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UM COMENTÁRIO APROFUNDADO DA LIÇÃO, PARA FAZER A DIFERENÇA!

Este Blog não é a palavra oficial da Igreja ou da CPAD. O plano de aula traz um reforço ao seu estudo. As ideias defendidas pelo autor do Blog podem e devem ser ponderadas e questionadas, caso o leitor achar necessário. Obrigado por sua visita! Boa leitura e seja abençoado!

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19 de abril de 2017

Lição 4 JOVENS: Jesus e sua interpretação da Lei


LIÇÕES BÍBLICAS CPAD
2º Trimestre de 2017
Título: O Sermão do Monte — A justiça sob a ótica de Jesus
Comentarista: César Moisés Carvalho

JOVENS
 - Lição 4 -
23 de Abril de 2017

Jesus e sua interpretação da Lei

TEXTO DO DIA

SÍNTESE
“Somente deveis portar-vos dignamente conforme o evangelho de Cristo [...]” (Fp 1.27).

Jesus expôs o que havia de mais profundo na Lei, pois Ele conhece a finalidade de cada mandamento.

AGENDA DE LEITURA
Segunda - Gl 2.16; 5.3
Lei ou Evangelho. Você decide
Terça - Lc 6.27-36
Amar o inimigo
Quarta - Lc 6.31
A regra áurea

Quinta - Lc 6.37,38
“Não julgueis” e a lei da reciprocidade
Sexta -  Lc 6.40
Igualdade entre mestre e discípulo
Sábado - Jo 8.11
A flexibilização da Lei


OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

    REAFIRMAR a verdade de que a justiça dos escribas estava aquém da do Reino;
    REVISAR os valores da Lei à luz da justiça do Reino;
    ANALISAR o conceito de perfeição, na perspectiva do Reino, apresentado por Jesus.


INTERAÇÃO
Qualquer pessoa é capaz de cumprir leis e viver dentro da ordem mínima estabelecida em sociedade. Vangloriar-se por causa disso não parece ser algo muito inteligente, pois se trata de uma obrigação de todos para que a vida em sociedade seja possível. Essa, porém, era a postura de muitos judeus na época de Jesus. Achavam-se melhores que os outros povos e, até entre si, disputavam qual dos inúmeros grupos conseguia ser mais ascético e rigoroso a respeito dos preceitos morais e cerimoniais da Lei mosaica. Em tal competição, havia a perda do principal valor de toda a lei que é justamente o amor. Na lição de hoje você terá a oportunidade de trabalhar com os alunos este assunto e discutir o aspecto motivacional da obediência.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Para esta oportunidade, termine a aula com a reflexão feita por Cheryl Bridges e Vardaman White acerca da virtude. Eles dizem que para “que um ato seja virtuoso, a razão e o desejo devem estar dispostos para o ato. Em outras palavras, se alguém sabe que o ato que está fazendo é um ato bom, mas deseja fazer alguma outra coisa, então essa pessoa não agiu virtuosamente. Do mesmo modo, se alguém age de um modo bom, mas não entende a qualidade moral do ato, então não agiu virtuosamente” (Panorama do Pensamento Cristão, CPAD, p.301). O que foi dito, filosoficamente, nada mais é do que o Mestre ensinou a respeito da justiça do Reino que vai além da observação de regras, da busca de alguma recompensa, do evitar algum castigo, de se praticar algo inconscientemente ou mesmo uma obediência forçada. A mudança de perspectiva do súdito do Reino faz com que este veja e encare a realidade de forma distinta da maneira que fazia antes. Questione-os acerca do porquê de cada um agir corretamente. Verifique se o fazem por medo de serem condenados ao inferno, perderem a reputação ou alguma posição, ou se praticam as coisas de forma correta para serem elogiados, admirados e finalmente salvos. Finalize dizendo que nenhuma das duas posturas, à luz da justiça do Reino, é recomendável, pois de acordo com tal justiça, a ação virtuosa deve ser praticada sem nenhuma motivação a não ser o fato de que esta é a única postura que deve ser adotada.



TEXTO BÍBLICO
Mateus 5.21-48.
21 Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo.
22 Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão será réu de juízo, e qualquer que chamar a seu irmão de raca será réu do Sinédrio; e qualquer que lhe chamar de louco será réu do fogo do inferno.
23 Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti,
24 deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem, e apresenta a tua oferta.
25 Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão.
26 Em verdade te digo que, de maneira nenhuma, sairás dali, enquanto não pagares o último ceitil.
27 Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério.
28 Eu porém, vos digo que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela.
29 Portanto, se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti, pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que todo o teu corpo seja lançado no inferno.
30 E, se a tua mão direita te escandalizar, corta-a e atira-a para longe de ti, porque te é melhor que um dos teus membros se perca do que todo o teu corpo seja lançado no inferno.
31 Também foi dito: Qualquer que deixar sua mulher, que lhe dê carta de desquite.
32 Eu, porém, vos digo que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de prostituição, faz que ela cometa adultério; e qualquer que casar com a repudiada comete adultério.

33 Outrossim, ouvistes que foi dito aos antigos: Não perjurarás, mas cumprirás teus juramentos ao Senhor.
34 Eu, porém, vos digo que, de maneira nenhuma, jureis nem pelo céu, porque é o trono de Deus,
35 nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés, nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei,
36 nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco ou preto.
37 Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não, porque o que passa disso é de procedência maligna.
38 Ouvistes que foi dito: Olho por olho e dente por dente.
39 Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra;
40 e ao que quiser pleitear contigo e tirar-te a vestimenta, larga-lhe também a capa;
41 e, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas.
42 Dá a quem te pedir e não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes.
43 Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo.
44 Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem,
45 para que sejais filhos do Pai que está nos céus; porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons e a chuva desça sobre justos e injustos.
46 Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo?
47 E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim?
48 Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos céus.


COMENTÁRIO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
O Evangelho é superior a qualquer código de regras, pois o seu fundamento é a Boa Notícia de que, além de nos salvar, Deus, em Jesus, tornou-se modelo de ser humano para toda a humanidade (Mt 5.48). Esta é, basicamente, a próxima mensagem e lição do Sermão do Monte. Através de seis antíteses (teses contrárias, cf. vv.22,28,32,34,39,44), o Mestre demonstra que a observância mecânica dos mandamentos nada significa se o intento maior não for alcançado, ou seja, a transformação do caráter e da natureza, extirpando todo ódio, cobiça, desprezo, falsidade, vingança e egoísmo. Jesus mostra que a “justiça” dos escribas, doutores da Lei, estava muito aquém do real propósito da Lei, e também muito longe do que era esperado das pessoas que diziam crer em Deus como seu Pai (Mt 5.48). [Comentário: O que é a Perfeição Cristã? A resposta encontramos em Hebreus 7.28: “Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens fracos, mas a palavra do juramento, que veio depois da lei, constitui ao Filho, perfeito para sempre.” É a busca para se tornar semelhante a Jesus, o único perfeito. Ele é o nosso padrão de santidade, por isso, devemos andar como Jesus andou, sentir o que Ele sentiu e viver como Ele viveu:“Sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai Celeste” (Mt 5.48). O código de leis judaico, um dos mais antigos e complexos, possui 613 preceitos que representam a regra e prática de vida a ser seguida por aqueles que querem ser verdadeiros judeus. Desses 613, 365 são mandamentos negativos ou proibições. E 248 são mandamentos positivos. Desde os dias de Moisés, até os dias de Jesus inúmeras interpretações surgiram. E muitas delas foram trazendo ao povo a opressão e o jugo do intérprete. No Sermão da Montanha, Jesus contradiz os intérpretes e fariseus exatamente por que impunham sobre os ombros dos seus liderados uma interpretação pesada demais. Jesus então resume estes 613 preceitos e afirma qual é a sua finalidade: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.Isto não significa que a Lei perdeu seu valor: “Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus.” (Mt 5.19). Há ainda uma justiça requerida por Jesus; “Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus” (Mt 5.20). Tal justiça significa aquilo que está no coração, não só os feitos externos, aquilo que criam ou fingiam crer por meio de um esforço próprio.] Let's think maturely the Christian faith?



I. NÃO ODIAR, COBIÇAR OU DESPREZAR

1. Mais que não matar, é preciso não odiar. De acordo com a Lei, além de pecado, matar é crime passível de severa punição (Êx 20.13; 21.23-25; Lv 24.21; Dt 5.17). O Mestre, porém, toca no âmago do problema ao dizer que a raiva gratuita ou mesmo depreciações verbais, frutos do ódio, são condenáveis (v.22). Como o Templo ainda estava em atividade, Jesus diz que alguém que sabe que existe uma pessoa aborrecida por sua causa deve, antes de apresentar sua oferta ao sacerdote, procurar a pessoa em questão e reconciliar-se com ela, antes que seja tarde demais (vv.23.26 cf. Pv 18.19). [Comentário: Êxodo 20.13 assevera: “Não matarás”. A Bíblia de Estudo Pentecostal (CPAD) comentando este texto, diz: “O sexto mandamento proíbe o homicídio deliberado, intencional, ilícito. Deus ordena a pena de morte para a violação desse mandamento (ver Gn 9.6). O NT condena, não somente o homicídio mas também o ódio, que leva alguém a desejar a morte de outrem (1Jo 3.15), bem como qualquer outra ação ou influência maléfica que cause a morte espiritual de alguém (ver Mt 5.22; 18.6).” O apóstolo João escreve em sua epístola: “Qualquer que aborrece a seu irmão é homicida. E vós sabeis que nenhum homicida tem permanente nele a vida eterna” (1Jo 3.15), aqui, João enfatiza que há certos pecados que o crente nascido de novo não poderá cometer porque nele permanece a vida eterna de Cristo (1Jo 2.11,15,16; 3.6-8,10,14,15; 4.20; 5.2; 2 Jo 9). Esses pecados, por causa da sua gravidade e da sua origem no próprio espírito da pessoa, evidenciam uma rebelião resoluta da pessoa contra Deus, um afastamento de Cristo, um decair da graça e uma cessação da vida vital da salvação (Gl 5.4). É por esta razão que quem disser: "o Espírito Santo habita em mim, tenho comunhão com Jesus Cristo e estou salvo por Ele", mas pratica tal pecado, engana a si mesmo e "é mentiroso, e nele não está a verdade" (2.4; cf. 1.6; 3.7,8). Em Mt 5.22, Jesus não se refere à ira justa contra os ímpios e iníquos (veja Jo 2.13-17); Ele condena o ódio vingativo, que deseja, de modo injusto, a morte doutra pessoa. Alguma versões trazem o termo ‘Raca’, palavra aramaica que era usada como insulto, denota desprezo e significa algo como ‘tolo’, ‘estúpido’. Cuidado com a ira e o uso de palavras que ferem, machucam e denigrem. Paulo afirma que essa atitude vingativa e cruel é pecado (Rm 12.17-19).]

2. Não basta fugir do adultério, é preciso extirpar a cobiça. Segundo a Lei, o adultério merecia uma punição exemplar e, por isso, os adúlteros recebiam a pena capital (Lv 20.10 cf. Êx 20.14; Dt 5.18). Jesus, contudo, ensina que não basta simplesmente não consumar o ato, antes, é preciso eliminá-lo em seu nascedouro, isto é, no “coração” ou na mente, onde tudo tem início (v.28). Uma vez mais, o Mestre lança mão de uma figura de linguagem para falar o quanto pode custar para nós libertar-se de desejos impuros. Todavia, é melhor livrar-se do prazer momentâneo, que experimentar a condenação eterna (vv.29,30). [Comentário: Os fariseus interpretam os ensinamentos de Moisés sobre o divórcio (Dt 24.1) como significando que um homem poderia divorciar-se de sua esposa mediante de qualquer motivo. Aqui, Jesus opõe-se ao ensino deles abusivo deles restringindo o divórcio aos fundamentos da prostituição, um termo que significa qualquer desvio dos padrões bíblicos claramente definidos para a atividade sexual. Paulo escrevendo aos Coríntios, diz: “Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar.” (1Co 10.13). O adultério começa muito antes do ato. Ele começa com a cobiça, com o olhar o outro e desejar.]

3. Não é suficiente cumprir a legislação, antes é preciso não desprezar. Apesar de Jesus aludir a uma lei de Deuteronômio (24.1-4), que tinha como finalidade auxiliar a mulher para que ela não ficasse desassistida, sua reinterpretação é objetiva (v.32). O Mestre tem em conta a indissolubilidade do casamento, instituída pelo Criador no início de tudo, ponto que Ele tratou mais explicitamente por causa da insistência dos fariseus (Mt 19.1-9). Agindo dessa forma, não se preservava apenas o auxílio e o amparo necessários à mulher, mas resguardava igualmente o homem, posto que a separação deixa marcas dolorosas para ambas as partes. [Comentário: É bom citarmos o que diz Malaquias 2:16a: “Pois eu detesto o divórcio, diz o Senhor Deus de Israel.” Do ponto de vista bíblico, o ideal do casamento é que ele seja um compromisso que perdure por toda a vida: “Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem” (Mt 19.6), até porque qualquer mudança promovida pelo homem, naquilo que Deus criou perfeito, será sempre para pior. Conhecendo o coração empedernecido do homem caído, Deus estabelece algumas leis com o objetivo de proteger os direitos dos divorciados, em particular das mulheres (Dt 24.1-4). Jesus mostrou que estas leis foram dadas por causa da dureza do coração das pessoas, não por desejo de Deus (Mt 19.8). Aqui pode surgir questionamentos sobre a situação de irmãos que tiveram a infelicidade de se divorciarem, e até mesmo já contraíram novas uniões: ‘Estes irmãos e irmãs pecaram contra Deus?’ A resposta bíblica é Sim. E, como qualquer pecado, isto exige arrependimento e confissão sincera e abandono do pecado. Paulo recomenda que os crentes divorciados “não se case ou que se reconcilie” com o cônjuge (1Co 7.11). Em casos de crentes que já contraíram segundo casamento, devem romper o segundo casamento? Biblicamente não, pelas seguintes razões: primeiro o divórcio e  o segundo  casamento  não são  pecados imperdoáveis. Além disso, a Bíblia diz que devemos nos orientar pelo bom senso (Pv 2.11,12). E romper um segundo casamento pode muitas vezes ferir ao bom senso. E, finalmente, se houver arrependimento e confissão sincera e abandono da prática pecaminosa, Deus certamente abençoará este segundo casamento. Quem não se lembra do casamento abominável de Davi e Bateseba? Um casamento que nunca deveria ter acontecido e que atraiu a ira de Deus. No entanto, lemos na Bíblia que, depois do arrependimento e da confissão  sincera, “Davi veio a Bateseba, consolou-a e se deitou com ela; teve ela um filho a quem Davi deu o nome de Salomão e o Senhor o amou”(2 Sm 12.24). Assim, como sugere o exemplo de Davi, cremos que um segundo casamento de pessoas divorciadas, que Jesus chamou de adultério e que nunca deveria ter acontecido, poderá ser honrado e abençoado por Deus se tais pessoas se arrependerem e abandonarem a prática pecaminosa, honrando o segundo casamento como não honraram o primeiro. Este texto foi extraído e adaptado de: http://www.monergismo.com/textos/familia_casamento/jesus_divorcio.pdf]


Pense!
Você acha correto equiparar a intenção ao ato propriamente dito?

Ponto Importante
Antes que qualquer ato se materialize, ou venha se concretizar, invariavelmente, é precedido de elaboração mental, por isso Jesus trata do pecado nessa esfera e área.


II. NÃO JURAR, REVIDAR OU VINGAR-SE

1. Recuperando a credibilidade. Conquanto jurar fosse prática comum (Lv 19.12; Nm 30.2), Jesus veda toda forma de juramento, quer apelando para Deus, quer utilizando qualquer outro recurso (o céu, a Terra, Jerusalém ou mesmo a própria pessoa; cf. vv.34-36). O Mestre ensina que a palavra deve ser sincera a ponto de corresponder à intenção. Somente assim, recuperando a credibilidade, é que quando alguém disser “sim” ou “não”, será aceito sem necessidade alguma de qualquer juramento. Para o Senhor Jesus, tudo o que passar disso é de “procedência maligna” (v.37). [Comentário: O juramento é o ato de fazer uma afirmação ou promessa solene tomando por testemunha algum objeto tido por sagrado; o perjúrio é o falso juramento. As palavras do Senhor Jesus, “ouvistes que foi dito aos antigos” (Mt 5.33), não se referem ao Antigo Testamento, mas aos antigos ensinos dos rabinos, às suas interpretações peculiares das passagens da lei que falam sobre o tema (Êx 20.7; Lv 19.12; Dt 6.13). Isso fica claro, pois as palavras seguintes, “Não perjurarás, mas cumprirás teus juramentos ao Senhor”, não aparecem em nenhum lugar no Antigo Testamento. As autoridades israelitas escalonavam o juramento em diversas modalidades: pelo céu, pela terra, por Jerusalém (Mt 5.34-36), pelo Templo e pelo ouro do Templo; pelo altar e pela oferta que está sobre o altar e assim por diante (Mt 23.16-22). Segundo essa linha de pensamento, os juramentos se classificavam em obrigatórios e não obrigatórios. Jurar pelo Templo não seria válido; mas, se alguém jurasse pelo ouro do Templo, estava obrigado a cumpri-lo. Tais crenças e práticas eram condenadas nas Escrituras Sagradas. Tudo isso era uma forma de ocultar o pecado Lições Bíblicas CPAD Adultos 1º Trimestre de 2015 Título: A Lei de Deus — Valores imutáveis para uma sociedade em constante mudança Comentarista: Esequias Soares Lição 5: Não tomarás o Nome do Senhor em vão Data: 1º de Fevereiro de 2015. O Manual do Pentateuco (CPAD) comenta: “Ao que tudo indica, a proibição aqui não se limita a blasfêmias e vulgaridades no sentido moderno. Ademais, o senso comum de que o mandamento proíbe jurar falsamente em um tribunal é válido, mas não encerra o caso. A palavra hebraica para ‘vão’, aqui utilizada, deriva de uma raiz que significa ‘estar vazio’, no sentido de ‘não ter substância, não ter valor’. Qualquer invocação do nome de Deus ou menção de seu nome, que seja simplesmente perfunctória, equivale a tomar o nome de Deus em vão. Em outras palavras, tomar o nome de Deus em vão é usar seu divino nome em relação a coisas desimportantes, fúteis e insignificantes. Por isso, Elton Trueblood afirma: ‘A pior blasfêmia não é o sacrilégio, mas as palavras falsas’” (HAMILTON, Victor. Manual do Pentateuco. RJ: CPAD, 2006, p.221). Há os que entendem que a expressão “de maneira nenhuma” (Mt 5.34) é uma proibição de toda e qualquer forma de juramento. Entre os que defendem essa interpretação estão os amish e os quakers, que nos Estados Unidos se recusam a jurar nos tribunais de justiça. Eles acreditam que o Senhor Jesus não fez declaração sob juramento diante do Sinédrio (Mt 26.63,64). De igual modo, o apóstolo Paulo evitava fazer juramentos em afirmações solenes (Rm 9.1; 1Co 1.23). Outros afirmam que a proibição de Jesus se restringe aos juramentos triviais, e por essa razão o Senhor Jesus foi específico: “de maneira nenhuma, jureis nem pelo céu, [...] nem pela terra, [...] nem por Jerusalém, [...] nem jurarás pela tua cabeça” (Mt 5.34-36). Outro argumento é que homens de Deus no Antigo Testamento faziam juramentos em situação solene e o próprio Deus jurou por si mesmo (Gn 24.3; 50.6,25; Hb 6.13,16). Consideram, ainda, como juramento a resposta de Jesus e as declarações solenes de Paulo (Mt 26.63,64; Rm 9.1; 1Co 1.23). Essas últimas passagens bíblicas não parecem conclusivas em si mesmas; entretanto, a proibição relativa nos parece mais coerente. Mesmo assim, devemos evitar o juramento e substituir o termo por voto solene em cerimônias de casamento. Lições Bíblicas CPAD Adultos 1º Trimestre de 2015 Título: A Lei de Deus — Valores imutáveis para uma sociedade em constante mudança Comentarista: Esequias Soares Lição 5: Não tomarás o Nome do Senhor em vão Data: 1º de Fevereiro de 2015.]

2. Não somente rejeitar a “lei do talião”, mas não revidar e ainda fazer o bem. No mundo antigo era conhecida a “lei de talião” que, surgida na Caldeia, servia para inibir os crimes, pois aplicava pena proporcional à violência. A Lei de Moisés continha regra similar (Êx 21.24; Lv 24.20; Dt 19.21), a qual Jesus faz menção (v.38). O Mestre, contudo, contrapõe a lógica da retribuição, pois a justiça na perspectiva do Reino nada tem com a justiça no aspecto das relações sociais, tal como convencionado pelos homens. É assim que, conforme Ele ensina, ao prejuízo e perseguição perpetrados por alguém, a resposta deve ser o amor que constrange (vv.39-41). De maneira semelhante deve-se agir com quem quer algo emprestado ou solicita mesmo um simples favor (v.42). Tal postura realmente transcendia qualquer significado que pudesse ter o conceito de justiça na legislação, tanto do mundo antigo, quanto no mundo de então e até nos dias atuais (Mt 5.20). [Comentário: A lei de talião, do latim lex talionis (lex: lei e talio, de talis: tal, idêntico), também dita pena de talião, consiste na rigorosa reciprocidade do crime e da pena — apropriadamente chamada retaliação. Esta lei é frequentemente expressa pela máxima olho por olho, dente por dente Lei de talião – Wikipédia, a enciclopédia livre https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_de_talião. Antes de qualquer coisa, devemos ter em mente que o Novo Testamento nunca se coloca contra a lei ensinada no Antigo Testamento e a premissa interpretativa é que o objetivo de Jesus e dos apóstolos nunca é contradizer a lei, mas confirmá-la, interpretá-la da forma correta e cumpri-la naquilo que ainda for necessário. Estas proposições têm por base um pressuposto fundamental: o Antigo e o Novo Testamentos são a revelação progressiva e orgânica de um só Deus e, portanto, não se contradizem. A Lei de Talião era interpretada não só como um direito, mas até como uma  exigência  social  de  vingança  em  favor  da  honra  pessoal,  familiar ou tribal. O que Jesus demonstra é exatamente o oposto, que o espírito do homem diante do mal recebido não deve ser de desamor, ódio e rancor. Assim sendo, podemos afirmar que Jesus não revoga o princípio moral da Lei de Talião e nem sua aplicabilidade. O que Jesus proíbe é o tomar a vingança nas próprias mãos e “resistir ao perverso” sem buscar o devido recurso legal de aplicação da lei. É óbvio que diante do coração pecaminoso e das relações pessoais, o uso da vingança é destrutivo e condenável por nutrir toda espécie de sentimentos” que Paulo chamará em sua carta aos Gálatas de “obras da carne” (Gl 5.19-21). http://www.mackenzie.br/fileadmin/Mantenedora/CPAJ/revista/VOLUME_XII__2007__1/mauro.pdf.]

3. Não apenas os de “casa”, mas amar igualmente os de fora e até mesmo os “inimigos”. De acordo com Levítico 19.18, havia a obrigatoriedade de se amar o “próximo”. Entretanto, “próximo” ali referia-se exclusivamente aos judeus. Nesse sentido, a antítese de Jesus é profunda e sem precedentes, pois como o “amor” de Levítico poderia não ser mais que bairrismo ou corporativismo, o Mestre afirma que somente amando os inimigos, bendizendo quem maldiz, fazendo o bem aos que odeiam e orando por quem maltrata e persegue, é que alguém pode considerar-se filho de Deus (vv.44,45). Isso porque, em uma cultura que considerava até mesmo o nome como algo que deveria seguir a linhagem paterna, não combinava com alguém que se dizia filho, comportar-se de forma tão diversa do pai (Lc 1.59-63). Assim, Jesus coloca quatro questões reflexivas que os leva a não ter outra conclusão (vv.46,47). [Comentário: O texto te Mt 5.43 não está no Antigo Testamento, mas era uma falsa conclusão derivada do ensino dos fariseus e escribas, inferido da estreita compreensão daquilo que significava ‘próximo’, que para eles era simplesmente um outro judeu. Jesus mostra que a verdadeira intenção de Lv 19.16 é incluir até os inimigos. E é justamente a prática do amor ao próximo sem acepção de pessoas, inclusive aos inimigos, a nota distintiva do Evangelho. É a marca distintiva dos verdadeiros crentes e que os torna semelhantes a Cristo (1Jo 4.8).]

Pense!
Em uma sociedade competitiva, é possível viver da forma apresentada por Jesus Cristo?

Ponto Importante
A interpretação do Mestre transcende a mera observação compulsória da regra, pois atinge o ponto central e a fonte dos pecados humanos — o nosso “eu”.


III. PERFEITOS COMO O PAI

1. A perfeição. A maior dificuldade com o versículo final desse capítulo é o significado mais popular da palavra “perfeição” em nosso idioma: sem defeito algum. Tal ideia faz com que as pessoas, diante da inevitável realidade de que todos temos defeitos, sintam-se perplexas e desanimadas. [Comentário: Perfeição significa: “Aquilo que tem qualidade máxima. Que não tem nenhum defeito. O mais bonito, o mais bem feito. Precisão, sem falhas, excelente, primoroso” http://www.dicionarioinformal.com.br/perfei%C3%A7%C3%A3o/. É possível o homem ser perfeito? O padrão que Deus exige do seu povo é seu próprio caráter perfeito. Mesmo que esta perfeição não seja atingida nesta vida, ela é o objetivo daqueles que se tornaram filhos do Pai (Fp 3.12-14).]

2. Perfeição na Lei. É interessante notar que o Mestre propõe, na perspectiva do Reino, o mesmo que a Lei também visava (Dt 18.13). Isso significa que a intenção do Filho de Deus não apenas convergia com o grande objetivo da Lei, mas que era a mesma do Pai (cf. Jo 10.30). [Comentário: Note o prazer do salmista ao falar da lei no Salmo 19.7-14: “A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma; o testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos símplices...”.]

3. Perfeitos como o Pai. A perfeição pronunciada pelo Senhor refere-se a ser íntegro, inteiro e coerente, tal como Deus, o Pai, o é (2Tm 2.13; 2Pe 3.9). Não está em pauta uma exigência de que as criaturas assemelhem-se ao Criador de uma forma absoluta, o que seria, obviamente, impossível (Is 55.9). A questão gira em torno da mudança de perspectiva que, só pode ocorrer de verdade, com uma profunda transformação da natureza e personalidade de cada um (v.48). Tal processo, é bom lembrar, dura a vida toda (Ef 4.12,13). [Comentário: Uma maçã madura, sem ser muito machucada, sem furo de lagarta, pode ser para mim uma maçã “perfeita”. A prova está no sabor. Ela pode até ter alguns defeitos no tamanho ou na cor, no formato ou na textura da casca. Mas, se ela tiver o sabor que eu espero, então posso declará-la perfeita. Deus sabe que nenhum de nós chegará ao fim das nossas vidas sem defeito. Como Paulo se declarou “somos pecadores”. Jesus sabe disso. A perfeição à qual ele nos chama não é a de pessoas sem pecados, mas, de pecadores que fazem o melhor que podem para ser como Ele. Não chegamos à perfeição de ser sem defeito. Porém, podemos chegar à “perfeição” de ser tudo que fomos destinados a ser – fiéis a Jesus. Se eu amar não somente aqueles que me amam, mas, até meus inimigos (vv. 43-47), resta mais alguém para amar? Não. Então, estou amando a todos. Cheguei à “perfeição” no amor. Na medida que meu olhar se concentra cada vez mais exclusivamente naquele ou naquela que Deus me deu, minha palavra se torna cada vez mais uma só, meu tratamento do próximo se torna cada vez mais o que eu queria para mim mesmo – estou chegando cada vez mais próximo à perfeição. Quem me leva para lá é meu Pai, meu Salvador Jesus e o Espírito Santo habitando em mim. Este texto foi extraído de: http://ibtaua.org.br/blog/?p=3188]

Pense!
É possível ser perfeito no plano terreno e em nosso corpo material?


Ponto Importante
A perfeição apresentada por Jesus não significa igualar-nos a Deus, antes, refere-se à identificação natural que cada filho deve procurar ter com o Pai.

CONCLUSÃO
A perfeição apresentada por Jesus não significa igualar-nos a Deus, antes, refere-se à identificação natural que cada filho deve procurar ter com o Pai. [Comentário: Não temos condições de cumprir cabal e totalmente as leis expressas por Deus, por isso Cristo as cumpriu por nós. No entanto, não vivemos sem preceitos, sem lei, sem princípios. Jesus requereu e requer que seus discípulos vivam os seus ensinos, exige fidelidade integral. Vivamos assim.] “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Francisco Barbosa
Campina Grande-PB
Abril de 2017

HORA DA REVISÃO

1. Qual é o fundamento do Evangelho?
A Boa Notícia de que, além de nos salvar, Deus tornou-se modelo de ser humano para toda a humanidade (Mt 5.48).
2. Onde o pecado tem início?
No “coração” ou na mente.
3. Acerca do divórcio, Jesus diverge do que prescrevia a Lei. Isso representa um prejuízo ou um benefício para as mulheres? Explique.
Um benefício, pois não se preservava apenas o auxílio e o amparo necessários a mulher, mas resguardava igualmente o homem, posto que a separação deixa marcas dolorosas para ambas as partes.
4. O que é perfeição na perspectiva de Jesus?
Refere-se a ser íntegro, inteiro e coerente, tal como Deus, o Pai, o é.
5. Como é possível ser “perfeito” como o Pai?
Com mudança de perspectiva que, só pode ocorrer de verdade, com uma profunda transformação da natureza e personalidade de cada um (v.48). Tal processo, é bom lembrar, dura a vida toda (Ef 4.12,13).

SUBSÍDIO

Jesus interpreta a Lei (5.21-48)

“Jesus [...] realiza o que todo rabino deseja fazer: ‘cumprir’ a Lei no sentido de prover uma explicação fiel, exata e confiável do verdadeiro significado da Lei. Com esta compreensão, vemos uma nova força em tudo o que vem a seguir. Mesmo o menor dos mandamentos não deve ser desrespeitado; a participação no reino dos céus exige uma justiça que ‘excede a dos escribas e fariseus’ (5.20). Isto é significativo, pois os escribas e fariseus eram conhecidos pela sua condescendência escrupulosa com até mesmo a mais obscura proibição bíblica. Neste ponto Jesus chama a atenção de seus ouvintes para os mandamentos e costumes familiares. Em cada um dos seis exemplos que se seguem, Jesus mostra que a Lei que proíbe uma ação, na realidade condena a atitude que suscitou essa ação! A justiça que a Lei verdadeiramente exige é uma justiça insuperável, uma pureza interior que purifica tão completamente, que não existe nem o menor desejo de fazer o mal. Assim, o verdadeiro significado da Lei, o significado de ‘cumprir’, é visto na sua revelação de uma justiça que se baseia em uma transformação interior, uma justiça que nenhuma mera observância de regras e regulamentos pode conceder. Para participar desta expressão do reino dos céus a pessoa deve modificar-se interiormente! De nenhuma maneira isto elimina a Lei, que regula as ações. Ao contrário, isto cumpre a Lei, mostrando como as exigências e regras da Lei dão testemunho da exigência definitiva de Deus: um caráter moral impecável e transformado” (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2007, pp.25-26).

Fonte: O texto da lição foi retirado de: