ortodoxia.. Não é um termo bíblico. Começou a ser usado, porém, na antiga Igreja cristã. A luta por uma definição de ortodoxia, na Igreja, ocorreu devido a duas influências maiores: a oposição ao judaísmo e o conflito contra as heresias, mormente o gnosticismo (vide). Os cristãos valiam-se de textos de prova do Antigo Testamento no esforço para mostrar que o cristianismo estava levando avante os melhores elementos do judaísmo, a verdadeira essência dessa fé, em combinação com as novas revelações trazidas por Jesus, por Paulo e pelos demais apóstolos. Mas esse esforço foi saudado amargamente, como herético e apóstata. E, paralelamente a isso, surgiu outra força, a do gnosticismo, que misturava ideias judaicas com a filosofia grega, com as religiões e mitologias orientais, sobretudo aquelas das religiões misteriosas. O gnóstico Márcion aceitava somente algumas epístolas paulinas e uma forma mutilada do evangelho de Lucas, como seu cânon sagrado, mas ele rejeitava o Antigo Testamento em sua inteireza. Então a Igreja cristã precisou manifestar-se acerca do cânon das Escrituras Sagradas. Ao fazê-lo, a Igreja aceitou o Antigo Testamento, mas sob uma forma adaptada, de acordo com a qual várias antigas interpretações foram rejeitadas, e novas interpretações tomaram o seu lugar. Foi com base nessas circunstâncias, que surgiu uma forma de ortodoxia cristã. O Novo Testamento forma a base dessa ortodoxia cristã, e os pronunciamentos dos concílios definiram e delinearam crenças. Porém, deve ficar entendido desde o princípio que nem todas as ideias foram igualmente aceitas. Antes de tudo, devemos considerar a cisma, quanto a algumas questões importantes, entre as igrejas cristãs Oriental e Ocidental. Posteriormente, a Igreja Ocidental fragmentou-se, durante a Reforma Protestante; e vem-se fragmentando cada vez mais, desde então. E foi assim que muitas ortodoxias arrogantes surgiram, do seio dessa Igreja fragmentada. Os estudiosos liberais pensam que qualquer busca pela ortodoxia é tempo perdido, além de ser uma atividade amortecedora e estagnadora, pois nada teria a ver com a verdade ainda que posta a serviço do mero conforto mental. É que a mente humana insiste em obter sistemas fechados, completos, que solucionem todos os problemas, liberando o indivíduo da necessidade de continuar buscando e crescendo. Assim sendo, a verdadeira busca pela verdade deve evitar a estagnação, e, no entanto, à base mesma da formulação de qualquer sistema ortodoxo temos uma grande dose de estagnação(CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 4. pag. 633-634).

 

3. Conceito de heterodoxia. O prefixo da palavra heteros significa “diverso”. Assim, heterodoxia nos remete à “opinião diferente; oposição aos padrões, normas ou dogmas estabeleci dos”. Se a ortodoxia tem um só parecer, a heterodoxia implica várias opiniões a respeito de um mesmo objeto. Para o apóstolo Paulo, a Igreja deve manter a unidade doutrinária da fé e combater com veemência as “doutrinas de demônios” (1 Tm 4.1). A Igreja deve ser, portanto, ortodoxa. Sua advertência é um antidoto para nós nos dias de hoje. Devemos, pois, fortalecer a unidade doutrinária em nossas igrejas.

Comentário

A palavra heterodoxia, por sua vez, também é formada de dois termos gregos: "héteros", que significa "outro de espécie diferente" e "doxa", que significa "opinião". Portanto, heterodoxia é uma opinião que se opõe a uma opinião ortodoxa. O primeiro escritor cristão a usar a palavra heterodoxia foi o Inácio, bispo de Antioquia, para se referir aos falsos ensinamentos, propagados pelos heresiarcas. A Igreja de Cristo deve ser sempre ortodoxa, ou seja, as suas doutrinas obrigatoriamente tem que estar embasadas na Palavra de Deus, que é o nosso manual de fé e prática. Nenhuma autoridade da Igreja ou Instituição tem autoridade para criar novas doutrinas ou revogar as que já estão estabelecidas na Palavra de Deus. O apóstolo Paulo deixou isso bem claro, quando escreveu aos Gálatas: "Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema". (Gl 1.8).

CHAMPLIN define assim: “Essa palavra vem de dois termos gregos, héteros «outro, de espécie diferente», e dou, opinião. Uma opinião heterodoxa é uma opinião que se opõe a uma opinião ortodoxa, Antes de poder ser definido aquilo que é heterodoxo, é preciso que se tenha um padrão de ortodoxia. Como é óbvio, várias denominações, cristãs são acusadas por outras denominações de embalarem opiniões heterodoxas, e vice-versa, o que também ocorre no caso de ideias heréticas. A Bíblia é usada como padrão, mas os defensores de opiniões contraditórias conseguem acusar-se mutuamente. A palavra «heterodoxia”, com frequência, é usada como sinônimo de «heresia»; mas outras vezes, indica apenas um grau secundário de desvio, ou de algum desvio sobre questões de pouca importância, em comparação com o que está envolvido nas heresias(CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 3. pag. 105).

 

 

II – A AMEAÇA DE CORRUPÇÃO DOUTRINÁRIA

 

1. A advertência do apóstolo. Em 1 Timóteo, Paulo adverte acerca de “alguns que não ensinem outra doutrina” (1.3-grifo nosso). Aqui a palavra para “outra” é heteros, diverso. Por isso, Paulo se refere a “outra doutrina” como a que nada tinha a ver com a genuína doutrina de Cristo. Esse zelo para preservar a “sã doutrina” trazia um contexto de homens sem escrúpulos que não respeitavam os ensinos apostólicos. O apóstolo os identifica como “lobos cruéis” vesti dos de ovelhas que investiam contra o rebanho de Deus, não o perdoando (At 20.29.30).

Comentário

A igreja de Efeso estava ameaçada por falsas doutrinas e corria sérios riscos em virtude da infiltração de perigosas heresias. Timóteo precisava admoestar as pessoas que se haviam infiltrado na igreja para pregar uma mensagem heterodoxa. A sã doutrina é absoluta e não admite que outro evangelho seja pregado. Nada é mais nocivo para a saúde espiritual da igreja do que as falsas doutrinas. Ninguém é mais perigoso para a igreja do que os falsos mestres. Hendriksen alerta sobre o fato de algumas pessoas estarem sempre ansiosas para receber de bom grado tudo o que é novo e diferente, como os atenienses na época de Paulo (At 17.21). Geralmente, o que eles consideram “novo” é heresia antiga, vestida com roupagens modernas.9 Vivemos hoje a época conhecida como pós-modernidade. A pós-modernidade está construída sobre o tripé da pluralização, da privatização e da secularização. John Stott aponta como um dos princípios centrais do “pós-modernismo” a inexistência de uma verdade objetiva, muito menos de uma verdade universal e eterna. Pelo contrário, cada pessoa tem a sua própria verdade; você tem a sua, eu tenho a minha, e as nossas verdades podem divergir totalmente umas das outras e até mesmo contradizer-se. Consequentemente, a virtude mais apreciada é a tolerância, uma qualidade que tudo tolera, exceto a intolerância daqueles que defendem que certas ideias são verdadeiras, e outras, falsas; que certas práticas são boas, e outras, más. Em segundo lugar, o conteúdo da falsa doutrina. — … a fim de que não ensinem, outra doutrina (1.3b). Uma falsa doutrina pode ser a negação de uma verdade da fé cristã ou mesmo uma adição a ela”. (LOPES. Hernandes Dias. 1 Timóteo. O Pastor, sua vida e sua obra. Editora Hagnos. pag. 35-36).

 

2. Quais eram os problemas de ordem doutrinária? As igrejas plantadas por Paulo e outros apóstolos, no primeiro século, sofreram com a infiltração de conceitos filosóficos pagãos e judaizantes na interpretação da doutrina apostólica. Nas igrejas como a de Corinto ou Éfeso, havia os que afirmavam crer no Evangelho, mas não renunciavam os costumes pagãos. Outros traziam uma bagagem religiosa do legalismo judaico, aliada ao gnosticismo (1 Co 1.12). É lamentável que, hoje, haja os que defendem a banalização da graça de Deus para, em nome dela, viverem em licenciosidade; e os judaizantes que confundem a liturgia crista com a judaica, bem como a moral cristã com o legalismo judaico. A Igreja de Cristo pertence a um novo tempo e deve obedecer ao ensino do Novo Testamento.

Comentário

Paulo não prega um Cristo, Apoio outro e Pedro outro ainda. Existe apenas um Salvador e um evangelho (Gl 1.6-9). “Acaso está Cristo dividido?” Paulo diz que as divisões na igreja são absurdas, porque elas estão levando os crentes a pensar que Paulo está pregando um Cristo, Apoio está pregando outro Cristo e Cefas está pregando ainda outro Cristo. Há somente um Salvador. Há somente um Evangelho. A igreja de Corinto começou a se dividir internamente. Por quê? Porque em vez de a igreja influenciar o mundo, o mundo é que estava influenciando a igreja. O que estava acontecendo? A sociedade de Corinto estava multifacetada com as suas ideias, líderes, filósofos e pensadores. Quando as pessoas iam às praças e ouviam um pensador ou filósofo, elas diziam: eu sou partidário de fulano de tal; outro afirmava: eu sou seguidor do filósofo tal e outro ainda: eu sou seguidor do pensador tal. E essa influência mundana entrou na igreja. É muito triste quando o mundo invade a igreja. A igreja estava seguindo um modelo mundano. E que modelo era esse? O culto à personalidade! A igreja evangélica brasileira vive o pecado da tietagem. Pregadores e cantores são vistos e tratados como astros, como atores que sobem num palco para dar um show.

Essa atitude é um sinal evidente de imaturidade e decadência espiritual. A primeira carta de Paulo aos coríntios nunca foi tão atual quanto hoje. Muitas igrejas atualmente deixam de olhar para a mensagem para enaltecer o mensageiro. Precisamos ressaltar que o mais importante não é o mensageiro, mas a mensagem. Paulo precisa perguntar à igreja de Corinto: quem é Paulo? Quem foi Apoio? Simplesmente servos por meio de quem vocês creram! Um plantou, o outro regou, mas o crescimento veio de Deus. Paulo diz à igreja: Não coloquem a atenção em vocês, em líderes humanos. Não ponham o pastor de vocês num pedestal. Não coloquem um homem numa posição em que ele não possa estar! Só Jesus Cristo deve ser exaltado na Igreja de Deus. E todas as vezes que a igreja começa a dar mais importância ao pregador, ao pastor, ao mensageiro que à própria mensagem, ela está prestando culto à personalidade, e isto é pecado. A natureza humana gosta de seguir líderes carismáticos. Os coríntios enfatizaram mais o mensageiro que a mensagem. Por conseguinte, provocaram divisão dentro da igreja. Eles tiraram os olhos do Senhor e os colocaram nos servos do Senhor e isso os levou à competição. Paulo precisou dizer a essa igreja que o culto à personalidade é reflexo de dois pecados: infantilidade espiritual e carnalidade (3.1-3). Paulo enfatiza que eles eram crianças e também carnais, pelo fato de estarem seguindo a homens. O culto à personalidade é um sinal de carnalidade e imaturidade (3. 1-3). Paulo cuida do assunto de forma transparente (1.11).

Muitas vezes quando queremos tratar dos problemas da igreja, não tratamos de maneira semelhante. Paulo ficou sabendo das contendas na igreja (1.10; 7. 1; 16.10,11, 12, 17). Ele informou a igreja sobre o problema e deu o nome de quem lhe trouxe o problema. Hoje, é comum ouvir comentários assim: “Tem alguém dizendo isso ou aquilo há igreja”. Outros dizem: “O pessoal anda comentando isso e aquilo”. Há ainda aqueles que comentam: “Algumas pessoas estão descontentes”. Algumas pessoas, alguém, o pessoal são termos genéricos e indefinidos que não devem ser usados. Paulo agiu diferente. Ele diz que os irmãos da casa de Cloe o informaram que estava acontecendo divisão dentro da igreja. Paulo é específico quanto à informante e quanto à informação. Essa transparência neutraliza a maledicência dentro da igreja. Quando as coisas são trabalhadas em um ambiente de abertura e de transparência, o mal é tratado e resolvido sem deixar feridas, mágoas e ranços. Depois de apontar o problema, Paulo roga aos irmãos que em nome de Jesus falem a mesma coisa. Que não haja entre eles divisões. A palavra “divisão” é a palavra grega cisma, cujo significado é rasgar um tecido.

O que Paulo está dizendo é que havia na igreja algo como um tecido rasgado. E isso que eles estavam fazendo: rasgando a igreja! O apóstolo ordena à igreja: “[…] antes, sejais inteiramente unidos, na mesma disposição mental e no mesmo parecer” (1.10b). Paulo menciona quatro partidos dentro da igreja de Corinto: “Eu sou de Paulo, e eu, de Apoio, e eu, de Cefas, e eu, de Cristo” (1.12). Por que quatro partidos dentro da igreja? Quais eram esses partidos? Existia o partido liberal de Paulo, o PLP. O partido liberal de Paulo era certamente o partido dos fundadores da igreja. Embora os crentes de Corinto tivessem tido muitos preceptores, foi Paulo quem os levou a Cristo (4.15). Paulo foi o evangelista e o fundador da igreja. Ele ganhou cada um deles para Cristo. Então, certamente aqueles primeiros membros da igreja começaram a dizer: Não! Paulo foi quem começou tudo por aqui. Ele foi o fundador da igreja. Nós fomos os pioneiros desta igreja e nós estamos ligados ele. Nós somos do partido de Paulo. Talvez os que engrossavam esse partido fossem também aqueles indivíduos que seguiam a linha da pregação de Paulo, por exemplo, da liberdade cristã, não ficando atrelados ao legalismo que os judeus queriam impor. É bem provável ainda que os membros desse partido fossem pessoas que controlavam a estrutura da igreja e, possivelmente, não deixavam os novatos participar dela. William Barclay esclarece que esse grupo era um partido formado principalmente por gentios.

E muito provável que esse partido quisesse converter a liberdade em libertinagem e utilizasse seu cristianismo como uma desculpa para fazer o que bem queria. Não importa que matiz tenha esse grupo, ele não obedecia ao ensino de Paulo. E interessante que o partido seguidor de Paulo contraria e desobedece aos próprios ensinamentos de Paulo. O apóstolo não havia autorizado aqueles irmãos a colocá-lo numa posição de destaque que ele jamais pedira ou jamais poderia ocupar. Existia o partido filosófico de Apoio, o PFA. Nós poderíamos chamá-lo de partido filosófico de Apoio. E por que era o partido filosófico de Apoio? Porque Apoio era da cidade de Alexandria, a segunda maior cidade do mundo. Alexandria era o centro da atividade intelectual do mundo. Os alexandrinos eram entusiasmados com as elegâncias literárias. Foram eles que intelectualizaram o cristianismo. Os que diziam pertencer a Apoio eram, sem dúvida, os intelectuais que estavam lutando para que o cristianismo se convertesse rapidamente numa filosofia em lugar de uma religião. Em Alexandria floresceu a grande escola da interpretação alegórica. Ali estava uma das maiores bibliotecas do mundo. Influenciado pelo clima de sua cidade, Apoio tornou-se um grande orador, um homem de fluência na palavra (At 18.24). Mais tarde, Apoio foi discipulado por Áqüila e Priscila, os companheiros de Paulo (At 18.26).

É muito provável, portanto, que o grupo de Apoio tenha sido o grupo dos intelectuais, daqueles que gostavam de um discurso bem elaborado, eloqüente, e cheio de beleza retórica. Aquele grupo formou uma elite cultural dentro da igreja. Existia o partido conservador de Pedro, o PCP. O partido conservador de Pedro era composto, possivelmente, pelos judeus e pelos prosélitos que se tornaram judeus por meio da circuncisão. Muitos gentios aderiam à fé judia e eram chamados de pessoas tementes a Deus. Essas pessoas iam à sinagoga, estudavam a lei e observavam os ritos judeus. Paulo sempre visitou as sinagogas para ali anunciar o evangelho, pois entendia que essas pessoas já tinham começado um processo de busca espiritual. Os membros da sinagoga, normalmente, eram conservadores e gostavam de observar os ritos e as cerimônias judias. Como o apostolado de Pedro foi direcionado especialmente aos da circuncisão, havia dentro da igreja de Corinto um grupo que seguia sua liderança. David Prior afirma que, de modo geral, todos concordam que “de alguma forma, o grupo de Cefas representava o cristianismo judeu”. William Barclay esclarece que os membros do partido de Pedro eram aqueles que ensinavam que o homem devia observar a lei para a salvação. Eram os legalistas que exaltavam a lei, e que ao fazê-lo, apequenavam a graça.

Existia o partido cristão de Jesus, o PCJ. E bem provável que esse partido, com o nome mais bonito, fosse o mais problemático. Talvez esse fosse o partido exclusivista. Os membros desse grupo evidenciavam um orgulho espiritual sutil, dando a entender que eles eram os únicos cristãos verdadeiros.27 Talvez esse partido dissesse o seguinte: Quem não estiver do nosso lado, está fora. Quem não estiver no nosso grupo não tem salvação. Quem não jogar no nosso time nem defender a nossa bandeira, não pertence à igreja verdadeira. Talvez fosse esse o grupo dos que se consideravam os iluminados, os espirituais, com quem Deus falava diretamente. Esse grupo não se submetia a qualquer líder humano. Nessa mesma linha de pensamento, William Barclay escreve: Deve ter existido uma pequena seita rígida e farisaica cujos membros pretendiam ser os únicos cristãos verdadeiros de Corinto. Sua verdadeira falta não estava em dizer que pertenciam a Cristo, mas em agir como se Ele pertencesse somente a eles. Talvez seja esta a descrição de um pequeno grupo intolerante e santarrão. Você conhece pessoas assim hoje? Pessoas que não se submetem à liderança e que pensam ter um canal de comunicação direto com Deus? Pessoas que julgam não mais precisar da Bíblia, porque agora Deus revela tudo a elas? Paulo mostra, porém, que essa atitude é carnal. Pergunta o apóstolo: “Acaso Cristo está dividido?” Não! Cristo não está dividido. Ele não pode ser dividido”. (LOPES, Hernandes Dias. I Coríntios Como Resolver Conflitos na Igreja. Editora Hagnos. pag. 21-26).

 

3. Fábulas e genealogias intermináveis (1 Tm 1.4). No tempo de Paulo, havia os mestres falsos que propagavam fábulas e lendas da vida judaica como “culto aos anjos” (Cl 2.18). Além de não possuírem conteúdo concreto, eles torciam o sentido da verdade apostólica. O apóstolo advertiu a Igreja quanto a essas coisas e as refutou com veemência (1 Tm 1.3,4). Aqui, aprendemos que não podemos perder tempo com que relas infrutíferas. O conhecimento das Escrituras não é para ostentar vaidade pessoal ou capacidade do intelecto, mas para nos fazer caminhar com o coração puro, uma boa consciência e uma fé não fingida (1 Tm 1.5).

Comentário

CHAMPLIN escreve: “«…nem se ocupem…» traduzem o verbo grego «prosecho», que quer dizer «voltar a atenção para», «seguir», «preocupar-se com», «apegar-se-a». (Ver a mesma palavra em I Tim. 3:8; 4:1,13 e 6:3, e comparar com Tito 1:14). Essa palavra também não se encontra nas «outras» epístolas paulinas. A ordem aqui baixada dá a entender a grande importância das questões que passam a ser numeradas, bem como o tempo e a energia dispendidos nas mesmas, más que era um desperdício, segundo o parecer de Paulo, visto que não eram atividades edificantes, mas destrutivas. «…fábulas. . .» No grego temos «muthos», que significa «mito», «fábula». Essa palavra ocorre nas «epístolas pastorais», aqui e em I Tini. 4:7; II Tim. 4:4 e Tito 1:14. No resto do N.T., aparece apenas em II Ped. 1:1 6. Na Septuaginta (tradução do original hebraico do A.T. para o grego, completa da cerca de duzentos anos antes da era cristã) aparece em Sabedoria de Salomão 17:4 e Eclesiástico 20:19, sempre nos livros apócrifos. Deve-se observar que, no trecho de Tito 1:14, a alusão é às «fábulas judaicas». Mas essa referência, sem qualquer qualificativo, é incerta. Provavelmente Paulo se referia a histórias fabricadas, supostamente dotadas de valor religioso e espiritual, baseadas em heróis judeus da fé, como Abraão e os outros patriarcas da narrativa do A.T. Esse tipo de atividade era bastante evidente nas várias tradições, proeminente nos «apocalipses judaicos». O «haggada» (parábolas e anedotas) do Talmude também ilustram as histórias «inventadas», cujo desígnio era servir de instrução religiosa. O livro dos Jubileus, que procura reescrever a história primitiva do ponto de vista da lei, fazendo com que já fosse conhecida e praticada até mesmo entre os anjos, e então desde o começo mesmo do livro de Gênesis, fornece várias narrativas míticas. O livro das Antiguidades Bíblicas (atribuído a Filo), uma crônica lendária da história do A.T., desde Adão até Saul, datado do primeiro século da era cristã, também encerra tais fábulas. A alusão a Janes e Jambres, em II Tim. 3:8, mui provavelmente é derivada dessas «haggada» lendárias. Outros eruditos têm pensado que os mitos «gnósticos», concernentes à natureza e à atividade dos «aeons» angelicais é que são aqui aludidos, ou ainda outras narrativas lendárias de origem pagã. Ê perfeitamente possível que tanto os mitos «pagãos» como os mitos «judaicos» sejam aludidos neste versículo, sem que um exclua ao outro. É provável que Filo tenha descrito corretamente essa espécie de atividade, de que tanto os mestres gnósticos gostavam, no tocante a essas fábulas, embora não tenha ele escrito diretamente a respeito deles. (Ver De Vit. Contempt., § 3), que diz: «Eles leem as Escrituras e explicam a filosofia de seus pais de maneira alegórica, considerando as palavras escritas como símbolos da verdade oculta que é transmitida através de figuras simbólicas obscuras». Ê também possível que, nesse ensinamento «mítico» dos gnósticos houvesse interpretações alegóricas do A.T., além de uma imensa mistura de narrativas puramente inventadas e imaginárias, de vinculação com certos episódios do A.T. e com conceitos pagãos”. (CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 5. pag. 279).

 

 

III – A IGREJA COMO GUARDIÃ DA SÃ DOUTRINA

 

1.A Igreja é “coluna e firmeza da verdade”. Em Timóteo, o apóstolo declarou que a Igreja sustenta a verdade (1 Tm 3.15). Por conseguinte, diante das falsas crenças, a Igreja é coluna e firmeza da sã doutrina. Ela é a demonstração viva e santa da verdade revelada nas Escrituras. Por isso, a Igreja mantém e defende a sã doutrina contra todo o erro, oposição intelectual, filosófica e religiosa dos falsos mestres. Não podemos descuidar desse nosso papel.

Comentário

«…verdade…» Devemos compreender aqui a «verdade cristã», o evangelho de Cristo, bem como o que isso significa, que é seu sentido usual no N.T., embora esta passagem formalize um pouco mais esse termo, dando a entender aquilo que é exposto pela «fé cristã». O termo «verdade», nos escritos de Paulo, com frequência indica apenas o «evangelho». Trata-se da verdade da redenção divina, no que diz respeito à salvação que ele nos dá por intermédio de Jesus Cristo (que é a personificação da verdade; ver João 14:6). (Ver também os trechos de Gál. 2:5; 3:1; Efé. 1:13 e Col. 1:5, quanto ao fato que o termo «verdade» é similar a «evangelho»), «Cremos que a igreja é uma criação de Deus, e não do homem; que a redenção de seu povo se centraliza no ato de Deus, em Cristo Jesus; que a igreja é assinalada pela presença do Espírito Santo; que a igreja foi separada, em santidade, como comunidade que adora; que a igreja está relacionada com dois mundos—onde habitam pecadores perdoados que são, ao mesmo tempo, herdeiros do reino de Deus; que há um ministério, equipado por Deus com vários dons do Espírito Santo; e que a igreja é uma só, por sua própria natureza». (Kennedy, Venture o f Faith, pág. 41). «A igreja, que antes foi considerada como habitação de Deus, de um ponto de vista diferente é aqui reputada como a coluna que sustenta a verdade». (Faucett, in loc.). «…fazendo violento contraste com a bem conhecida imagem de escultura de Diana dos Efésios, entronizada naquele belíssimo templo que brilhava em sua beleza branca e sem vida, sobre os telhados da cidade onde Timóteo agia». (Spence, in loc.)”. (CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 5. pag. 316)

 

2. O objetivo do zelo pela sã doutrina. Qual seria o objetivo de zelar pela sã doutrina? Preservar o amor de um coração puro e de uma fé não fingida (1 Tm 1.5). A finalidade da defesa da doutrina é o amor como prática sincera da fé em Cristo. O falso ensino e os falsos mestres geram contenda, dissensões e gangrenas na comunhão. Logo, não há cristianismo ortodoxo sem a prática do amor de um coração puro e de uma fé não fingida.

Comentário

O Pastor Hernandes Dias Lopes escreve: “Paulo diz a Timóteo que a responsabilidade que lhe está sendo passada não consiste apenas em promover a ortodoxia, mas também no amor que procede de um coração puro, de uma boa consciência e de uma sincera fé. Essas coisas sempre se seguem quando o evangelho da graça de Deus é pregado.18 Hendriksen diz que, quando um pecador é levado a Cristo, o primeiro que se regenera é o coração. O resultado é que a consciência do homem começa a molestá-lo de tal modo que, sob convicção, ele se sente feliz em abraçar o Redentor por meio de uma fé viva. Daí a sequência coração, consciência e fé ser completamente natural(LOPES. Hernandes Dias. 1 Timóteo. O Pastor, sua vida e sua obra. Editora Hagnos. pag. 40).

 

3. A primazia do amor. O fim do mandamento é o amor (1 Tm 1.5). Em 1 Timóteo, o amor aparece como um freio, um instrumento de equilíbrio no combate às falsas doutrinas. Na epistola paulina, o combate nunca é contra pessoas, mas contra as ideias que elas representam. O zelo do após tolo se dá justamente para impedir que o “espirito” dos falsos mestres se infiltrasse na Igreja. Nesse caso, o amor como fim do mandamento é o antidoto perfeito. Ora, o “amor de um coração puro” é um amor que procede de dentro para fora, não se tratando de mero sentimento. Nesse amor, o coração é santificado pelo Espírito Santo, gerando uma pureza interior; pois um coração sujo pelo pecado não pode agir amorosamente. Já um coração limpo diante de Deus recebe e vê as coisas espirituais com transparência. No amor não há lugar para imparcialidade, pois se cultiva uma “boa consciência”; nem lugar para a simulação, fingimento e hipocrisia, pois se cultiva uma “fé não fingida” (1 Tm 1.5).

Comentário

«…amor…» (Notas expositivas completas sobre o «amor» aparecem em outros trechos. Que o leitor consulte as seguintes notas: Em Gál. 5:22, onde o «amor» é visto como uma graça ou virtude cristã, produzida pela influência do Espírito Santo. E uma das facetas do «fruto do Espírito», e não produto humano. Todo o amor, portanto, vem de Deus, no crente ou no incrédulo, pois a influência do Espírito é universal. Nessas referências oferecemos igualmente poemas ilustrativos). A ordem de Paulo visava promover a unidade e o bem-estar que vêm através do amor, não querendo ele provocar maiores distúrbios na igreja, entre as facções já em luta. «…procede de coração puro…» O «…coração…» é usado aqui como termo que indica o «homem interior», o «homem real», a «pessoa essencial», a «alma», embora, algumas vezes, isso aponte para os aspectos intelectuais ou emocionais do ser essencial.

O amor deve proceder do «coração», isto é, do ser real, não sendo algo fingido ou secundário, mas uma manifestação primária do ser purificado, que está sendo transformado segundo a imagem de Cristo, o qual é o Amor de Deus encarnado. O amor gera a unidade e a paz; mas as disputas provocam a divisão. Paulo exibe aqui a atitude que devemos escolher. O adjetivo «puro» ou «pura» se encontra por seis outras vezes nas «epístolas pastorais». (Ver I Tim. 3:9; II Tim. 1:3; 2:22 e Tito 1:15—onde aparece por três vezes). Esse adjetivo qualifica por duas vezes a palavra «coração» (aqui e em II Tim, 2:22); por duas vezes qualifica a palavra «consciência» (I Tim. 3:9 e II Tim. 1:3).

Tal expressão é de origem semita (ver Gên. 20:5,6; Sal. 24:4; 51:10; Mat. 5:8 e I Ped. 1:22). Para que flua o amor puro, é mister que proceda de um vaso puro. Portanto, nos é recomendada aqui a santificação, porque isso é que leva o coração a purificar-se. Somente então poderemos amar como é mister, amando até mesmo a nossos inimigos, aos hereges; e isso era o que Paulo determinava, longe de permitir ele discussões acaloradas sobre religião, como se isso fosse um passatempo. Esse é o processo moral mediante o qual a imagem de Cristo vai sendo formada em nós; e isso provoca a transformação metafísica, mediante o que chegam os a compartilhar da própria imagem de Cristo, de sua natureza essencial. Somente então poderemos realmente amar como ele ama.

A santificação consiste de muito mais do que da «remoção do pecado», embora também envolva isso. Consiste igualmente da implantação das qualidades morais «positivas» de Cristo, através d o poder do Espírito Santo. E assim que adquirimos «toda a plenitude de Deus» (ver Efé. 3:19). Na proporção em que formos sendo assim transformados na imagem de Cristo (ver Rom. 8:29), iremos aprendendo a amar segundo ele ama, isto é, com coração puro, isento de pecado, florescente em santidade positiva, em amor, em justiça e em bondade. Dotados desse amor, esquecemo-nos de nós mesmos, e nos interessamos por nossos semelhantes. Cuidamos dos outros conforme cuidaríamos de nós mesmos. Pois o amor é o contrário de egoísmo. «…consciência…» Esse vocábulo indica o senso moral inato, aquela faculdade da alma mediante a qual ficamos sabendo o que é bom e o que é mau.

A consciência opera de modo essencialmente intuitivo e racional, e não empiricamente, ainda que o aspecto empírico desempenhe também certo papel, pois podemos aprender a distinguir entre o bem e o mal, e algumas vezes isso só nos é dado através da experiência, posto que seu conhecimento é disponível com base exclusiva na razão e na intuição. A consciência é uma função da alma, embora seja mediada através do instrumento do cérebro, conforme sucede a todas as nossas outras experiências humanas. (Quanto a notas expositivas completas sobre a «consciência», ver Rom. 13:5). (CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 5. pag. 281).

 

 

CONCLUSÃO

A Bíblia, a Palavra de Deus, é a fonte genuína para a doutrina cristã. Por isso, precisamos ser dedicados estudantes das Sagradas Escrituras a fim de que zelemos pela sã doutrina. Levemos em conta que a finalidade dela é o amor para, em Cristo, vivermos com um coração puro e uma fé não fingida. A exemplo de Paulo, somos chamados para zelar pelo ensino de Cristo a fim de edificar a Igreja do Senhor.

Comentário

Muitos pensam em doutrinas como assuntos para serem tratados em livros de teologia sistemática, ou classes onde se ensinam os pilares do pensamento cristão. Certamente envolve isso, porém a sã doutrina lida também diretamente com o dia a dia das pessoas. Quando Paulo pensava em sã doutrina, ele pensava em como as pessoas estavam vivendo. Na carta de Paulo a Tito, encontramos algumas razões pelas quais é importante que a igreja se concentre nesta tarefa. A igreja tem esta grande responsabilidade. São razões importantes para não fugirmos dela. Não podemos nos contentar com menos que isso. Não podemos ser condescendentes e permitirmos que assuntos que não convêm à sã doutrina sejam assuntos dominantes na igreja. Cada membro da igreja do Senhor Jesus Cristo é responsável por isso, uns por falarem, outros por ouvirem. Não podemos nos furtar desta grande responsabilidade: falar a sã doutrina.

 

 

 

PARA REFLETIR

A respeito de “O Zelo do Apóstolo Paulo pela Sã Doutrina”, responda:

·         Qual é o conceito de ortodoxia?

A definição técnica para a palavra “ortodoxia” diz respeito à “absoluta conformidade com um princípio ou doutrina”.  

·         Qual é o conceito de heterodoxia?

Heterodoxia nos remete à “opinião diferente; oposição aos padrões, normas ou dogmas estabelecidos”.  

·         A que contexto se refere o zelo de Paulo para preservar a “Sã Doutrina”?

Paulo se refere a “outra doutrina” como a que nada tinha a ver com a genuína doutrina de Cristo.  

·         O que Paulo declarou a respeito da Igreja?

Em Timóteo, o apóstolo declarou que a Igreja sustenta a verdade (1 Tm 3.15).  

·         Qual é o fim do mandamento?

O fim do mandamento é o amor (1 Tm 1.5).