1º Trimestre de 2015
Lição 3
18 de janeiro de 2015
LIÇÃO
3: NÃO TERÁS OUTROS DEUSES
TEXTO ÁUREO
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“Ouve, Israel, o
SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR” (Dt 6.4).
[Shemá Israel (שמע ישראל;
"Ouça Israel") são as duas primeiras palavras da seção da Torá que
constitui a profissão de fé central do monoteísmo judaico no qual se diz שמע ישראל
י-ה-ו-ה אלוהינו י-ה-ו-ה אחד (Shemá Yisrael Ado-nai Elohêinu Ado-nai Echad -
Escuta ó Israel, Ado-nai nosso Deus é Um).
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VERDADE PRÁTICA
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O primeiro mandamento do Decálogo é
muito mais que uma apologia ao monoteísmo; trata-se da soberania de um Deus
que libertou Israel da escravidão do Egito.
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LEITURA DIÁRIA
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LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
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Deuteronômio 5.6,7;
6.1-6.
5.6 - Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa
da servidão.
7 - Não terás outros deuses diante de mim.
6.1 - Estes, pois, são os mandamentos, os estatutos e os juízos que
mandou o SENHOR, vosso Deus, para se vos ensinar, para que os fizésseis na
terra a que passais a possuir;
2 - para que temas ao SENHOR, teu Deus, e guardes todos os seus
estatutos e mandamentos, que eu te ordeno, tu, e teu filho, e o filho de teu
filho, todos os dias da tua vida; e que teus dias sejam prolongados.
3 - Ouve, pois, ó Israel, e atenta que os guardes, para que bem te
suceda, e muito te multipliques, como te disse o SENHOR, Deus de teus pais, na
terra que mana leite e mel.
4 - Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR.
5 - Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a
tua alma, e de todo o teu poder.
6 - E estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração.
OBJETIVO GERAL
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Amar a Deus, temê-lo e adorá-lo de
todo o coração e sinceridade.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
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Após esta aula, o aluno deverá estar apto a: Abaixo, os objetivos específicos
referem-se aos que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o
objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
·
I. Explicar a autoridade da Lei.
·
II. Informar que o primeiro mandamento
explicitava o anúncio de que havia um único Deus.
·
III. Mostrar a exegese do primeiro
mandamento.
·
IV. Apresentar a relação entre monoteísmo e
Trindade.
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COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
O primeiro mandamento vai além da proibição à idolatria; é contra o
politeísmo, seja em pensamento, seja em palavras. O propósito é levar Israel a
amar e a temer a Deus, e a adorar somente a Ele com sinceridade. Deus libertou
os israelitas da escravidão do Egito e por essa razão tem o direito ao senhorio
sobre eles, da mesma maneira que Cristo nos redimiu e se tornou Senhor absoluto
da nossa vida. [Comentário: “Então
falou Deus todas estas palavras, dizendo: Eu sou o SENHOR teu Deus, que te
tirei da terra do Egito, da casa da servidão”. (Êx 20:1-2) O prefácio dos
dez mandamentos expressa muito bem a relação pactual entre Deus e o seu povo.
Tendo tirado o seu povo da escravidão, ele exerce o seu duplo direito sobre
ele: como o Criador: “Eu sou o Senhor teu Deus”, e como o Redentor: “Que te tirei da terra do Egito”. Notemos que os mandamentos foram
dados após a redenção deles, isso por uma razão muito simples: Os mandamentos,
ou a lei de Deus, não foram dados como forma de se obter a salvação, mas sim, a
fim de que o seu povo vivesse em santidade, assim como ocorreu conosco: “Como também nos elegeu nele antes da
fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em
amor; E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo,
segundo o beneplácito de sua vontade”, (Ef 1:4-5). Hoje, estudaremos o
primeiro mandamento e veremos Quais são os deveres exigidos no primeiro mandamento.
De início, saibamos que este mandamento exige “o reconhecimento da exclusividade e veracidade de Deus”: “Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único
SENHOR”. (Dt 6.4). Devemos reconhecer que o Deus da bíblia é o único
verdadeiro e exclusivo Deus, e que a fé cristã é o caminho exclusivo para a
salvação (Rm 1:17). “A adoração e
glorificação dEle em todos os aspectos da nossa vida”: “Amarás, pois, o SENHOR teu Deus de todo o
teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças”. (Dt 6.5). Isso
não significa uma mera atitude emocional para com Deus, mas uma prática
devocional que nos leva a honrá-lo e obedecê-lo em todos os aspectos da nossa
vida pessoal, familiar, profissional e social. Este mandamento proíbe o
politeísmo que caracterizava todas as religiões do antigo Oriente Próximo.
Israel não devia adorar, nem invocar nenhum dos deuses doutras nações. Deus lhe
ordenou a temer e a servir somente a Ele (Dt 32.29; Js 24.14,15). Esse
mandamento aplicado aos crentes do NT, importa pelo menos três coisas. (1) A
adoração do crente deve ser dirigida exclusivamente a Deus. Não deve haver
jamais adoração ou oração a quaisquer outros deuses, espíritos ou pessoas
falecidas, nem se permite buscar orientação e ajuda da parte deles (Lv 17.7; Dt
6.4; 34.17; Sl 106.37; 1 Co 10.19,20). O primeiro mandamento trata,
principalmente, da proibição da adoração aos espíritos (i.e., demônios) através
do espiritismo, adivinhação, ocultismo e outras formas de idolatria (Dt
18.9-22). (2) O crente deve totalmente consagrar-se a Deus. Somente Deus,
mediante sua vontade revelada e sua Palavra inspirada, pode guiar a vida do
crente (Mt 4.4). (3) O crente deve ter como seu propósito na vida, buscar e
amar a Deus de todo o coração, de toda a alma e de todas as suas forças,
confiando nEle para conceder-lhe aquilo que é bom para a sua vida (Dt 6.5; Sl
119.2; Mt 6.33; Fp 3.8; ver Mt 22.37; Cl 3.5).] Convido você para
mergulharmos mais fundo nas Escrituras!
I. A AUTORIDADE DA LEI
1. A fórmula
introdutória do Decálogo. Os Dez Mandamentos estão registrados em dois
lugares na Bíblia (Êx 20.1-17; Dt 5.6-21). A fórmula introdutória: “Então,
falou Deus todas estas palavras, dizendo [...]” (Êx 20.1), é característica
única, como disse o rabino e erudito bíblico Benno Jacob: “Nós não temos um
segundo exemplo de tal sentença introdutória”. Nem mesmo na passagem paralela
em Deuteronômio é repetida, mas aparece de maneira reduzida ao mínimo absoluto.
[Comentário: A fórmula introdutória "Então, falou Deus
todas estas palavras, dizendo..." (êx 20.1) é característica única do
Decálogo, como explicou o rabino e erudito bíblico Benno Jacob: "Nós não
temos um segundo exemplo de tal sentença introdutória" (JACOB, 1992, p.
543). Nem mesmo na passagem paralela, a fórmula é repetida, mas aparece de
maneira reduzida ao "mínimo absoluto" (CHILDS, 1976, p. 593) para se
ajustar à estrutura da narrativa (Dt 5.5). No entanto, os outros códigos do
sistema mosaico são introduzidos com um discurso de Deus a Moisés como no
Código da Aliança: "Então, disse o SENHOR a Moisés"(Êx 20.22; 34.32;
Levítico 17.1; Deuteronômio 6.1). Fraseologia similar é usada para designar os
Dez Mandamentos: "Estas palavras falou o SENHOR a toda a vossa congregação
no monte, do meio do fogo, da nuvem e da escuridade, com grande voz, e nada
acrescentou; e as escreveu em duas tábuas de pedra e a mim mas deu"(Dt
5.22), mas ela não introduz o Decálogo. Tudo isso revela a origem e a
autoridade divina da lei. Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores
Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 31-32.]
2. As partes do
concerto. O prólogo dos Dez Mandamentos identifica as partes do concerto do
Sinai: “Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da
servidão” (Dt 5.6; Êx 20.2). Estas palavras são a fonte da autoridade divina da
lei e o prefácio de todo o Decálogo. É o termo legal de um pacto. De um lado, o
próprio Deus, o autor do concerto, e de outro, Israel, o povo a quem Deus
escolheu dentre todas as nações (Dt 4.37; 10.15). O nome de Israel não aparece
aqui, pois não é necessário. Deus se dirige ao seu povo na segunda pessoa do
singular porque a responsabilidade de servi-lo é pessoal, é para cada
israelita, mas está claro que o texto se refere a Israel-nação. [Comentário: Após a fórmula introdutória, vem o que é considerado o prefácio
de toda a lei: "Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito,
da casa da servidão" (Êx 20.2). O relato da criação em Gênesis e o relato
do dilúvio, por exemplo, falam por si sós sobre a soberania de Javé em todo o
universo como Senhor do céu e da terra. Desde os tempos antigos, discute-se se
esta declaração faz parte do primeiro mandamento. A autorrevelação de Deus aqui
é significativa. Javé já se havia revelado a Moisés antes (Êx 3.14,15; 6.2, 3),
mas aqui se trata de um relacionamento entre o humano e o divino, Deus e
Israel. Na declaração "Eu sou o SENHOR, teu Deus", apesar do uso na
segunda pessoa, ele se dirige à nação inteira de Israel. O nome divino está
vinculado ao resgate dos israelitas da terra do Egito, a grande libertação das
garras de Faraó. Esta redenção é o tema do livro de Êxodo. A "casa da
servidão" é o símbolo da opressão social. O Egito era uma terra boa e
abençoada, como o jardim do Éden (Gn 13.10; Dt 10.11); no entanto, passou para
a história como uma caserna ou quartel de escravos. Por isso, é lembrado nas
páginas da Bíblia como a "casa da servidão" (Dt 5.6; 6.12; 7.8; 8.14;
13.5, 10; Js 24.17; Jz 6.8; Mq 6.4). Os judeus consideram Êxodo 20.2 ou Deuteronômio
5.6 como parte do primeiro mandamento. Esequias Soares. Os Dez
Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora
CPAD. pag. 32-33.]
3. O Senhor do
universo. Alguns críticos liberais, com base numa premissa falsa sobre a
composição dos diversos códigos do sistema mosaico, querem sustentar a ideia de
um Deus tribal ou nacional na presente declaração. São teorias subjetivas que
eles procuram submeter a métodos sistemáticos para dar forma acadêmica ao seu
pressuposto. Mas o relato da criação em Gênesis e do dilúvio, por exemplo, fala
por si só da soberania de Jeová em todo o universo como Senhor do céu e da
terra, reduzindo as ideias liberais a cinzas. [Comentário: O termo soberania, denota uma situação em que
uma pessoa, com base em sua dignidade e autoridade, exerce o poder supremo,
sobre qualquer área, em sua província, que esteja sob a sua jurisdição. Um
"soberano" pois, exerce plena autonomia e desconhece imunidades
rivais. Quando é aplicado a Deus, o termo indica o total domínio do Senhor
sobre toda a sua vasta criação. Como Soberano que é, Deus exerce de modo
absoluto a sua vontade, sem ter de prestar contas a qualquer vontade finita.
Conforme se dá com outras ideias teológicas, o termo não figura nas páginas da
Bíblia, embora o conceito seja reiterado por inúmeras vezes. Para tanto, as
Escrituras apelam para a metáfora de "governante e súditos". Embora
expresse essa ideia de outras maneiras, é principalmente nas doxologias ou
atribuições de louvor que aparece o conceito. Poderíamos citar aqui uma
passagem do Antigo e uma do Novo Testamentos, como prova disso. " ... até
que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a
quem quer" (Dn 4.25). "Assim,
ao Rei eterno, imortal, invisível, Deus
único, honra e glória pelos séculos dos séculos. Amém" (1Tm 1.25). A
soberania de Deus consiste em sua onipotência, expressa em relação ao mundo
criado, mormente no tocante à responsabilidade moral das criaturas diante dele.
Visando a um fim benfazejo, e executando o seu plano eterno para a criação
inteira e para os homens Deus exerce autoridade absoluta, amoldando todas as
coisas e todos os acontecimentos à semelhança do que o oleiro faz com o mesmo
monte de barro amassado. Ver Rm 9.19 ss. Embora, erroneamente, quanto aos seus
motivos, o suposto objetar, postulado por Paulo, expressou uma verdade
inconteste: Pois quem jamais resistiu à sua (de Deus) vontade?" (vs. 19).
Além de mandar na sua criação sem que alguém possa intervir nas decisões
divinas, a Bíblia nos ensina que essa soberania é exercida tendo em vista
galardoar a piedade e castigar a rebeldia. E o que se vê em trechos como o de
Romanos 2.22, que diz: "Considerai,
pois, a bondade e a severidade de Deus; para com os que caíram, severidade; mas
para contigo, a bondade de Deus, se nela permaneceres; doutra sorte também tu
serás cortado". Isso nos permite chegar à conclusão de que Deus não
age arbitrariamente, movido pelo capricho, quando determina todas as coisas
segundo os ditames de sua soberana vontade. CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia
de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 1. Editora Hagnos. pag. 242.]
4. A libertação do
Egito. A segunda cláusula — “que te tirei da terra do Egito, da casa da
servidão” — é uma explicação de como se estabeleceu o concerto. Estava cumprida
a promessa de redenção feita a Abraão (Gn 15.13,14). A libertação de Israel do
Egito prefigura a nossa redenção, pois éramos prisioneiros do pecado e Cristo
nos libertou (Jo 8.32,36; Cl 1.13,14). É legítimo o senhorio de Deus sobre
Israel da mesma maneira que o Senhor Jesus Cristo tem o direito de reinar em
nossa vida (Gl 2.20). [Comentário: Êx 20.2 YAHWEH foi o autor do livramento de
Israel da servidão ao Egito. O autor sacro alude à informação dada antes, nos
capítulos primeiro a décimo sétimo, ou seja, os destrutivos prodígios das dez
pragas, além do livramento no mar de Juncos (Êx 13.22). O Deus libertador
também era o legislador. O povo de Israel, agora livre, entrava em um novo
pacto, o pacto mosaico. O pacto mosaico foi o quinto dos pactos. Esse pacto deu
início à quinta dispensação, a era durante a qual Israel tornou-se uma nação
distintiva por causa de seu código legal superior e divinamente inspirado.
Quanto à idéia que a lei mosaica exprime o caráter moral de Deus (cf. Lv
11.44,45; 19.2). Israel era o filho primogênito de Deus (Êx 4.22), e um filho
precisa ter a mesma natureza moral de seu pai. Cf. a declaração de Jesus em
Mateus 5.48: “Portanto, sede vós
perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste”. A Gratidão Requer
Obediência. O povo libertado de Israel deveria reconhecer o ato libertador de YAHWEH,
correspondendo a isso mediante a obediência à lei mosaica. Vemos o mesmo
conceito em Romanos 2.4, onde lemos que a bondade de Deus leva os homens ao
arrependimento. Alguns intérpretes judeus faziam deste segundo versículo o
primeiro mandamento. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento
Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 388. Que te tirei da terra do Egito. Nos
tratados de suserania do Oriente Próximo antigo, grande atenção era dada aos
atos beneficentes do rei para com o vassalo. Desta forma, não é de se admirar
que o pacto do Sinai fosse proclamado tendo este prólogo histórico que proclama
a atividade redentora de Deus. Esta declaração é fundamental para numerosos
aspectos do pensamento e da adoração israelita. O êxodo foi a chave para a autocompreensão
de Israel como povo, o seu conceito do Deus redentor, a concepção teocêntrica
da História, bem como a sua vida contínua de adoração. Comentário Bíblico
Broadman. Editora JUERP. Vol i. pag. 486.
PONTO CENTRAL
Deus é um Ser singular. Por isso, a nossa adoração e devoção devem ser
exclusivas.
CONHEÇA MAIS
Cultura Pagã Egípcia
O deus egípcio Amon-Rá é um dos principais símbolos da cultura
paganizada egípcia. Um deus adorado e venerado na cidade de Tebas. Talvez, a
divindade mais popular do Egito. De uma aparência pouco religiosa como outros
deuses do panteão egípcio, foi honrado como uma divindade política.
SÍNTESE DO TÓPICO I
A autoridade da lei está manifesta na
fórmula: “Então, falou Deus todas estas palavras, dizendo [...]”.
II. O PRIMEIRO MANDAMENTO
1. Um código
monoteísta. O pensamento principal do primeiro mandamento abrange a singularidade e
a exclusividade de Deus. Esse mandamento é o fundamento da vida em Israel, a
base de toda a lei e de toda a Bíblia. Jeová é o único e verdadeiro Deus e
somente Ele deve ser adorado (Mt 4.10). É a primeira vez que um código de lei
apresenta a existência de um só Deus: “Não terás outros deuses” (Dt 5.7; Êx
20.3). Os povos da antiguidade eram politeístas, pois adoravam a vários deuses.
[Comentário: O monoteísmo (do grego: μόνος, transl. mónos,
"único", e θεός, transl. théos, "deus": único deus) é a
crença na existência de apenas um só Deus.1 Diferente do politeísmo que
conceitua a natureza de vários deuses, como também diferencia-se do henoteísmo
por ser este a crença preferencial em um deus reconhecido entre muitos. Êx 3.3:
Não terás outros deuses. Temos aqui a
regra do monoteísmo. Neste ponto, o monoteísmo substitui todas as outras
possíveis noções de Deus. Todavia, não basta acreditar na existência de um Deus.
Esse Deus único precisa ser reconhecido e obedecido como a autoridade moral de
todos os atos humanos. Também só há um Deus no atinente à questão da adoração e
do serviço espirituais. O Deus único merece toda honra. Isso labora contra o
panteísmo e todo o seu caos (Ver Êx 23.13). A nação de Israel estava cercada
por povos que eram leais a um número impressionante de divindades. As pragas do
Egito tinham mostrado que só YAHWEH é Deus (ver Êx 5.2 e 6.7). Há uma profunda
verdade na ideia que um homem só pode adorar a um Deus. Jesus abordou essa
questão em Mateus 6.24. Os homens adoram aquelas coisas que lhes parecem
importantes, incluindo o dinheiro. Há deuses externos e internos. Mas todos
eles são deuses falsos. YAHWEH é um Deus zeloso que não tolera rivais (vs. 5;
34.14). Naturalmente, temos nisso uma linguagem antropomórfica. Divindades
rivais seriam algo contrário ao caráter único de Deus. E um deus que não é
único não é o verdadeiro Deus (Ver os vss. 22,23). A desobediência ao primeiro
mandamento foi a principal razão dos cativeiros que, finalmente, Israel sofreu.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por
versículo. Editora Hagnos. pag. 388.]
2. Idolatria do Egito. Os antigos
egípcios empregavam o termo TaNeteru, “terra dos deuses” para o seu país. Havia
no Egito uma proliferação de deuses como as tríades Osíris, Ísis e Hórus,
divindades padroeiras da cidade de Ábidos; Ptah, Sekhmet e Nefertum, de Mênfis.
Amon-Rá, Mut e Khonsu, de Tebas. Os israelitas viviam em meio a essa cultura
pagã. [Comentário: Fundamentalmente a religião egípcia estava bem
situada em suas práticas e horizontes. Os egípcios em cada distrito tendiam a
adorar as suas deidades locais, principalmente, ao invés de algumas grandes
figuras de importância nacional ou cósmica. À luz disto, o monoteísmo revelado
do AT não precisava esperar até depois do exílio babilônico para ser
manifestado ou formulado. No Período Posterior, a fama externa de Amon de Tebas
cresceu com o eclipse do Império, Ptá similarmente reiniciou o papel principal
de artíficies locais — deus de Mênfis, e Rá continuou tradicionalmente como
parte da teologia real — Osíris e Isis com seu filho Hórus ganharam uma maior
popularidade geral, enquanto que os deuses e deusas do Delta receberam mais
proeminência com a aquisição das cidades do Delta sob o governo dos reis do
Egito Baixo nas dinastias posteriores. Finalmente, o próprio Faraó deve ser
reconhecido entre os deuses. Ele era seu representante na terra, e entre os
egípcios era um homem que mexia com o mundo dos deuses. O rei vivo era tido
como Hórus, e o morto como Osíris; um novo rei recebia um direito de sucessão
que não se podia desafiar, ao menos parcialmente por virtude de dar-se o apropriado
enterro ao seu predecessor de modo filial como fez Hórus por Osíris. MERRILL
C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 2. pag. 332-335.]
3. Como Israel
preservou o monoteísmo de Abraão? Os egípcios abominavam os pastores
de ovelhas, principal atividade dos filhos de Israel. Por essa razão os hebreus
foram viver em Gósen, separados da idolatria (Gn 46.34). Agora, o próprio Deus
comunicava por meio de Moisés sua singularidade e exclusividade. Era a
revelação da doutrina monoteísta. [Comentário: Abraão nasceu em Ur dos caldeus, cidade da
Mesopotâmia (Gn 11.27-31). Seus ancestrais serviam a outros deuses (Js
24.2,15). A localização geográfica é a Mesopotâmia, entre os rios Tigre e
Eufrates, no atual Iraque. Os babilônios adoravam a diversos deuses, que eram
personificações da natureza, como Sin, o deus-sol de Ur e Harã; Istar, a deusa
do amor e da guerra; e Enlil, deus do vento e da terra. Bel era o nome de outra
divindade (do acádico, belo, "senhor"), equivalente a Baal, deus dos
cananeus. Com o tempo, Bel veio a ser identificado como Marduque ou Merodaque,
o patrono da cidade de Babilônia, que se tornou o principal deus no panteão
babilônico (Is 46.1; Jr 51.44). Os assírios adoravam, entre outros deuses, a
Adrameleque e a Nisroque (2 Rs 17.31; 19.37; Is 37.38). Os textos hieroglíficos
das pirâmides enumeram cerca de duzentos deuses e relatos mitológicos. Os
antigos egípcios empregavam o termo Ta Neteru, "terra dos deuses",
para o seu país. Havia uma proliferação de deuses e templos no Egito, e cada
grande cidade contava com suas tríades de acordo com as dinastias: em Ábidos,
Osíris, ísis e Hórus; em Mênfis, Ptah, Sekhmet e Nefertum, e, em Tebas, Amom,
Mut e Khonsu. O templo do sol, bêth shemeshp em hebraico, "casa do
sol" ür 43.13), é termo traduzido por "Heliópolis" na LXX, vindo
do grego, hêliou póleõs,24 "cidade do sol". Não confundir com a
cidade de Bete-Semes, em Judá (2 Rs 14.11). Aqui se trata da antiga cidade
egípcia de Om, seu nome hebraico, ou Heliópolis, em grego (Gn 41.45, 50 LXX). A
cidade era dedicada ao deus-sol, conhecido também como Rá; é a atual Tell el
Hisn, 16 km ao nordeste do Cairo. Os cananeus adoravam a Baal (Jz 6.31),
Baal-Berite (Jz 8.33). Seu plural é baalim. Baal era também conhecido pelas
cidades onde eram cultuados: Baal-Peor, da cidade de Peor (Dt 4.3; Os 9.10),
Baal-Meom, da cidade de Meom (Nm 32.38; Ez 25.9) e Baal-Zefom (Nm 33.7).
Astarote ou Astarte (Jz 10.6), identificada em nossas versões como "postes
sagrados", deusa Cananéia da fertilidade" era deusa nacional dos
sidônios (1 Rs 11.5, 33). Aparece como "bosque" na Versão Almeida
Corrigida, "poste-ídolo" na Atualizada, e "Aserins" na
Tradução Brasileira. São os ídolos de madeira e de pedras (Jr 3.9; Dt 4.28). A
madeira simbolizava a fertilidade feminina, a deusa Aserá, mãe dos deuses
cananeus; e a pedra representava a fertilidade masculina na religião dos
cananeus. Quemos ou Camos era o deus nacional dos moabitas (Nm 21.29; Jz 11.24;
I Rs 11.7, 33; II Rs 23.13; Jr 48.7, 13, 46). Malcam ou Milcom (I Rs 11.33) era
o deus nacional dos amonitas. Milcom, em hebraico milkom, e Moloque, molech, em
hebraico, seriam dois deuses ou nomes diferentes do mesmo deus? (I Rs 11.5, 7,
33). Parecem ser nomes alternativos. O termo malkãm significa "seu
rei", mas a Septuaginta, a Vulgata Latina e a Peshita traduzem esta
palavra como nome próprio. É uma questão de vocalização da palavra. As
consoantes hebraicas aqui são exatamente as mesmas - mlkm) e o texto antigo era
consonantal. Dagom e Baal-Zebube eram deuses dos filisteus (Jz 16.23-24; II Rs
1.2-3, 6,16). Os gregos do período do Novo Testamento tinham vários deuses:
Zeus, o pai dos deuses; Hermes, o deus mensageiro; Afrodite, a deusa do amor;
Dionísio, o deus do vinho; Atenas, ou Pala Atenas, nascida da cabeça de Zeus,
deusa padroeira da cidade de Atenas. Hesíodo, em sua obra Teogonia, a Origem
dos Deuses, apresenta uma lista interminável deles. Para os romanos, o pai dos
deuses era Júpiter; o deus correspondente a Hermes era Mercúrio (At 14.11-13);
Afrodite era similar a Vênus e assim por diante. Esses deuses da mitologia
greco-romana apresentavam os mesmos vícios e as mesmas características dos
humanos: ódio, inveja, ciúme, imperfeições... eles comiam, bebiam etc. Era
muito comum um homem ter o seu deus devocional, prestando-lhes cultos em
particular, além de oferecer libações a outros deuses. Por isso havia nas casas
romanas os penates ou nichos, espécies de altar com uma representação do deus
adorado naquele lar. Em Éfeso, a deusa Diana, Ártemis para os romanos, era
cultuada no templo daquela cidade, que era uma das sete maravilhas do mundo
antigo. Mas os seus adoradores também tinham miniaturas da imagem de Diana em
seus penates. Demétrio, de Éfeso, era fabricante de nichos (At 19.24). Os
mesmos adoradores desses deuses participavam também do culto do imperador. Esequias
Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante
Mudança. Editora CPAD. pag. 29-31.]
SÍNTESE DO TÓPICO II
A ideia principal do primeiro
mandamento exprime a singularidade e a exclusividade de Deus.
III. EXEGESE DO PRIMEIRO MANDAMENTO
1. Outros deuses. As palavras
hebraicas aherim e elohim, “outros deuses”, referem-se aos falsos deuses. O
substantivo elohim se aplica tanto ao Deus verdadeiro como aos deuses das
nações. No primeiro caso, é usado para expressar o conceito universal da
deidade, como encontramos no capítulo inteiro de Gênesis 1, pois expressa a
plenitude das excelências divinas. [Comentário: Estudos de críticos conservadores mostram que
a ideia de henoteísmo (crêr em um Deus supremo e admitir que existe outros
deuses) no primeiro mandamento não se sustenta. Esse mandamento é considerado o
mais genérico e o menos detalhado do Decálogo. O rabino Benno Jacob se
pronunciou sobre o assunto da seguinte forma: "Nós não podemos ajudar, mas
responder porque este mandamento não era usado para prover uma lição dogmática
final acerca das falsas deidades, mas isto foi precisamente o que o Decálogo
procurou evitar" (JACOB, 1992, p. 546). Ele explica. É que no Sinai só
existiam Javé e Israel, e nada havia a ser dito sobre as nações e seus deuses,
portanto o rabino acrescenta: "Não existia outro deus para o
Decálogo". A mais rudimentar regra da hermenêutica diz que nunca se deve
interpretar um texto isoladamente, fora do seu contexto. Aqui, esse contexto mostra
a proibição de sacrificar e servir a outros deuses é absoluta e sem concessão,
o que remete ao monoteísmo (Êx 22.20; 23.13; 34.14; Dt 6.4, 14; 13.2). É assim
que essas e outras passagens do Pentateuco explicam o primeiro mandamento.
Existe um só Deus e Deus é um só; esse pensamento permeia a Bíblia inteira (2
Rs 19.15; Jo 17.3). Os ídolos, de fato, não são deuses (Dt 32.21; Gl 4.8).
Apenas são chamados assim por existirem na mente dos seus adoradores (1 Co
8.5), mas não reais de fato. O objeto de adoração dos gentios são
representações demoníacas; os pagãos adoram os próprios demônios (Lv 17.7; Dt
32.17; 1 Co 10.20). Não existe Deus além de Javé (Is 44.6; 45.5, 6). Os
cristãos devem manter distância dos ídolos (1 Co 10.14; 1 Jo 5.21). Esequias
Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante
Mudança. Editora CPAD. pag. 35-36. Em Gn 1.26 encontramos: “Façamos o homem à nossa imagem." O
nome Deus é um plural. Alguns têm entendido tratar-se de uma referência à ,
enquanto outros, explicam que a finalidade da palavra no plural é denotar
majestade. Os reis tradicionalmente usam a forma plural ao referir-se a si
mesmos. Em Jó 33.4 e Salmos 104.30, sabemos que o Espírito de Deus esteve
presente na criação. Em Colossenses 1.16, vemos que Cristo, Filho de Deus, estava
trabalhando na criação.]
2. O ponto de
discussão. A expressão “diante de mim” (Dt 5.7b), em hebraico, al-panay, é termo
de significado amplo: “além de mim, acima de mim, ao meu lado, oposto a mim,
etc.” Essa variedade de sentido pode levar alguém a pensar que o primeiro
mandamento não proíbe o culto dos deuses, mas a adoração aos deuses diante de
Deus. Há quem defenda tal interpretação, mas é engano, pois o propósito de
al-panay aqui é mostrar que só Jeová é Deus. Não existe nenhum deus além do
Deus de Israel (Is 45.6,14,21; Jo 17.3; 1Co 8.6). Os deuses só existem na mente
dos gentios (1Co 8.5) e não sãos reais (Gl 4.8). Os ídolos que os pagãos adoram
são os próprios demônios (1Co 10.19-21). [Comentário: “mim”
é um pronome oblíquo tônico da 1ª pessoa do singular (eu). Diante de mim significa “lado a lado comigo ou além de mim”. Deus não
esperava que Israel o abandonasse; Ele sabia que o perigo estava na tendência
de prestar submissão igual a outros deuses. Este mandamento destaca o
monoteísmo do judaísmo e do cristianismo. “O primeiro mandamento proíbe todo
tipo de idolatria mental e todo afeto imoderado a coisas terrenas e que podem
ser percebidas com os sentidos.” Não existe verdadeira felicidade sem Deus,
porque Ele é a Fonte de toda a alegria. Quem busca alegria em outros lugares
quebra o primeiro mandamento e acaba na penúria e em meio a acontecimentos
trágicos. Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Êxodo. Editora CPAD. pag.
189. Diante de mim. Literalmente “à minha face” . Esta frase vagamente
incomum também parece ser usada em relação ao ato de tomar uma segunda esposa
enquanto a primeira ainda estivesse viva. Tal uso, de uma quebra de um
relacionamento pessoal exclusivo, ajuda a explicar o seu significado aqui. A
frase está relacionada à descrição de YHWH como um “ Deus zeloso” , no
versículo 5. Alguns comentaristas modernos sugerem que “ diante de YHWH” ou “ a
presença de YHWH” no restante da Torah são referências ao altar de YHWH
(23:17). Vêem, portanto, uma referência ao culto israelita: nenhum outro deus
pode ser adorado simultaneamente com YHWH num santuário comum, como era de
praxe, por exemplo, na religião cananita. Não há dúvida de que isto é verdade,
mas parece ser uma explicação inadequada. Seja qual for, porém, a maneira de
encararmos os detalhes da passagem, seu sentido principal é claro: por causa da
natureza de YHWH e do que YHWH fez por Israel, Ele não dividirá Seu louvor com
quem quer que seja: Ele é único. R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 148.]
3. O politeísmo. É a prática de
adoração a mais de uma divindade. Esta era a prática dos cananeus e de todos os
povos da antiguidade, e continua ainda hoje em muitas culturas. O termo vem da
língua grega, reunindo polys, “muito”, e theos, “deus”. Isso significa que o politeísta
serve e adora a vários deuses, e não o simples fato de reconhecer a existência
deles. Trata-se de um sistema oposto ao monoteísmo (monos, “único”), a crença
em um só Deus, revelado nas Escrituras Sagradas (Dt 6.4). [Comentário: Essa palavra vem do grego, poli, -muitos-, e theóe,
"deus.., ou seja, a crença de que existem muitos deuses. Isso contrasta
com o monoteísmo, a crença na existência de um único Deus, e com o henoteísma,
a crença de que apesar de existirem muitos deuses, somos responsáveis diante de
um só Deus. Só as três grandes fés: a do judaísmo, a do cristianismo e a do
islamismo têm adotado uma forte posição monoteísta. Contudo, os judeus e os
maometanos vêem o conceito trinitariano cristão como uma forma velada de monoteísmo.
Dentro do cristianismo moderno, os mórmons defendem um politeísmo teórico. De
acordo com o mormonismo, na verdade existiriam muitos deuses; mas, na prática,
eles promovem um triteismo: haveria três deuses com os quais temos algo a
tratar, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, que seriam pessoas separadas e
deuses distintos uns dos outros, e não meras hipóstases (vide) de uma única
essência divina. CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 5. Editora Hagnos. pag. 321.]
SÍNTESE DO TÓPICO III
O politeísmo é a prática da adoração
a mais de uma divindade. Esta fazia parte da cultura dos cananeus e dos povos
da antiguidade.
IV. O MONOTEÍSMO
1. Os mandamentos,
os estatutos e os juízos. Essas palavras denotam toda a lei do concerto (Dt
6.1,2). A pedido do próprio povo, Moisés passa a relatar, a partir daqui, as
palavras que Deus lhe disse no monte (Dt 5.27-31). A ordem aqui tem por
objetivo estreitar a relação de Deus com os filhos de Israel quando entrarem na
Terra Prometida. O povo precisava ser instruído para viver em obediência e no
temor de Jeová, e assim possuir a terra dos cananeus por herança (Dt 4.1). [Comentário: Dt 6.1 Mandamentos... estatutos... juízos. Temos aqui a tríplice
designação da legislação mosaica, conforme já tínhamos visto em Dt 5.31.
Estatutos e juízos figuram como que formando um par em Dt 4.1,5,8,14,45 e 5.1.
E Dt 6.20 reitera essa tripla designação. Talvez não devamos estabelecer distinções
muito nítidas entre esses três termos, pois parecem ser apenas uma referência
múltipla aos muitos preceitos baixados por Moisés. Alguns estudiosos têm
sugerido que os “mandamentos'' são os dez mandamentos, e os outros dois
vocábulos apontam para desenvolvimentos e ampliações posteriores do núcleo
original da lei. O que fica claro, contudo, é que está em pauta a complexa
legislação mosaica, referida por meio de vários termos. Toda essa grande
complexidade precisava ser ensinada (Dt 5.31), conhecida e observada (5.31-33),
para que então houvesse vida (4.1 e 5.33). [...]
se te ensinassem. A ideia de instrução é reiterada aqui. (Ver Dt 5.31). Para
que os cumprisses na terra. Ou seja, na Terra Prometida, dada a Israel por meio
do Pacto Abraãmico (Gn 15.18). Os três discursos de Moisés (que perfazem o
volume maior de Deuteronômio) exortavam o povo de Israel para que obedecesse à
lei, como meio de conquista e de vida boa e longa na Terra Prometida. Os filhos
de Israel precisavam instruir à geração mais jovem quanto aos seus deveres na
Terra Prometida. Por motivo de desobediência, a geração anterior havia perecido
no deserto, com as exceções únicas de Calebe e Josué (ver Dt 1.34 ss.). A lei
destinava-se a todas as “gerações” dos filhos de Israel (ver Êx 29.42; 31.16).
Esses estatutos eram “perpétuos” (Êx 29.42; 31.16; Lev. 3.17 e 16.29). Os
hebreus não antecipavam um fim para o seu sistema religioso. Mas ele terminou,
e isso serviu de instrumento para o começo do cristianismo. Todos os sistemas
terminam e assim tornam-se instrumentos de avanço. Essa evolução é que é
“perpétua”. A epístola aos Hebreus mostra como e por qual motivo o Antigo Pacto
terminou, a fim de que o Novo Pacto pudesse tomar o lugar daquele e percorrer o
seu próprio curso. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento
Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 781, 784.]
2. O maior de todos
os mandamentos. Note que a frase “o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR” (Dt 6.4) é
citada por Jesus Cristo como parte do primeiro e grande mandamento da lei (Mc
12.29,30). Essa é a confissão de fé do judaísmo e, ainda hoje, os judeus
religiosos recitam-na três vezes ao dia. [Comentário: Os versículos 4 e 5 fazem parte do que
chamamos Shema (hb. “ouve”). Este é o credo do judaísmo. O SENHOR, nosso Deus,
é o único SENHOR ou “O Senhor é o nosso Deus, o Senhor é um” são traduções
válidas. Os judeus consideram a palavra hebraica YAHWEH muito sagrada para ser
pronunciada e, por isso, a substituem pela palavra Adonai, “meu Senhor”. YAHWEH
quer dizer, literalmente, “Ele é” ou “Ele se toma, Ele vem. Almeida Revista e Corrigida
(ARC) traduz por “JEOVÁ” ou “SENHOR” (assim, em letras maiúsculas) todas as
vezes que, no original, ocorre a palavra hebraica YAHWEH. (N. do T.) a ser”.
Moffatt a traduz por “o Eterno”. Os dizeres do versículo 4 declaram que o
Senhor é o Deus de Israel, que ele é o único Deus e que ele é o mesmo em todos
os lugares. Esta descrição estava em oposição aos deuses das nações
circunvizinhas, particularmente a Baal que era adorado de diferentes formas e
com diferentes ritos em diversas localidades. A palavra único não é
incompatível com a doutrina cristã da Trindade, ou seja, três Pessoas da mesma
substância em uma deidade. Com efeito, a palavra Deus está, via de regra, na
forma plural nas Bíblias hebraicas como também neste versículo. Leo G.
Cox. Comentário Bíblico Beacon. Êxodo. Editora CPAD. pag. 433-434.]
3. A Trindade na
unidade. A palavra hebraica usada aqui indica uma unidade composta, por isso o
monoteísmo judaico-cristão não contradiz a doutrina da Trindade. A mesma
palavra é usada para afirmar que marido e mulher são “uma só carne” (Gn 2.24).
A expressão “o único SENHOR” se traduz também por “o SENHOR é um” (Zc 14.9). A
Bíblia Hebraica, tradução judaica do Antigo Testamento para o português, traduz
o termo como “o Eterno é um só”. Além disso, vemos a Trindade indiretamente em
todo o Antigo Testamento. O Novo Testamento tornou explícito o que dantes
estava implícito com a manifestação do Filho de Deus. [Comentário: O monoteísmo é instituído como confissão de fé na lei de
Moisés, e o Decálogo introduz esta doutrina. O monoteísmo é a crença em um só Deus,
como sugere a própria palavra: monos, "único", e theos, "Deus".
O termo é usado para designar a crença em um e somente um Deus. A ênfase nesta
unidade contrasta de maneira visível com o henoteísmo e a monolatria, além do
politeísmo. Os patriarcas do Gênesis, Abraão, Isaque e Jacó, eram monoteístas e
instruíram seus descendentes nessa crença (Dt 13.6; 28.64; Jr 19.4). O Deus de
Israel revelado no Antigo Testamento é o mesmo Deus do cristianismo (Mc
12.29-32). O Senhor Jesus não somente ratificou o monoteísmo judaico do Antigo
Testamento, como também afirmou que o Deus Javé de Israel, mencionado em
Deuteronômio 6.4-6, é o mesmo Deus que ele veio revelar à humanidade (Jo 1.18).
O monoteísmo cristão é trinitário porque a sua base é de um só Deus que
subsiste em três pessoas distintas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo (Mt
28.19). O monoteísmo judaico é chamado de monoteísmo ético, pois Javé é um Deus
com propósito ético e a afirmação de um só Deus é feita com base ética. Os Dez
Mandamentos são chamados de "Decálogo Ético". A doutrina de Deus é
uma "questão de vida ou morte", pois, Jesus disse: "E a vida
eterna é esta: que conheçam a ti só por único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo,
a quem enviaste" (Jo 17.3). O apóstolo Paulo anunciava aos gentios o mesmo
Deus de seus antepassados: "O Deus de nossos pais de antemão te designou
para que conheças a sua vontade, e vejas aquele Justo, e ouças a voz da sua
boca" (At 22.14). Veja o que ele ensina nas epístolas: "Todavia para
nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só
Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por ele" (1 Co
8.6); "Ora, o medianeiro não o é de um só, mas Deus é um" (Gl 3.20);
"Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos, e em todos
vós" (Ef 4.6). A fé cristã não admite a existência de outro Deus além do Deus
de Israel (Mc 12.32). É o monoteísmo judaico-cristão. Esequias Soares. Os
Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança.
Editora CPAD. pag. 36-37.]
SÍNTESE DO TÓPICO IV
O monoteísmo é explicitado na frase
“o Senhor nosso Deus, é o único Senhor”. Mais tarde foi citada por Jesus como parte
do primeiro grande mandamento (Mc 12.30,31).
CONCLUSÃO
Aprendemos na presente lição que Deus revela a si mesmo no seu grande
nome e que a nossa adoração deve ser exclusiva, pois Ele é singular. O Espírito
Santo mostra que o primeiro mandamento é muito mais que uma simples apologia ao
monoteísmo, mas diz essencialmente o que Jesus nos ensinou: ninguém pode servir
a dois senhores (Mt 6.24). [Comentário: O primeiro mandamento ensina que só existe um Deus;
e Ele é nosso Senhor e dono; Ele nos deu a Sua lei; e ela deve ser obedecida.
Isso rejeita peremptoriamente a idolatria. O Deus único requer o cumprimento da
lei do amor, que sumaria a lei toda em uma única declaração, precisamente o
quinto versículo deste capítulo. Ό objeto da atenção exclusiva, do afeto e da
adoração de Israel não é difuso, mas compacto e único. Está em foco algum
panteão de divindades, cada uma das quais possuidora de uma personalidade
dotada da desconcertante capacidade de ser dividida por devotos e santuários
rivais, impedindo que a atenção do adorador se concentre sobre um único objeto.
A atenção de Israel, porém, não podia ser dividida; antes, confinava-se ao Ser
único e bem definido, cujo nome é YAHWEH"]. “NaquEle que me
garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é
dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Francisco Barbosa
Campina Grande-PB
Janeiro de 2015
PARA REFLETIR
Sobre o
primeiro mandamento:
O que
implica para a vida o mandamento “Não terás outros deuses”?
Exclusividade
e entrega inteira para Deus. Não permitir que nenhuma outra coisa tome o lugar
de Deus no coração.
Que mal
a idolatria pode trazer para a vida de uma pessoa?
Um
comprometimento com princípios pagãos de vida, que nada têm a ver com a vontade
de Deus.
Qual é
a importância do maior de todos os mandamentos?
Este
mandamento era o fundamento da vida em Israel. Os israelitas deviam anunciar
Jeová como o único e verdadeiro Deus em meio a uma cultura politeísta.
Por que
a nossa adoração deve ser exclusiva a Deus?
Porque
Deus é o fundamento da nossa vida.
“O
Senhor nosso Deus é o único Senhor.” Que significado este mandamento tem para
você?
Procure
fazer com que o aluno expresse da maneira mais natural possível o que ele sente
ao ouvir essa expressão.
NOTAS BIBLIOGRÁFICAS
Revista Lições Bíblicas Mestre - 1º
Trim./2015 - CPAD
Tema: "Os Dez
Mandamentos" - Os Valores Divinos para uma Sociedade e Constante Mudança
Comentário: Pr. Esequias Soares
Consultores Doutrinários e
Teológicos: Pr. Antonio Gilberto e Pr. Claudionor de Andrade
Autorizo a todos que quiserem fazer uso dos
subsídios colocados neste Blog. Solicito, tão somente, que indiquem a fonte e
não modifiquem o seu conteúdo. Agradeceria, igualmente, a gentileza de um
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