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16 de agosto de 2021

LIÇÃO 8: NAAMÃ É CURADO DA LEPRA

 



TEXTO AUREO

“Então, desceu e mergulhou no Jor dão sete vezes, conforme a palavra do homem de Deus; e a sua carne tornou, como a carne de um menino, e ficou purificado.” (2 Rs 5.14)

 

VERDADE PRATICA

Deus não opera milagres necessariamente segundo nossas expectativas. Ele faz do forma e no momento que lhe apraz.

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

2 Reis 5.1-10,14,25-27

 

INTRODUÇÃO

A cura da lepra de Naamã nos revela que os métodos de Deus nem sempre são fáceis de compreender. Naamã, o comandante do exército da Síria, precisou exercitar sua obediência e fé pois tal ato era demasiadamente humilhante para um homem de sua posição. Porém, ao deixar de lado o orgulho e cumprir a rigor o que Eliseu lhe dissera, Naamã alcançou a cura.

Comentário

“O milagre da cura de Naamã é uma demonstração de como as realidades de Deus são muitas vezes contrárias à realidade humana: uma criada orientou o seu mestre, invertendo os papéis; o rei de Israel, supostamente conhecedor de Deus, ficou desesperado diante de alguém que queria conhecer ao Senhor; um leproso foi purificado; um são foi punido com a lepra do outro; e um pagão passou a adorar a Deus.” (Pommerening. Claiton Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora CPAD).

“Os capítulos 4.1 – 6.23 nos oferecem uma série de histórias maravilhosas de milagres realizados por Eliseu. Ele tinha recebido uma dupla porção do Espirito de Elias (II Reis 2.9), e assim efetuou cerca do dobro dos milagres deste (ver II Reis 2.19 e suas notas de introdução). As histórias maravilhosas ilustram como Yahweh autenticou o Seu profeta Eliseu, fazendo dele um violento contraste com os falsos profetas de Baal, os quais não tinham nenhum poder espiritual.” (CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1486).

I – NAAMĀ, O CHEFE DO EXÉRCITO SÍRIO

1. Naamã, um Comandante Honrado. Naamã era um ministro do alto escalão do governo da Síria, cuja capital era Damasco. A Síria havia atacado Israel várias vezes (1 Rs 11.25; 20.1,22; 22.31). Naamã era um comandante admirado e respeitado por todos devido às suas muitas vitórias em batalhas. Mas era leproso; e essa doença afetava sua integridade e o deixava vulnerável.

Comentário

“Naamã, cujo nome significa “benevolente”, era um ministro do alto escalão do governo sírio, cuja capital era Damasco. Ele atacara várias vezes a Israel (ver 1 Rs 11.25; 20.1,22; 22.31), era valoroso, importante e respeitado pelas tantas vitórias que havia conquistado para os sírios; entretanto, havia uma grande dificuldade na sua vida bem-sucedida: ele era leproso. Foi essa dificuldade na sua vida que o Senhor Deus usou para mostrar-lhe a sua glória. Numa das suas incursões de guerra contra Israel, ele fez escrava uma menina que passou a morar na sua casa. Esta, vendo o sofrimento do seu amo, sugeriu à sua esposa que Naamã fosse falar com o profeta Eliseu. Isso demonstra como o ministério de Eliseu era amplamente conhecido entre os israelitas — tão conhecido a ponto de uma menina escrava ter ouvido falar dele. O reconhecimento do homem de Deus não depende de redes sociais ou mídias, mas, sim, da profundidade e seriedade do seu ministério, desde que feito em total dependência de Deus.” (Pommerening. Claiton Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora CPAD).

“Comandante do exército do rei de Arã, usado por Yahweh para disciplinar o desobediente Reino do Norte. Foi curado da lepra por Eliseu (2Rs 5). A história demonstra a atitude espiritual que Yahweh espera daqueles que ele usa para corrigir seu povo teocrático. Naamã aparece tanto como nome próprio em textos administrativos do Ras Shamra, quanto como um epíteto de personagens reais, a saber, Krt, e ‘Aqht, e Adónis (J. Gray, I and II Kings [1970], 504). Em 2 Reis 5 é um nome próprio (LXX Nat(iav, LXX Luciana Neepav). Antes da conversão de Naamã, o rei dos ara- meus, provavelmente Ben-Hadade II (Jos., Ant. XVIII. xv. 5), atribuiu as vitórias de Naamã a seu gênio militar (v. 1). A frase “em alto favor” é traduzida literalmente como “ele teve o rosto levantado”, referindo-se ao gesto do rei, de estender seu cetro na direção do suplicante inclinado até o chão ante ele e levantar sua face (ex. Et 8.3s.). Quando o rei se referiu a ele como “meu servo” (v. 6) quis indicar que era um oficial do alto escalão, possivelmente, mas não necessariamente, ligado a ele por serviços feudais. De qualquer modo, Naamã era um “grande homem… e de muito conceito” (lRs 5.1); ou seja, “herói da guerra”. Além do mais, apesar do fato de sua criada ter dito que o profeta em Samaria poderia curá-lo da lepra (v. 4), o rei não se importou com o profeta, mas de acordo com o antigo conceito do rei como canal de bênçãos divinas, ele enviou o pedido diretamente ao rei de Israel, que por sua vez também ignorou o profeta. Também sem saber que Yahweh o estava usando (v. 1) Naamã era um homem orgulhoso como mostram estas observações: (1) ele veio à casa de Eliseu esperando ser recebido com toda pompa compatível com sua posição (v. 9); (2) “a ter comigo” (v. 11) é uma posição enfática significando “a uma pessoa como eu”; (3) “certamente” (ARC, BJ; NVI, “eu estava certo de que ele sairia”) uma tradução do infinitivo absoluto hebraico “sairia” também enfatiza o fato de que Naamã considerava dever de Eliseu ir até ele, por lhe ser socialmente inferior; e (4) sua recusa em executar o plano diferente do que ele idealizara (w. 11 e 12). Yahweh usou muitos agentes para efetuar a conversão de Naamã, de um homem orgulhoso e auto-suficiente, em um homem crente (v. 15), humilde (v. 18) (cp. “seu servo”), e reverente (v. 18), qualidades que Yahweh espera de todos os homens, incluindo daqueles que ele emprega para disciplinar seu povo. Primeiro Yahweh o afligiu com lepra. Lepra aqui não é a mesma moderna doença de Hansen (cp. R. G. Cochrane, M. D., “Biblical Leprosy,” The Star [Carville, Louisiana, s.d.]). De qualquer modo, não era daquele tipo que segregava da sociedade. J. Gray conclui, “a doença de Naamã deve ter sido o que Heródoto chamou de lenkê sendo distinta de leprê Somente Deus podia curar esta doença (v.7). Em segundo lugar, Yahweh usou seus servos crentes de posição social bastante inferior (a menina escrava israelita [v.2] e o próprio servo de Naamã [v. 13]). Por fim, usou o homem de Deus, que reconheceu que sua posição de autoridade era submissa a de Deus (v. 10), reconheceu a necessidade da fé, como de uma criança, na Palavra de Deus (vv. 11-14), e mostrou-se agradecido pelo fato de a salvação de Deus ser uma dádiva gratuita (vv.15-16). A cura de Naamã foi mencionada pelo Senhor Jesus como um exemplo da bondade de Deus para com as pessoas de outras nações (Lc 4.27).” (MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 4. pag. 428.)

“A grande aflição na qual estava Naamã, no meio de todas as suas honras (v. 1). Ele era um grande homem em uma alta posição. Não apenas rico e elevado, mas particularmente feliz por duas coisas:

1. Que ele tinha sido muito útil ao seu país. Deus o fez assim: Por ele o Senhor dera livramento aos siros, sucesso na guerra até mesmo contra Israel. A preservação e a prosperidade até daqueles que não conhecem a Deus e o servem devem ser atribuídas a Ele, pois Ele é o Salvador de todos os homens, mas principalmente daqueles que creem. Que Israel saiba que quando os siros prevaleciam, isso vinha do Senhor.

2. Que ele era muito aceitável ao seu príncipe, era o seu favorito, e primeiro ministro do Estado. Ele era tão grande, tão alto, tão honrável, e um poderoso homem de valor. Mas era um leproso, sofria daquela doença repugnante, que fez dele um fardo para si mesmo. Note: (1) nenhuma grandeza do homem, ou honra, ou interesse, ou valor, ou vitória, pode colocá-lo fora do alcance das mais dolorosas calamidades da vida humana. Há um grande grupo decrépito e doente sob roupas ricas e alegres. (2) Todo homem tem algum mas ou outro em seu caráter, alguma coisa que o mancha e o degrada, algo que diminui a sua grandeza, algum abatimento da sua alegria. Ele pode ser muito feliz, muito bom, mas, em uma coisa ou outra, pode não ser tão bom quanto ele deveria, nem tão feliz como gostaria. Naamã era tão grande quanto o mundo poderia fazê-lo, e ainda assim (como diz o bispo Hall) o mais desprezível escravo na Síria não trocaria de pele com ele.” (HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. pag. 562.)

2. A Escrava, uma Testemunha de Deus. Em uma de suas incursões de guerra contra Israel, Naamã fez uma menina de escrava (2 Rs 5.2). Esta passou a morar na sua casa e, vendo o sofrimento do seu senhor, sugeriu à esposa de Naamã que fosse falar com o profeta Eliseu (2 Rs 5.3). A escrava se tornou uma agente de Deus na casa de Naamã, ainda que na condição de serva. Não importa onde estejamos e nem as nossas condições, sempre haverá uma oportunidade para falarmos de Deus às pessoas.

Comentário

“Essa menina tornou-se uma agente do Senhor na casa de Naamã. Ela não se deixou influenciar pela cultura pagã da Síria, mas continuou sendo temente ao Senhor a tal ponto de lembrar-se de que havia um homem de Deus em Israel. Pode-se afirmar que ela foi um arauto, ou uma evangelista, de Deus entre um povo pagão a ponto de convencer o comandante sírio a dar as costas para os seus deuses e pedir a cura ao Deus de Israel por meio do profeta Eliseu. Todos podem ser arautos do Senhor em qualquer lugar em que forem e estiverem, ainda que sejam lugares indesejados e opressivos, como o caso dessa menina.” (Pommerening. Claiton Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora CPAD).

“E da terra de Israel levaram cativa uma menina. Ajuda necessária no lugar errado. Assim devem ter pensado os sírios. Uma pequena menina israelita tinha sido feita cativa em um dos assaltos feitos pelas tropas sírias. Era comum nas guerras antigas que, entre os derrotados, os poucos que sobrevivessem fossem reduzidos à posição de escravos. Também era comum que mulheres e crianças fossem levadas como escravas ou para haréns estrangeiros. Assim sendo, o general sírio tinha o opróbrio de ser um leproso, ao mesmo tempo em que seu país era maculado por suas práticas imorais. “Naamã era um homem de valor, mas era um leproso. Para quantos homens na história do mundo essas palavras são aplicáveis! Eles são poderosos no intelecto, poderosos em sua capacidade, mas não são íntegros e sãos em sua alma. Portanto, aquelas grandes habilidades não redundavam em nenhum bem para o mundo ou para os próprios eventos” (Raymond Calking, in loc.). A providência de Deus tinha posto a menina pequena na família de Naamã. Ali ela fora reduzida a ser escrava da esposa de Naamã. Cf. Joel 3.6 quanto ao tráfico fenício de escravos judeus. É triste pensarmos em como uma menina pequena, levada para um país estrangeiro, arrebatada de sua parentela e de seus amigos, foi escravizada, finalmente, na casa de um general pagão. Mas assim ditava a moralidade da época. Mulheres e crianças eram as vítimas inocentes. Oxalá o meu senhor estivesse diante do profeta. A pequena menina israelita tinha consciência do poder e da reputação de Eliseu e sabia que ele poderia resolver o problema de enfermidade de Naamã. Ela falou à esposa do general sírio sobre a “salvação” dele. Em Samaria. Essa cidade era a capital do reino do norte (Israel). O profeta, embora viajasse com frequência, fazendo seus circuitos por toda a nação de Israel, por muitas vezes tinha contatos com a capital do país. Muita gente ali saberia como localizar o homem de Deus. “Foi então que o mistério da providência divina começou a operar” (Adam Clarke, in loc.). As circunstâncias assumem algumas vezes formas extraordinárias, a fim de que os eventos necessários possam ocorrer. Falamos em coincidências, mas isso é simplesmente a nossa ignorância sobre como as coisas operam neste mundo.” (CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1486).

“A notícia que lhe foi dada a respeito do poder de Eliseu por uma pequena serva que atendia a sua esposa (w. 2,3). Essa serva era israelita de nascimento, providencialmente levada cativa para a Síria e ali entregue à família de Naamã, onde divulgou a fama de Eliseu para a honra de Israel e do Deus de Israel. A infeliz dispersão do povo de Deus às vezes tem sido a feliz oportunidade da difusão do conhecimento de Deus (At 8.4). Essa pequena serva:

1. Como convém a uma legítima israelita, considerou a honra do seu país, e, embora fosse apenas uma criança, pôde dar um relatório do famoso profeta que eles tinham entre eles. As crianças devem aprender cedo a respeito das maravilhosas obras de Deus, para que, a qualquer lugar que forem, possam falar delas (veja o salmo 8.2).

2. Como convém a uma boa serva, ela desejou a saúde e o bem-estar de seu senhor, embora fosse uma cativa, forçada a ser uma serva. Muito mais devem os servos por escolha buscarem o bem de seus senhores. Os judeus na Babilônia deviam buscar a paz da terra em que estavam cativos (Jr 29.7). Eliseu não purificou nenhum leproso em Israel (Lc 4.27), mas essa pequena serva, a partir de outros milagres que ele tinha operado, inferiu que ele podia curar o seu senhor, e da sua beneficência geral, que Eliseu o miraria, embora Naamã fosse um siro. Os servos podem ser bênçãos às famílias onde eles estão, ao falarem o que sabem da glória de Deus e da honra de seus profetas.” (HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. pag. 563).

3. A Caravana de Naamã. Naamã acreditou na palavra da escrava e foi até o seu rei a fim de lhe contar o que ela lhe dissera. O rei sírio preparou uma carta ao rei de Israel, recomendando a cura de seu comandante, bem como enviou presentes (2 Rs 5.5). O rei de Israel, ao saber do que se tratava a visita de Naamã, ficou atemorizado e rasgou as suas vestes, pois acreditava ser essa visita, um pretexto do rei sírio para atacá-lo (2 Rs 5.7).

Comentário

“A menina falou claramente aos seus amos quem era o profeta e a quem eles deveriam procurar, mas, equivocadamente, foram procurar o rei com uma carta e presentes. O rei de Israel entendeu aquilo como uma provocação e pretexto para uma nova guerra — por isso, a reação dele de rasgar as vestes (2 Rs 5.7). Na antiguidade oriental, esse gesto do rei era muito usado quando se recebiam notícias ruins ou quando se estava diante de uma situação fora de controle para demonstrar profunda angústia e pesar — nesse caso, em reconhecimento da sua impossibilidade em atender o general Naamã e o medo de uma provocação de guerra em tempos de paz.

Para compensar a humilhação do general de ter de buscar ajuda no país com o qual travaram tantas guerras — pois tanto o rei da Síria quanto Naamã eram orgulhosos e haviam tido muitas vitórias bélicas sobre Israel —, levaram muitos presentes para entregar, porém, não procuraram o profeta Eliseu, mas o rei de Israel, que ficou apavorado. Eliseu ficou sabendo da história e teve que interferir diante do desespero do rei de Israel. O profeta solicitou que encaminhassem o caso a ele com uma afirmação de confiança em Deus e, sobretudo, ciente do seu ministério e da graciosidade do Senhor sobre a sua vida: “Deixa-o vir a mim, e saberá que há profeta em Israel” (2 Rs 5.8b).” (Pommerening. Claiton Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora CPAD.)

 

“Enviarei uma carta ao rei de Israel. O portador da citada carta foi o próprio general Naamã. Ele buscava a ajuda do rei, sobretudo na localização de Eliseu. Naamã levou uma companhia de homens armados, como guarda-costas, e também uma grande soma em dinheiro e dez mudas de roupa, que serviriam de presente ao rei de Israel, a fim de encorajar a sua cooperação. Sem dúvida, parte desses materiais valiosos acabaria sendo presenteada a Eliseu, visto que era costumeiro presentear os profetas quando a ajuda deles era buscada. Naquele tempo ainda não tinha começado o uso de moedas, portanto a referência aqui ao dinheiro, sem dúvida, deve ser a metais preciosos divididos em pequenas porções. Naamã levou consigo dez talentos de prata e seis mil sicbs de ouro. Uma de minhas fontes informativas calcula o valor total em oitenta mil dólares, embora não haja maneira de calcular o poder de compra desse dinheiro. Não obstante, 340 quilogramas de prata (os dez talentos) e 68 quilogramas de ouro (os seis mil siclos) representavam um grande valor, que somente um homem muito rico poderia ter oferecido. E também havia dez mudas de roupa de primeira qualidade, conforme podemos ter certeza. Para que o cures da sua lepra. O propósito da carta. Naamã, o portador e sujeito da carta, era um general sírio, mas tinha uma necessidade especial. Ele era leproso e procurava a cura para a sua enfermidade. Não há nenhuma informação sobre os presentes que teriam sido dados, embora isso fosse costumeiro. Os chefes de estado naturalmente recebiam mercadorias valiosas da parte de suplicantes e visitantes. A abordagem foi direta e honesta, mas o rei de Israel julgar-se-ia vítima de um truque. Procura um pretexto para romper comigo. Incompreensão geral. Jorão, rei de Israel, ficou consternado diante da carta apresentada pelo general sírio. O rei de Israel compreendeu mal o teor da carta. O rei da Síria não esperava que Jorão fizesse o trabalho de Deus, de salvar e curar. Só queria que ele o enviasse a Eliseu, que tinha a autoridade de Yahweh e poderia realizar a obra de cura. Mas Jorão imaginou que fosse tudo um truque, a fim de que o rei da Síria tivesse um motivo para lançar um ataque contra Israel, que não “cooperara” quando fora solicitado, para beneficiar um grande general sírio. Por isso, o rei de Israel rasgou suas roupas para demonstrar sua indignação. Ver no Dicionário o artigo chamado Vestimentas, Rasgar das, quanto a esse costume, seus modos e significados. Cf. outros incidentes com o caso presente, em II Reis 2.12/6.30 e 11.14. Os dois países estavam em paz, mas Jorão achou que Ben-Hadade estava querendo reiniciar as hostilidades, tal como havia feito contra seu pai, Acabe (ver I Reis 20.1-3). O rei Jorão, acostumado a matanças, foi surpreendido por uma carta que propunha salvação e cura. “Jorão estava em posição difícil para renovar as hostilidades, após a severa derrota de seu pai (I Reis 22.30 ss.)” (Ellicott, in ioc.).” (CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1486-1487).

 

“O pedido que o rei da Síria fez, depois disso, ao 11JL rei de Israel em nome de Naamã. Naamã tomou conhecimento da informação, embora dada por uma simples serva, e não desprezou a informação por causa da insignificância da serva, quando a informação visava a saúde do seu corpo. Ele não disse: “A menina fala como uma tola, Como qualquer profeta em Israel pode fazer por mim o que todos os médicos da Síria têm tentado em vão?”. Embora ele não amasse nem honrasse a nação dos judeus, se alguém daquela nação pudesse apenas curá- lo da sua lepra, ele reconheceria a obrigação de forma agradecida. Quem dera aqueles que são espiritualmente doentes ouvissem assim prontamente as novas trazidas a eles pelo grande Médico! Veja o que Naamã fez a respeito dessa pequena sugestão.

1. Ele não enviaria mensagem ao profeta para que viesse até ele, mas tal honra ele pagaria a alguém que tinha em si tanto poder divino a ponto de ser capaz de curar doenças. Ele mesmo iria até ele, embora ele mesmo fosse doente, inadequado para a sociedade, a jornada fosse longa e se tratasse do país de um inimigo. Os príncipes, pensa ele, devem inclinar-se diante dos profetas quando precisam deles.

2. Ele não iria incógnito — disfarçado, embora sua missão proclamasse sua doença repugnante, mas foi com pompa, e com grande comitiva, para prestar maior honra ao profeta.

3. Ele não iria de mãos vazias, mas levaria consigo ouro, prata, roupas, para presentear seu médico. Aqueles que são prósperos e necessitam de saúde, mostram o que eles consideram a bênção mais valiosa. O que eles não darão pelo bem-estar, força e saúde do corpo?

4. Ele não iria sem uma carta ao rei de Israel da parte do rei seu senhor, o qual desejava sinceramente a sua recuperação. Ele não sabe onde, em Samaria, encontrar esse profeta operador de maravilhas, mas toma por certo que o rei sabe onde encontrá-lo. E, para levar o profeta a fazer o máximo por Naamã, ele irá até ele apoiado pelos dois reis. Se o rei da Síria deve pedir a sua ajuda, ele espera que o rei de Israel, sendo o seu senhor, possa ordenar que o faça. Os dons do súdito devem todos (pensa ele) estar a serviço e ser para a honra do príncipe e, por isso, ele roga ao rei que o restaure da sua lepra (v. 6), tomando por certo que havia uma intimidade entre o rei e o profeta maior do que realmente existia.

O susto que isso provocou no rei de Israel (v. 7). Ele entendeu que havia nessa carta:

1. Uma grande afronta a Deus, e por isso ele rasgou suas vestes, de acordo com o costume dos judeus quando eles ouviam ou liam algo que consideravam ser blasfemo. E seria menos do que uma blasfêmia atribuir a ele um poder divino? “Sou eu Deus, para matar a quem eu quiser, e para vivificar a quem eu quiser? Não, eu não alego ter tal autoridade.” Nabucodonosor alegava, como encontramos em Daniel 5.19. “Sou eu Deus, para matar com uma palavra, e para vivificar com uma palavra? Não, eu não alego ter tal poder.” Assim, esse grande homem, esse homem mau, é levado a reconhecer que é apenas um homem. Por que ele, com essa consideração, não se corrigiu por causa da sua idolatria, e pensou assim: — eu adorarei como deuses aqueles que não podem matar nem vivificar, que não podem fazer nem o bem nem o mal. Um mau projeto para si mesmo. Ele apela para aqueles que estavam à sua volta por isso: “Vede que busca ocasião contra, mim. Ele me pede que cure a lepra, e, se eu não o fizer, embora eu não possa, fará disso um pretexto para promover uma guerra contra mim”, o que ele suspeita ainda mais por ser Naamã o seu general. Tivesse ele compreendido corretamente o significado da carta, que quando o rei lhe escreveu para curar a lepra ele quis dizer que ele cuidasse para que Naamã fosse curado, não teria ficado com esse espanto. Note: Nós geralmente criamos muita preocupação para nós mesmos ao interpretar mal as palavras e as ações de outros que são bem intencionados: E amor a nós mesmos não pensar nenhum mal. Se ele tivesse se lembrado de Eliseu e do seu poder, facilmente teria compreendido a carta, e sabido o que tinha de fazer. Mas ele se coloca nessa confusão, fazendo-se um estranho ao profeta: A serva cativa o tinha mais em seus pensamentos do que o rei o tinha.” (HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. pag. 563.)

 

II – O MERGULHO NO RIO JORDÃO

1. Eliseu não se impressionou com a Pompa. Ao saber sobre o que estava acontecendo e o porquê de o rei de Israel ter rasgado as suas vestes, Eliseu disse: “Por que rasgaste as tuas vestes? Deixa-o vir a mim, e saberá que há profeta em Israel.” (2 Rs 5.8b). Então o comandante Naamã foi até a casa de Eliseu. Porém, ele não o recebeu, mas mandou um mensageiro com as instruções do que ele haveria de fazer para ser curado (2 Rs 5.10).

Comentário

“Eliseu não se impressionava com aquilo que a maioria das pessoas acharia uma grande honra, pois o profeta tinha compromisso com Deus, a quem ele realmente temia. Eliseu não foi até onde o poderoso general encontrava-se, mas fez o general vir até ele. Isso aponta para o fato de que o verdadeiro profeta de Deus não precisa correr atrás de poderosos ou cobiçar os seus presentes, pois é o Senhor quem cuida da sua vida. O cortejo de soldados com o seu comandante estacionou em frente à casa de Eliseu, mas ele, que não se impressionava com títulos, cargos e posições, pois era um fiel servo do Deus altíssimo, nem foi recebê-lo, o que feriu ainda mais o orgulho do poderoso comandante Naamã. Ele simplesmente mandou o seu empregado dar-lhe o recado: “Vai, e lava-te sete vezes no Jordão, e a tua carne te tornará, e ficarás purificado” (2 Rs 5.10). Tanto a forma como Eliseu recebeu Naamã quanto a ordem que lhe deu para ser curado foram humilhantes para o comandante sírio tão acostumado com honras reais. Ele imaginava ser recebido com pompas de um grande homem, mas não existem títulos nem cargos diante de Deus que deem margem para tratamentos diferenciados. O apóstolo Tiago advertiu contra esse perigo, que pode estar presente na Igreja de Cristo:

Porque, se no vosso ajuntamento entrar algum homem com anel de ouro no dedo, com vestes preciosas, e entrar também algum pobre com sórdida vestimenta, e atentardes para o que traz a veste preciosa e lhe disserdes: Assenta-te tu aqui, num lugar de honra, e disserdes ao pobre: Tu, fica aí em pé ou assenta-te abaixo do meu estrado, porventura não fizestes distinção dentro de vós mesmos e não vos fizestes juízes de maus pensamentos? Ouvi, meus amados irmãos. Porventura, não escolheu Deus aos pobres deste mundo para serem ricos na fé e herdeiros do Reino que prometeu aos que o amam? (Tg 2.2-5).

Eliseu também não se impressionou com os presentes que estavam à sua disposição — presentes estes dados como oferta direta do rei da Síria.

Pommerening. Claiton Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora CPAD.

Ouvindo, porém, Eliseu. As notícias sobre o incidente logo chegaram aos ouvidos de Eliseu. Portanto, as circunstâncias estavam sendo arranjadas pela intervenção divina, em benefício de Naamã, um ato de graça e amor. Eliseu enviou então uma repreensão ao estúpido rei de Israel. Havia, realmente, poder para curar em Israel, e Jorão sabia disso, embora em sua consternação sobre a hipotética guerra se tivesse esquecido de onde estava esse poder. Ele não tinha poder diante de Yahweh, mas sabia onde encontrar alguém que o tivesse. A solução para o problema era óbvia, mas em sua perturbação, a mente de Jorão parecia não estar funcionando muito bem.

A Vantagem. A operação de um milagre daquela envergadura teria uma repercussão internacional positiva. Os homens maus da Síria compreenderiam que havia um Deus real e ativo em Israel, Yahweh, que era uma força para ser levada em conta. Talvez as notícias tivessem um valor evangelizador. O verdadeiro Deus seria buscado pelos pagãos.

E parou à porta da casa de Eliseu. O trecho de II Reis 6.13 parece indicar que Eliseu estava em Dotã (ver a respeito no Dicionário). Essa cidade ficava a apenas dezesseis quilômetros de Samaria, pelo que Naamã e seu séquito puderam chegar com facilidade até onde estava o profeta de Deus. Portanto, ali estava Naamã, e todos os seus homens de guerra, cavalos, poder e dinheiro, defronte da porta da casa do profeta. Mas Eliseu não deu a menor atenção a toda aquela pompa. Não ficou admirado, de modo nenhum, pelo “grande homem”. De fato, em lugar de ir pessoalmente até o general sírio, enviou um mensageiro com a seguinte mensagem: “Vai, lava-te sete vezes no Jordão, e a tua carne será restaurada, e ficarás limpo”.

Por favor, que o leitor preste atenção à completa ausência de ostentação por parte de Eliseu. A maioria dos homens teria efetuado uma festa para recepcionar o general e seu séquito, fazendo a questão tomar-se uma ocasião importante. Eliseu, em contraste com isso, nem ao menos se interessou em ir ao encontro de Naamã. Contudo, não negou o milagre de que o pobre homem precisava tão desesperadamente.

E ficarás limpo. Essas palavras foram usadas porque a lepra era considerada uma imundícia, que desqualificava a sua vítima para o contato social e para a adoração no lugar santo.

A sara ‘at era um símbolo do pecado: nojenta, debilitante e incurável. Mas onde há a impossibilidade, é precisamente aí que o poder de Deus opera.” (CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1487).

 

“A oferta que Eliseu fez de seus serviços. Ele estava inclinado a fazer qualquer coisa para deixar seu príncipe tranquilo, embora fosse negligenciado e seus bons serviços anteriores fossem esquecidos pelo rei. Ouvindo sobre a ocasião em que o rei tinha rasgado suas vestes, ele lhe enviou uma mensagem para fazê-lo saber que se o seu paciente viesse até ele, não perderia seu trabalho (v. 8): Ele saberá, que há profeta em Israel (e seria triste para Israel se não houvesse), que há um profeta em Israel que pode fazer aquilo que o rei de Israel não ousou tentar, e a que os profetas da Síria não puderam aspirar. Não foi para a sua própria honra, mas para a honra de Deus, que ele desejou fazer com que todos soubessem que havia profeta em Israel, embora obscuro e negligenciado.” (HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. pag. 563).

 

2. Decepção e a Cura de Naamã. O comandante sírio esperava que o profeta o recebesse com honras e que lhe tocasse com as mãos, mas a ordem foi de mergulhar sete vezes no rio Jordão. A decepção de Naamã foi evidente (2 Rs 5.11.12). Foi preciso a intervenção de seus empregados para que a ordem fosse cumprida. Contrariado, o comandante mergulhou sete vezes no rio Jordão e sua pele ficou como a de uma criança; ele estava purificado de sua lepra (2 Rs 5.14)

Comentário

“O comandante sírio esperava que o profeta recebesse-o com honras e que lhe tocasse com as mãos, mas a ordem foi de mergulhar sete vezes no rio Jordão, o que foi uma afronta para o general. Eliseu não queria dar a impressão para o general adorador de ídolos de que o Deus de Israel era parecido com aqueles deuses que Naamã adorava, os quais exigiam altos preços em sacrifícios e rituais sagrados para que as pessoas fossem abençoadas. O Senhor poderia curar o general de longe, sem precisar da presença do profeta para operar o milagre. Eliseu demonstrou um total esvaziamento da necessidade de aparecer ou se mostrar para que Deus realizasse o milagre. A sua presença era prescindível para Deus operar. Bastava a palavra dita na autoridade de Deus.

A decepção de Naamã foi evidente. Ele saiu dali reclamando do profeta e resmungando contra a ordem recebida, porque o profeta não lhe recomendou os rios da Síria, que eram bem melhores, mas o insignificante rio Jordão. O general considerava os rios de Damasco melhores do que os de Israel. Foi preciso a intervenção dos seus empregados para que a ordem fosse cumprida. Contrariado, o comandante mergulhou sete vezes no rio Jordão, e a sua pele ficou como a de uma criança, e ele ficou purificado da sua lepra. Para Naamã, a cura foi possível porque ele, embora contrariado, agiu com obediência em fé ao que o profeta havia-lhe falado. Eliseu discerniu a necessidade do comandante para além da cura física. Ele precisava ir ao rio Jordão e dar um mergulho de humildade em obediência e fé. Tanto que, após a cura, ele prometeu que nunca mais ofereceria culto a nenhum outro deus, senão ao Senhor Todo-poderoso (2 Rs 5.17).

A humildade é uma grande virtude a ser aprendida, porém uma das mais difíceis, pois o orgulhoso dificilmente admitirá que não é humilde, e o humilde dificilmente sabe que é humilde. A humildade abre portas que o orgulho jamais será capaz de abrir, pois o orgulhoso sempre fere, oprime e machuca aqueles que são mais fracos do que ele, enquanto a humildade sempre considera o próximo como um ser igual, o que facilita o diálogo e a proximidade, possibilitando, também, a prática do cuidado sempre que necessário.

O termo humildade, no hebraico, vem da mesma raiz de afligir, oprimir, humilhar, no sentido de abater o orgulho presente em cada ser humano que se acha superior a outros. No latim, que dá origem ao termo em português, é humus, o equivalente a solo, terra. Ser humilde é, portanto, reconhecer nossa finitude e dependência de Deus e dos outros que nos cercam, no sentido de reconhecer-se como um igual sem querer pretensamente ser ou demonstrar mais do que se é, além de reconhecer no outro as suas potencialidades e virtudes, sabendo que se tem muitas coisas para receber dele, numa interdependência em amor.

A humildade sempre vai considerar o outro como um ser sobre o qual se precisa exercer cuidados e amor, da mesma forma como eu preciso, para constituir-me um ser humano, receber cuidado e amor para que a vida torne-se bem-aventurada e plena.

Naamã, no alto das suas posições hierárquicas, quis comprar aquilo que Eliseu poderia dar a ele, pois ele não quis submeter-se a determinações simples como mergulhar no Jordão. Esse é o orgulho de quem exige fazer escolhas ao invés de submeter-se àquilo que o outro tem a oferecer-lhe. Ser humilde é reconhecer que as coisas nem sempre acontecem da maneira como imaginamos ou queremos.

Muitas vezes, é preciso submeter-se à vontade do outro para que as possibilidades da vida sejam alargadas e, no caso de Naamã, para que a bênção de Deus viesse sobre a vida dele.

Essa subordinação em amor ao que outra pessoa quer não significa anular a dignidade própria —isso não é humildade —, muito menos ser subserviente ao desejo do outro, pois isso anularia a dignidade humana. A subordinação, porém, é a condição para a reciprocidade humana em relações hierárquicas e sociais diversas que possibilitam a convivência harmoniosa.

A cura da lepra de Naamã mostra-nos que os métodos de Deus nem sempre são nossos métodos. Eliseu mandou o comandante exercitar a sua obediência em fé mergulhando no rio Jordão, o que certamente foi humilhante para Naamã, porém necessário, pois, além da cura física, ele também precisava da cura do seu orgulho e da idolatria, e todas essas bênçãos foram alcançadas na sua vida.” (Pommerening. Claiton Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora CPAD).

 

“Naamã, porém, muito se indignou. Ele tinha suas fantasias. O grande homem de Deus sairia ao encontro dele, inclinar-se-ia perante ele, como um grande homem diante de outro. Eles trocariam aquelas longas saudações e cumprimentos tipicamente orientais. Haveria grande expectação, enquanto Eliseu se preparasse para efetuar a cura. Todos em volta ficariam transidos de espanto, esperando o grande momento em que, de súbito, a lepra ir-se-ia embora. Todos soltariam grandes gritos de triunfo e alegria. Haveria festividades e celebração. E para sempre, depois disso, todos falariam sobre o notável acontecimento que tivessem visto. Em lugar de tudo isso, sem embargo, o profeta simplesmente dissera para Naamã lavar-se no rio Jordão por sete vezes, e nem ao menos se importara em ir ao encontro dele, pessoalmente. Ademais, Naamã não acreditava no modus operandi do esperado milagre. Que bem lhe faria mergulhar por sete vezes no lamacento rio Jordão? A coisa toda era ridícula. Naamã perdeu a fé em Eliseu como um profeta. Certamente Eliseu não estava agindo de maneira dignificada, como deveria fazer um homem de Deus.

Moveria a mão sobre o lugar da lep-a. Naamã esperava que Eliseu realizasse algum rito dramático de imposição de mãos, e não apenas mandasse um breve recado. Naturalmente, a imposição de mãos, por longo tempo, fora uma maneira de curar e os estudos demonstram a sua eficácia. Alguma espécie de energia é transferida do curador para o candidato à cura.

O Nome de Yahweh. Sem importar o meio pelo qual o milagre ocorresse, estava bem entendido, até pelo pagão Naamã, que Yanweh ser,a a fonte do poder, e que Eliseu seria apenas um instrumento da cura. O homem, só pelo fato de ser um homem, tem o poder de curar, e isso também vem de Deus. Além disso, há aquelas ocasiões em que é necessário “laior poder, e então a graça supre a intervenção divina. Existe a cura psíquica, natural, mas o poder divino às vezes também intervém. Bons medicamentos que curam, e que os cientistas têm descoberto através do intelecto, da intuição e de trabalho árduo, também são dons de Deus.

Abana e Farfar… melhores do que todas as águas de Israel? Os rios sírios, Abana e Farfar (ver a respeito deles no Dicionário), eram rios relativamente limpos, muito melhores do que o lamacento rio Jordão, de Israel. Então, se a cura pela água tivesse de ser ordenada, por que os rios da Síria não podiam ser utilizados? Parecia humilhante para Naamã sujeitar-se àquele miserável rio em Israel. Portanto, lá se foi Naamã queixando-se, desconhecendo quão grande verdade curadora lhe tinha sido dita.

Tomado de indignação, Naamã afastou-se da casa de Eliseu. O general sírio havia acabado de abandonar a esperança de cura. Sua mente estava enevoaaa por preconceitos e juízos precipitados. Ele estava crendo em coisas que não correspondiam à verdade. Estava iludido. Pensava que sabia muito.

“Damasco continua sendo conhecida por suas águas saudáveis” (Elhcott, in Ioc.). Ambos os rios sírios eram correntes provenientes de montanhas, alimentadas pelas colinas eternas, mas o rio Jordão era um lamacento rio de vale.” (CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1487).

 

“A aversão de Naamã ao método prescrito porque não era o que ele esperava. Duas coisas o desgostaram:

1. Que Eliseu, como ele julgou, menosprezou a sua pessoa ao lhe enviar ordens por meio de um servo, não vindo ele mesmo (v.ll). Tendo grandes expectativas de cura, ele tinha imaginado como ela se realizaria, e o esquema que tinha elaborado era esse: “Certamente ele sairá, isso é o mínimo que ele pode me fazer, sendo eu um nobre da Síria, a mim que vim até ele com toda essa pompa, a mim que com freqüência tenho sido vitorioso sobre Israel. Ele por-se-á em pé, e invocam o nome do Senhor, seu Deus, e falará de mim em sua oração, e então ele passará a sua mão sobre o lugar, e assim realizará a cura”. E porque não aconteceu assim, ele se enfureceu, esquecendo-se: (1) Que ele era um leproso, e que a lei de Moisés, que Eliseu observava religiosamente, excluía os leprosos da sociedade — um leproso, e por isso ele não devia insistir em formalidades. Note: Muitos têm corações insubmissos debaixo de situações humilhantes (Nm

12.14). (2) Que ele era um peticionário, implorando por um favor que ele não podia exigir. E pedintes não devem escolher, os pacientes não devem prescrever para os seus médicos. Veja em Naamã a tolice do orgulho. Uma

cura não o satisfará a menos que ele seja curado com cerimônia, com muita pompa e exibição. Ele rejeita sei’ curado, a menos que façam do jeito dele.

2. Que Eliseu, como ele julgou, menosprezou o seu país. Ele considerou desagradável ser enviado para se lavar no Jordão, um rio de Israel, quando pensava em Abana e Farpar, rios cle Damasco, melhores do que todas as águas de Israel. Com que magnificência ele fala desses dois rios que regavam Damasco, os quais logo depois formam um, chamado pelos geógrafos de Crisóroas

— o rio douradol De que maneira desprezível ele fala de todas as águas de Israel, embora Deus tenha chamado a terra de Israel de a glória de todas as terras, e especificamente por seus rios de água (Dt 8.7)!

3. Tão comum é para Deus e o homem diferirem em seus julgamentos. De que forma desprezível ele fala das orientações do profeta! Não me poderia eu lavar neles e ficar purificado? Ele podia se lavar neles e ficar purificado da sujeira, mas não se lavar neles e ser purificado da lepra. Ele se irritou porque o profeta lhe ordenou que se lavasse e fosse purificado. Ele pensava que o profeta deveria fazer tudo e não estava satisfeito porque lhe ordenara fazer alguma coisa — ou ele pensou que isso fosse uma coisa tão comum, tão simples, fácil demais para curar um homem tão importante — ou ele não acreditou que de qualquer modo isso realizaria a cura, ou, se o fizesse, que virtude medicinal havia no Jordão, mais do que nos rios de Damasco? Mas ele não considerou: (1) Que o Jordão pertencia ao Deus de Israel, que era de quem ele esperava a cura, e não dos deuses de Damasco. O rio regava a terra do Senhor, a terra santa, e, em uma cura miraculosa, a relação com Deus era muito mais importante do que a profundeza do canal ou a beleza da correnteza. (2) Que, mais do que uma vez antes disso, o Jordão tinha obedecido às ordens da onipotência. Antigamente, ele tinha permitido uma passagem a Israel, e, depois, a Elias e Eliseu, e por essa razão, era mais adequado para tal propósito do que aqueles rios que apenas tinham observado a lei comum da sua criação, e jamais tinham sido distinguido dessa forma. Mas, sobretudo: (3) O Jordão era o rio designado, e se ele esperava uma cura vinda do poder divino, ele devia submeter-se à vontade divina, sem perguntar pelas razões e motivos.

Note: E comum para aqueles que se acham sábios olharem com desprezo os preceitos e as ordens da sabedoiia divina, e preferirem suas próprias fantasias diante de si. Aqueles que estão por estabelecer a s ua própria justiça, não se sujeitarão à justiça de Deus (Rm 10.3). Naamã falou consigo mesmo com tanta fúria (como os homens irascíveis geralmente fazem) que, furioso, virou as costas à porta do profeta, pronto para jurar que jamais teria qualquer outra coisa para dizer a Eliseu. E então, quem seria o perdedor? Note: Os que observam as vaidades vãs deixam a sua própria misericórdia (Jn 2.8). Os homens orgulhosos são os piores inimigos de si mesmos e privam-se da sua própria redenção.” (HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. pag. 564).

 

3. Deus ainda Opera Milagres. O número sete, que Eliseu usou, representa a perfeição de Deus na simbologia hebraica. Entretanto, o episódio em 2 Reis 5 é o único que relata o uso desse número pelo profeta. Tal fato não nos dá o direito de usar uma forma de numerologia em nossos cultos ou campanhas intermináveis. Podemos e devemos invocar as bênçãos de Deus, pois esperamos o seu agir milagroso. Onde Ele age não é preciso numerologia ou superstição, pois o poder de Deus está acima de tudo isso. E mesmo que não haja um milagre visível, Ele está agindo, pois a fé é confiar nEle mesmo quando as coisas não acontecem do nosso jeito (Hb 11.13) Não por acaso, Jesus disse que “muitos Leprosos havia em Israel no tempo do profeta Eliseu, e nenhum deles foi purificado, senão Naamã, o siro” (Lc 4.27).

Comentário

“A religiosidade mercadológica explora o medo e a ganância humana para satisfazer a condição humana agônica, que busca sentido e precisa aplacar a culpa que sente ou o problema que enfrenta. Inverte-se a realidade última, que é Deus, pela realidade penúltima, que são as coisas corriqueiras da vida. Essa é a lógica da religião de mercado, que vende bens em nome de Deus e torna o próprio Senhor um bem a ser comprado. A negação de Eliseu à oferta de presentes de Naamã vai contra essa lógica idolátrica de lidar e barganhar com Deus, cuja oferta graciosa e generosa foi feita em Cristo na cruz, que pagou todo o preço necessário, restando ao ser humano apenas desfrutar do presente recebido e corresponder em amor e serviço.

O número 7 usado por Eliseu, na simbologia hebraica, é o número da perfeição de Deus, mas essa foi a única vez em que o profeta usou o número 7, o que não nos dá o direito de usar essa numerologia em nossos cultos para invocar as bênçãos de Deus em campanhas intermináveis que iludem as pessoas quanto a maneira como Deus age, cujo agir é sempre milagroso e gracioso. Onde Deus age não é preciso numerologia, nem simbologia, e muito menos superstição, porque o seu poder transcende tudo isso.

E, mesmo que não haja milagres, Deus sempre está agindo, porque fé é confiar em Deus mesmo quando as coisas não acontecem do nosso jeito. Por isso, Jesus disse que “muitos leprosos havia em Israel no tempo do profeta Eliseu, e nenhum deles foi purificado, senão Naamã, o siro” (Lc 4.27).

O Novo Testamento não nos dá indícios de que seja possível qualquer troca com Deus ou mesmo qualquer uso de numerologia para alcançarmos as suas bênçãos. O que está presente no Novo Testamento é a evidência da obra salvífica completa de Cristo na cruz, incluindo curas e bênçãos da parte de Deus, inclusive nos dias atuais.” (Pommerening. Claiton Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora CPAD.)

 

“O sucessor de Elias, Eliseu, teve uma orientação similar da parte de Deus em uma situação particular. Deus enviou Eliseu para purificar somente uma pessoa, Naamã, um siro, um gentio odiado (2 Rs 5). A Síria era vizinha de Israel, ao norte, tinha oprimido Israel, mas ainda assim Deus tinha realizado um milagre para um comandante do seu exército. A mensagem de Jesus para o povo era chocante. Ele realizava a sua obra por meio de leprosos, gentios e mulheres, exatamente como Eliseu tinha feito. Elias e Eliseu condenaram Israel pela sua falta de fé; Jesus também confrontou os seus corações incrédulos. Israel frequentemente rejeitava os profetas e estava prestes a rejeitar a Jesus. Aqui Jesus indicava que a sua obra seria feita fora da sua terra, entre aqueles que cressem.” (Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 344).

 

“Se a exposição de Jesus lhes causou grande admiração, a aplicação feita por ele provocou-lhes ódio consumado. Jesus cita dois provérbios: “Médico, cura-te a ti mesmo” e “Nenhum profeta é bem recebido na sua própria terra”. Depois de citar os provérbios, Jesus volta-se para as Escrituras e cita o ministério de Elias e Eliseu, evidenciando que Elias foi enviado para socorrer uma pobre viúva gentílica, enquanto havia viúvas necessitadas em Israel, e Eliseu curou da lepra um general gentio, enquanto havia outros leprosos em Israel. Jesus deixa claro que o propósito soberano de Deus na aplicação da salvação transcendia o povo de Israel. O evangelho estava destinado também aos gentios. O pensamento arraigado dos judeus de que o evangelho era apenas para eles e de que os gentios tinham sido criados para serem o combustível do fogo do inferno foi confrontado firmemente por Jesus no início do seu ministério. Concordo com John Charles Ryle quando ele diz: “De todas as doutrinas da Bíblia, nenhuma é tão ofensiva ao homem quanto a da soberania de Deus na aplicação da salvação”.” (LOPES. Hernandes Dias. Lucas Jesus o Homem. Editora Hagnos.)

 

III – GEAZI É ACOMETIDO DA LEPRA

1. A Rejeição dos Presentes. Após a sua cura física e sentimental, Naamã estava disposto a voltar a Eliseu, a fim de lhe presentear (2 Rs 5.15). A Bíblia não deixa claro se esse presente foi o mesmo enviado pelo rei sírio anteriormente; pode ser que o primeiro presente tenha ficado com o rei de Israel. Porém se for o mesmo, a quantia era composta de trezentos e cinquenta quilos de prata, e uns setenta quilos de ouro, e dez mudas de roupas finas; um valor muito grande para ser rejeitado. Mas, mesmo assim, Eliseu rejeitou o presente (2 Rs 5.16).

Comentário

“Com a cura física concretizada na vida de Naamã, concretizou-se também a cura do seu orgulho. Ele agora estava disposto a voltar e presentear Eliseu. Não se diz o que era, pois parece que a primeira leva de presentes pode ter ficado com o rei de Israel, mas, se eram os mesmos presentes, era composto de 350 quilos de prata, e uns 70 quilos de ouro, além de dez mudas de roupas finas — um valor muito grande para ser rejeitado. Mesmo assim, Eliseu rejeitou o presente, pois não queria deixar Naamã com a ideia pagã de que o Deus de Israel é comprado com ofertas e que os seus profetas são interesseiros dos bens terrestres em troca dos bens divinos ofertados. Além do caráter nobre de Eliseu ao rejeitar os presentes, havia uma lição para Naamã e toda a corte síria embutida na negativa de Eliseu: Jeová cura gratuitamente; assim, não era necessário oferecer presentes caríssimos e ofertas valiosas para que a bênção do Senhor acontecesse — contrariamente aos ídolos pagãos da Síria, cuja ganância nunca era alcançada, e cuja resposta nunca chegava. A presença do Senhor na vida de Eliseu valia muito mais do que aquela prata e ouro. Se ele aceitasse o presente, estaria trocando a glória de Deus na sua vida pela riqueza dos presentes de Naamã, mas o profeta sabia o que realmente era valioso na sua vida e, por isso, não trocou por nada. O profeta perderia os presentes, mas não perderia a presença de Deus na sua vida, pois essa presença era a garantia de que o seu ministério era abençoado e frutífero.” (Pommerening. Claiton Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora CPAD).

 

“Voltou ao homem de Deus. O feliz retorno de Naamã. Em contraste com a história neotestamentária na qual apenas um leproso, entre dez, voltou para agradecer ao Senhor Jesus (ver Lucas 17.12 ss.), Naamã retomou à casa de Eliseu para agradecer ao profeta de Deus. Em consonância com a presente história, o leproso que retomou para agradecer a Deus era um samaritano, um “estrangeiro”. Dessa vez, Eliseu concedeu a Naamã uma audiência particular. Ele não enviou um mensageiro para falar com ele. Naamã louvou o Deus de Israel, algo que Eliseu tinha esperado que ele fizesse (ver o vs. 8). Naamã havia adotado um monoteísmo vital, e não apenas formal (ver a respeito no Dicionário). Ele agora não acreditava apenas em uma proposição teológica, mas dedicara a sua alma ao único Deus vivo e verdadeiro, Elohim. Ver no Dicionário o artigo intitulado Deus, Nomes Bíblicos de.

Naamã voltou a Eliseu com o coração cheio de gratidão e as mãos cheias de ncos presentes para serem dados ao profeta. Mas o melhor de tudo foi que ele retomou com um coração cheio de fé, a qual não existia na primeira vez. Agora Naamã era um homem novo que seguiria um destino mais alto na vida do que ele tivera antes.” (CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1488).

 

“Convencido do poder do Deus de Israel, não apenas que Ele é Deus, mas que Ele é o Único, e que de fato em toda a terra não há Deus, senão em Israel (v. 15) — uma nobre confissão, mas como tal insinua a miséria do mundo gentílico. Pois as nações que tinham muitos deuses na verdade não tinham nenhum Deus, mas estavam sem Deus no mundo. Outrora ele tinha pensado que os deuses da Síria eram deuses de fato, mas agora a experiência tinha corrigido esse engano, e ele sabia que apenas o Deus de Israel era Deus, o soberano, Senhor de tudo. Tivesse ele visto outros leprosos sendo purificados, talvez a visão não o teria convencido, mas a misericórdia da cura o afetou mais do que o próprio milagre. Aqueles que têm experimentado a divina graça estão mais capacitados para falar do seu poder.” (HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. pag. 565).

 

2. Homens de Deus não se Deixam Vender A atitude de Eliseu ao recusar o presente de Naamã revela um comportamento de quem não vende a si mesmo ou as bênçãos de Deus (2 Rs 5.16). Tanto Elias quanto Eliseu eram honestos consigo mesmos e com Deus.

Comentário

“Mais uma vez, fica em evidência o caráter do homem de Deus, Eliseu, que não aceitou os presentes de Naamã em troca da bênção que lhe dera. Essa é a atitude de quem não vende as bênçãos do Senhor e também de quem não se vende a si mesmo, pois aceitar presentes de pessoas importantes tirar-lhe-ia a autoridade profética sobre eles. Tanto Elias quanto Eliseu eram honestos consigo mesmos e com Deus para não se deixarem vender.

O exemplo de Eliseu é uma denúncia à ganância de muitas pessoas hoje em dia que mercadejam os seus ministérios e aquilo que o Senhor gratuitamente oferece ao povo. Eliseu adverte que Deus não é uma mercadoria que se pode manipular em benefício próprio para ganhar dinheiro, ficar famoso ou ter prestígio.

Geralmente, quando se procura o dinheiro, a fama ou o prestígio, ficam de lado a ética e o respeito, pois, para atingi-los, torna-se aceitável ferir, lograr e manipular. “Atrás da fama vem o poder e o orgulho, e estes destroem relacionamentos, a confiança, o diálogo e a integridade.” Infelizmente, essa é a realidade de muitos líderes religiosos no Brasil, que manipulam a religiosidade e a simplicidade do povo para obterem favores pessoais. Os seus discursos operam no sentido de trabalharem com o medo e a ganância, presentes no coração humano, para obterem o seu desejado sucesso. Claro que essas características são subjetivas, e nem sempre o líder consegue discerni-las, pois estão enraizadas e tornaram-se um hábito no seu coração.” (Pommerening. Claiton Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora CPAD).

 

“Não o aceitarei. Eliseu estava interessado na mudança ocorrida em Naamã. E estava grato a Yahweh por ter dado aquela grande demonstração de poder. Mas não estava interessado nos trezentos e quarenta quilos de prata (os dez talentos), nem nos sessenta e oito quilos de ouro (os seis mil siclos), nem nas dez mudas de roupa que Naamã havia trazido como presente para o homem de Deus (ver o vs. 5). Yahweh era a recompensa de Eliseu, e ele nada mais buscava. Naamã, com toda a sinceridade, continuava instando com o profeta para que aceitasse os seus presentes. Afinal, era costume dos profetas e dignitários aceitar presentes dos visitantes (ver I Samuel 9.6-9), mas Eliseu não seguia aquele costume particular. “… digno é o trabalhador do seu salário” (I Coríntios 9.8-14). Não obstante, Eliseu não forçou a questão, tal como o apóstolo também não o fez. Presumivelmente eles ganhavam a vida à sua maneira, ou tinham alguma forma segura de rendimentos que escapa ao nosso conhecimento. Eliseu aceitou a hospitalidade da rica dama e seu suprimento de alimentos (capitulo 4), de forma que, sem dúvida, em cerlas ocasiões, o profeta vivia dessa maneira. É provável que a comunidade dos profetas plantasse seu próprio alimento e criasse seus próprios animais. Ver Êxodo 23.15 quanto ao principio do costume na sociedade dos hebreus.” (CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1488).

 

“A gratidão ao profeta Eliseu: “Por essa razão, por causa daquele cujo servo tu és, eu tenho um presente para ti: Prata, ouro, roupas, qualquer coisa que tu te agradares em aceitar”. Ele valorizou a cura não pela facilidade dela para o profeta, mas pela possibilidade de ele recebê-la, e, com alegria, pagaria por ela adequadamente. Mas Eliseu generosamente recusou a gratificação, embora Naamã insistisse com ele para aceitá-la. E, para evitar qualquer importunação, endossou a sua recusa com um juramento: Vive o Senhor, em cuja presença- estou, que a não tomarei (v. 16), não porque ele não necessitasse, pois ele era pobre o bastante, e sabia o que fazer com ela, e como usá-la entre os filhos dos profetas, nem porque ele pensasse que fosse ilegítimo, pois ele recebeu presentes de outros. Mas ele não tinha obrigação com esse siro, nem esse deveria dizer: Eu enriqueci a Eliseu (Gn 14.23). Seria maior a honra de Deus se fosse mostrado a esse novo convertido que os servos do Deus de Israel eram ensinados a olhar as riquezas deste mundo com um desprezo santo, o que o confirmaria em sua fé que não há Deus, senão em Israel (veja 1 Co 9.18; 2 Co 11.9).” (HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. pag. 565 – 566).

3. Por ganancia Geazi é acometido da lepra. Depois de visitar Eliseu, Naamã partiu para a Siria. Quando Naamã iniciava sua viagem, Geazi, cheio de ganância em seu coração, foi até ele e, mentindo, se apoderou dos presentes oferecidos a Eliseu (2 Rs 5.21-24). Tal atitude nos revela o caráter distorcido de Geazi. Visando o bem material ele mentiu ao comandante sírio, traiu Eliseu e desonrou a Deus. Por isso, o jovem foi acometido de lepra e saiu diante do profeta, “branco como a neve” (2 Rs 5.27).

Comentário

“A cura e a bênção de uma pessoa podem resultar em maldição para outra, assim como foi com Geazi, que não entendeu o grande propósito de Deus na vida de Naamã e, por isso, deixou-se levar pela ganância. Os pensamentos de Geazi, ajudante de Eliseu, prenderam-se nos presentes de tal forma que ele não resistiu e, inventando uma mentira, foi atrás de Naamã e usurpou dele 60 quilos de prata. Isso mostrou o caráter distorcido de Geazi, que, além de ganancioso, também inventou uma mentira, demonstrando com isso que esses tipos de pecados não acontecem sozinhos, mas são acompanhados de vários outros pecados. Ele mentiu para Naamã e também tentou mentir para Eliseu, só que o Espírito Santo, que não se deixa zombar, já tinha discernido para Eliseu o que estava acontecendo, ao que a lepra de Naamã passou para Geazi. Geazi cometeu avareza (2 Rs 5.22), fraude (5.23-25), depreciou superiores (5.20, “aquele arameu”, NVI) e jurou dolosamente pelo Senhor (5.20). “Naamã mostrava-se mais fiel ao seu novo Senhor do que Geazi ao seu”, que conhecera tão bem e profundamente por meio do grande profeta Eliseu, a quem ele via fazer as coisas da maneira correta, mas que não lhe seguiu o exemplo. A prata e o ouro de Naamã estavam contaminados com a lepra do pecado e da idolatria, que foi outro dos motivos de Eliseu rejeitá-los; mas, para Geazi, tornaram-se uma tentação desastrosa. Ao querer o tesouro, Geazi recebeu embutido nele a lepra. Essa triste realidade aponta para o fato de que as bênçãos e os dons de Deus são inegociáveis, podendo até mesmo tornar-se maldição quando manipulados de forma errada e com interesses espúrios, como fez Geazi.” (Pommerening. Claiton Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora CPAD).

 

“Então foi Geazi em alcance de Naamã. Começando a efetuar seu plano, lá se foi Geazi, e não demorou a alcançar a comitiva de Naamã. Imediatamente expôs sua tola mentira (vs. 22). Naamã pensou que algo deveria estar errado, e ele tinha razão: o coração de Geazi estava sofrendo de ganância. O ganancioso servo de Eliseu contou a Naamã a mentira de que dois jovens, filhos dos profetas de Efraim, tinnam chegado. Eles é que estavam precisando do dinheiro e das mudas de roupa. Portanto, foi como se o mentiroso tivesse dito; “Estou prestando um serviço humanitário, pedindo em favor de outros, e não em proveito próprio”. Foi assim que Geazi poluiu a atmosfera de um grande milagre, debochando deles com mentiras e com ganância. Naamã, ainda no doce embalo do milagre recebido, e não tendo razão alguma para esperar uma fraude do servo de confiança do grande profeta, concordou em dar-ihe algum dinheiro e as duas mudas de roupa, para os “dois jovens chegados de Efraim”. Sê servido tomar dois talentos. Geazi pediu somente um talento de prata, isto é, 34 quilos de prata, e duas mudas de roupa. Não pediu ouro. E Naamã, sendo homem generoso, deu-lhe dois talentos de prata, isto é, cerca de 68 quilos desse metal precioso. Apesar de não haver como calcular o valor em consonância com o moderno poder de compra, é provável que Geazi pudesse viver vários anos com aquele dinheiro, e talvez até mais, se o investisse cuidadosamente. Naamã providenciou duas sacolas para o transporte da prata, e até um homem forte teria dificuldade para transportar tanto peso. Mas Geazi tinha seu jumento de confiança, e isso resolveu o problema do transporte. Mesmo assim, Naamã ordenou que dois de seus homens ajudassem Geazi com o transporte dos valores. A única dificuldade seria esconder em algum lugar a sua fortuna, sem que Eliseu de nada suspeitasse. Um crime leva a outro; uma fraude leva a outra. O pecado sempre se acumula. E os depositou na casa. Dois dos homens de Naamã acompanharam Geazi até perto de casa. Chegando a uma colina, os dois homens de Naamã foram despedidos, e o ganancioso Geazi ficou sozinho. Ele escondeu a prata em uma casa, talvez a sua própria, aonde retornaria mais tarde para guardar em lugar mais seguro a prata e as vestes, quando tivesse oportunidade. O “outeiro’ segreda-nos que a casa ficava perto de Samaria, que fora construída sobre uma colina. O plano havia funcionado bem. Geazi era agora um homem relativamente rico. Seus dias de pobreza tinham terminado. Sua vida havia, de súbito, tomado uma direção melhor. Em lugar de “outeiro”, a palavra hebraica ophei, é traduzida em várias versões por torre, seguindo as antigas versões: a caldaica, a Septuaginta, o siríaco e o árabe. Mas a fíevised Standard Version diz “outeiro”, no que é seguida pela nossa versão portuguesa. Essa palavra hebraica tem muitas aplicações, sendo usada até para significar um “tumor” (ver I Samuel 5.6). Alguns veem neste termo uma “fortificação”, mas o mais provável é que esteja mesmo em pauta a “colina” de Samaria.” (CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1489).

 

“O pecado de Geazi. Foi um pecado complicado.

1. O amor ao dinheiro, aquela raiz de todos os males, estava na base do pecado. Seu senhor desprezou os tesouros de Naamã, mas ele os cobiçou (v. 20). Seu coração (diz o bispo Hall) estava guardado nas bagagens de Naamã e Geazi devia correr atrás dele para pegá-lo. Multidões, por cobiçarem as riquezas do mundo, se traspassaram a si mesmos com muitas dores.

2. Ele censurou a seu senhor por recusar o presente de Naamã, condenou-o como tolo por não receber ouro quando podia tê-lo feito, cobiçou e invejou a sua bondade e generosidade a esse estrangeiro, embora fosse para o bem da alma dele. Resumindo, ele se achou mais sábio do que o seu senhor.

3. Quando Naamã, como uma pessoa de maneiras polidas, desceu de sua carruagem para encontrá-lo (v. 21), Geazi lhe disse uma mentira deliberada, que o seu senhor

o enviara até ele, e assim recebeu, para si mesmo, aquele presente que Naamã pretendia dar ao seu senhor.

4. Ele abusou de seu senhor, e de maneira vil o representou diante de Naamã como alguém que tinha se arrependido de sua generosidade, que era inconstante como quem não sabe o que quer, que dizia e voltava atrás, jurava e voltava atrás, que não fazia uma coisa honrável, mas que logo devia desfazer novamente. A sua história dos dois filhos dos profetas era tão tola quanto falsa. Se ele tivesse implorado uma oferta para os dois jovens estudantes, com certeza menos do que um talento de prata seria o bastante.

5. Havia o perigo de ele desviar Naamã daquela santa religião à qual acabara de aderir, e diminuir a boa opinião que tinha a respeito dela. Ele poderia então dizer, como os inimigos de Paulo insinuaram a respeito dele (2 Co 12.16,17), que, embora o próprio Eliseu não lhe tivesse sido um peso, ainda sendo astuto, ele o apanhou com fraude, enviando aquele que o cobrava. Nós esperamos que, posteriormente, ele tenha entendido que a mão de Eliseu não estava nisso, e que Geazi foi forçado a restituir o que tinha pego injustamente, ou isso podia tê-lo levado novamente para os seus ídolos.

6. Sua busca em esconder o que tinha conseguido aumentou muito o seu pecado. (1) Ele o escondeu, como Acã fez com o que adquiriu, pelo sacrilégio, na torre, um lugar secreto, um lugar forte, até que ele tivesse uma oportunidade de dispor disso (v. 24). Agora ele pensava estar seguro e aplaudiu a sua própria gerência de uma fraude pela qual tinha enganado, não apenas a prudência de Naamã, mas o espírito de discernimento de Eliseu, como Ananias e Safira com os apóstolos. (2) Ele negou tudo: Ele entrou e pôs-se diante de seu senhor, pronto para receber suas ordens. Ninguém parecia observar mais ao seu senhor, embora ninguém parecesse mais ofensivo para ele. Ele pensou como Efraim: Eu tenho me enriquecido; não acharão em mim iniqüidade alguma (Os 12.8). Seu senhor lhe perguntou onde ele tinha estado. “Em nenhum lugar, senhor” (respondeu ele), “fora de casa”. Note: Geralmente uma mentira leva a outra: o caminho desse tipo de pecado é sempre para baixo. Por essa razão, tenha a coragem de ser verdadeiro.

A punição desse pecado. Eliseu imediatamente o chamou para um acerto de contas por causa disso. E observe:

1. Como ele foi condenado. Ele pensou enganar ao profeta, mas logo ficou claro para ele que o espírito de profecia não podia ser enganado, e que era inútil mentir ao Espírito Santo. Eliseu pôde lhe dizer: (1) O que ele tinha feito, embora o tivesse negado. “Tu dizes que não foste a lugar algum, mas não foi contigo o meu coração?” (v. 26). Geazi ainda tinha de aprender que os profetas têm olhos espirituais? Ou ele pensava ser possível esconder alguma coisa de um vidente, daquele com quem estava o segredo do Senhor? Note: E tolice abusar do pecado esperando mantê-lo em segredo. Quando tu te desvias para outro caminho, a tua consciência não vai contigo? Os olhos de Deus não vão contigo? O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, principalmente a língua mentirosa dura só um momento (Pv

12.19). A verdade espalhar-se-á e frequentemente vem à luz de forma surpreendente, para a confusão daqueles que fazem da mentira o seu refúgio. (2) O que ele planejara, embora guardasse isso em seu próprio coração. Ele podia ter-lhe dito os muitos pensamentos e intenções do seu coração, que ele estava projetando, agora que tinha adquirido esses dois talentos, para comprar terras e gado, deixar de servir a Eliseu e começar a trabalhar por conta própria. Note: Todas as esperanças tolas e artifícios das inclinações carnais estão abertos diante de Deus.

E ele também fala a Geazi do mal disso tudo: “Era isso ocasião para tomares prata? E uma oportunidade para te enriqueceres? Não poderias tu encontrar alguma outra forma melhor de conseguir dinheiro do que contradizer teu senhor, colocando uma pedra de tropeço diante de um novo convertido?” Note: Aqueles que querem conseguir riquezas a qualquer tempo, e por quaisquer meios e recursos, certos ou errados, colocam para si mesmos muitas tentações. Aqueles que querem ser ricos (perfast, per nefast; rem, rem, quocunque modo vem — por meios justos, por meios iníquos; sem se importar com princípios, pensando apenas em dinheiro) submergem a si mesmos não perdição e ruína (1 Tm 6.9). A guerra, o fogo, a praga e o naufrágio, não são, como muitos os fazem, coisas com que se ganhar dinheiro. Não é um tempo para aumentarmos nossa riqueza quando não podemos fazer isso a não ser por meios desonráveis para Deus e para a religião, ou ofensivos para nossos irmãos ou para o público.

2. Como ele foi punido por isso: A lepra de Naamã se pegará a ti (v. 27). Se ele tiver o seu dinheiro, levará essa doença com ele: Transit cum onere — o empecilho vai junto. Ele estava planejando legar terras para a sua posteridade, mas, em vez delas, ele lega uma doença repugnante aos herdeiros do seu corpo, de geração a geração. A sentença foi imediatamente executada. Tão logo foi dita, realizou-se. Ele saiu de diante dele leproso, branco como a neve. Assim, ele está estigmatizado e tornado infame, e carrega a marca da sua vergonha aonde quer que vá: Assim, ele carrega a si mesmo e a sua família com uma maldição, a qual não apenas proclamará a sua maldade no presente, mas para sempre perpetuará a lembrança dela. Note: Trabalhar por ajuntar tesouro com língua falsa é uma vaidade, e aqueles que a isso são impelidos buscam a morte (Pv 21.6). Aqueles que adquirem riqueza pela fraude e a injustiça não podem esperar nem o conforto nem a continuidade dela. O que Geazi lucrou, embora tivesse ganhado seus dois talentos, quando, com isso, perdeu sua saúde, sua honra, sua paz, seu serviço e, se o arrependimento não evitou, sua alma para sempre? Veja Jó 20.12ss.” (HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. pag. 566 – 567).

 

CONCLUSÃO

A cura de Naamã nos mostra que Deus está disposto a perdoar e salvar a todos, independentemente de posição social ou nacionalidade. E, apesar de muitas vezes não compreendermos, o Senhor opera maravilhas de formas diferenciadas (2 Rs 5.11.12). Naamã, a principio, não havia entendido o caminho para a cura, mas assim que a recebeu, reconheceu o Senhor como único e verdadeiro Deus.

 

PARA REFLETIR

A respeito de “Naamã é Curado da Lepra”, responda:

• Quem era Naamã?

Naamã era comandante dos exércitos da Siria.

• Que importância teve a menina escrava na cura de Naamã?

Ela se tornou uma agente de Deus na casa de Naamã, ainda que na condição de serva.

• O que Naamã esperava do profeta Eliseu?

Esperava que o profeta o recebesse com honras e que lhe tocasse com as mãos, mas a ordem foi de mergulhar sete vezes no rio Jordão.

• Quais curas Naamã recebeu?

Foi curado da lepra e do orgulho.

• O que aprendemos com a cura de Naamã?

A cura de Naamã nos mostra que Deus está disposto a perdoar e salvar a todos, independentemente de posição social ou nacionalidade.

 

Subsídio elaborado pelo Pb Alessandro Silva. Disponível em: https://professordaebd.com.br/8-licao-3-tri-21-naama-e-curado-da-lepra/. Acesso em: 16 AGO 21.