Lições Bíblicas do 1º Trimestre de 2013 - CPAD -
Jovens e Adultos
Título: Elias e Eliseu — Um ministério de
poder para toda a Igreja.
Comentarista: José Gonçalves.
Consultor Doutrinário e Teológico da CPAD: Pr.
Antonio Gilberto
Elaboração e pesquisa para a Escola Dominical da
Igreja de Cristo no Brasil, Campina Grande-PB;
Lição 8 - O LEGADO DE ELIAS
24 de fevereiro de 2013
TEXTO ÁUREO
"E disse Josafá: Não há aqui algum profeta do
Senhor, para que consultemos ao Senhor por ele? Então, respondeu um dos servos
do rei de Israel e disse: Aqui está Eliseu, filho de Safate, que deitava água
sobre as mãos de Elias" (2 Rs 3.11). – Josafá, cético diante dos profetas
bajuladores, fez a mesma pergunta ao rei Acabe em 1Rs 22.7.
VERDADE PRÁTICA
Através do ministério de Eliseu aprendemos que
os grandes homens foram aqueles que aprenderam a servir.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
1 Reis 19.16,17,19-21
OBJETIVOS
Após esta aula, o
aluno deverá estar apto a:
·
Reconhecer o caráter divino da
vocação e chamada de Elias;
·
Detalhar os princípios da
exclusividade, autoridade da vocação e a chamada de Elias; e
·
Compreender como se deu a sucessão
e o discipulado de Eliseu.
Palavra Chave
sucessor
adj (lat successore) 1 Que sucede a outrem. 2 Que
herda. 3 Que tem a mesma dignidade ou os mesmos predicados que outrem teve.[a]
COMENTÁRIO
introdução
Na sequência de estudos
sobre os ministérios de Elias e de Eliseu, veremos o trabalho do profeta Elias
para a continuidade do ministério após a sua partida, o trabalho que Elias fez
para que a obra do Senhor tivesse sua continuidade após a sua partida deste mundo.
Como afirma o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa (on line), “legado” é “o
que é transmitido a outrem que vem a seguir”. Elias foi conscientizado pelo
Senhor de que sua obra de manter a identidade de Israel como povo de Deus não
se esgotaria com ele, mas deveria ter continuidade. Ao longo do trimestre,
temos visto que o profeta Elias era extremamente zeloso com a Palavra de Deus.
Neste zelo incondicional, nada mais óbvio que a preocupação com o seu sucessor
e o ministério monoteístico do culto à YAHWEH. Neste estudo, não poderia me
imiscuir de desmistificar algumas perícopes, descaradamente desvirtuadas em
exegeses esdrúxulas e descabidas. Venham comigo! Tenhamos todos uma excelente,
proveitosa e abençoada aula!
I. O LONGO PERCURSO DE
ELIAS
1. Uma volta às origens.
Elias realizou uma grande viagem para os padrões de
sua época, em direção ao monte Horebe, cuja localização é incerta. A tradição o
tem identificado como o monte Jabel Musa (Monte de Moisés), uma montanha de
2.300 metros no centro de uma faixa de granito, ao sul da penísula do Sinai. Em
Êxodo 3.1 Horebe é chamado como o “Monte de Deus”, descrevendo a montanha como
um santuário. Foi nesse monte que Deus se revelou a Moisés como o grande EU SOU
(Ex 3.1). Ali Deus revelou a Israel seu nome pelo qual deveria ser invocado:
YAHWEH (traduzindo em nossas Bíblias como SENHOR) e que dali em diante deveria
ser usado na adoração. Aqui também o Senhor revelaria a Lei a Moisés (Êx
19.1-25; 20.1-26). Essa viagem era necessária e oportuna, haja visto o
esmorecimento da fé em Israel, da eliminação dos profetas do Senhor, e da vida
secreta que levavam os sete mil reservados que não se prostraram perante Baal.
Num momento de fadiga, de esmorecimento, de desilusão, sem dúvida esse é o
momento de retornar ao primeiro amor! É interessante o fato que o Senhor lhe
perguntou: Que fazes aqui, Elias? (19,9). No versículo 7 o próprio Deus lhe
avisa que a jornada seria longa e depois de alimentá-lo, Elias caminha 40 dias
e 40 noites viajando por um vasto território até Horebe. Deus fez essa pergunta
ao profeta para lembrá-lo de que ele poderia ter buscado ao Senhor em qualquer
parte de Israel. Se o Senhor ouviu às suas orações e respondeu a elas no monte
Carmelo, podia ouvi-las em qualquer lugar. Elias desejava buscar ao Senhor da
aliança no lugar onde ele se encontrara com Moisés e Israel. O Senhor de
Israel, porém, não é um Deus local, mais acessível no Sinai do que em qualquer
outro lugar.”
2. Uma revelação
transformadora. O Senhor não revelou a si
mesmo a Elias da forma espetacular como a Moisés. A este profeta ancião,
desencorajado e desesperançado, Deus responde com brandura. Deus agora atribui
ao incansável profeta tres novas atribuições (vv 15-16) e assegura-lhe que ele
não estava sozinho, na realidade havia ainda outros sete mil fiéis (1 Rs
19.18). Deus revelou a Elias ainda, a necessidade de um sucessor (1 Rs 19.16).
A propósito, Charles Swindoll destaca que “graças ao modo gentil e bondoso de
Deus, Elias arrastou-se para fora da caverna. “Partiu, pois, Elias dali”. De
maneira graciosa Deus o alimentara e dera descanso, refrigério e sábios
conselhos, fazendo que Elias se sentisse novamente parte significativa de seu
plano. Isso é que é compaixão! Então Deus permitiu que Elias passasse seu manto
para Eliseu, seu sucessor. Mas fez mais do que isso, muito mais, pois Eliseu
“se dispôs, e seguiu a Elias, e o servia”. Deus não deu a Elias apenas um
sucessor: deu também um amigo próximo, pessoal, alguém que amava Elias e o
compreendia suficientemente bem para servi-lo e encorajá-lo. [b]
SINOPSE DO TÓPICO (I)
Precisamos nos conscientizar que na obra de DEUS não somos descartáveis,
mas, de igual forma, ninguém é insubstituível.
II. ELIAS NA CASA DE ELISEU
1. A exclusividade da
chamada. Rayond B. Dillard destaca que “o chamado de Deus
para todos nós é a sinceridade ao comprometimento. Para alguns, isso significa
deixar um negócio ou emprego para seguir uma vocação profissional no
ministério. Para outros, significa servir dedicadamente em muitos diferentes
empreendimentos. Seja qual for o nosso trabalho, quer no ministério ou num
emprego, o chamado de Deus para o serviço e compromisso deve eclipsar todos os
outros.”[c]
2. A autoridade da
chamada. Raymond Dillard destaca que “uma maneira na qual os
escritores do Antigo Testamento descrevem a possessão pelo Espírito de Deus é
dizer que o Espírito “revestia” um profeta. [Obs: Isso no original em hebraico;
nas diversas versões, às vezes foram usadas outras palavras, como vemos a
seguir — N.R.] (1 Cr 12.18-19 [“entrou”]; 2 Cr 24.20 [“se apoderou”]; Jz 6.34).
Esse é o pano de fundo para o simbolismo envolvido quando Elias lançou o seu
manto sobre Eliseu (1 Rs 19.19). Eliseu, como Elias, seria revestido com o
Espírito de Deus, e introduzido na ordem dos profetas. Mais tarde, quando Elias
foi levado para o céu, Eliseu apanhou o manto de Elias e dividiu as águas do
rio Jordão e, então, o grupo de profetas que testemunhou essa ação, soube que
“o espírito de Elias repousa sobre Eliseu” (2 Rs 2.13-15).”7 De nada adianta,
portanto, o ofício se a unção não o acompanha! Não é, portanto, o ofício que
determina a unção, mas a unção que valida o ofício! Eliseu de fato recebeu
autoridade divina, pois possuiu um ministério marcado por milagres. Hoje há
muita titulação, mas pouca unção!
SINOPSE DO TÓPICO (I)
DEUS chama e prepara pessoas fiéis para a sua obra. A obra do Senhor é
para os chamados e vocacionados.
III. ELIAS E O
DISCIPULADO DE ELISEU
1. As virtudes de
Eliseu. A história da chamada de Eliseu e como se deu o seu
discipulado deveria ser o padrão para a sucessão de lideres hoje. A qualidade
dos ministros atuais tem caído muito e, acredito, a fragmentação denominacional
tem uma boa parcela de contribuição. Não é segredo que esse processo acontece
pela disputa de domínio de determinado espaço ou território entre as
lideranças, que não chegando a um consenso sobre as suas esferas de atuação,
resolvem dividir de forma litigiosa determinado campo pastoral. Quando Elias
lançou a sua capa sobre Eliseu, com esse ato disse-lhe que o escolhera para receber
a autoridade e poder para o seu ofício.
2. A nobreza de um
pedido. O pedido que Eliseu fez ao profeta Elias antes
deste ser assunto aos céus é algo que merece uma reflexão à parte. Na verdade
esse pedido de Eliseu revela a nobreza da sua chamada. No Novo Testamento
encontramos o apóstolo Paulo dizendo: “Fiel é a palavra: se alguém aspira ao
episcopado, excelente obra almeja” (1Tm 3.1). Desejar ser um ministro da
Palavra é um dos desejos mais nobres! Quando Eliseu pede a “porção dobrada”, na
verdade, ele está requerendo o direito de progenitura sobre os demais profetas
da escola de Elias. Elias foi líder de uma “escola de profetas”, e Eliseu era
um dos seus alunos. O ambiente da escola lembrava uma fraternidade onde os
membros eram chamados de “filhos dos profetas” (v. 3,5). Ora, com a trasladação
de Elias quem seria o seu substituto? Ou seja, quem havia de ser o novo líder?
Então, Eliseu baseado na lei mosaica (cf. Dt 21.17) pede a Elias a “porção
dobrada”, ou seja, os direitos de um filho primogênito. O primeiro filho
recebia o dobro das riquezas do pai em relação aos seus irmãos, e isso
implicava mais responsabilidade para a manutenção da família. Donald J. Wiseman
lembra que esse filho primogênito “tinha a responsabilidade de perpetuar o nome
e o trabalho do pai”. Nesse sentido, a tradução da Nova Versão Internacional
(NVI) traz mais luz para a interpretação: “Depois de atravessar, Elias disse
a Eliseu: ‘O que posso fazer por você antes que eu seja levado para longe de
você?’ Respondeu Eliseu: ‘Faze de mim o principal herdeiro de teu espírito
profético’". A “porção dobrada”, portanto, em um primeiro momento, não
significava “mais poder” para milagres. Significa, isso sim, mais
responsabilidade como o novo líder a representar o legado do antigo líder.
SINOPSE DO TÓPICO (III)
Eliseu era perseverante, se ele tivesse ficado pelo caminho, não teria
sido o homem de DEUS que foi! Somente os perseverantes conseguem chegar ao fim.
IV. O LEGADO DE ELIAS
1. Espiritual. Não
dependia de Elias, mas cabia a Deus determinar se o ousado pedido de Eliseu
seria atendido. De alguma forma Eliseu sabia que Elias estava para partir do
mundo e estava determinado a segui-lo até ao fim. Elias havia chamado Eliseu
para assumir o seu ofício e Eliseu estava determinado em segui-lo. Eliseu viveu
nesse contexto, foi influenciado por ele e teve esse legado como herança.
2. Moral. Elias
não foi um homem apenas de grandes virtudes espirituais, mas também portador de
virtudes morais. E perceptível no relato bíblico que Elias possuía fortes
valores morais. Elias denuncia os profetas que comiam da mesa de Jezabel (1 Rs
18.19). Como pode alguém comprado possuir autoridade para profetizar? A
percepção do que era certo ou errado, do que era justo ou injusto também eram
bem patentes na vida do profeta de Tisbe. Esses valores morais se tomam
evidentes quando ele demonstra grande indignação diante da ação do rei Acabe.
Acabe assassina Nabote para ficar com a vinha deste (1 Rs 21.17-20). Para
Elias, Acabe havia se vendido para fazer o mal. Acerca dos valores
fundamentais, o filósofo Battista Mondin destaca que eles são: “Os guias que o
ajudam (o homem) a realizar o próprio projeto de humanidade. Eis, portanto, o
critério para estabelecer a hierarquia de valores: ele é constituído pela
contribuição que uma coisa, uma pessoa, uma ação pode dar para a realização do
projeto-homem e do valor-homem. Uma realidade ocupa um degrau tanto mais
elevado na hierarquia dos valores quanto maior é a sua contribuição nesse
sentido e tanto mais baixo é menor sua contribuição. De fato, as hierarquias de
valores foram estabelecidas por quase todos os estudiosos com esse critério. E,
se as hierarquias aparecem tão contrastantes e disparatadas, deve-se somente ao
desacordo que reina entre os filósofos em relação ao projeto-homem. Se
aceitarmos o projeto nietzscheano, obtemos uma hierarquia que tem no ápice a
vontade de poder. Se acolhermos o projeto marxista, o primeiro lugar na
hierarquia de valores cabe ao trabalho. Se assumirmos um projeto freudiano,
elaboramos uma hierarquia fundada sobre o primado do prazer [...] Um
projeto-homem, para ser fiel a todos os dados de nossa experiência, leva em
consideração também a experiência da transcendência e, portanto, no ápice da
escala dos valores outro que não o próprio Deus. Ele, já digno da máxima
estima, respeito e louvor por si mesmo, é também digno da máxima consideração
em relação ao projeto-homem, porque só Ele é capaz de assegurar ao homem a
atuação plena do próprio projeto de humanidade.” Eliseu aprendera que ninguém conseguirá
ser um homem de Deus como Elias o foi, se não possuir valores morais e
espirituais bem definidos. [c]
SINOPSE DO TÓPICO (IV)
Ninguém conseguirá ser um homem de Deus como Elias o foi, se não possuir
valores morais e espirituais bem definidos.
CONCLUSÃO
O legado de Elias e a dedicação
exclusiva de seu sucessor Eliseu é ponto de luz e instrução para a liderança
espiritual. Hoje há notadamente uma crise de liderança, as vidas de Elias e
Eliseu se erguem como um memorial para o qual devemos olhar. Aprendemos que
existe a hora de ir, mas também a de voltar (1 Rs 19.15). Aqui fito o recuo do
líder espiritual romano - líderes também recuam! Aprendemos que além dos Elias,
Deus também vê Eliseu. Aprendemos, pois, a história do reino é construída por homens
que se dispõem em obedecê-lo, por homens que aprendem a depender somente dEle.
N’Ele, que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto
não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8),
Recife, PE
Fevereiro de 2013,
Francisco de Assis Barbosa
Cor mio tibi offero, Domine,
prompte et sincere
Meu coração te ofereço, Senhor,
pronto e sincero (Calvino)
EXERCÍCIOS
1. De que forma o Senhor
corrigiu a compreensão que Elias possuía dos fatos?
R: Mostrando a ele que havia ainda sete mil fiéis e,
portanto, ele não havia trabalhado em vão.
2. De que forma Eliseu reagiu à
chamada divina?
R: Sacrificando os animais e deixando o convívio
familiar para acompanhar Elias.
3. De que forma Eliseu
demonstrou ser um homem virtuoso?
R: Demonstrando discernimento, perseverança e
vigilância.
4. Cite os
legados deixados pelo profeta Elias listados na lição.
R: Moral e espiritual.
5. Como podemos perceber
o valor e coragem de Elias no relato Bíblico?
R: Ele confrontou os profetas de Baal e reprimiu-os
severamente.
NOTAS BIBLIOGRÁFICAS
OBRAS CONSULTADAS:
-. Lições Bíblicas do 1º Trimestre de 2013, Jovens e Adultos: Elias e Eliseu — Um ministério de poder para toda a Igreja; Comentarista: José Gonçalves; CPAD;
-. Bíblia de Estudo de Genebra. São Paulo e Barueri, Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999;
-. Bíblia de Estudo Plenitude, Barueri, SP; SBB 2001;
-. Bíblia de Estudo Palavra Chave Hebraico e Grego, - 2ª Ed.; 2ª reimpr. Rio de Janeiro: CPAD, 2011;
[a] -. http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=sucessor;
[b] -. SWINDOLL, Charles. Elias — um homem de heroísmo e humildade. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 2010;
[c] -. DILLARD, Raymond B. Fé em Face da Apostasia — o evangelho segundo Elias e Eliseu. Editora Cultura Cristã;
[d] -. http://euvoupraebd.blogspot.com/2013/02/licao-8-o-legado-de-elias.html#ixzz2LTcc0nL3.
-. Lições Bíblicas do 1º Trimestre de 2013, Jovens e Adultos: Elias e Eliseu — Um ministério de poder para toda a Igreja; Comentarista: José Gonçalves; CPAD;
-. Bíblia de Estudo de Genebra. São Paulo e Barueri, Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999;
-. Bíblia de Estudo Plenitude, Barueri, SP; SBB 2001;
-. Bíblia de Estudo Palavra Chave Hebraico e Grego, - 2ª Ed.; 2ª reimpr. Rio de Janeiro: CPAD, 2011;
[a] -. http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=sucessor;
[b] -. SWINDOLL, Charles. Elias — um homem de heroísmo e humildade. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 2010;
[c] -. DILLARD, Raymond B. Fé em Face da Apostasia — o evangelho segundo Elias e Eliseu. Editora Cultura Cristã;
[d] -. http://euvoupraebd.blogspot.com/2013/02/licao-8-o-legado-de-elias.html#ixzz2LTcc0nL3.
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Francisco de Assis Barbosa