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1º TRIMESTRE 2021 |
ANO 13 | EDIÇÃO Nº 703 |
L I Ç Ã O |
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Compromissados com |
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a Evangelização |
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14 MAR 21 |
O VERDADEIRO PENTECOSTALISMO |
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LIÇÕES BÍBLICAS CPAD REVISTA ADULTOS - PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2021 |
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Texto Áureo
Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é poder de Deus para Salvação de todo aquele que crê, primeiro do Judeu e também do grego. (Rm 1.16)
Verdade Prática
A nossa responsabilidade para a salvação de todos os seres humanos, mediante o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, mas torna servos de todos.
Leitura Bíblica em Classe
Marcos 16. 14-20
INTRODUÇÃO
O Reino de deus cresce à medida que os pecadores vão se convertendo ao Senhor Jesus. A igreja é a única agência do Reino de Deus escolhida pelo Senhor Jesus para levar a mensagem do Evangelho a um mundo que perece por causa do pecado. Com isso nós estamos dando continuidade ao trabalho que Jesus começou. Isso aponta para a Importância da evangelização e da obra missionaria.
- Segundo o professor Rui de Souza Josgrilberg, no livro Nós e a Missão, “A missão é a razão principal da existência da comunidade de fé... Tudo o que se faz na comunidade é feito em função da Missão.” Neste sentido, toda a ação da Igreja, seus planejamentos e objetivos devem girar em torno da missão. O evangelho é a proclamação da morte e ressurreição de Jesus Cristo, para a salvação de todo aquele que crer nele. Deus enviou Jesus para morrer em nosso lugar, para que tenhamos a vida eterna. Em um sentido, toda a Bíblia é o evangelho. Ao lê-la de Gênesis a Apocalipse, vemos amplas declarações da maravilhosa mensagem de Deus para a humanidade. Vamos pensar maduramente a nossa fé?
I – A EVANGELIZAÇÃO COMO PRIORIDADE
O Evangelho não é uma mensagem alternativa; trata-se de uma questão de vida ou morte. Vida para os que recebem a Jesus como seu Salvador e morte aos que o rejeitam. A divulgação das boas novas de Cristo é tarefa de todos nós.
1. O Evangelho. Essa palavra vem de duas palavras gregas, eu, advérbio, “bem”, e, angelia, que significa “mensagem, notícia, novas”. Assim, a palavra euangelion quer dizer “boas novas, boas notícias, notícias alvissareiras”. É a mensagem de Cristo que salva o pecador (Jo 3.16). É o meio que Deus usa para a salvação de todo aquele que crê (Rm 1.16; 1 Co 15.2). Só por meio do Evangelho é que o ser humano conhece a salvação na pessoa de Jesus.
- No Novo Testamento, as boas novas falam do reino de Deus, da mensagem de Deus aos homens, do perdão de pecados, da esperança. Nos escritos de Paulo o termo significa boas novas, especialmente em relação às igrejas; o plano de Deus para a igreja, o destino e grande privilégio da mesma, incluindo os meios de salvação, o perdia de pecados, a justificação etc., como elementos que são incorporados nas boas novas.No Novo Testamento, Evangelho denota a mensagem de Cristo. O termo gr. euangelion, significando “boas novas”, tomou-se um termo técnico para a mensagem essencial da salvação. Ela é modificada por várias frases descritivas, tais como, “o evangelho de Deus” (Mc 1.14; Rm 15.16), “o evangelho de Jesus Cristo* (Mc 1.1; 1 Co 9.12), “o evangelho de seu Filho” (Rm 1.9), “o evangelho do Reino” (Mt 4.23; 9.35; 24.14), “o evangelho da graça de Deus” (At 20.24), “o evangelho da glória de Cristo” (2 Co 4.4), “o evangelho da paz” (Ef6.15), “evangelho eterno” (Ap 14.6).
2. O único Salvador do mundo. O Evangelho são as boas novas que falam do Reino de Deus, da salvação e do perdão dos pecados na Pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo. É o evangelho da graça de Deus (At 20.24). As Escrituras nos ensinam que todos os seres humanos são pecadores e precisam se reconciliar com Deus (Rm 3.23; 5.12). Não existe um meio de salvação sem Jesus (At 4.12). Ele mesmo disse: “Ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6) e também afirmou: “o campo é o mundo” (Mt 13.38). A pregação do evangelho é uma necessidade imperiosa porque não existe salvação sem Jesus e o campo é o mundo e isso nos mostra a grande responsabilidade da evangelização local e mundial..
- O Evangelho é a boa notícia da parte de Deus, em primeiro lugar, de que “Cristo morreu pelos nossos pecados”. A Bíblia diz que Deus criou Adão sem pecado e capaz de governar uma criação boa (Gênesis 1). Depois, Adão se apartou de Deus e levou toda a nossa raça a cair com ele na culpa, miséria e ruína eterna (capítulo 3). Mas Deus, em seu grande amor por nós, rebeldes a partir de então, completamente inadequados para Ele, enviou um Adão melhor, o qual viveu a vida perfeita que nunca vivemos e morreu a morte culpada que não queremos morrer. “Cristo morreu pelos nossos pecados” no sentido de que, na cruz, Ele fez expiação pelos delitos que cometemos contra Deus, nosso Rei. Jesus, morrendo como nosso substituto, absorveu em Si mesmo toda a ira de Deus contra a real culpa moral do seu povo. Ele não deixou nenhuma dívida não paga. Ele mesmo disse: “Está consumado” (João 19.30). E nós diremos para sempre: “Digno é o Cordeiro que foi morto!” (Apocalipse 5.12).
_ Hernandes Dias Lopes diz que “A grande paixão de Paulo era testemunhar o evangelho da graça de Deus. A pregação enchia o peito do velho apóstolo de entusiasmo. Ele sabia que o evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo o que crê. Sabia que a justiça de Deus se revela no evangelho. Sabia que a mensagem do evangelho de Cristo é a única porta aberta por Deus para a salvação do pecador. Paulo se considerava um arauto, um embaixador, um evangelista, um pregador, um ministro da reconciliação. Sua mente estava totalmente voltada para a pregação. Seu tempo era totalmente dedicado à pregação. Mesmo quando estava preso, Paulo sabia que a Palavra não estava algemada” (LOPES. Hernandes Dias. Atos. A ação do Espírito Santo na vida da igreja. Editora Hagnos. pag. 417).
3. Uma agência legítima. O Senhor Jesus constituiu a igreja como única agência do Reino de Deus na terra encarregada de anunciar essas boas novas de salvação. É necessário, pois, a mobilização de toda a igreja para que essas metas sejam alcançadas. Cada crente dos dias apostólicos era um próspero ganhador de almas (At 8.4), devemos seguir o modelo. Jesus foi enviado ao mundo para suprir as nossas necessidades (Mt 11.28-30). Isso é feito mediante o Evangelho, devemos, portanto, agir como o apóstolo Paulo (Rm 1.16).
- “Quando estudamos sobre a missão da Igreja no mundo, observamos que é uma missão simples e gloriosa. O evangelista Marcos definiu bem o que Jesus falou sobre essa missão: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda a criatura”. O que entendemos nessa ordem é que a Igreja deverá ir por todo o mundo e existe uma finalidade para isso. Atingirmos o mundo tem como fim principal executarmos a propagação do Evangelho do Senhor Jesus. Não é um evangelho próprio, da forma que queremos pregar, é o Evangelho de Jesus. Sobre esse Evangelho, falou o apóstolo Paulo: “Porque não me envergonho do evangelho de Jesus Cristo, pois é poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego”, Rm 1.16. A missão da Igreja não mudou. Continua a mesma. Isso porque o Evangelho é o mesmo. O Evangelho de Jesus não muda, então a missão da Igreja também não muda. Devemos ter cuidado é com os métodos de evangelismo, pois estes, sim, sofrem mudanças importantes de acordo com as mudanças dos tempos. Não podemos evangelizar nos dias de hoje como evangelizávamos 20 ou 30 anos atrás. Não dá certo. Os métodos deverão ser outros, senão não conseguiremos atingir os nossos objetivos com o nosso trabalho. Estamos vivendo em um ponto decisivo da História. As mudanças em nossos dias são radicais e importantes. As coisas mudam com tanta rapidez que as únicas organizações que sobreviverão são aquelas cujo gerenciamento acompanhará as mudanças necessárias estabelecidas por este novo tem” (A missão da igreja no novo século é cumprir o Ide. José Antonio dos Santos é pastor, líder da Assembleia de Deus em Alagoas e da União de Ministros das ADs no Nordeste (Unemad), escritor e 5º vicepresidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB)) Leia mais aqui.
- Hernandes Dias Lopes também escreve: “A comissão foi cumprida através da perseguição. A perseguição não é um acidente de percurso, mas uma agenda. Mesmo quando a igreja é perseguida, Deus continua no controle. A perseguição nunca destruiu a igreja; ao contrário, alargou suas fronteiras. Uma igreja que se espalha para além de sua zona de conforto impacta o mundo. Calvino diz corretamente que, pela maravilhosa providência de Deus, a dispersão dos fiéis levou muitos à unidade da fé. Assim, o Senhor trouxe luz das trevas e vida da morte. A palavra traduzida por dispersos é o termo usado para indicar “sementeira, semeadura, espalhar sementes*”. Warren Wiersbe acrescenta que a perseguição faz com a igreja aquilo que o vento faz com a semente, espalhando-a e aumentando a colheita. Os cristãos em Jerusalém eram as sementes de Deus, e a perseguição foi usada por Deus para plantá-los em novo solo, a fim de que dessem frutos. Daí nasceu o provérbio: “O sangue dos mártires é a sementeira da igreja”. Bengel afirmou que o vento aumenta a chama. A perseguição não labora contra a igreja, mas a seu favor. Deus transforma o agente da perseguição em parceiro da missão. Para Marshall, a dispersão levou ao mais significativo avanço na missão da igreja. Pode-se dizer que a perseguição foi necessária para levá-los a cumprir o mandamento dado em Atos 1.8. O Sinédrio tentou prender os apóstolos, porém a igreja se tornou mais intrépida. Paulo prendia os crentes, porém a igreja continuou crescendo com mais ousadia. Os imperadores romanos tentaram deter a igreja queimando os crentes e jogando-os nas arenas, porém a igreja se multiplicou ainda mais. Em 1553, a rainha Maria Tudor mandou queimar em praça pública os líderes da igreja e promoveu um verdadeiro banho de sangue, porém com sua morte precoce em 1558, a igreja da Inglaterra floresceu com mais vigor e surgiu um dos mais poderosos movimentos de reforma e reavivamento na Inglaterra, o puritanismo. As perseguições japonesas e comunistas na Coreia do Sul não conseguiram destruir a igreja. Ao contrário, a igreja sul-coreana é uma das mais robustas e crescentes do mundo. Em 1949 o governo chinês foi derrotado pelos comunistas e nessa época 637 missionários da Missão para o Interior da China foram obrigados a deixar o país. Anos depois, os cristãos na China eram quarenta vezes mais numerosos. Ninguém pode deter os passos da igreja. Ninguém pode calar sua voz. Prisões e fogueiras não podem impedir seu avanço. Conforme proclama um cântico pentecostal: “Ninguém detém, é obra santa!”” (LOPES. Hernandes Dias. Atos. A ação do Espírito Santo na vida da igreja. Editora Hagnos. pag. 169-171).
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II – JESUS MORREU PARA SALVAR TODOS OS SERES HUMANOS
A extensão da obra expiatória de Cristo tem sido debate ao longo dos séculos, mas especialmente depois da Reforma Protestante. Não se pretende aqui fulanizar, pois o que nos importa é a compreensão do assunto à luz da Bíblia.
1. A nossa teologia. Antes convém ressaltar que a nossa teologia é pentecostal e vem diretamente das Escrituras Sagradas, sem intermediação dos teólogos da Reforma Protestante. A teologia pentecostal, que nossos pais nos legaram, não teve nenhum teólogo ou reformador como intermediário. A CPAD vem publicando em vários volumes a coleção de todas as revistas da Escola Bíblica Dominical, publicadas desde 1930. Em nenhuma delas há citação de teólogos ou reformadores para ensinar, esclarecer, ilustrar ou embasar uma interpretação bíblica. A nossa teologia é original e estritamente bíblica. É um dos legados deixados por nossos pioneiros (2 Tm 3.14-17).
- Iluminei aqui dois pressupostos expostos pelo comentarista, que ao meu ver, é temerário, ainda que seja verdade não ser comum nas revistas CPAD citações que remetam aos reformadores ou teólogos reconhecidos; o pressuposto de que há uma hermenêutica particular pentecostal se torna temerária à medida que, sem um respaldo histórico, poderemos incorrer em ensinos contrários ao que a Igreja tem pensado e crido ao longo do tempo. É necessário balizarmos a interpretação textual, nesse caso, pelo que teólogos, reformadores, a Igreja tem pensado acerca do corpo de doutrinas cristãs. É preciso dizer logo de início que o alvo da boa interpretação não é a originalidade; não se procura descobrir aquilo que ninguém jamais viu. Uma interpretação que visa à originalidade, ou a pressupõe, em geral pode ser fruto de orgulho (uma tentativa de “ser mais inteligente” do que todo o resto do mundo), de falso entendimento da espiritualidade (a Bíblia está repleta de verdades profundas que esperam ser escavadas por uma pessoa espiritualmente sensível, com profundo discernimento das coisas) ou de interesses pessoais (necessidade de fundamentar um pressuposto teológico, especialmente quando se trata de textos que parecem contradizer tal pressuposto). Em linhas gerais, tais interpretações “originais” estão erradas, o que não implica dizer que o entendimento correto de um texto não possa frequentemente parecer original para alguém que o ouve pela primeira vez. Enfim, o que de fato quero argumentar é que a originalidades não é o alvo de nossa tarefa. O alvo de toda boa interpretação é simples: chegar ao “significado claro do texto”. E o ingrediente mais importante para cumprir essa tarefa, e que nunca podemos deixar de lado, é o bom senso suficientemente aguçado. O teste de uma boa interpretação está em saber se esta expõe o correto sentido do texto.
- Sobre este assunto, transcrevo a seguir, um artigo do Pr Altair Germano, que vai de encontro ao que penso sobre uma hermenêutica diferente:“Vou direto ao ponto. Não existe, como alguns afirmam, uma “hermenêutica pentecostal” (ciência hermenêutica pentecostal), e sim pentecostais que usam métodos hermenêuticos já disponíveis (prática hermenêutica pentecostal). Qual método o pentecostal utiliza, por exemplo, na interpretação das epístolas do Novo Testamento? No geral, o método histórico-gramatical, utilizado desde a Reforma pelos seus herdeiros. E na interpretação dos textos narrativos (Evangelhos, Atos, etc.), que método os pentecostais utilizam? No geral, a análise narrativa (de forma objetiva ou intuitiva), associada ao método histórico-gramatical. Uma diferença entre os pentecostais e alguns segmentos evangélicos é, com base na análise narrativa (e em outros métodos), entender que os textos bíblicos narrativos possuem também intenção teológica, e não apenas histórica, ou seja, não são apenas “descritivos”, pois possuem passagens normativas (identificáveis com base na aplicação de técnicas da análise narrativa). O pentecostal lê Atos diferente dos crentes tradicionais? Também não. Os crentes tradicionais, inclusive os cessacionistas, também se identificam com as narrativas de Atos, fazendo delas as suas histórias, com a diferença de não acreditarem na atualidade do batismo no Espirito Santo, ou de discordarem teologicamente de sua definição. Como se vê, a ideia de uma “hermenêutica pentecostal” não se sustenta, pois o que se altera no uso dos métodos hermenêuticos utilizados pelos evangélicos (pentecostais e não pentecostais) são os pressupostos dos intérpretes. A análise narrativa tem as suas raízes em Aristóteles (384-322 a.C.), através de sua obra “Poética” (Editora 34), foi desenvolvida pelo folclorista russo Vlademir Iakovlevitch Propp (1895-1970), no livro Morfologia do Conto Maravilhoso (Forense Universitária), e seu fundamento acadêmico atual pode ser encontrado, dentre outras, na obra de Daniel Marguerat e Yvan Bourquin, intitulada “Para Ler as Narrativas Bíblicas” (Edições Loyola), publicada originalmente na França, em 1998. Já o método histórico-gramatical tem as suas raízes históricas na Escola de Antioquia (séc. IV), com Luciano de Samosata, nos monges do mosteiro de São Victor, na França, nos pré-reformadores, nos humanistas renascentistas e na Reforma Protestante (séc. XVI), com os reformadores. Uma “hermenêutica pentecostal” pressupõe originalidade e plena distinção metodológica, o que não é o caso. Concluo com a mesma declaração com a qual iniciei o presente texto: Não existe uma “hermenêutica pentecostal” no sentido de uma ciência da interpretação criada pelo pentecostalismo, e sim pentecostais que se utilizam dos métodos hermenêuticos já disponíveis, para o processo de interpretação bíblica.”. (Existe uma Hermenêutica Pentecostal? Escrito por Altair Germanoem 11 de agosto de 2020. Disponível em: http://altairgermano.com.br/existe-uma-hermeneutica-pentecostal/).
- Leia aqui o artigo Construindo uma sólida hermenêutica pentecostal Reavaliando a hermenêutica pentecostal clássica, analisando as problemáticas e montando uma plataforma para interpretar a teologia lucana, por Everton Edvaldo, escritor e editor do Blog: Esquina da Teologia Pentecostal.
2. Por quem Jesus morreu? Essa é uma pergunta interessante. Há muitas discussões teológicas sobre o tema, mas nos últimos tempos, os debates se concentram entre duas interpretações das Escrituras: expiação limitada e expiação ilimitada.
a) Expiação limitada. Trata-se da ideia de que Jesus morreu apenas por um grupo restrito de pessoas escolhidas desde antes da fundação do mundo. Tal pensamento vem de uma visão teológica, a nosso ver, equivocada e baseada numa exegese ruim. Como acontece numa interpretação forçada de 1 Timóteo 2.4, que afirma querer Deus “que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade”. Os teólogos defensores dessa teoria, então, concluem que se trata de “todos os homens crentes”. Rejeitamos essa linha de interpretação. Esse é um dos exemplos entre outras passagens bíblicas que eles interpretam de modo a ajustarem a sua teologia.
- Expiação limitada é o terceiro dos 5 pontos do calvinismo, e é uma doutrina que se desenvolveu especificamente na tradição reformada. Ao contrário do que muitos pensam, não foi Calvino quem escreveu esta linha doutrinária. Os 5 pontos do calvinismo são apenas uma parte, e não um resumo de toda a doutrina de Calvino baseada nas Escrituras. Grosso modo, a Expiação Limitada crê que embora o sangue de Jesus derramado na cruz fosse “suficiente para cobrir os pecados de todos os homens e para satisfazer a justiça de Deus contra todo o pecado, ele efetua a salvação somente aos eleitos”. A expiação se reduziu ou foi eficazmente aplicada somente para algumas pessoas a quem Deus escolheu salvar.
- Hernandes Dias Lopes escrevendo sobre o alcance universal do propósito salvador de Deus (2.4), afirma: “A oração deve ter alcance universal, porque o propósito salvador de Deus também tem propósito universal. O apóstolo Paulo escreve: O qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade (2.4). Devemos orar por todos os homens, porque Deus deseja que todos os homens sejam salvos por meio da fé em Jesus (2.4). Deus amou o mundo inteiro (Jo 3.16), e Cristo é a propiciação pelos pecados do mundo todo (l Jo 2.2). Por intermédio de Cristo, Deus reconciliou o mundo consigo (2Co 5.18,19). Isso não significa, porém, que todos os homens seja uma referência a todos os homens sem exceção; significa, certamente, todos os homens sem acepção. Hendriksen tem razão em dizer que, em um sentido, a salvação é universal, isto é, não está limitada a um grupo particular. O propósito de Deus é que todos os homens, sem distinção de posição social, raça ou nacionalidade, sejam salvos. Calvino corrobora a ideia, acrescentando que este versículo se relaciona a classes de homens, e não a pessoas individualmente. Concordo com Warren Wiersbe no sentido de que não se trata aqui de uma referência a todas as pessoas sem exceção, pois é certo que nem todo mundo será salvo. Antes, refere-se a todas as pessoas sem distinção – judeus, gentios, ricos, pobres, religiosos e pagãos.10 Nessa mesma linha de pensamento, William Barclay declara que, dentro do evangelho, não há distinção de classe. O rei e o súdito, o rico e o pobre, o aristocrata e o campesino, o patrão e o empregado, todos estão incluídos no abraço ilimitado de Deus. Erdman destaca que a salvação é limitada não pela vontade de Deus, mas pela oposição e incredulidade dos homens. A salvação é oferecida a todos, mas depende do pleno conhecimento da verdade (2.4). A salvação é inseparável da fé. Portanto, ser salvo implica chegar ao conhecimento da verdade. A soberania de Deus na salvação e a responsabilidade humana são verdades que correm paralelamente. Não se excluem mutuamente; pelo contrário, completam-se”. (LOPES. Hernandes Dias. 1 TIM0TEO. O Pastor, sua vida e sua obra. Editora Hagnos. pag. 57-58).
b) Expiação ilimitada. Isso significa que o Senhor Jesus morreu por toda a humanidade. Esse ensino recebemos de nossos pais, os quais usaram a Bíblia como fundamento dessa doutrina. Jesus é o Salvador do mundo (Jo A.42), “testificamos que o Pai enviou seu Filho para Salvador do mundo” (1 Jo 4.14) e não somente de algumas pessoas. A expiação foi realizada em favor do mundo inteiro: “E ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo” (1 Jo 2.2). Por isso que Jesus mandou pregar no mundo inteiro e a toda criatura (v.16). É erro teológico afirmar que a expiação é limitada (Jo 3.16; Tt 2.11). Jesus morreu por todos os pecadores.
- A expiação ilimitada, ou expiação universal, defende que Cristo morreu por todas as pessoas do mundo. Porém, esse sacrifício só se torna eficaz para aqueles que respondem com fé e arrependimento. A interpretação correta acerca da natureza do sacrifício de Cristo entende que sua obra foi substitutiva e expiatória. Isso significa que Cristo substituiu o pecador e expiou o seu pecado. Portanto, para os que defendem a expiação ilimitada, Cristo substituiu todos os pecadores na cruz, e expiou o pecado de cada um deles. Aqui vale observar que nem todos os que adotam a expiação ilimitada defendem a ideia de que Cristo morreu por cada indivíduo em particular. Segundo eles, isso resultaria numa ideia universalista. Então eles defendem que Cristo morreu por todos os homens em geral. Nesse caso, seu sacrifício foi potencialmente em favor de toda a humanidade, mas apenas torna-se particular para aqueles que escolherem aceitar seu sacrifício.
- Leia aqui o artigo O que é expiação ilimitada? O que a Bíblia diz sobre a expiação ilimitada de Jesus Cristo sob a visão arminiana e o que diz a tradição monergista, por Vinicius Couto, Ministro ordenado da Igreja do Nazareno. Doutorando em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo. Mestre em teologia pela Faculdade Batista do Paraná, graduado em teologia pela Faculdade Nazarena do Brasil e em administração de empresas pela Universidade Castelo Branco.
III – EVANGELIZAÇÃO LOCAL E TRANSCULTURAL
O Novo Testamento nos mostra que evangelismo e missões são tarefas precípuas da igreja. O livro de Atos destaca a obra missionária, registra as missões por todos os ângulos e mostra todas as possíveis atividades de um missionário. Atos ressalta ainda o poder do Espírito Santo, a obra da evangelização e as viagens missionárias do apóstolo Paulo.
1. Evangelização. É o ato de comunicar as boas novas de salvação a todas as pessoas por meio de palavras e ações. É o que Jesus fez (Mt 4.23) e nos mandou que fizéssemos também (vv.16,17). Isso significa testemunhar com ousadia a ressurreição de Jesus pelo poder do Espírito Santo (At 4.33), geralmente é uma ação acompanhada das obras sociais (At 2.42-47), essas coisas são características da autêntica igreja cristã. A visão dos pentecostais clássicos, desde o avivamento da Rua Azusa, era evangelística e missionária. Até se pensava, a princípio, que o dom de línguas era para pregar aos pagãos ao redor do mundo. A xenolalia é isto, a habilidade de falar uma língua que o indivíduo não aprendeu. Mas logo esses pioneiros desistiram dessa ideia xenolálica missionária. Mas, eles continuaram a obra missionária mesmo sem xenolalia.
- É bom diferenciarmos os termos Evangelismo e Evangelização. Parecem idênticos, mas são distintos; a evangelização depende do evangelismo; a primeira é a teoria, a outra é a prática:
Evangelismo é a doutrina cujo objetivo é fundamentar biblicamente o trabalho evangelístico a Igreja de Cristo, de acordo com as narrativas e proposições do Antigo e do Novo Testamentos (Gn 12.1,2; Is 11.9; Mt 28.19,20; At 1.8). O evangelismo fornece também as bases metodológicas, a fim de que os evangelizadores cumpram eficazmente a sua tarefa (2Tm 2.15).
Evangelização é a prática efetiva da proclamação do Evangelho, quer pessoal, quer coletivamente, até aos confins da Terra, levando-nos a cumprir plenamente o mandato que Jesus nos delegou (At 1.8). A evangelização não é um trabalho opcional da Igreja, mas uma obrigação de cada seguidor de Cristo (1Co 9.16).
2. As missões. O trabalho do missionário é a evangelização entre as pessoas de cultura diferente da nossa. A mensagem é a mesma, é necessário ajustar e adaptar estratégias conforme o costume de cada povo ou grupo étnico. Veja como Paulo introduz a sua pregação na sinagoga da Antioquia da Pisídia para se anunciar a Jesus (At 13.16,17,32) e compare com o discurso no Areópago em Atenas (At 17.22-31). O cristianismo não tem o objetivo de padronizar o mundo e nem destruir as culturas; sua mensagem, porém, é universal. No dia do triunfo de Cristo e da igreja, cada povo ou etnia se apresentará louvando a Deus na sua própria cultura (Ap 5.11-13). Por isso, o apóstolo Paulo disse que sendo livre se fez servo de todos, judeu para os judeus, sem lei para os sem lei (1 Co 9.19-22) para ganhá-los para Jesus.
- O Comentarista da lição, Pr Esequias Soares, escreve em seu livro de apoio a esta lição: “Os missionários devem respeitar as culturas de cada povo. Paulo entendia que os costumes só devem ser mantidos quando necessários, pois ensinar costumes, culturas e tradições como condição para salvação é heresia e caracteriza seita. Barnabé sabia que a tradição judaica era mais uma forma de manter a identidade nacional e que isso em nada implicaria a salvação desses novos crentes, portanto, não seria necessário observar o ritual da lei de Moisés (At 15.19, 20). Convém lembrar que a importação de inovação para nossas igrejas pode desrespeitar a nossa herança espiritual deixada pelos nossos antepassados. Muitas coisas não servem para nossa cultura, pois já temos a nossa identidade cultural, como também podem não servir para outras etnias”. (Soares. Esequias. O verdadeiro Pentecostalismo. A atualidade da doutrina Bíblica sobre a Atuação do Espírito Santo. Editora CPAD).
3. O desafio hoje. Jesus disse: “o campo é o mundo” (Mt 13.38). Ele não disse que o campo é Jerusalém, nem a Judeia, nem Roma, nem minha cidade e a tua. Jesus não disse para primeiro pregar em Jerusalém, depois na Judeia, depois em Samaria e depois ser testemunha até “os confins da terra”, mas mandou pregar “tanto em Jerusalém como em toda Judeia, Samaria e até os confins da terra” (At 1.8). Isso fala de simultaneidade, do contrário, o Evangelho estaria ainda em Israel, confinado entre os judeus, pois Jesus mesmo disse: “porque em verdade vos digo que não acabareis de percorrer as cidades de Israel sem que venha o Filho do Homem” (Mt 10.23).
- Sobre isto, o Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal (CPAD), traz o seguinte: “Os discípulos receberam a ordem de batizar as pessoas, porque o batismo une cada crente a Jesus Cristo na morte dele ou dela para o pecado, e na ressurreição para uma nova vida. Não é a água do batismo que salva, mas a graça de Deus aceita através da fé em Cristo. Por causa da resposta de Jesus ao criminoso que morreu ao seu lado na cruz, sabemos que é possível sermos salvos sem sermos batizados (Lc 23.43). Jesus não disse que aqueles que não fossem batizados seriam condenados, mas que quem não crer será condenado. O batismo simboliza a submissão a Cristo, uma disposição para seguir o caminho de Deus e a identificação com o povo que tem uma aliança com Deus”. (Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 304-305).
- O Pr Hernandes Dias Lopes escreve: “Paul Beasley-Murray comentando esse passo bíblico faz algumas considerações oportunas que vamos considerar. Em primeiro lugar, a boa nova é o próprio Jesus (16.15). As boas-novas (euangelion) é uma das palavras favoritas de Marcos. Ele a usa sete vezes (1.1,14,15; 8.35; 10.29; 13.10; 14.9). Para Marcos, a história de Jesus é a boa nova a ser proclamada. O evangelho é a mensagem de que Deus está agindo por meio de Jesus, seu Filho, trazendo libertação ao cativo, quebrando o poder do diabo, do pecado e da morte. Pelo evangelho proclamamos que em Jesus o curso da História tem sido mudado. Jesus pela sua morte e ressurreição estabeleceu o seu Reino. Isso é a grande boa nova do evangelho, diz Paul Beasley-Murray. Em segundo lugar, a boa nova de Jesus precisa ser pregada (16.15). O verbo pregar é outra palavra favorita de Marcos. Ela é encontrada quatorze vezes nesse evangelho, enquanto só aparece nove vezes em Mateus e Lucas. Marcos enfatiza que Cristo veio pregando (1.14). Marcos sabe que Jesus é mais do que um pregador, por isso, relata vários dos seus milagres, porém destaca a primazia do ministério de pregação de Jesus (1.38). Embora Jesus tenha se ocupado em atender as necessidades físicas das pessoas, Ele focou primordialmente as necessidades espirituais. Jesus chamou seus discípulos para pregar (3.14) e os enviou a pregar (6.12). Agora, Jesus ordena seus discípulos a pregar em todo o mundo. Dewey Mulholland diz que estar calado é um perigo maior que perseguição e morte. O evangelho só é boas-novas se for compartilhado. O propósito de Deus é o evangelho todo, por toda a igreja, em todo o mundo, a todas as criaturas. O evangelho deve ser pregado a todas as nações (13.10), em todo o mundo, a toda criatura (16.15). A Igreja precisa ser uma agência missionária. Ela precisa ser luz para as nações. Uma igreja que não evangeliza precisa ser evangelizada. A igreja é um corpo missionário ou um campo missionário. A evangelização é uma tarefa imperativa, intransferível e impostergável. O mundo precisa do evangelho e a salvação do evangelho precisa ser oferecida livremente a toda a humanidade, diz John Charles Ryle”. (LOPES. Hernandes Dias. Marcos O Evangelho dos milagres. Editora Hagnos. Pag).
CONCLUSÃO
A Bíblia afirma que não existe salvação sem Jesus. Ele mesmo declarou: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim (Jo 14.6). Essas boas novas são poder de Deus para salvação e libertação disponível a todos os povos. Mas há necessidade de alguém para levar essa mensagem de vida. Já faz quase dois mil anos que os cristãos vêm pregando esta mensagem e ela continua sendo cada dia uma mensagem nova.
- Em João 14.6 há a sexta declaração "Eu sou" de Jesus em João (veja 6.35; 8.12; 10.7-9; 10.11,14; 11.25; 15.1,5). Em resposta à pergunta de Tomé (v. 5), Jesus declarou que ele é o caminho para Deus porque ele é a verdade de Deus (1.14) e a vida de Deus (1.4; .3.15; 11.25). Nesse versículo, a exclusividade de Jesus como o único caminho para o Pai é enfática. Existe somente um caminho, não muitos caminhos, para Deus, ou seja, Jesus Cristo (Mt 7.13-14; Lc 13.24; At 4.12).
- Temos que evangelizar porque, acima de tudo, é uma ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo (Mt 28.19,20; Mc 16.15; Lc 24.46,47; At 1.8). Logo, não há o que se discutir: evangelizar não é uma obrigação apenas do pastor e dos obreiros; é um dever de todo aquele que se diz discípulo do Nazareno. Aquele que ama a Cristo não pode deixar de falar do que tem visto e ouvido. Assim agiam os crentes da Igreja Primitiva. Não obstante a oposição dos poderes religioso e secular, os primeiros discípulos evangelizavam com ousadia e determinação (At 4.20). Evangelizar é a missão de todo crente. Quer obreiro, quer leigo, ganhar almas é o seu dever. Na crise atual, muitos são os que, desesperados, buscam um salvador. Mas apenas a Igreja de Cristo pode mostrar o caminho da salvação.
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PARA REFLETIR
– A respeito de “Compromissados com a Evangelização”, responda:
• Qual o significado da palavra “evangelho”?
Essa palavra vem de duas palavras gregas, eu, advérbio, “bem”, e, angelia, que significa “mensagem, notícia, novas”.
• Por que a pregação do Evangelho é uma necessidade imperiosa?
Porque não existe salvação sem Jesus e o campo é o mundo e isso nos mostra a grande responsabilidade da evangelização local e mundial.
• Por quem Jesus morreu?
Jesus morreu por todos os pecadores.
• O que é evangelização?
É o ato de comunicar as boas novas de salvação a todas as pessoas por meio de palavras e ações. É o que Jesus fez (Mt 4.23) e nos mandou que fizéssemos também (vv.16,17).
• O que é o trabalho do missionário?
O trabalho do missionário é a evangelização entre as pessoas de cultura diferente da nossa.
AUXÍLIO AO MESTRE
1° Trimestre de 2021 | CPAD – Adultos
Tema: O Verdadeiro Pentecostalismo: A Atualidade da Doutrina Bíblica sobre a Atuação do Espírito Santo
Lição 11 – Compromissados com a Evangelização | Pb Francisco Barbosa