TEXTO AUREO
“E não podiam ter-se em pé os sacerdotes para ministrar, por causa da nuvem, porque a glória do Senhor enchera a Casa do Senhor.” (1 Rs 8.11)
VERDADE PRATICA
O pedido de sabedoria feito por Salomão a Deus aponta para a maturidade espiritual que Deus deseja para seus filhos.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
1 Reis 4. 29-34; 6.1,
11-14
INTRODUÇÃO
Por amor
ao rei Davi, Deus permitiu que Salomão estabelecesse um reino sólido, próspero,
justo, cheio de glória e poder. Foi durante o reinado de Salomão que Israel
atingiu seu apogeu na história. Entretanto, mesmo diante de toda essa grandeza,
promovida por sua sabedoria, esse destacado monarca se deixou levar por
interesses políticos e desejos pecaminosos.
Comentário
Salomão significa “homem
de paz” em hebraico. Ele foi o segundo filho de Davi com Bate-Seba e o terceiro
rei de Israel sob o reino unido. Após uma perturbadora história de adultério e
assassinato protagonizada por Davi e morte do seu primeiro filho como
consequência do duplo pecado, Salomão foi o filho que lhe sucedeu no trono.
Isso demonstra a grande misericórdia de Deus ao permitir que, mesmo como fruto
de uma união questionável, após sofrer as consequências do seu ato, Deus
concedeu a Davi a imensurável graça de poder conduzir o seu filho Salomão ao
trono. O profeta Natã deu a ele o nome de Jedidias (o amado do Senhor). Tudo
indica que Salomão tenha sido o único rei a ser ungido de forma dupla: por um
profeta, Natã, e por um sacerdote, Zadoque (1 Rs 1.34).
A condução de Salomão ao
trono não se sucedeu sem antes acontecerem muitas tramas dramáticas na família
de Davi. Embora este fosse o maior rei de Israel, sucederam-lhe consequências
da sua ausência como figura paterna e a sua dificuldade em lidar com a educação
adequada dos filhos (1 Rs 1.6), especialmente porque, na cultura patriarcal, da
qual Davi era oriundo, eram a mãe e os criados que normalmente cuidavam dos
filhos. O rei Davi teve vários problemas com os seus filhos: o incesto de Amnom
com Tamar (2 Sm 13.14); a vingança de Absalão matando Amnom (2 Sm 13.28,29),
pois Davi não fez nada com Amnom a não ser ficar irado (1 Sm 13.25,26,37;
14.24,32,33); o golpe de estado aplicado por Absalão (2 Sm 15.2-6,10,12-14); e
a tentativa de golpe para tornar-se rei feita por Adonias (1 Rs 1.5). Davi já
estava velho, o reino à mercê, e ele não tomava a decisão de apontar um
sucessor; por isso, foi preciso ajuda do profeta Natã e da mãe de Salomão para
que Davi tomasse as providencias para a sua coroação. Portanto, a condução de
Salomão ao trono foi antecedida por lutas políticas e morte de alguns dos
filhos de Davi — um alto custo de vidas humanas —, o que poderia trazer muitas
dificuldades para Salomão. Porém, como o próprio nome Salomão significa, o seu
reino foi pacífico, embora tivesse que matar Adonias, o seu irmão; destituir o
sacerdote Abiatar por ter participado da conspiração de Adonias (1 Rs
2.26,27,35); matar o antigo general do exército de Davi, Joabe, pelo mesmo
motivo (2 Rs 2.29-34); e matar também a Simei, que se voltara contra o seu pai,
Davi (1 Rs 2.46). Dessa forma, o seu reino encontrou paz e solidez.
Após a morte de Davi e em
função da aliança que Deus tinha para com ele, o Senhor constituiu um reino
muito sólido para o seu filho Salomão, permitindo um período de muita
prosperidade, glória e poder. O domínio de Israel atingiu o seu maior apogeu na
história durante o reinado de Salomão. Dessa forma, uma das tarefas de Salomão
era manter e controlar um grande território que recebera como legado do seu
pai, Davi.
Pommerening. Claiton
Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora
CPAD.
- Nomes
A palavra Salomão deriva
do hebraico Shelomah, que significa “pessoa pacífica”. Sob as ordens do profeta
Natã, ele também recebeu o nome de Jedldias, que significa “amado por Yahweh”
(lI Sam. 12.24,25). Mas Salomão foi o nome que prevaleceu, e o homem é chamado
assim 300 vezes no Antigo Testamento.
- Família
O rei Davi teve muitas
mulheres e muitos filhos. Salomão foi aparentemente o décimo filho do rei Davi.
Sua mãe era a bela Bate-Seba, que já havia tido um filho de Davi, resultado de
seu adultério. Este filho morreu logo após o nascimento, mas sua mãe foi
colhida ao harém de Davi depois do assassinato de Urias, marido de Bate-Seba.
Salomão teve seis
meio-irmãos que nasceram em Hebrom, cada um de uma mãe diferente (11 Sam.
3.25). A linhagem messiânica, é claro, passou por Salomão (Mal. 1.6).
III. Pano de Fundo
Histórico
Saul e Davi tiveram origem
humilde, em contraste com Salomão, que nasceu em um palácio. Saul foi capaz de
enfraquecer alguns dos inimigos de Israel, mas foi Davi quem realizou a árdua
tarefa de unificar o país ao derrotar seus muitos inimigos. Aqueles que ele não
aniquilou, conseguiu confinar. De fato, ele derrotou sete pequenos impérios
para obter seu poder total. Ver li Sam. 5.17-25; 7.10; 12.26-31; 21.15-22 e I
Crô. 18.1. Davi foi o Guerreiro Rei perfeito, enquanto Salomão foi o Construtor
Sábio perfeito, capaz de alcançar a época áurea de Israel e tornar-se o maior
rei israelita. Mas ele não poderia ter feito isso sem o trabalho preparatório
de seu pai que, digamos, lhe ofereceu o império numa bandeja de prata.
Davi unificou o império e
assim Salomão recebeu poder sobre tanto o norte como sobre o sul. Esta situação
logo desintegrou no reino de seu filho, Reoboão, que, sem sabedoria, criou
condições que dividiram o país em duas partes: o sul (Judá e Benjamim) e o
norte (as Dez Tribos de Israel).
O Egito, inimigo perene,
havia sofrido sérias derrotas que o mantiveram no fundo do cenário por dois
séculos.
Isto permitiu que Salomão
se engajasse em suas extensas atividades. O império hitita da Anatólia (o
território da moderna Turquia) também sofreu um período de derrota nas mãos dos
frigianos e dos filisteus. A Assíria era ainda um poder nascente e, assim, não
interferiu nos avanços de Salomão, e o dia da Babilônia ainda não havia chego.
Salomão tinha vizinhos encrenqueiros, mas nenhum rival verdadeiro.
- Chegada ao Poder
Salomão teve rivais ao
trono e, na verdade, não era o candidato mais óbvio. Davi havia recebido uma
revelação de que “Salomão era o homem certo” para o cargo (I Crô. 22), e isso
teve grande influência na escolha daquele filho em particular, entre várias
possibilidades. Muitos de seus filhos mais velhos foram eliminados
violentamente.
Adonias era mais velho que
Salomão e, portanto, a escolha óbvia para o reinado. Ele contava com homens
poderosos e tentou forçar a questão. O sumo sacerdote, Abiatar, o apoiou e deu
às suas ambições um tipo de aval espiritual.
Um suposto festival
religioso em En-Rogel (I Reis 1.9) acabou sendo uma operação política secreta
para tomar Adonias o rei. O profeta Natã e Bete-Seba imediatamente planejaram
colocar seu homem “Salomão” no poder. Davi ordenou que Zadoque ungisse Salomão
como rei. As forças se acumularam em apoio a Salomão, e logo Adonias implorava
por misericórdia, asi lando-se nos chifres do alto altar do Tabernáculo. Como
prêmio de consolação, ele solicitou que a bela Abisague lhe fosse dada por
esposa.
Mas ela fazia parte do
harém de Davi, embora continuasse virgem porque o velho rei se tornara
impotente antes de incluí-a em sua coleção. Ela acabou sendo apenas um
aquece-cama para ele. Em qualquer caso, Salomão, furioso com o fato de que seu
meio-irmão tentara ascender à cama de seu pai, ordenou sua execução. Isso
significou o fim da rivalidade e a consolidação do poder de Salomão. Ver I Reis
2.24,25.
Abiatar não foi executado,
mas a linhagem de Zadoque tomou o oficio de sumo sacerdote, em recompensa por
ter apoiado a facção Davi-Salomão. O único xeque ao poder de Salomão foi a
opinião do povo em geral. Os impostos ridiculamente altos, o trabalho escravo e
a posterior apostasia e idolatria mancharam os anos finais de seu reinado e
montaram o palco para a divisão do reino nas partes norte e sul.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 6.
Editora Hagnos. pag. 48.
SALOMAO O nome de Salomão
aparece aproximadamente 300 vezes no Antigo Testamento e 12 vezes no Novo (cf,
1 Rs 1-11; 14,21,26; 2 Cr 1-11; 2 Sm 12.24; 1 Cr 3.10; 22.5-19; 28.5-11,20; Sl
72; 127 (títulos); Pv 1.1; 10.1; Mt 6.29; 12.42; et ai). Salomão, o “homem do
crepúsculo e das sombras”, foi o segundo filho de Davi com Bate-Seba. O seu
primeiro filho morreu logo após o nascimento (2 Sm 12.18). Salomão foi o quarto
filho nascido ao rei Davi em Jerusalém (2 Sm 5.14; 12.24). Como o terceiro rei
de Israel, Salomão reinou durante 40 anos (aproximadamente de 971 a 931 ou de
960 a 922 a.C.). Ele também era conhecido como Jedidias, que significa “amado
pelo Senhor”.
Mocidade Pouco se sabe a
respeito da mocidade de Salomão. Ele era o filho da esposa favorita do rei
Davi, Bate-Seba, uma mulher inteligente e encantadora que exercia uma grande
influência sobre o rei, e um grande poder sobre a corte. Salomão cresceu em uma
casa polígama. O rei Davi casava-se frequentemente (as Escrituras registram 18
casamentos).
Havia constante tensão
entre as esposas e os seus respectivos filhos. O harém do rei tomou-se o
cenário de todos os tipos de intrigas e contra-intrigas daqueles que faziam as
suas manobras para conseguir favores e posições de prestígio. Assim, Salomão
cresceu em um tipo de ambiente que acabou por educá-lo e acostumá-lo à arte das
práticas políticas rudes e agitadas.
A Luta pelo Trono (1 Rs
1-2)
Durante a enfermidade
final de Davi, houve uma disputa enlouquecida pelo trono entre Adonias, o filho
mais velho, e Salomão, o seguinte na linha da sucessão. Não era segredo o fato
de que depois da briga entre Amnom e Absalão, Davi havia prometido o trono a
Salomão.
Adonias pediu o auxílio de
Joabe, o general do exército, e de Abiatar, o sacerdote. Seus amigos
reuniram-se em En-Rogel, perto de Jerusalém, para sacrificar ovelhas, bois e
animais cevados. Esta frustrada festa de coroação nâo incluiu Salomão nem
aqueles que eram favoráveis à sua causa. Também Natã, o profeta, Zadoque, o
sacerdote e Benaia, o chefe da guarda pessoal de Davi, estavam ausentes. Quando
eles souberam do plano de Adonias para apoderar-se do trono, lideraram uma
contra-intriga com a ajuda de Bate-Seba, Com as ordens de Davi, Salomão montou
a mula real e cavalgou rodeado de seus defensores legais até a nascente de Giom
no vale de Cedrom, no lado leste de Sião. Ali Zadoque ungiu o rapaz real com um
vaso de azeite do Tabernáculo e, em meio ao som de uma trombeta, o povo gritava
“Viva o rei Salomão!” O abortivo coup d’etat de Adonias desmantelou-se. Por sua
vez, ele implorou por misericórdia e prometeu lealdade a Salomão, Depois da
morte de Davi (1 Rs 2.10), Salomão agiu rapidamente para solidificar sua posse do
trono. Como era um mero rapaz (1 Rs 3.7), de 18 anos no máximo, seu pai
moribundo lhe deu algumas instruções para livrar-se daqueles que pudessem
querer arrancar o poder das suas mãos (1 Rs 2.1-9).
Salomão viu a sabedoria do
conselho de Davi e, como um déspota oriental típico, ele rapidamente liquidou
os seus principais rivais. Adonias foi executado com base na mera suspeita de
que ao pedir ao rei que lhe desse Abisague (a principal concubina de Davi) como
esposa, estivesse preparando alguma intriga (1 Rs 2.13-25). Por causa da sua
participação no plano de Adonias para roubar o trono, o venerável Abiatar foi
deposto do seu sacerdócio e banido para sua cidade natal, Anatote (Anata, cf. 1
Rs 2.26,27), e sua casa foi extinta (1 Sm 2.27-36). Zadoque assumiu o lugar de
Abiatar. Joabe, temendo pela própria vida, fugiu para o Tabernáculo para
esconder-se. Mas Salomão ordenou que Benaia o matasse. Por sua vez, Benaia
sucedeu a Joabe como comandante dos exércitos (1 Rs 2.28-35). Simei, um membro
da família de Benjamim, que tinha amaldiçoado Davi violentamente durante a
rebelião de Absalão, foi mantido sob vigilância em Jerusalém durante três anos
e foi morto quando tentava recuperar dois escravos que tinham fugido para Gate
(1 Rs 2.36-46).
PFEIFFER .Charles F. Dicionário
Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1739-1740.
I-A
SABEDORIA DE SALOMÃO
1. A
virtude de Salomão. Antes mesmo de
receber a sabedoria como um dom divino, Salomão já apresentava alguns traços
dessa virtude, pois ao ser inquirido por Deus quanto a qualquer pedido que
quisesse lhe fazer (1 Rs 3.5), o grande rei escolhera a sabedoria, do que se
depreende o quanto já era sábio. Ora, se fosse ganancioso pediria dinheiro, se
fosse orgulhoso pediria glória, se fosse vaidoso pediria muitos dias de vida,
se fosse vingativo pediria a morte dos inimigos (1 Rs 3.11,13; 2 Cr 1.10). Mas,
de que adiantariam todas essas coisas se lhe faltasse a sabedoria? Salomão teve
um elevado senso de prioridade ao pedir a Deus a coisa certa.
Comentário
A grande virtude de
Salomão foi a sabedoria que ele recebeu como um dom divino, mas, mesmo antes de
recebê-la, ele já apresentava alguns traços de sabedoria, pois, ao ser
inquirido por Deus quanto a qualquer pedido que quisesse fazer-lhe (1 Rs 3.5),
Salomão preferiu a sabedoria; isso por si só já demonstra que ele era um homem
sábio, pois, se fosse ganancioso, pediria dinheiro; se fosse orgulhoso, pediria
glória; se fosse vaidoso, pediria muitos dias de vida; se fosse vingativo,
pediria a morte dos inimigos (1 Rs 3.11,13; 2 Cr 1.10). De que adiantariam
todas essas coisas se lhe faltasse a sabedoria? Salomão, portanto, tinha um
elevado senso de prioridade para pedir a coisa certa para Deus.
Uma conceituação bíblica
de sabedoria seria a correta compreensão da realidade e a base de uma vida
ética e moral elevadas (Jó 11.6; Pv 2.6). Ela expressa-se na vida diária em
“temor [reverência] do Senhor” (Jó 28.28; Pv 1.7), surge de atitudes de coração
e mente e expressa-se em prudência, cuidados e acolhimento nas relações humanas
e institucionais. A sabedoria também pode ser expressa em técnicas e perícia
(Êx 25.3; 4.28), na habilidade de julgamento entre certo e errado (1 Rs 3;
4.28) e aplica-se na boa administração e liderança (1 Rs 10.4,24; Sl 105.16-22;
At 7.10).
A sabedoria expressa no
Antigo Testamento reflete os ensinos de um Deus pessoal, justo e bom, cuja
conduta deve ser imitada e exibida por aqueles que o temem na vida cotidiana.
Nesse sentido, a sabedoria do Antigo Testamento diverge da sabedoria grega,
cuja principal fonte é o conhecimento perfeito. Já a sabedoria bíblica não
exige conhecimento teórico para fazer-se presente. Ela é o reflexo das virtudes
presentes na observância da ética presente na Lei divina, como a prudência que
é expressa por aqueles que falam com sabedoria (Sl 37.30; Pv 10.31) e pelo uso
sábio do tempo (Sl 90.12).
A sabedoria sempre será
oriunda de Deus e do conhecimento que se tem dEle e do relacionamento que se
tem com Ele. A sabedoria, portanto, é um dos seus atributos e uma dádiva que
Ele dá (Tg 1.5) graciosamente.
“Conhecimento” vem da
palavra hebraica yada e é usada para expressar familiaridade com alguém, para
relacionamentos íntimos (Êx 33.17; Dt 34.10) e sexuais (Gn 4.1; 19.8), bem como
para o relacionamento com alguma divindade (Dt 13.3), ou também com Deus (1 Sm
2.12; 3.7). Portanto, se considerado o relacionamento íntimo, trata-se da
comunhão com muita proximidade e afeto. Em se tratando do conhecimento de Deus,
sempre que se estabelece esse tipo de relacionamento com Ele, o resultado desse
encontro enriquecerá o fiel que assim se interessa por Ele, e um dos resultados
é a sabedoria divina oriunda desse encontro íntimo. Se nos relacionamentos
humanos já somos enriquecidos com aquilo que o outro tem, quanto mais o será no
conhecimento íntimo de Deus.
Pommerening. Claiton
Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora
CPAD.
O Senhor apareceu a
Salomão num sonho, como para Abraão, Isaque e Jacó e Samuel (Gn 15.12; 26.24;
28.12; ISm 3), o sonho era uma forma normal de revelação divina, mas inferior à
palavra profética direta (Nm 12.6-8) e, mais tarde, considerada suspeita (Jr
23.25-32). Natã tinha transmitido a palavra de Deus a Davi (2Sm 7.4; 12.1), mas
infelizmente nem ele nem outro sucessor apareceram para guiar Salomão.
Bruce; F. F. Comentário
Bíblico NVI: Antigo e Novo Testamento. Editora Vida. pag. 545.
O autor sagrado acabara de
informar-nos sobre a imensa piedade de Salomão. Provavelmente nenhum outro rei,
em toda a história de Israel, mostrou-se tão ativo dentro do sistema
sacrificial. Agora somos informados sobre como sua espiritualidade rendeu bons
resultados naturais. Salomão deveria tornar-se o mais sábio homem da terra, por
dom divino, inspiração e iluminação. Mas isso ocorreria somente se ele tomasse
as decisões certas. Fama mundial, riquezas e poder representavam tentação para
qualquer monarca. Mas Salomão, embora pudesse ter escolhido e recebido essas
coisas, preferiu a sabedoria. Visto ter feito a opção certa, todas as outras
coisas lhe foram acrescentadas.
Esse relato mostra-nos que
o segredo da grandeza de Salomão foi que, bem no começo de seu reinado, ele fez
as escolhas certas, além de ter permanecido ligado a Yahweh mediante uma
piedade sincera. Em outras palavras, a espiritualidade de Salomão tinha poder
de torná-lo grande em tudo quanto ele era, e foi exatamente o que aconteceu.
Ver no Dicionário o artigo chamado Desenvolvimento Espiritual, Meios do. O
texto mostra-nos que não devemos rejeitar as experiências místicas.
A experiência mostra-nos
que existem sonhos espirituais ou mesmo divinamente inspirados. A maioria das
culturas tem, corretamente, acreditado nessa possibilidade. Os exageros na
questão não são contrários às manifestações genuínas. Meu artigo descreve os
vários tipos de sonhos. Nem todo sonho é igual. O artigo também lista os vários
sonhos bíblicos e sua significação. Usualmente, um sonho tem menos poder e é de
menos iluminação do que uma visão, mas esse nem sempre é o caso,
necessariamente. Ver Atos 2.17 (explicado no Novo Testamento Interpretado),
onde os homens de idade é que receberiam os sonhos espirituais, ao passo que os
jovens teriam as visões, embora ambas as experiências venham da parte do
Senhor.
Novamente, os exageros de
pessoas que brincam com as experiências místicas não desmerecem as
manifestações autênticas.
Em Gibeom. Salomão estava
atarefado em sacrifícios piedosos, e podemos supor seguramente que orações
tenham feito parte dos ritos. Assim, sua mente estava condicionada para a
“visão noturna” (John Gill) que haveria de seguir-se. Precisamos ter maior
condicionamento espiritual, mais cultivo do espírito e da mente, para estarmos
sujeitos a movimentos incomuns do Espírito. Isso nos ajuda a crescer
espiritualmente e a mostrar-nos mais eficazes.
Pede-me o que queres que
eu te dê. O autor sacro não se deu ao trabalho de mencionar as coisas que
Salomão poderia ter pedido. Mas havia o óbvio que quase todas as pessoas
procuram: dinheiro, prestígio, fama, poder e consolo. Yahweh apresentou um
cheque em branco que Salomão preencheria conforme lhe agradasse. Mas a
sabedoria estava em sua mente, e foi a sabedoria que ele pôs no cheque.
“Parece haver uma relação
de causa e efeito entre a amorosa generosidade de Salomão ao fazer sua oferenda
ao Senhor e a amorosa generosidade de Deus ao fazer a Salomão essa oferta”
(Thomas L. Constable, in loc.).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora
Hagnos. pag. 1356-1357.
2. O
sábio pede sabedoria. Ao pedir
sabedoria, Salomão se mostrou um homem humilde, e isso pode ser constatado em
uma das respostas que deu ao Senhor: “sou ainda menino pequeno, não sei como
sair, nem como entrar” (1 Rs 3.7b). Significa que ele tinha plena consciência
da grandeza de sua tarefa (1 Rs 3.8), não permitindo que a imponência do seu
reinado lhe conduzisse à prepotência. Ao contrário, demonstrou profundo
autoconhecimento, o que é peculiar a toda pessoa sábia.
Comentário
Deus apareceu em sonhos
para Salomão e deu a ele a opção de pedir o que quisesse. O seu pedido
demonstrou a sabedoria que ele já possuía. Nesse mesmo sonho, ele orou a Deus e
expôs várias coisas que são dignas de nota: (1) Ele reconheceu a soberania de
Deus e a forma como agiu no passado, lembrou-se da fidelidade, justiça e
retidão de Davi, o seu pai, e da benevolência que Deus usou para com ele,
reconhecendo que ele mesmo, Salomão, é fruto dessa bondade divina. Salomão
viu-se como um escolhido de Deus (1 Rs 3.6); (2) Ele reconheceu a sua fraqueza
e mostrou-se um homem humilde no pedido de sabedoria, pois uma das respostas
que dá a Deus é: “[…] e sou ainda menino pequeno, nem sei como sair, nem como
entrar” (1 Rs 3.7b). O próprio Salomão escreveu que “a humildade precede a
honra” (Pv 15.33b, ARA), o que se tornou realidade na sua vida. Isso demonstra
que ele tinha plena consciência da grandeza da tarefa (1 Rs 3.8), não
permitindo que a imponência do reinado fosse motivo de prepotência, mas, acima
de tudo, demonstrou um autoconhecimento profundo, muito peculiar a toda pessoa
sábia; (3) Ele reconheceu que nem o povo era dele, nem a coroa que estava sobre
a sua cabeça, mas que Deus estava acima de tudo e havia elegido um povo
numeroso e complexo para Salomão tomar conta (1 Rs 3.8); (4) O pedido vai de
acordo com a vontade divina, mostrando que ele não foi egoísta pedindo coisas
para si, pois o verdadeiro líder pensa em satisfazer as necessidades do povo, e
não em satisfazer os seus próprios interesses e/ou da sua família, mas pede
para o bem do povo e segundo as suas necessidades. Ele pediu um coração
compreensivo, apto a ouvir, entender e discernir a situação do outro, sabendo
fazer a diferença entre o bem e o mal.
Assim como Salomão, a
pessoa sábia conhece os seus próprios limites e sempre perscruta o seu coração
para encontrar ali tesouros, mas também para perceber as inclinações do coração
e as suas próprias falhas e limites, sabendo perfeitamente lidar com elas para
não prejudicar a si mesmo e muito menos aos outros. Essa é a grande virtude de
Salomão demonstrada ao pedir sabedoria a Deus, pois ele tinha clareza das suas
limitações e sentia necessidade de aprimorar a sua habilidade de percepção para
julgar corretamente o povo.
Discernir a si mesmo é uma
necessidade básica para ter sabedoria. Quem não conhece a si mesmo e não sabe
cuidar de si e das suas emoções, desejos e paixões, corre o perigo de agir de
forma imprudente e projetar as suas próprias necessidades sobre os outros.
Algumas vezes, o que permanece inconsciente poderá ter um efeito devastador
sobre as pessoas ao redor que são afetadas pelas decisões desse líder. Todas as
decisões precisam estar em harmonia com o coração do líder e com os impulsos
que se escondem no seu interior.
O pedido de Salomão revela
uma das maiores necessidades de qualquer liderança: o discernimento para
entender de forma compassiva qualquer situação e a inteligência para tomar as
decisões certas baseadas na justiça e na equidade.
Pommerening. Claiton
Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora
CPAD.
Salomão, o Rei-menino.
Fora a providência divina que fizera Salomão tornar- se o rei de Israel, mas
ele ainda era “verde”, ainda estava “imaturo”, ainda era uma “criança”. Ele se
tornou parte integral do pacto davidico, o primeiro a perpetuar sua linhagem,
que apontava para o rei Messias, o Filho Maior de Davi.
Notemos os títulos
divinos: fora Yahweh-Elohim quem fizera Salomão ser rei. Esse é o Deus Eterno e
Todo-poderoso. Ver no Dicionário o artigo intitulado Deus, Nomes Bíblicos de.
“Jeremias falou sobre sí
mesmo como uma criança por causa de sua chamada (Jer. 1.6), e Salomão, por
semelhante modo, referiu-se a si mesmo como uma “criança”. Essa palavra
tenciona, pelo menos em parte, denotar a humildade da inexperiência, mas em
parte enfatiza o senso de chamado divino de Salomão a uma tarefa mais do que
humana” (Norman H. Snaith, in loc.). Algumas versões e intérpretes mais antigos
tomavam a expressão literalmente, pensando que Salomão teria começado a reinar
ainda muito jovem. A Septuaginta declara que ele tinha apenas 12 anos de idade.
Para Josefo (ver Antiq. Vlll.7.8) ele tinha 14 anos e reinou por oitenta anos!
Provavelmente ele tinha cerca de 20 anos, uma idade muito tenra para a tarefa
de ser rei. Ele nasceu mais ou menos no tempo da guerra contra os amonitas (ver
II Sam. 12.24), e provavelmente isso ocorreu em meados do quinquagésimo
aniversário de Davi.
Comparar este versículo
com I Crô. 22.5 e 29.1. Salomão não sabia como administrar, como sair e entrar,
como um pastor agia com suas ovelhas. Ele estava livre de inimigos principais,
o que tinha sido obra de Davi (ver II Sam. 10.19).
Teu servo está no meio do
teu povo. O Peso da Responsabilidade de Salomão. O rei-criança (metaforicamente
falando) estava enfrentando uma tarefa formidável. Cabia-lhe governar um povo
divinamente escolhido, um povo muito numeroso. O último recenseamento feito por
Davi mostrou que havia cerca de 1.300.000 capazes de ir à guerra (ver II Sam.
24.9), o que indicaria que a população total de Israel, incluindo homens fora
da idade militar, mulheres e crianças, era de cerca de 6.000.000 de habitantes.
Assim sendo, apesar de esse número dificilmente justificar as palavras “tão
numeroso que se não pode contar”, era, contudo, suficientemente grande para
deixar consternada a mente de Salomão. E/e era responsável por toda essa gente!
Comparar as expressões “como a areia do mar” (ver II Sam. 17.11) e “como as
estrelas do céu” (ver Êxo. 32.13). Parte do Pacto Abraâmico (ver as notas
expositivas a respeito em Gên. 15.18) dizia que seus descendentes seriam
numerosíssimos. Quanto ao caráter distintivo dos israelitas, que incluía o fato
de terem sido divinamente escolhido, ver as notas expositivas em Deu. 4.4-8. A
grande responsabilidade de Salomão levou-o a buscar sabedoria acima de todas as
coisas, acima de todas as outras vantagens, e seu pedido lhe foi concedido.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora
Hagnos. pag. 1357
Ele reconhece a sua
própria insuficiência para a realização da grande responsabilidade para a qual
ele fora chamado (w. 7,8). E aqui está um duplo argumento para reforçar seu
pedido por sabedoria: — (1) Que a sua posição a exigia, como sucessor de Davi
(“Tu fizeste reinar teu servo em lugar de Davi, que era um homem muito sábio e
bom: Senhor, dá-me sabedoria, para que eu possa manter o que ele fez, e
continuar o que ele começou”) e como soberano de Israel: “Senhor, dá-me
sabedoria para governar bem; porque é um povo numeroso, para que não seja
administrado sem muito cuidado, porque ele é o teu povo, a quem Tu escolheste,
e por essa razão deve ser governado para Ti, e quanto mais sabiamente ele for
governado, mais glória terás dele”. (2) Que ele precisava dela. Como alguém que
tinha um sentimento humilde de sua própria deficiência, ele suplica: Senhor,
sou ainda menino pequeno (assim ele se chama de criança em relação ao
entendimento, embora seu pai o chame de homem sábio, 2.9), nem sei como sair
nem como entrar como devo, nem administrar os negócios diários comuns do
governo, muito menos o que fazer em uma situação crítica”. Note: Aqueles que
ocupam cargos públicos devem ser muito sensíveis ao peso e importância de seu
trabalho e de sua própria insuficiência para realizá-lo, e então eles estão
qualificados para receberem instrução divina. A pergunta de Paulo (Quem é
suficiente para essas coisas?) assemelha-se muito à de Salomão aqui: Quem
poderia julgar a este teu tão grande povo ? (v. 9). Absalão, que foi um tolo,
queria ser um juiz; Salomão, que era um homem sábio, treme com a incumbência e
suspeita de sua própria aptidão para ela. Os homens mais instruídos e
ponderados são os mais inteirados das próprias fraquezas e os mais desconfiados
de si mesmos.
HENRY. Matthew. Comentário
Matthew Henry Antigo Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. pag. 450.
3. A
sabedoria na prática de vida. Tiago escreveu em sua epístola que existe uma falsa sabedoria que se
evidencia pela inveja e sentimento faccioso. Essa sabedoria não vem de Deus,
mas é terrena, animal e diabólica (Tg 3.15). É fruto de ciúme, divisionismo,
perturbação e obras perversas (Tg 3.16). No entanto, o apóstolo asseverou que
se alguém não tem sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente (Tg
1.5). As características desta virtude que vem do alto são: a pureza, a
pacificação, a prudência, a benevolência, a misericórdia, os bons frutos, a
imparcialidade e a sinceridade (Tg 3.17).
Comentário
O apóstolo Tiago escreveu
que existe um tipo de sabedoria que se aprimora em levar vantagem em tudo, que
maquina habilidosamente o mal e que é maquiavelicamente calculista para
trapacear os outros. Essa sabedoria é terrena, animal e diabólica, pois é fruto
de ciúme, divisionismo, confusão e obras maléficas (Tg 3.15,16). No entanto,
ele incentiva os crentes a pedirem a Deus sabedoria (Tg 1.5) do alto, que Ele
reparte liberalmente a todos, cuja virtude é a pureza, a pacificação, a
gentileza, a fácil tratabilidade, a misericórdia e a produção de bons frutos,
sem ambiguidades e com sinceridade (Tg 3.17). Essa foi a sabedoria que Salomão
recebeu de Deus.
Além da sua sabedoria na
condução do reino, Salomão escreveu provérbios e cânticos (1 Rs 4.32) aos
milhares. Boa parte deles compõe o Antigo Testamento com o nome de Provérbios,
Eclesiastes e Cantares de Salomão. Dois salmos também são atribuídos a ele: o
Salmo 72, como um Salmo real, e o 127, como um Salmo de sabedoria. Poucos
heróis antigos foram tão citados quanto Salomão.
Muitos contos judaicos,
árabes e etíopes citam Salomão como uma referência de sabedoria e
intelectualidade. Salomão tinha conhecimentos nas mais variadas áreas das
ciências (1 Rs 4.31-34).
Salomão organizou os
tributos e contribuições do reino de tal forma que, a cada mês, uma tribo era
encarregada de manter o palácio real (1 Rs 4.7). Essa prática depois se mostrou
pesada para os súditos, que reclamaram a Roboão um alívio dessa carga
tributária (1 Rs 12.4). Outro agravante foi que Salomão recrutou 30 mil
israelitas para serem os seus escravos (1 Rs 5.13). Essas organizações reais
trouxeram pesado ônus para o povo e foram decisivas para a divisão do Reino do
Sul e do Norte, além de encontrarem apoio em Jeroboão, que se tornaria o rei do
Reino do Norte.
O episódio relevante da
sua demonstração de sabedoria, qualidade acompanhada de discernimento e
perspicácia, deu-se no caso das duas mães que reclamaram o mesmo filho. Ele
provou qual das duas tinha o verdadeiro sentimento de mãe da criança viva
quando propôs cortá-la ao meio. Dessa forma, a mãe verdadeira demonstrou o seu
amor e, de forma justa, ficou com a criança viva (1 Rs 3.16-28).
A rainha de Sabá ficou
estupefata ao contemplar toda a glória, sabedoria, organização e liderança do
reinado de Salomão (1 Rs 10.6-9). A sua sabedoria adquiriu uma fama tão grande
em toda a terra que nunca houve um homem tão sábio quanto Salomão, exceto Jesus
(Mt 12.42; 1 Rs 4.29,30).
Pommerening. Claiton
Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora
CPAD.
O contraste sobre a origem
da sabedoria (Tg 3.15-17a)
Há uma sabedoria que vem
do alto e outra que vem da terra. Há uma sabedoria que vem de Deus e outra
engendrada pelo próprio homem. A Bíblia traz alguns exemplos da tolice da
sabedoria do homem: primeiro, a torre de Babel parecia ser um projeto sábio,
mas terminou em fracasso e confusão (Gn 11.9). Segundo, pareceu sábio a Abraão
descer ao Egito em tempo de fome em Canaã, mas os resultados provaram o
contrário (Gn 12.10-20).
Terceiro, o rei Saul
pensou que estava sendo sábio quando colocou a sua armadura em Davi (ISm
17.38,39). Quarto, os discípulos pensaram que estavam sendo sábios pedindo a
Jesus para despedir a multidão no deserto, mas o plano de Cristo era
alimentá-la por meio deles (Mt 14.15,16).
Quinto, os especialistas
em viagens marítimas pensaram que era sábio viajar para Roma e por isso não
ouviram os conselhos de Paulo e fracassaram (At 27.9-11). A sabedoria da terra
tem três características; terrena, animal (náo espiritual) e demoníaca.
Em primeiro lugar, ela é
terrena (3.15).
É a sabedoria deste mundo
(ICo 1.20,21). A sabedoria de Deus é tolice para o mundo e a sabedoria do mundo
é tolice para Deus.
A sabedoria do homem vem
da razão, enquanto a sabedoria de Deus vem da revelação. A sabedoria do homem
desemboca no fracasso, a sabedoria de Deus dura para sempre.
Augusto Comte é o pai do
Positivismo. O Positivismo prega que o problema básico da humanidade é a
educação.
As pessoas são más, dizem,
porque são ignorantes. Desde o Iluminismo francês do século 18, o homem começou
a sentir orgulho de seu conhecimento, da sua razão, de suas conquistas.
Embalado pelo otimismo do humanismo idolátrico, o homem pensou em construir um
paraíso na terra com as suas próprias mãos. Mas esse sonho dourado transformou-se
em pesadelo. No auge do otimismo humanista, o século 20 foi sacudido por duas
sangrentas guerras mundiais. A sabedoria terrena não conseguiu resolver o
problema da humanidade. O homem tem conhecimento, dinheiro, poder, ciência, mas
é um ser corrompido e mau, mais amam os prazeres que de Deus. Emregue a si
mesmo, o homem é apenas um monstro, ainda que bafejado de requintado
conhecimento.
Em segundo lugar, ela é
animal ou não-espiritual (3.15).
A palavra grega é
psykikos. Essa palavra é traduzida por natural, (ICo 2.14; 15.44,46) como
oposto de espiritual.
Em Judas 19, essa palavra
é traduzida como sensual. Essa sabedoria está em oposição à nova natureza que
temos em Cristo. É uma sabedoria totalmente à parte do Espírito de Deus. Essa
sabedoria escarnece das coisas espirituais. O mundo está cada vez mais
secularizado. As coisas de Deus não importam. A Palavra de Deus não governa a
vida familiar, econômica, profissional, sentimental das pessoas. Empurramos
Deus para dentro dos templos.
Em terceiro lugar, ela é
demoníaca (3.15).
Essa foi a sabedoria usada
pela serpente para enganar Eva, induzindo-a a querer ser igual a Deus e
fazendo-a descrer de Deus para crer nas mentiras do diabo. As pessoas hoje
continuam crendo nas mentiras do diabo (Rm 1.18-25). O diabo se transfigura em
anjo de luz para enganar as pessoas. Pedro revelou essa sabedoria quando tentou
induzir Cristo a fugir da cruz (Mc 8.32,33). Norman Champlin sintetiza esses
três tipos trágicos de sabedoria da seguinte maneira: Essa sabedoria é
“terrena” porque busca distinções terrenas e pertence a categorias terrenas.
Além disso, ela é sensual, isto é, natural, porque é o resultado de princípios
que atuam sobre os homens naturais, como a inveja, a ambição, o orgulho, etc.
Finalmente, ela é demoníaca,
porque, primeiramente, veio do diabo, constituindo a imagem mesma de seu
orgulho, de sua ambição, de sua malignidade e de sua falsidade.
Agora, Tiago fala sobre a
sabedoria do alto. A verdadeira sabedoria vem de Deus, do alto, visto que ela é
fruto de oração (1.5), ela é dom de Deus (1.17). Essa sabedoria está em Cristo:
Ele é a nossa sabedoria (iCo 1.30). Em Jesus nós temos todos os tesouros da
sabedoria (Cl 2.3). Essa sabedoria está na Palavra, visto que ela nos torna
sábios para a salvação (2Tm 3.15). Ela nos é dada como resposta de oração (Ef
1.17; Tg 1.5).
LOPES. Hernandes
Dias. TIAGO Transformando provas em triunfo. Editora Hagnos.
pag. 72-75.
A origem e os padrões
deste tipo de sabedoria são do mundo, e não de Deus. Os seus professores são egocêntricos
e superficiais. Esta sabedoria não vem com a fé – ela é terrena e animal.
“Animal” pode se referir ao homem natural. A palavra para “animal” é usada no
Novo Testamento a respeito da pessoa que não tem o Espírito de Deus (3.15), ou
que não aceita a orientação que vem do Espírito de Deus (I Co 2.14). Este tipo
de pessoa ensina somente a sabedoria desta vida, baseada tipicamente nos
sentimentos humanos e no raciocínio humano. A verdadeira origem destes
pensamentos é o diabo, cujos objetivos são sempre destrutivos e podem produzir
na igreja, no lar e no trabalho uma atmosfera que prejudica os relacionamentos.
Pense na rapidez com que as palavras, a linguagem e o tom de voz podem criar
uma atmosfera destrutiva.
As pessoas tomadas de
inveja e egoísmo (versão NTLH) pensam que precisam ser as primeiras em tudo.
Elas não suportam ver outra pessoa no centro das atenções, ou ter alguém
fazendo sombra sobre o que elas fazem.
Isto leva a desejos e
estratégias de vingança, que, por fim, levam a desastres. Em contraste, as sete
características da sabedoria celestial apresentadas a seguir são unidas como
pérolas.
Elas são o que a sabedoria
é e produz. A sabedoria que vem do alto é… para. Para dar frutos para Deus, nós
devemos ter integridade moral e espiritual. Ela é também pacífica. Esta é a paz
que vai além da paz interior; é o oposto à luta. E a paz entre as pessoas, e
entre as pessoas e Deus. Deve ser a paz que afeta a comunidade.
Os cristãos não devem
apenas preferir a paz, mas também devem procurar transmiti-la. É moderada (ou
bondosa, versão NTLH) em todas as ocasiões. Isto é o oposto do egoísmo. Ela não
exige os seus próprios direitos. Ser bondoso é ter os outros em consideração, é
temperar a justiça com a misericórdia. É o tipo de tratamento que nós gostaríamos
de receber dos outros. Esta sabedoria também é tratável (ou amigável, versão
NTLH). A sabedoria celestial é razoável, flexível – disposta a ouvir e a mudar.
Assim como os bons soldados seguem voluntariamente as ordens dos seus
superiores, as pessoas que têm sabedoria celestial seguem voluntariamente as
ordens de Deus e respondem positivamente à sua correção.
Esta sabedoria também é
cheia de misericórdia e de bons frutos. A sabedoria de Deus é cheia do perdão
gracioso de Deus. E o seu amor leva a ações práticas, ajudando e servindo a
outros. Devemos estar dispostos a perdoar mesmo quando os problemas que estamos
enfrentando são culpa de outra pessoa. A sabedoria de Deus é sem parcialidade,
o que quer dizer determinada e livre de preconceitos com relação às pessoas e
sem hesitações com relação a Deus (1.5-8). Finalmente, é sem hipocrisia, o que
significa que é “sincera”. A sabedoria de Deus torna as pessoas autênticas.
Comentário do
Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 680-681.
II – A
CONSOLIDAÇÃO DO PODER
1. A
glória do reino de Salomão. O reinado de Salomão não apenas se tornou amplo em termos territoriais,
mas foi firmado e estabelecido em paz e justiça (1 Rs 4.24). O povo de Judá e
Israel tinha tanta fartura e vivia em tão boas condições que podia até festejar
e se alegrar (1 Rs 4.20). Todos os governos, quando administrados sob essas
premissas, se tornam duradouros trazendo ao povo paz e segurança (1 Rs 4.25a).
Comentário
O reinado de Salomão
tornou-se amplo em termos territoriais e serviçais, bem como foi firmado e
estabelecido em justiça e paz (1 Rs 4.24), permitindo ao povo tanta fartura e
condições ideais que esses podiam fazer festas e alegrarem-se (1 Rs 4.20).
Todos os governos, inclusive a Igreja do Senhor, quando são administrados sob
essas premissas básicas, tornam-se duradouros e trazem segurança ao povo (1 Rs
4.25a).
No reinado de Salomão,
houve muita riqueza para ele e para o povo (1 Rs 4.25). Havia uma excepcional
organização de provisões e suprimentos diários para o palácio do rei, da ordem
de “três mil quilos de farinha de trigo e seis mil quilos de farinha de outros
cereais; dez bois gordos, vinte bois de pasto e cem carneiros; fora veados,
gazelas, corços e aves domésticas” (1 Rs 4.22,23, NTLH). Ele também organizou
um grande exército composto de soldados bem equipados e alimentados, em torno
de 1.400 carros de guerra, 12 mil cavaleiros, além de ter construído 4 mil
estábulos para cavalos, que eram negociados no Egito.
Pommerening. Claiton
Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora
CPAD.
Sobre todos os reis aquém
do Eufrates. Ou seja, a oeste desse rio. “O autor sacro, neste versículo, vivia
a leste do rio Eufrates; e isso deixa claro que temos aqui o trabalho de um
editor exilado” (Norman H. Snaith, in loc.).
Tifsa. Esta cidade ficava
às margens norte do rio Eufrates.
Gaza. Esta era uma das
cidades filisteias, no sul (cf. o vs. 21). Portanto, temos aqui outra afirmação
concernente à extensão do reino de Salomão, de norte a sul. Ver sobre Tifsa e
Gaza no Dicionário. A paz tinha sido estabelecida, graças às conquistas de Davi
sobre as oito nações cananeias (ver as notas em II Sam. 10.19). Desfrutando de
paz e de muito dinheiro, e de toda a sabedoria de que dispunha, não é de
admirar que Salomão tenha conseguido fazer Israel subir à sua maior glória. Ver
o artigo chamado Salomão como ilustração.
Judá e Israel habitavam
confiados. O autor sacro enfatiza novamente a unidade do país. Tanto o norte
quanto o sul participavam de todos os benefícios do governo salomônico. Ele
também quis dar a entender que cada homem era um proprietário, e tinha suas
próprias provisões, de modo que, para todos os efeitos práticos, gozava de
independência financeira. Cada qual possuía suas próprias terras, com sua
produção de uvas e figos (e todas as demais coisas necessárias para um bom
suprimento alimentar, embora essas coisas não sejam especificamente
mencionadas).
“Cada indivíduo vivia sob
sua videira e sua figueira (vs. 25). Essa é uma expressão figurada que indica
paz e prosperidade (cf. Miq. 4.4 e Zac. 3.10). Tanto a videira quanto a
figueira eram símbolos da nação de Israel e retratavam a abundância agrícola
que havia na Terra Prometida” (Thomas L. Constable, in loc).
“Os filhos de Israel não
eram mais obrigados a habitar em cidades fortificadas, por temor a seus
adversários. Antes, espalharam-se por todo o território do país, que eles
cultivavam em todos os rincões. Eles sempre tinham o privilégio de comer os
frutos de seus próprios labores” (Adam Clarke, in loc).
Tipologia. Em Cristo, há
abundância espiritual e pleno suprimento para a alma.
Desde Dã até Berseba. Em
outras palavras, em todas as terras. Estes dois lugares falam sobre o extremo
norte e o extremo sul do território de Israel. Ver as notas em I Sam. 3.20
sobre essa expressão. A distância entre esses lugares era apenas de 240
quilômetros, o que significa que Israel era menor do que o estado de São Paulo.
Naturalmente, Salomão ampliou seu reino muito mais ao norte do que Dã, mas a
expressão, proverbial que era, continuou a falar sobre a totalidade de Israel.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora
Hagnos. pag. 1364.
A sua plenitude: e deu
Deus a Salomão sabedoria, XX e muitíssimo entendimento, grande conhecimento a
respeito de países distantes e das histórias de tempos anteriores, pensamento
ágil, memória forte e clareza de julgamento, tal como nenhuma pessoa tivera.
Isso é chamado de largueza de coração, pois o coração freqüentemente é
considerado como tendo poderes intelectuais. Ele tinha um grande conhecimento,
via as coisas como um todo, e tinha uma admirável faculdade de organização.
Alguns entendem por sua largueza de coração a coragem e a audácia que ele tinha
e a grande certeza com a qual dava seus preceitos e decisões. Ou isso pode
significar a sua disposição de praticar o bem com o seu conhecimento. Ele era
muito generoso e comunicativo, tinha o dom da palavra assim como o da
sabedoria, era tão generoso em relação à sua erudição quanto era em relação ao
alimento, não negava nada a ninguém que estava ao se redor. Note: E muito
desejável que aqueles que recebem grandes dádivas de qualquer tipo, devam ter
grandes corações para usá-las para o bem dos outros; e isto vem da mão de Deus
(Ec 2.24). Ele dilatará o coração (SI 119.32). A grandeza da sabedoria de
Salomão é ilustrada por comparação. Caldéia e Egito eram nações famosas pela
erudição; dali os gregos emprestaram a sua. Mas os maiores sábios dessas nações
não estavam à altura de Salomão (v. 30). Se a natureza supera a habilidade,
muito mais a graça. O conhecimento que Deus concede por um favor especial
ultrapassa aquele que a pessoa adquire por seu próprio esforço. Havia alguns
sábios no tempo de Salomão que tinham grande reputação, principalmente Hemã, e
outros que eram levitas e empregados por Davi na música do templo (1 Cr 15.19).
HENRY. Matthew. Comentário
Matthew Henry Antigo Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. pag.
464-465.
2. O
orgulho precede a ruína. Infelizmente, até mesmo os homens mais sábios
estão sujeitos à queda quando deixam de temer a Deus e entram por caminhos
tortuosos. Os desvios de Salomão foram chegando aos poucos, à medida que fazia
pequenas concessões em seu coração e estabelecia acordos e conchavos políticos
que deterioraram sorrateiramente seus valores espirituais (1 Rs 11.1,2).
Salomão enganou a si mesmo pela ganância e pela sede de poder que deixou
invadir seu coração. Todavia, é importante destacar que isso não aconteceu no
início do seu reinado (1 Rs 11.4-6). Essa degradação de valores começou
conforme Salomão permitia que pequenos desvios assumissem proporções gigantescas.
Comentário
Infelizmente, até mesmo os
homens mais sábios estão sujeitos à queda quando deixam de temer a Deus e
entram em caminhos tortuosos. Nesse sentido, Salomão acabou desenvolvendo uma
sabedoria idiotizada pelo orgulho e pelo poder. Esses desvios foram chegando
aos poucos na vida de Salomão, na medida em que ele foi fazendo pequenas
concessões no seu coração e estabelecendo acordos e conchavos políticos que
foram deteriorando sorrateiramente os seus valores espirituais, enganando a si mesmo
a partir da ganância e da sede de poder que foram entrando no seu coração. É
importante observar que esses valores deteriorados não estavam presentes no
início do seu reinado, mas foram ocupando espaço na medida em que Salomão foi
permitindo certos desvios, que até eram pequenos no início, mas que depois
assumiram proporções gigantescas, cujas advertências estão contidas no Salmo
73.
A pessoa que adquire
riqueza e poder e é desprovida de sabedoria leva uma vida de prepotência e
arrogância (Pv 16.19; 18.23). Desse modo, ela vê as pessoas como objetos, e não
como criaturas de Deus e nem como seu próximo. As pessoas nessa situação tendem
a lutar constantemente para manter seu status quo. Por isso, tratam as pessoas
subordinadas ou em condições de dependência como se nunca fossem precisar
delas. Elas investem nos relacionamentos com pessoas em condições financeiras e
de poder semelhantes com o propósito de trocas de favores e interesses. Elas
vivem uma vida de insegurança constante, sempre com medo de perder o poder e,
por esse motivo, não dormem enquanto não maquinam o que fazer para manter-se no
controle (Pv 4.16; Sl 36.4; Is 57.20; Ml 2.1).
Os desvios e as suas
consequências haviam sido preconizados pelo legislador Moisés, referindo-se ao
futuro rei de Israel em Deuteronômio 17.16,17:
Porém não multiplicará
para si cavalos, nem fará voltar ao povo ao Egito, para multiplicar cavalos;
pois o Senhor vos tem dito: Nunca mais voltareis por este caminho. Tampouco
para si multiplicará mulheres, para que o seu coração se não desvie; nem prata
nem ouro multiplicará muito para si.
Percebe-se que Moisés, na
sua sabedoria, previu os problemas oriundos da ganância e da luxúria, mas
Salomão tropeçou exatamente naquilo que Moisés havia-lhe prevenido nas suas
ordenanças. Nota-se a diferença do coração de Davi para o de Salomão. O
primeiro sempre se arrependia dos seus pecados e consertava o erro cometido. Já
Salomão não se arrependeu, pois justamente as muitas riquezas, glória e luxúria
causaram-lhe cegueira espiritual e uma quase impossibilidade de arrependimento
(ver Lc 18.25). O próprio Salomão, enquanto ainda dependente de Deus e não das
suas habilidades, disse: “Confie no Senhor de todo o seu coração e não se apoie
em seu próprio entendimento; reconheça o Senhor em todos os seus caminhos, e
ele endireitará as suas veredas” (Pv 3.5,6). Mas, infelizmente, ele deixou de
confiar em Deus e trouxe sérias consequências, permitindo que se perdesse boa
parte daquilo que ele havia adquirido e organizado. Por isso, Deus voltou-se
contra Salomão e predisse a ruína do seu reino quando os seus filhos assumissem
o trono (1 Rs 11.9-13).
Salomão fez alianças
políticas com vários reinos antigos territorialmente próximos, porém, outros
longínquos, em troca de casamentos com princesas desses reinos e outros
benefícios econômicos. Com isso, trouxe sérios comprometimentos ao seu reino,
tendo que edificar lugares sagrados pagãos para agradar as suas mulheres e
construir castelos imponentes para elas, como no caso da filha de Faraó (1 Rs
3.1; 7.8). A tradição de escritos antigos afirma que ele teve um filho com a
rainha de Sabá chamado Menelik I, que seria o fundador da casa real etíope.
Em busca de mais poder e
prestígio, Salomão fez tratados políticos com povos pagãos e teve em troca
acesso a mais poder, glória e luxúria (1 Rs 11.1,2), que, em função dos
envolvimentos, o levaram também ao paganismo e à grave desobediência ao Senhor
(1 Rs 11.4-10). Dessa forma, Salomão cedeu às três principais tentações que
podem destruir a pureza do coração humano: poder, sexo e dinheiro. Essas três
forças não são más em si. Todas fazem parte da boa criação de Deus, mas podem
levar à ruína quando dominam a pessoa e são usadas de forma imprópria e
irresponsável. No caso de Salomão, levaram-no a adorar os deuses pagãos
Astarote, Quemos e Milcom (2 Rs 23.13).
Pommerening. Claiton
Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora
CPAD.
Sendo já velho. O jovem
Salomão conseguiu aguentar toda essa atividade sexual e, ao mesmo tempo,
devotar-se a Yahweh. Mas conforme foi envelhecendo, começou a abandonar
qualquer pretensão de devoção. Que o coração de Salomão não era perfeito no
tocante ao yahwismo e às suas demandas, sem dúvida, é uma declaração sem nenhum
exagero. Davi, embora fosse polígamo e sangrento homem de guerra, tinha um
coração (relativamente) perfeito. Ver sobre Davi, homem segundo o coração de
Deus, em I Sam. 13.14. Mas Salomão, em seus muitos excessos de dinheiro, poder,
fama e sexo, não foi capaz de preservar o que seu pai fez. Ele insultou a
Yahweh-Elohim, o eterno e Todo-poderoso Deus. Ver no Dicionário o artigo
chamado Deus, Nomes Bíblicos de. Apesar de todos os seus erros, Davi não caiu
na idolatria.
“Chegando ao final de seu
reinado, Salomão já se aproximava dos 60 anos de idade, pois Reoboão, seu filho
e sucessor, tinha 41 anos de idade quando começou a reinar (I Reis 14.21)”
(John Gill, in toe.). Assim sendo, enquanto homens mais idosos vão ficando mais
e mais sábios, Salomão, ao envelhecer, perdeu seu senso de propriedade e
maculou a sabedoria que Deus ihe dera.
Não deveríamos lançar a
culpa pelos problemas de Salomão sobre a alegada debilidade e senilidade. Antes,
sua inclinação para o ecletismo saiu de seu controle, e suas esposas
continuaram a rasgá-lo em pedaços. O que não deveria ter acontecido a um sábio
ocorreu de forma prodigiosa. Isso, naturalmente, é uma advertência para todos.
Aquele, pois, que pensa
estar em pé, veja que não caia.
(I Coríntios 10.12)
Astarote, deusa dos
sidônios. Ela era uma vil deusa do sexo, também conhecida largamente no mundo
antigo como Istar e Astarte. Na Síria, ela aparecia como a consorte feminina do
deus Baal. Era deusa da fertilidade e sua adoração envolvia orgias sexuais e
deboche, bem como a adoração às estrelas. Os costumes variavam de acordo com a
localização geográfica, mas ela representava uma abominação para os hebreus.
Ver II Reis 23.13. E um fato curioso que, nas moedas de Sidom, Astarote era
retratada de pé na proa de uma galera, inclinada para a frente com o braço
direito estendido. Dessa maneira, ela se tornou o protótipo de todas as figuras
de proa dos navios veleiros. Que Salomão tivesse caído nesse ardil de Astarote,
é quase impossível acreditar. Somente uma significativa desintegração da sua
personalidade permitiria tal coisa.
Milcom, abominação dos
amonitas. Ver o Dicionário quanto a detalhes. Esta palavra significa rei e com
as vogais alteradas (a escrita hebraica continha somente consoantes) tornava-se
melek, palavra hebraica que também significa “rei”. Possivelmente era uma
variedade do nome Moleque (vs. 7). Temos em vista aqui a adoração daquele deus
conforme era efetuada no culto dos amonitas. O ‘ culto variava segundo a área
geográfica. Ver Lev. 18.21 e Amós 1.13.
Os autores judaicos
mostram-se bondosos para com Salomão, afirmando que o seu problema fora
permitir às esposas continuar com os costumes no tocante a seus deuses, mas ele
mesmo não participava disso. Parece, contudo, que o crime de Salomão ia muito
além da mera permissividade. Havia também alguma prática aberta. O texto diz
que Salomão “seguiu” esses deuses. Ele chegou a demonstrar entusiasmo pelas
práticas sincretistas. Ver I Reis 11.7 e 33 e II Reis 23.13.
O que era mau perante o
Senhor. A degradação de Salomão levou-o a uma idolatria ativa, e não somente a
uma atitude permissiva mediante a qual suas esposas continuaram a adorar deuses
pagãos. O presente versículo certamente prova isso.
Yahweh viu o caminho de
Salomão e ficou desagradado diante disso. A calamidade sobreviria a Israel. O
país já estava na estrada dos cativeiros (ver a respeito nos Dicionário). A
parte norte do país (Israel) se separaria do sul (Judá), e a nação permaneceria
dividida até o cativeiro assírio (722 A. C.), que levou as dez tribos do norte.
Nenhum remanescente haveria de retornar. Entretanto, do cativeiro babilónico
(597 A. C.), voltaria um remanescente, e Israel começaria de novo, tendo nas
tribos de Judá e Benjamim as únicas fontes de população. Por essa razão, todos
os hebreus atuais são chamados judeus. Mas a síndrome do pecado-calamidade
continuaria perseguindo Israel até o fim. Salomão cumpriu sua parte para fazer
essa síndrome entrar em ação.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo
Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag.
1402.
O perigo do casamento com
incrédulos é descrito no versículo 2, uma citação de Deuteronômio 7:4: “pois
elas [farão] desviar teus filhos de mim” – exatamente o que aconteceu com
Salomão (vv. 3, 4, 9). Os amonitas e moabitas eram descendentes de Ló, sobrinho
de Abraão (Gn 19:30ss). Os amonitas adoravam o terrível deus Moloque e
sacrificavam suas crianças nos altares dessa divindade (Lv 18:21; 20:1-5; e ver
Jr 7:29-34; Ez 16:20-22). Quemos era o deus mais importante dos moabitas, e
Astarote, a deusa do povo de Tiro e Sidom. Uma vez que era a deusa da
fertilidade, a adoração a Astarote incluía a “prostituição legalizada”, tanto
de mulheres quanto de homens que atuavam como prostitutos templares numa forma
de adoração indescritivelmente obscena (ver Dt 23:1-8; 1 Rs 14 :24; 15:12; 22
:46 ). Os babilônios também adoravam essa deusa e a chamavam de Ishtar.
Salomão havia exortado o
povo, dizendo: “Seja perfeito o vosso coração para com o Senhor” (8:61); em
outras palavras, tenham um coração inteiramente consagrado ao Senhor. Mas o
coração do próprio rei não era perfeito para com Deus (v. 4). Salomão não
abandonou Jeová de todo, mas fez dele um dos muitos deuses que adorava (9:25),
uma conduta que violava diretamente os dois primeiros mandamentos dados no
Sinai (Êx 20:1-6). O Senhor Jeová é o único Deus, o verdadeiro Deus vivo, e não
aceita ser colocado no mesmo nível que os falsos deuses das nações. “Eu sou
Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim” (Is 46:9).
A transigência de Salomão
não apareceu de um dia para o outro, pois o rei foi se entregando aos poucos à
idolatria (Sl 1:1).
Primeiro, permitiu que
suas esposas adorassem os próprios deuses, depois tolerou sua idolatria e até
construiu santuários para esses deuses. Por fim, começou a participar das
práticas pagãs com suas esposas. O amor sensual do rei por suas muitas esposas
foi mais atraente que seu amor pelo Senhor, o Deus de Israel. Salomão foi um
homem de coração dividido e desobediente, e pessoas instáveis e de coração
dobre são perigosas (Tg 1:8). De que maneira Israel poderia ser luz para as
nações gentias quando seu rei adorava e apoiava abertamente os deuses dessas
nações? Salomão costumava oferecer sacrifícios e queimar incenso ao Senhor
Jeová, mas, quando ficou mais velho, começou a incluir em sua adoração os
falsos deuses venerados por suas esposas (8:25; 11:8).
Ao ler o Livro de
Eclesiastes, descobrimos que, quando o coração de Salomão começou a se afastar
do Senhor, o rei passou por um período de cinismo e de desespero.
Chegou até mesmo a
questionar se valia a pena viver. Uma vez que o rei deixou de caminhar lado a
lado com o Senhor, seu coração ficou vazio, de modo que saiu em busca de
prazer, envolveu-se em empreendimentos comerciais com várias nações
estrangeiras e se dedicou a um enorme programa de construção. Porém, em momento
algum encontrou alegria nessa vida. No Livro de Eclesiastes, Salomão escreve
pelo menos trinta vezes a palavra “vaidade”.
Seu amor pelos valores
espirituais foi substituído por um amor pelos prazeres físicos e pela riqueza
material e, aos poucos, seu coração se distanciou do Senhor. Primeiro,
tornou-se amigo do mundo (Tg 4:4), depois, foi contaminado pelo mundo (Tg
1:27), em seguida passou a amar o mundo (1 jo 2:1 5-1 7) e a se conformar com o
mundo (Rm 12:2). Infelizmente, o resultado desse declínio pode levar o
indivíduo a ser condenado com o mundo e a perder tudo (1 Co 11:32). Foi o que
aconteceu com Ló (Gn 13:10-13; 14:11, 12; 19:1 ss), e é o que pode acontecer
com os cristãos nos dias de hoje.
WIERSBE. Warren W. Comentário
Bíblico Expositivo. A.T. Vol. II. Editora Central Gospel. pag.
432-433.
III – A
CONSTRUÇÃO DO TEMPLO
A maior realização
arquitetônica do antigo Israel foi o seu magnífico Templo em Jerusalém. Situado
politicamente no centro do país, também era o foco religioso da nação onde a
glória de Deus era residente entre o seu povo. Por conseguinte, foi destinado
para estar no centro dos conflitos religiosos e políticos.
O Templo tornou-se objeto
de conflitos religiosos internos, com idólatras e reformadores alternadamente
profanando ou rededicando seus lugares santos. Conflitos políticos externos
levaram os inimigos de Israel a repetidamente saquear seus tesouros e forçar os
reis dos judeus a diminuir e deformar suas estruturas com o propósito de pagar
tributos. E por duas vezes, os poderes estrangeiros destruíram o Templo
completamente.
Em nosso estudo do Templo
de Jerusalém é importante lembrar que na sucessão histórica houve três Templos
que estiveram no monte do Templo entre 960 a.C. e 70 d.C. O Primeiro Templo
teve sua construção iniciada em 967 a.C. e terminada em 960 a.C. Os babilônios
destruíram este Templo em 586 a.C. (Para mais informações sobre evidências
arqueológicas desta destruição, vide o Capítulo 12.) O Templo foi reconstruído
sob a liderança de um sacerdote chamado Zorobabel, sendo que as fundações foram
lançadas em 538 a.C. e a estrutura dedicada em 515 a.C. Por quase 500 anos este
Segundo Templo permaneceu em sua forma modesta de reconstrução até ao período
romano. Então o rei dos judeus nomeado pelos romanos, Herodes, o Grande,
restaurou-o completamente, iniciando os trabalhos em 19 a.C. e dedicando-o dez
anos depois. Esta restauração total foi feita sob todos os aspectos. Herodes
aumentou e reformou o Templo, dobrando sua plataforma em relação ao tamanho
anterior.
Se bem que em termos
históricos e arquitetônicos este tenha sido a terceira construção,
religiosamente ainda era considerado o Segundo Templo, porque a oferta dos
sacrifícios não foi interrompida durante a transição entre as estruturas. Foi
neste Segundo Templo há pouco restaurado que Jesus foi dedicado quando criança
(aproximadamente em 6 a.C.). Apesar de Herodes já ter dedicado o Templo, os
trabalhos continuaram por outros 46 anos (Jo 2.20). Depois, em 70 d.C., o
exército romano destruiu o edifício.5 Novas evidências da presença deste
exército foram recentemente localizadas fora de Jerusalém na escavação de um
acampamento da Décima Legião (aquela que destruiu a cidade e o Templo).
Ademais, a inscrição de Vespasiano-Tito descoberta em 1970 numa coluna de pedra
perto do monte do Templo celebra o imperador pai e o general filho da Décima
Legião, bem como Silva, o comandante romano da Décima Legião. Em 73 d.C., Silva
atacou os judeus que tinham fugido para Massada.
Price. Randall,. Arqueologia
Bíblica. Editora CPAD. Ed. 5, 2006.
1. O
nobre propósito de Salomão. O propósito de Salomão na construção do Templo foi muito nobre:
“edificar uma casa ao nome do Senhor, meu Deus” (1 Rs 5.5). Nisso se percebe
que havia pureza no coração do sábio rei de Israel nos primeiros anos de seu
reinado. Na construção do Templo, foram empregados diversos materiais de
altíssimo valor, tais como cedro do Líbano e muito ouro. Todo o Templo foi
revestido de ouro. O Lugar Santíssimo teve as paredes, o teto e o piso
revestidos de ouro puro (1 Rs 6.20-22). Salomão quis demonstrar seu imenso amor
a Deus edificando lhe uma morada de altíssima qualidade e excelência.
Comentário
O propósito de Salomão na
construção do Templo foi muito nobre: “para a adoração do meu Deus, o Senhor”
(1 Rs 5.5, NTLH). Nisso se percebe a pureza do coração de Salomão nos primeiros
anos do seu reinado, e foi nesse propósito que ele construiu o Templo. Foram
empregados muitos materiais nobres na construção, como cedro do Líbano, e
também muito ouro. Todos os utensílios e detalhes do Templo foram feitos com
muito esmero, pompa e glória, exatamente para demonstrar o amor de Salomão por
Deus e para dar a Ele uma morada da mais excelente qualidade.
Foi desejo de Davi
construir o Templo para o culto a Deus, pois, até então, a Arca da Aliança, que
simbolizava a presença de Deus entre o povo, estava guardada numa tenda que
Davi havia feito para ela (2 Sm 6.12,17). Davi fez as plantas e desenhou os
modelos de como seria o Templo que o próprio Deus havia-lhe mostrado (1 Cr
28.11-19), mas, quando intentou construir, foi impedido por Deus por intermédio
do profeta Natã (2 Sm 7.4-13), por ter sido um homem de muitas guerras e mortes
(1 Cr 22.8). Percebe-se, nesse sentido, que Deus já começava a revelar a sua
não aprovação às guerras e mortes de que o seu povo participava, negando a Davi
o desejo de construir o Templo por este ter derramado muito sangue.
No Novo Testamento, por
meio de Jesus (Mt 5.21,22), a Revelação completa de Deus, há vários apelos para
que sempre haja paz (Mt 5.9), devendo-se amar os inimigos e orar pelos que nos
perseguem (Mt 5.44).
Deus, porém, consolou Davi
quanto à construção do Templo dizendo que a sua casa subsistiria para todo
sempre. Ele, portanto, atentou para o bom propósito do coração de Davi
proporcionando-lhe promessas muito maiores do que a construção de um templo: a
construção de uma dinastia que não teria fim (2 Sm 7.14-16). Diante dessa
promessa, Davi rendeu adoração, louvores e gratidão a Deus (2 Sm 7.18.29).
Salomão executou a obra de
construção do Templo conforme o modelo que Davi, o seu pai, havia-lhe
fornecido. Era dividido internamente em três cômodos: um vestíbulo chamado
Ulam, de 4,5 m de comprimento; uma sala de culto chamada Hekal, cujo
significado pode ser palácio ou templo, também chamada de Lugar Santo, medindo
18m de comprimento; e o Debir, cujo significado é a “câmara de trás”, que foi
chamado de Santo dos Santos, onde ficava a Arca da Aliança e era inacessível, a
não ser ao sumo sacerdote uma vez por ano. Esse compartimento era um cubo
perfeito que media 9m de comprimento, altura e largura (1 Rs 6.16-21). Toda
parte interna do Templo foi coberta de ouro em todas as paredes (1 Rs 6.22).
No lugar Santo, Hekal,
ficava o Altar de Incenso, a Mesa dos Pães da proposição e o Candelabro (1 Rs
7.48). Todos esses móveis e utensílios eram feitos de ouro (1 Rs 7.50). O Altar
de Bronze, onde eram oferecidos os sacrifícios, ficava do lado de fora do
Templo (1 Rs 9.25; 2 Rs 16.14). A sudeste do Templo, havia uma grande cuba
(pia) de bronze sustentada por 12 figuras de touros com capacidade para 40 mil
litros de água (1 Rs 7.23-26), que servia para a purificação dos sacerdotes (Êx
30.18-21). Havia também dez bacias de bronze quadradas com 1,80m tanto de
largura quanto de comprimento e 1,30m de altura, nas quais cabiam 85 litros de
água (1 Rs 7.27-39), destinadas para lavar as vítimas.
Pommerening. Claiton
Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora
CPAD.
Pelo que intento edificar
uma casa ao nome do Senhor. Yahweh ficara agradado com o desejo de Davi
edificar o templo e dera Sua palavra de aprovação ao projeto. Mas o tempo da
construção ainda não havia chegado. Salomão seria o correto instrumento no
tempo certo. Ver em II Samuel 7 o desejo original de Davi e a permissão divina
acerca da construção do templo. Natã, o profeta, proferiu essa boa palavra.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora
Hagnos. pag. 1366.
2. O
templo do Espírito Santo. Essa
visão de Deus centrada no templo é uma forte característica do Antigo
Testamento, mas com a redenção do homem, efetuada por Cristo na cruz do
Calvário, a morada de Deus passa a ser o próprio homem regenerado. E é nesse
lugar que deve haver riqueza e beleza, porque o Espírito de Deus habita nele (1
Co 6.19).
Comentário
Essa visão de Deus
centrada no Templo é uma característica do Antigo Testamento, mas com a
redenção do ser humano efetuada por Cristo na cruz, a morada de Deus passa a
ser o homem regenerado. Nesse lugar, deve haver beleza, pois o Espírito Santo
habita nele (1 Co 6.19). A glória que foi manifestada no Templo de Salomão
agora é manifestada na comunhão dos irmãos por meio de Cristo e no coração de
cada crente regenerado.
A presença de Deus no
Templo é uma teofania do Antigo Testamento, necessária à revelação progressiva
de Deus na história do seu povo. Já no Novo Testamento, a ênfase demasiada
sobre o local de culto e a sua valorização excessiva como local da presença de
Deus ofusca o verdadeiro local dessa presença, que é dentro de cada crente que
se torna morada do Espírito Santo. Jesus disse: “Eu derribarei este templo,
construído por mãos de homens, e em três dias edificarei outro, não feito por
mãos de homens” (Mc 14.58).
Portanto, no Novo
Testamento, o Templo não é um lugar fixo geográfico, mas é ambulante, porque o
seu povo movimenta-se no mundo como sinal do Reino de Deus. Todavia, é evidente
também que, quando vários desses templos individuais do Espírito Santo, ou
seja, as pessoas, ajuntam-se no templo/igreja, cria-se uma grande assembleia
onde Deus, em Cristo, manifesta a sua presença não por causa do templo físico
em si, mas por causa de os filhos de Deus em Cristo, em quem Ele habita,
estarem juntos. Foi por isso que Jesus tirou a ênfase no Templo quando disse:
“Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio
deles” (Mt 18.20). Essa compreensão ajusta um desvio doutrinário presente em
muitas igrejas e lideranças de uma supervalorização do templo, do seu
embelezamento exagerado e caro, o que pode tornar-se uma idolatria. A idolatria
templária já havia sido denunciada pelo profeta Jeremias (26.8-13), quando a
manutenção das instituições se tornaram mais importantes do que as reformas
espirituais necessárias e o correto atendimento das necessidades do povo. Essa
mesma ideia é expressa pelo profeta Ezequiel (8.6-18; 9.6-11).
Pommerening. Claiton
Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora
CPAD.
Aquele que está unido com
Cristo é um espírito. Aquele que se entrega a Ele, é assim consagrado a Ele e
separado para o seu uso, e é depois disso possuído, ocupado e habitado pelo seu
Espírito Santo. Esta é a própria noção de templo – um lugar onde Deus habita e
que é consagrado para o uso dele, para seu próprio direito e reivindicação de
suas criaturas.
Os verdadeiros cristãos
são tais templos do Espírito Santo. Ele não deve, portanto, ser Deus? Mas a
inferência clara é que, por isso, não nos pertencemos. Nós somos de Deus,
possuídos por e para Deus; mais ainda, isto em virtude de uma aquisição que Ele
fez de nós: “porque fostes comprados por bom preço”. Resumindo, nossos corpos
foram feitos para Deus, eles foram comprados por Ele.
Se nós somos cristãos, de
fato eles são dele, e Ele os habita e os ocupa pelo seu Espírito, de maneira
que nossos corpos não são nossos, mas dele. E nós profanaremos seu templo, o
sujaremos, o prostituiremos, e o ofereceremos ao uso e serviço de uma
prostituta? Que horrível sacrilégio!
Isto é roubar a Deus no
pior sentido. Note que o templo do Espírito Santo deve ser guardado santo.
Nossos corpos devem ser guardados para aquele a quem pertencem, e devem
ajustar-se para seu uso e residência.
HENRY. Matthew. Comentário
Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora
CPAD. pag. 453.
- “Ou vocês não sabem?” A
conjunção comparativa ou fornece um motivo adicional para se fugir da
imoralidade sexual. Pela última vez nesse capítulo, Paulo pergunta
retoricamente aos coríntios se eles têm conhecimento definido (ver vs. 2,
3, 9, 15, e 16). Novamente eles precisam dar uma resposta afirmativa à
pergunta. Presumimos que numa ocasião anterior Paulo lhes tenha instruído
sobre o uso apropriado e o destino do corpo físico.
- “Seu corpo é um templo
do Espírito Santo dentro de vocês.” Paulo faz os coríntios se lembrarem da
sacralidade de seu corpo. Ele observa que o Espírito Santo faz sua
habitação dentro deles, de modo que o corpo deles é seu templo. Ele
escreve as duas palavras, corpo e templo, no singular para aplicá-las ao
crente individual. E mais, por meio da ordem de palavras no grego, ele
coloca ênfase sobre o Espírito Santo. Aos coríntios Paulo escreve
literalmente: “Seu corpo é um templo daquele que está dentro de vocês, a
saber, o Espírito Santo”, isto é, o corpo físico do cristão pertence ao
Senhor e serve como residência do Espírito Santo.
Quanta honra ter o
Espírito de Deus habitando dentro de nós! Observe que Paulo escreve a palavra
templo (ver o comentário sobre 3.16).
O grego tem duas palavras
que são traduzidas “templo”. A primeira é hieron, que se refere ao complexo do
templo em geral, como na cidade de Jerusalém. A segunda é naos, que denota o
prédio do templo, com o Lugar Santo e o Lugar Santíssimo (ver, por ex., Êx
26.31-34; Hb 9.1-5). No presente versículo é usado naos. Para o judeu, esse era
o lugar onde Deus habitava entre seu povo até a destruição do templo em 70 d.C.
Para o cristão, não num local geográfico fixo, e sim no corpo do crente
individual, é onde o Espírito de Deus se agrada viver. Na Igreja primitiva,
Irineu chamava os cristãos individuais de “templos de Deus” e descrevia-os como
“pedras para o templo do Pai”.59 Então, se o Espírito de Deus habita dentro de
nós, devemos evitar entristecê-lo (Ef 4.30) ou apagar sua chama (1Ts 5.19).
- “Que receberam de
Deus.” Nesse breve segmento do versículo, Paulo ensina, primeiro, que os
crentes individuais possuem e continuam a possuir o dom, ou dádiva, do
Espírito Santo. A seguir, ele revela que a origem do Espírito é de Deus.
- “E vocês não pertencem
a si mesmos.” Nós não somos os donos de nosso próprio corpo, porque Deus
nos criou, Jesus nos redimiu e o Espírito Santo faz sua habitação dentro
de nós. O Deus triuno reivindica que pertencemos a ele, mas nos deixa
livres para consagrar e ceder nosso corpo físico a ele. Em contraste,
aqueles que cometem a fornicação profanam o templo do Espírito Santo e
causam dano espiritual e físico inexprimível para si e para os outros. Por
esse motivo, Paulo exorta-nos a fugir da imoralidade sexual (v. 18). Por
Deus ser dono de nosso corpo, nós somos mordomos dele e precisamos prestar
contas a ele. Portanto, devemos montar guarda sobre a santidade dele e
protegê-lo de poluição e destruição. O templo de Deus é santo e precioso.
Simom J. Kistemaker. Comentário
do Novo Testamento I Coríntios. Editora Cultura Cristã. pag. 285-287.
3. A
glória do Senhor. A glória do
Senhor se manifestou no Templo, depois de pronto, em duas ocasiões especiais: a
primeira foi quando os sacerdotes levaram a Arca para o Lugar Santíssimo. A
glória foi tanta que eles não puderam permanecer de pé para ministrar os
serviços sagrados (1 Rs 8.11; 2 Cr 5.14). A alegria e o temor da presença de
Deus fizeram Salomão proferir uma das mais belas orações da Bíblia (1 Rs
8.22-53; 2 Cr 6.14-42), que reconhece a grandeza, o senhorio, o poder, a
misericórdia e o amor de Deus sobre todas as coisas. A segunda ocasião que a
glória do Senhor se manifestou foi quando Deus respondeu a Salomão na
inauguração do Templo (2 Cr 7.1-3). Desta vez, além da glória, desceu também
fogo do céu e consumiu o holocausto e os sacrifícios.
Comentário
A glória do Senhor
manifestou-se no Templo depois de pronto de forma extraordinária em vários
momentos. O primeiro foi quando os sacerdotes levaram a Arca para o Lugar
Santíssimo, de tal forma que não puderam retornar ao local e tiveram que parar o
seu trabalho (1 Rs 8.11; 2 Cr 5.14). Percebe-se que a glória do Senhor
manifestou-se num ambiente de intensa adoração, por meio de instrumentos
musicais e cantores que salmodiavam ao Senhor (2 Cr 5.12,13). A alegria e o
temor da presença do Senhor fizeram Salomão proferir uma das mais belas orações
da Bíblia (1 Rs 8.22-53; 2 Cr 6.14-42), reconhecendo a grandeza do Senhor Deus,
bem como o seu senhorio, poder, misericórdia e amor sobre todas as coisas. A
segunda vez em que a glória do Senhor manifestou-se foi quando Salomão acabou
de proferir a oração de inauguração (2 Cr 7.1-3).
Dessa vez, além da glória,
também desceu fogo do céu e consumiu o holocausto e os sacrifícios. Segundo a
teologia meritória do Antigo Testamento, a presença de Deus no meio do seu povo
seria retirada se o povo fosse infiel, como, de fato, aconteceu no reinado dos
reis idólatras.
A presença da glória do
Senhor no Templo é importante porque ela representa a própria presença dEle no
local. Assim como a sua presença esteve no Tabernáculo no deserto (Êx 33.9;
40.34,35; Nm 12.4-10), agora também estava presente no Templo; trata-se do
símbolo de que Deus tomou posse da sua casa e que agora ela é sua.
Foi por isso que Ezequias,
ao receber as cartas ameaçadoras de Senaqueribe, apresentou-as diante de Deus
no Templo, e são vários os Salmos que celebram a presença de Deus no Templo (Sl
27.4; 42.5; 76.3; 84; 122.1-4; 132.13,14; 134). Embora Deus não habite em
templos feitos por mãos de homens (Is 66.1; At 17.24), a representatividade da
sua presença manifestou-se no Templo. O próprio Salomão, na sua oração de
consagração do Templo, reconheceu a transcendência de Deus para além do Templo:
“Mas, na verdade, habitaria Deus na terra? Eis que os céus e até o céu dos céus
te não poderiam conter, quanto menos esta casa que eu tendo edificado” (1 Rs
8.27).
Pommerening. Claiton
Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora
CPAD.
O templo foi construído e
enfeitado (ver II Crõ. 2.1-4.22); o templo foi dedicado (II Crõ. 5.2-7.10); e
Salomão ofereceu sua especial e eloquente ação de graças (capítulo 6). Então
houve um período de oferta dos sacrifícios apropriados (ver II Crô. 7.1-10). As
bênçãos e as maldições de Deus foram proferidas no tocante à questão inteira e
sua aplicação futura (ver II Crô. 7.11-22).
“Como que para dramatizar
a Sua resposta à oração de Salomão, de maneira visual, o Senhor enviou fogo do
céu para consumir os sacrifícios que tinham sido preparados (cf. Lev. 9.24; I
Crô. 21.26), e a nuvem de Sua glória (cf. II Crô. 5.1-14) encheu o templo de
Jerusalém. Tão avassalado ficou o povo pela teofania, que caiu de rosto em
terra e aclamou a fidelidade ao pacto (amor, no hebraico, hesed, o amor leal de
Deus; cf. II Crô. 5.13; 6.14; 7.6; 20.21)” (Eugene H. Merrill, inloc.).
Tendo Salomão acabado de
orar, desceu fogo do céu. Os vss. 1-3 são comentários do cronista, material que
não se encontra no trecho paralelo de I Reis. E, naturalmente, os críticos
supõem que sejam ornamentos imaginários do autor sagrado, que se afastou de sua
fonte informativa a fim de destacar o drama da narrativa. Cf. Lev. 9.23,24
quanto a um relato similar a respeito dos sacrifícios oferecidos por Arão.
Orar. Aqui a referência é
à oração eloquente de Salomão (II Crô. 6.12-21). Salomão orou para que o templo
cumprisse o propósito para o qual fora construído ser um lugar de adoração e
justiça para todos os povos. O caráter distintivo da nação de Israel seria
provado desse modo. Ver Deu. 4.4-8 sobre essa distinção. Mas Israel também
seria a fonte de uma bênção universal, em antecipação à era do evangelho (II
Crô. 6.33).
“Todo ato de adoração era
acompanhado por sacrifícios. A língua preternatural de fogo acendeu a massa de
carne e foi um sinal da aceitação, por parte do Ser divino, da oração de
Salomão (ver Lev. 9.24 e I Reis 18.38). A glória do Senhor encheu a casa com o
que era símbolo da presença e da majestade de Deus (ver Èxo. 40.35)” (Jamieson,
in Ioc.). Era a glória da Shekinah do Senhor, conforme explica o Targum. Cf. I
Reis 8.10,19 e ver no Dicionário o artigo intitulado Shekinah.
Os sacerdotes não podiam
entrar na casa do Senhor. A glória de Yahweh fechou temporariamente o acesso ao
templo. Nem os próprios sacerdotes que tinham autorização para ministrar ali
podiam entrar. O templo abriria uma nova avenida de acesso, mas, pelo momento,
o povo deveria ficar boquiaberto diante da majestosa presença de Deus.
Naturalmente, a própria estrutura do templo falava sobre a limitação do acesso.
Mas quando o crente se tomou o templo do Espírito (I Co. 3.16) e a Igreja se
tomou, coletivamente falando, o lugar da manifestação da presença de Deus, o
Seu templo (ver Efé. 2.20-22), então essas limitações foram eliminadas. Ver no
Dicionário o artigo chamado Acesso.
Quando passou o momento de
terror, então os sacerdotes procederam com seus sacrifícios necessários, a fim
de santificar a ocasião (vss. 5 ss.).
Cf. o vs. 2 com II Crô.
5.14 e I Reis 8.11. O autor sagrado queria que reconhecêssemos a presença
manifestada nas ocasiões próprias e que houve contatos com o Ser divino. Isso
reflete o teísmo (ver a respeito no Dicionário). O toque místico é parte
necessária de nossa espiritualidade e um agente poderoso que facilita nosso
crescimento espiritual.
Todos os filhos de Israel,
vendo. A Reação Popular. A presença de Yahweh deu ao povo uma fé intensa e um
poderoso senso de gratidão. Isso os levou a adorar ao Senhor. A prostração
(ajoelhar-se com a testa tocando no solo) era uma maneira de os orientais
expressarem extrema dedicação ao Ser divino, bem como humildade diante da
presença divina. Era nessa postura que eles expressavam os mais profundos
sentimentos de reverência e respeito. Os israelitas foram levados a assumir de
súbito, e sem premeditação, a posição prostrada.
Porque é bom, porque a sua
misericórdia dura para sempre. A bondade e a misericórdia de Deus foram as
qualidades divinas mais louvadas na oportunidade. Ver sobre ambos os termos no
Dicionário. A justiça de Deus sempre será administrada com amor, que é Seu
atributo mais conspícuo, na substância do qual todos os Seus outros atributos
operam. Ver no Dicionário o artigo intitulado Atributos de Deus. Cf.
declarações similares em I Crô. 16.34-41; 23.30; II Crô. 5.13; 20.21. Envolvido
estava o seu amor leal (no hebraico, hesed, conforme também se vê em II Crô.
5.13; 6.14; 6.14; 7.3; 20.21),
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora
Hagnos. pag. 1653-1654.
A resposta misericordiosa
que Deus imediatamente deu à oração de Salomão: O fogo desceu do céu e consumiu
o holocausto e os sacrifícios, v. 1. Desta maneira, Deus testificou a sua
aprovação em relação a Moisés (Lv 9.24), a Gideão (Jz 6.21), a Davi (1 Cr
21.26), e a Elias (1 Rs 18.38); e, de um modo geral, aceitar a oferta chamada
de holocausto é, na terminologia hebraica, transformá-la em cinzas, Salmos
20.3. O fogo desceu aqui, não quando se matava os sacrifícios, mas quando se
fazia a oração.
- Este fogo indicava que
Deus era: (1) Glorioso em Si mesmo; porque o nosso Deus é um fogo
consumidor, terrível mesmo em seus lugares sagrados. Este fogo, surgindo
(como é provável) do meio das trevas espessas, o tornou mais terrível,
como no Monte Sinai, Êxodo 24.16,17. Os pecadores em Sião tinham motivos
para temer perante aquela visão, e para dizer, Quem dentre nós habitará
com o fogo consumidor? Isaías 33.14. E ainda: (2) Misericordioso para com
Israel; porque este fogo, que poderia de modo justo tê-los consumido,
voltou a sua atenção para o sacrifício que foi oferecido em seu lugar, e o
consumiu; assim Deus indicou a eles que aceitou as suas ofertas e que a
sua ira foi desviada deles. Apliquemos isto: (1) Ao sofrimento de Cristo.
Agradou ao Senhor moê-lo, e colocá-lo em angústia, no que Ele mostrou a
sua boa-vontade para com os homens, tendo posto sobre o precioso e bendito
Salvador a iniquidade de todos nós. A sua morte era a nossa vida, e Ele
foi feito pecado e uma maldição para que pudéssemos herdar a justiça e uma
bênção. Este sacrifício foi consumido para que pudéssemos escapar. Aqui
estou Eu; deixai-os ir. (2) Para a santificação do Espírito, que desce
como fogo, consumindo as nossas paixões e corrupções, os animais
precisavam ser sacrificados na antiga dispensação. Se aqueles sacrifícios
não fossem feitos, o povo estaria perdido. Hoje, na nova dispensação, está
aceso nas nossas almas um fogo santo de sentimentos piedosos e devotos,
que deve ser sempre mantido ardendo no altar do coração. A evidência mais
segura da aceitação de Deus em relação às nossas orações é a descida do
fogo santo sobre nós. Não ardia em nós o nosso coração? Lucas 24.32. Como
outra evidência de que Deus aceitou a oração de Salomão, a glória do
Senhor encheu a casa. O coração que é assim cheio com uma santa admiração
e reverência pela glória divina – o coração ao qual Deus se manifesta em
sua grandeza, e (o que não é menos do que a sua glória) em sua bondade – é
reconhecido como um templo vivo.
O grato retorno feito a
Deus por este sinal misericordioso do seu favor.
O povo adorou e louvou a
Deus, v. 3. Quando eles viram o fogo de Deus descer do céu assim, não fugiram
apavorados, mas mantiveram as suas posições nos pátios do Senhor, e
aproveitaram isto: (1) Com reverência, para adorarem a glória de Deus: Eles se
curvaram com o rosto em terra e adoraram, expressando assim o seu terrível
temor da majestade divina, a sua alegre submissão à autoridade divina, e o
senso que tinham da sua indignidade para entrar na presença de Deus e a sua
incapacidade de resistir diante do poder da sua ira. (2) Com gratidão, para
reconhecer a bondade de Deus; mesmo quando o fogo do Senhor desceu, eles o
louvaram, dizendo, Ele é bom, porque a sua benignidade dura para sempre. Esta é
uma canção que nunca está fora de época, e que os nossos corações e línguas
jamais deveriam deixar de pronunciar. Aconteça o que acontecer, Deus é bom.
Quando Ele se manifesta como um fogo consumidor para os pecadores, o Seu povo
pode se regozijar nele como a sua luz. Na realidade, eles tinham muitos motivos
para dizer que Deus é bom. “É por causa das misericórdias do Senhor que não
somos consumidos; o Seu sacrifício, em nosso lugar, nos obriga a ser muito
gratos.”
HENRY. Matthew. Comentário
Matthew Henry Antigo Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. pag.
705-706.
CONCLUSÃO
Nunca
houve na terra um homem com tanta sabedoria como Salomão, e que soubesse
empregá-la com justiça e correção durante anos de reinado. Este grande rei de
Israel, em seu governo, proporcionou ao povo de Deus um longo período de paz,
harmonia e prosperidade. Ele usou sua sabedoria tanto para consolidar seu poder
quanto para construir um majestoso Templo para morada e culto a Deus.
PARA REFLETIR
A respeito de
“A Ascensão de Salomão e a Construção do Templo”, responda:
- O que levou Salomão a
pedir sabedoria a Deus?
Salomão tinha um elevado senso de prioridade.
- Qual era a maior
virtude de Salomão?
Sua sabedoria.
- Quais são os dois tipos
de sabedoria apresentados na Bíblia?
A falsa sabedoria que se evidencia pela inveja e sentimento
faccioso, e a sabedoria que vem de Deus (Tg 3.14-17).
- O que levou Salomão à
ruína? E por quê?
Salomão começou a fazer pequenas concessões em seu coração e
a estabelecer acordos e conchavos políticos que deterioraram sorrateiramente
seus valores espirituais (1 Rs 11.1,2).
- A partir da redenção do
homem efetuada por Cristo no Calvário, qual o local de habitação do
Espírito Santo?
O próprio homem regenerado (1Co 6.19).
Estudo elaborado pelo Pb Alessandro Silva. Disponível no site https://professordaebd.com.br