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UM COMENTÁRIO APROFUNDADO DA LIÇÃO, PARA FAZER A DIFERENÇA!

Este Blog não é a palavra oficial da Igreja ou da CPAD. O plano de aula traz um reforço ao seu estudo. As ideias defendidas pelo autor do Blog podem e devem ser ponderadas e questionadas, caso o leitor achar necessário. Obrigado por sua visita! Boa leitura e seja abençoado!

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8 de dezembro de 2016

JOVENS - Lição 11: A Forma do Culto



J O V E N S
- LIÇÃO 11 –
11 de Dezembro de 2016

A Forma do Culto

TEXTO DO DIA

SÍNTESE

"Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus. que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional (Rm 12 1).

Deus criou todas as coisas ordenadamente. Nada veio do caos, tudo que existe tem uma razão de ser; assim também no culto ao Senhor necessitamos de princípios básicos de organização.

LEITURA DIÁRIA
Segunda - 1 Co 11.34
A necessidade de ordem no culto
Terça - 1 Tm 2.8
A oração e o culto a Deus
Quarta - Ef 5.19
O louvor como parte de nosso culto

Quinta - Cl 3.16
A pregação da palavra como um momento do culto
Sexta - 2 Co 9.13
A administração de ofertas no culto
Sábado - Cl 2.18
Cuidado com os falsos cultos

OBJETIVOS
DEFINIR e problematizar o conceito de liturgia.
ANALISAR o problema envolvendo a liturgia entre os coríntios.
APRESENTAR os desafios envolvendo a liturgia na Igreja atual.

INTERAÇÃO
Caro (a) educador (a) o tema da lição de hoje requer muita atenção devido algumas características especificas:
1) Cuidado para não transformar sua aula numa discussão muito técnica, desinteressante e longe da realidade de seus alunos:
2) Evite expor publicamente qualquer liderança de sua igreja local ressalte sempre aos educandos que os fundamentos de nossa discussão são gerais e impessoais;
3) Incentive a participação de seus alunos de modo positivo, solicitando-os a sugestão de ações que podem tomar a liturgia de sua igreja algo mais dinâmico e próximo à realidade da comunidade. As sugestões organizadas podem, por exemplo, ser implementadas inicialmente nos cultos ou atividades realizadas sobre a liderança dos jovens Que ao final de sua aula, os corações de seus educandos estejam voltados a desenvolver estratégias para abençoar efetivamente a igreja local superando todo tipo de exageros ou desregramentos.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Você vai precisar de um aparelho de reprodução de vídeos; seleção de vídeos. Apresente aos seus alunos fragmentos de vídeos nos quais ocorram procedimentos louváveis ou reprováveis para que depois eles possam apontar quais os erros e acertos de cada vídeo (diante da impossibilidade de apresentação dos vídeos, que em último caso podem ser apresentados no próprio celular do educador, crie algumas situações através das quais os alunos possam fazer a análise sugerida). Ao final da discussão, promova um momento de reflexão a respeito da necessidade de organização do culto a Deus para que se evite exageros ou distorções.


TEXTO BÍBLICO
1 Coríntios 14-26-33
26 Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação.
27 E, se alguém falar língua estranha, faça-se isso por dois ou. quando muito, três, e por sua vez, e haja intérprete.
28 Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja e fale consigo mesmo e com Deus.
29 E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.

30 Mas, se a outro, que estiver assentado, for revelada alguma coisa, cale-se o primeiro.
31 Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros, para que todos aprendam e todos sejam consolados.
32 E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas.
33 Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos.



COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos questões como: existe uma liturgia ideal? Liturgia, formalismo e fanatismo; culto à forma X culto a Deus. Estudaremos a respeito da natureza, necessidade e lógica da liturgia, compreendida como conjunto de procedimentos públicos que orientam o culto a Deus. [Comentário: O culto cristão é um dos mais agradáveis e significativos momentos da vida da igreja. A adoração comunitária é de vital importância para a igreja é a sua alma ou seu pulmão. A música e o louvor, as orações de gratidão e súplica, a leitura e a exposição da Palavra, as ofertas e apelos, a ministração do Batismo e a celebração de Ceia, enfim, tudo o que acontece na reunião pública da igreja é determinante para todos os seus demais atos. “A palavra liturgia (λειτουργία, "serviço público" ou "serviço do culto") compreende uma celebração religiosa pré-definida, de acordo com as tradições de uma religião em particular; pode incluir ou referir-se a um ritual formal e elaborado. A liturgia é considerada por várias denominações cristãs como um ofício ou serviço indispensável e obrigatório. Isto porque estas Igrejas cristãs prestam essencialmente o seu culto de adoração a Deus (a teolatria) através da liturgia”.Extraído de https://pt.wikipedia.org/wiki/Liturgia. Para elas, a liturgia tornou-se, em suma, no seu culto oficial e público. Culto traduz uma palavra grega (latreia) que aparece cinco vezes no Novo Testamento (Jo 16.2; Rm 9.4 e 12.1; Hb 9.1 e 6); pode ser o serviço de obediência a Deus em geral, ou pode se referir, como nas duas citações em Hebreus 9, aos atos específicos de louvor dirigidos a Deus. Assim, a palavra culto, em nosso uso hoje, corretamente descreve o serviço dado ao Senhor quando cristãos o adoram. Mas, a mesma palavra pode abranger qualquer ato de obediência que honra o nome de Deus. João 2.17 assevera: “E os seus discípulos lembraram-se do que está escrito: O zelo da tua casa me devorará”. Ter o zelo equilibrado para tratar das coisas do Senhor sabendo que a tradição não poderá anular a palavra de Deus. A grande verdade é que o culto cristão celebra o glorioso nome do Senhor Jesus, anuncia o evangelho e preserva nos adoradores a unidade do Espírito pelo vínculo da paz; dá-se ainda, que o próprio Jesus se faz presente no meio da reunião! Somente isto já requer a indispensável liturgia.] Dito isto, vamos pensar maduramente a fé cristã?


I - LITURGIA

1. O que é liturgia? O termo “liturgia" é derivado de um vocábulo do mundo político da Grécia Antiga, que foi incorporado ao contexto religioso. Definia-se como liturgia o trabalho que um cidadão exercia em beneficio da coletividade. Tal atribuição não era percebida como um encargo, mas com uma honra. Ações como serviço militar, responsabilidade em cargos políticos, construção de bens públicos, todos eram concebidos como liturgia. Quando introduzida no campo religioso a palavra passou a designar a organização dos elementos cúlticos com a finalidade de prestar adoração e louvor a Deus de forma coletiva e saudável. Em o Novo Testamento textos como 2 Coríntios 9.12: Filipenses 2.17 e Hebreus 8.6, utilizam o termo que é traduzido, respectivamente, como administração, serviço, ministério Pode-se assim notar que a liturgia não tem um fim em si mesma, mas tem como objetivo contribuir para que cada elemento do culto cumpra seu papel principal, que é colaborar na adoração. [Comentário: Etimologicamente a palavra liturgia vem da língua grega e é composta de dois elementos: leitos, que quer dizer público, e érgein, que significa fazer. Juntando-se estes dois elementos pelo radical e acrescentando-se-lhes o sufixo formador de substantivos, tem-se  leit-o-erg-ia ou leitourgia. O primeiro elemento leitos é derivado da palavra léos, forma dialetal de láos, que significa povo. O segundo elemento da palavra é um verbo desusado, mas sobrevivente no futuro érxoi e no substantivo  érgon, que quer dizer trabalho. Do substantivo liturgia tirou-se o concreto litourgos ou liturgos – funcionário público, – e o verbo litourgein, – exercer função pública. De láos, – povo, – origina-se laico, laical, leigo. Portanto, liturgia, liturgo, lutúrgico, laico, leigo, laical pertencem a uma mesma família de palavras, pois todos procedem da raiz láos ou léos, povo. Texto extraído de: https://tradicaocatolicaes.wordpress.com/2010/08/12/etimologia-da-palavra-liturgia/. Liturgia é o conjunto dos elementos que compõem o culto cristão (At 2.42-47; 1 Co 14.26-40; Cl 3.16). Embora seja possível liturgia sem culto, não há culto sem liturgia (Is 1.11-17; 29.13; Mt 15. 7-9; 1 Co 11.17-22). A liturgia, portanto, compreende diversas partes do culto: oração (At 12.12; 16.16); cânticos (1 Co 14.26; Cl 3.16); leitura e exposição da Palavra de Deus (Rm 10.17; Hb 13.7); ofertas (1 Co 16.1,2); manifestações e operações do Espírito Santo (1 Co 14.26-32); e bênção apostólica (2 Co 13.13; Nm 6.23-27).]
2. Quem precisa de liturgia? Se vivemos em comunidade é natural que em determinado momento surjam as divergências. Elas não são necessariamente fruto do pecado ou da influência de Satanás, mas produto de nossas singularidades. Essa natureza multifacetada da humanidade repercute no corpo de Cristo, assim como nos ministérios que exercemos nele (Ef 411: Rm 12.6-8). Diante dessa condição própria da humanidade, o desenvolvimento de um conjunto de princípios para a organização do culto é absolutamente necessário. Sem um ordenamento mínimo qualquer organização humana toma-se caótica, até mesmo a adoração a Deus Deste modo, por melhores que sejamos ou mais espirituais que nos achemos, todos necessitamos de limites e sinais que nos apontem até onde podemos ir. [Comentário: O subtópico parece querer ‘amenizar’ o perigo das divergências afirmando ser elas ‘fruto de nossas singularidades’. De fato estas singularidades são conflitantes e é por isto mesmo que Paulo exorta: “mortificais os vossos membros que estão na carne” (Cl 3.5-9). Discórdias, dissensões e facções. Aqueles que praticam tais coisas não herdarão o reino do céu. A advertência de Paulo em Gálatas 5:19-21 é clara. Deus não aceita o espírito partidário divisor que domina tantas pessoas religiosas de hoje. Estes pecados correm diretamente contra a oração de Jesus e a verdadeira natureza de Deus (Jo 17.20-23). Jesus quer que seus seguidores sirvam juntos em harmonia nesta vida e na eternidade. Logicamente que isso não implica dizer que diferenças de opinião, doutrinárias ou de níveis de maturidade e de consciência pessoal sejam necessariamente pecado. Enquanto pessoas continuarem a nascer na família de Cristo, estas coisas estarão presentes, Ok? Agora, diante de tudo isto que foi aqui exposto, vemos que a necessidade de uma liturgia para o bom funcionamento da reunião é indispensável.]
3. Quais os fundamentos de uma liturgia. O primeiro fundamento da liturgia é o louvor a Deus. Tudo o que acontece no culto deve exaltar e bendizer ao Pai, logo, se algo é realizado sem tal finalidade deve ser suprimido da devoção coletiva. A segunda razão de ser da liturgia é a coletividade, isto é, tudo que envolve o processo de organização do culto deve visar o bem comum, jamais o interesse individual. Por isso, gostos e preferências particulares precisam ser deixados de lado. O culto é organizado para glória de Deus e alegria de todos os adoradores (Sl 32.11; 68.3). O terceiro elemento da liturgia é a organização; a aplicação da liturgia deve permitir que participação no culto seja inteligível a todos. Não há nada indiscernível ou misterioso no culto; tudo o que acontece deve promover uma adoração racional. [Comentário: É importantíssimo frisar que o culto é a resposta do homem a Deus, com fé e gratidão. Isto indica que é Deus quem dá o primeiro passo na forma como ele deve e quer ser adorado (Êx 29.38-46). Devemos ter sempre diante de nós a convicção e o propósito de que o culto é oferecido a Deus. O próprio Deus estabelece os métodos de adoração em sua Palavra – A Arca: Ex 37.1-5; Nm 7.9, 2 Sm 6.3-6; 1 Cr 15.13-15). Pode parecer estranho o que está sendo afirmado aqui, visto que podemos simplesmente pensar que o culto que prestamos é obviamente dirigido a Deus. No entanto, no verso 14 do salmo 50, o escritor enfatiza: “Oferece a Deus sacrifício de ações de graça”. Entendido que, o culto é prestado ao Senhor, Ele deseja que o adoremos como uma expressão de reverência e gratidão, e também espera que sejamos obedientes. Ele quer não só que o amemos, mas que ajamos com justiça uns para os outros, sempre demonstrando amor e compaixão. Desta forma, nós nos apresentamos a Ele como um sacrifício vivo, santo e agradável. Isto glorifica a Deus e é o nosso "culto racional" (Rm 12.1). Quando adoramos com um coração obediente e um espírito aberto e arrependido, Deus é glorificado, os cristãos são purificados, a igreja é edificada e os perdidos são evangelizados. Estes são todos os elementos da verdadeira adoração.. Observemos que em Corinto cada membro da igreja oferecia a sua contribuição, participando ativamente do culto: “um tem salmo, outro doutrina, este traz revelação, aquele outro língua, e ainda outro interpretação" (v.26). O apóstolo não condena a disposição e envolvimento de todos no culto. Porem, isto requer ordem, harmonia e entendimento. É como se Paulo tivesse dizendo que o culto tem que ter ordem, seqüência lógica e entendimento – culto racional! O culto precisa ter ordem e isso não implica em formalismo. Aquele cantor convidado que toma todo o tempo do culto com sermonetes antes de cada louvor (foi convidado para cantar ou dar sermão?), o grupo de louvor que acredita elevar a igreja às alturas e atrair a presença de Deus e o agir do Espírito com suas infindáveis músicas, os grupos de gestos muitas vezes espalhafatosos, e tantas outras coisas que tem surgido em nosso meio, precisam urgentemente entender o que é e a necessidade de obediência à uma liturgia cultual. Se o culto é para Deus, na expressão do comentarista David Prior, “Quando o Espírito está realmente no controle, Ele produz paz, não confusão. Este é o maior desafio para que a congregação siga em frente, descobrindo e usando todos os dons do EspíritoPRIOR, David. A Mensagem de 1 Coríntios: A vida na igreja local. São Paulo: ABU Editora, 2001.]


II - O PROBLEMA DO CULTO EM CORINTO

1. Corinto, uma igreja de excessos. A igreja em Corinto espelhava a comunidade na qual estava inserida: cheia de exageros e imoderação (1Co 4 8; 5,6) Não que aquela comunidade fosse apenas um reduto de pecados - apesar deles existirem (1 Co 5.1.2; 8.12) - Mas, ao contrário, a graça de Deus fora derramada ali de modo especial (2 Co 74:8.7:3.8,14). Aquela igreja transbordava em bênçãos de Deus (1 Co 1.7), esse talvez fosse o ‘bom problema" em Corinto: havia tantos dons. bênçãos, milagres e ministérios, que se iniciou ali um choque de atuações e serviços; enquanto alguns eram abençoados, outros eram atribulados (1 Co 14.17). Foi algo tão sério que a comunidade chegou a partidarizar-se em torno de algumas lideranças - as quais por sua vez possuíam características ministeriais e carismáticas diferentes (1 Co 3.1-6). Diante desse abençoado, mas problemático, excesso de dádivas, o que fazer? [Comentário:A igreja em Corinto espelhava a comunidade na qual estava inserida” Corinto era universalmente conhecida pela sua imoralidade. O termo “moça coríntia” era sinônimo de “prostituta” e “corintianizar” significava levar uma vida imoral. Nas comédias gregas, “coríntio” era ocasionalmente a designação dada aos bêbados. De acordo com Estrabão, existiam cerca de mil mulheres escravas trabalhando como prostitutas no templo, no santuário de Afrodite, localizado no Acrocorinthus. Uma inscrição mostra que tinham os seus próprios lugares no teatro. Estas condições lançam alguma luz sobre as referências que Paulo faz à imoralidade no mundo pagão, nas suas duas cartas aos coríntios (1Co 5.1; 1Co 6.9-20; 1Co 10.8; 2Co 7.1) e na sua carta aos romanos (Rm 1.18-32). Numa pequena crítica ao que pensa o comentarista da lição, dizer que a igreja ‘espelhava a comunidade na qual estava inserida’ é um pouco forte demais, dado o contexto imoral e depravado daquela cidade, o que não condiz com uma igreja que embora tenha sido chamada de carnal, era uma comunidade de santos, composta por pessoas chamadas por Cristo - aqui Deus teve "muito povo" (At 18.10). Devemos compreender que Paulo descreve estes crentes de Corinto como sendo “carnais” ou mundanos, e ainda “criancinhas em Cristo”, mostrando claramente que estão no estágio inicial da vida espiritual. Na sua regeneração eles verdadeiramente estão “em Cristo”, vitalmente vivificados com Sua vida e firmados Nele pelo Seu Espírito, como está escrito em João 3.16, “aquele que nEle crer tem a vida eterna”; mas estas “crianças em Cristo”, vitalmente nEle através de uma fé viva, ainda não compreenderam tudo o que a Cruz tira deles pelo fato de serem batizados em Sua morte na Cruz e vivificados pela Sua vida. No site da CACP, no artigo ‘As Divisões da Igreja de Corinto – Retrato de Hoje’, é dito que: “Apesar de ser uma igreja que se via como espiritual (1Co 3.1) e de ser voltada para a busca de dons carismáticos (1Co 12.31; 14.1; 14.12), a igreja de Corinto estava na iminência de dividir-se em pelo menos quatro pedaços. Esta igreja com seu espírito faccioso e divisionista, a despeito de sua pretensa espiritualidade, ficou na história como um alerta às igrejas cristãs de todo o mundo, registrado na carta que Paulo lhes escreveu”. Leia mais em: http://www.cacp.org.br/as-divisoes-da-igreja-de-corinto-retrato-de-hoje/ . Isto levou Paulo a chamá-la de carnal; esta carnalidade, embora deva ser interpretada primariamente como imaturidade, em contraste aos “maduros” ou “perfeitos” (1Co 2.6), carrega uma conotação ética, como a expressão “andar segundo os homens” (1Co 3.3) indica. O Rev Augustus Nicodemus Lopes afirma que “percebemos que as causas do intenso divisionismo evangélico no Brasil são intrinsecamente corintianas: imaturidade, carnalidade, culto à personalidade, orgulho espiritual, mundanismo”. Diante desse quadro, o que fazer?]
2. A adoção de uma liturgia para edificação coletiva. Havia muitos talentos entre os coríntios (1 Co 14. 26). Per isso, para o desenvolvimento espiritual de todos, era necessário a adoção de um plano litúrgico para que as celebrações em Corinto fossem edificantes para todos Logo, deveria haver espaço para tudo, do louvor ao falar em línguas, passando pela profecia e pelo discernimento de espírito. Um conceito chave, entretanto, era a ordem, de modo que cada um, a partir de seu próprio relacionamento com Deus e no desenvolvimento de sua adoração, deviam colaborar, individualmente, para o estabelecimento de um bom ambiente de louvor a Deus. A desculpa de que o momento da adoração nos conduz ao descontrole é inválida. [Comentário: Hernandes Dias Lopes, escreveu: “O culto tem três aspectos: Deus é adorado, o povo de Deus é edificado e os incrédulos são convencidos de seus pecados. Se formos à igreja para adorar com o propósito de demonstrarmos a nossa espiritualidade, estaremos laborando em erro. O culto é para a edificação e não para exibição. Mas a igreja de Corinto estava transformando o culto num palco de exibição em vez de um canal para edificação” LOPES, Hernandes Dias, I Coríntios: Como resolver conflitos na Igreja. São Paulo: Hagnos, 2008. Aqui é importante ressaltar que, na reunião de adoração, não há partes mais importantes que outras – o louvor é mais importante, ou a pregação é o cerne – toda a liturgia é importante, ainda que, o culto deva ser voltado para a edificação da coletividade e a instrução do povo de Deus na Palavra deve receber a prioridade. Leon Morris em I Coríntios - Introdução e Comentário, escreve: “A disposição de aprender a servir à Causa deve estar em primeiro lugar. Muita gente tem dificuldade em entrar no Templo para ouvir as instruções do Senhor. Alguns se consideram dispensados de aprender alguma coisa, por se julgarem muito capacitados e preparados. Na igreja, há até os que se julgam os únicos certos do grupo. Para o apóstolo esta reivindicação (ainda que seja somente interior) é sinal de insubmissão e carnalidade. Deus merece o melhor de todos nós! No culto devemos demonstrar isso, pois “tudo deve ser feito de maneira tão decente quanto possível, e com a devida consideração pela ordem. A falta de decoro e a inovação indevida são igualmente desencorajadas" MORRIS, Leon. I Coríntios - Introdução e Comentário. Série Cultura Bíblica, volume 7. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 1989. Não esquecendo a recomendação de Paulo: “Tudo, porem, seja feito com decência e ordem”(v.40).]
3. O principio do amor na estruturação da liturgia. Paulo deixa bastante claro que todas as regras comunitárias, operações sobrenaturais, normas coletivas e manifestações espirituais precisam ser mediadas pelo amor (1 Co 12.31). Nada deve ser feito por revanchismo, sentimento de humilhação do próximo, ou narcisismo (1 Co 14.36). Cada cristão daquela comunidade tinha o privilégio de exercer seus dons e ministérios, desde que levasse em conta que a existência desses era para a glória de Deus e serviço à comunidade. Sem a devida conciliação entre dons ministérios e amor, a bênção de Deus pode tornar-se inválida (1 Co 14.19,23). Não existe culto sem a manifestação de Deus, as operações espirituais sem a mediação do amor tornam-se puro exibicionismo e espetáculo que somente atrapalham o culto e afastam a glória de Deus. [Comentário: Os cultos da igreja de Corinto eram notadamente pentecostais (1 Co 12; 13; 14). Nenhum dom lhes faltava, porém, os dons não produziam a edificação, exortação e consolação desejados por Deus. A bagunça era generalizada, quando Deus falava não era ouvido, quando fazia milagres não era glorificado. Sem ordem e sem decência não há crescimento espiritual, apenas emoção. A direção de um culto, cabe prioritariamente ao Espírito Santo, mas a participação humana é indispensável. O elemento humano na direção de um culto a Deus precisa estar primeiramente em sintonia com o Espírito Santo. Muitos com o falso entendimento de que uma liturgia ‘engessaria’ a atuação do Espírito e a manifestação pentecostal, preferem não adotá-la. Temóteo R. Oliveira escreve que “Dirigir um culto requer muita responsabilidade, porque, neste ato, se está trabalhando com matéria prima do Céu, alimento do Céu, que se distribui com os famintos espirituais. A meta de quem dirige um culto nunca pode ser a de cumprir um anseio humano nem de encontrar uma oportunidade para expor os frutos do eu e da vaidade, mas, sim, fazer tudo para glorificar o nome do Senhor." OLIVEIRA, Temóteo R. Manual de cerimônias. 22.ed., Rio Janeiro: CPAD, 2005, p. 16-7. A Bíblia recomenda que todos, pelo Espírito Santo, falem em línguas e profetizem (1 Co 14.5), mas que também exerçam os dons espirituais com sabedoria, ordem e decência (1 Co 14.26-33,37-40), a fim de que o nome do Senhor seja glorificado (1 Co 14.25), o incrédulo seja convertido (1 Co 14.22-25) e a igreja edificada (1 Co 14.26).]

III - LITURGIA. FORMALISMO E EXIBICIONISMO

1. O culto a Deus X o culto ao culto. A história é dinâmica, assim como o desenvolvimento do povo de Deus. Durante o curso do desenvolvimento do plano divino sobre a terra, o Senhor vem se utilizando de diversas estratégias para auxiliar o seu povo no louvor: orientou a construção do tabernáculo e do Templo. Exigiu sacrifícios de animais e agora pede sacrifícios de louvor (Hb 13.15). Se com Israel e a Igreja Primitiva as formas de cultuar a Deus mudaram é natural que em nossas comunidades algo também se altere, sem contudo, a essência ser perdida. [Comentário: É Deus quem diz como deseja ser adorado, não há formas de cultuar, são as Escrituras que finalizam este assunto. A liturgia do culto já está definida. A adoração e louvor que agrada Deus na Sua casa estão impressas na bíblia. Estão claramente afirmadas para todos que tenham olhos para ver. A Confissão de Fé Luterana traz uma definição interessante sobre isso: “Por que nos reunimos em culto? Confiamos na promessa de Jesus Cristo de estar presente onde duas ou três pessoas estão reunidas em seu nome. O Espírito Santo faz-nos reconhecer que Deus é nosso Pai e doador de todas as coisas. Faz-nos saber que Deus veio ao nosso encontro e nos serviu em Jesus Cristo. Faz-nos agradecer a Deus por este serviço, adorando-o e louvando-o. O Espírito Santo fortalece a comunhão no encontro com outras pessoas. Faz-nos sair do isolamento. Confronta-nos com a palavra de Deus, fazendo-nos conhecer sua vontade. Pelo sacramento do santo Batismo certifica-nos de sua aliança. Pelo sacramento da Ceia do Senhor une-nos no mistério do corpo de Cristo, fortalecendo-nos para a missão de servir a Deus e ao próximo.” Culto não é ritual, melodia, formas, estética, beleza, palavras, cânticos, dogmas, símbolos, ofertas ou qualquer outro detalhe que lhe possamos atribuir. Culto, antes de tudo, é vida em ação. Culto é um ato de resposta à ação bondosa de Deus, que nos chamou com finalidade bem clara: “Por meio de Jesus, pois, ofereçamos a Deus, sempre, sacrifício de louvor, que é o fruto de lábios que confessam o seu nome” (Hb 13.15). Por isto, aquele que se relaciona com Deus deve lembrar que o culto a Deus é o fruto natural (no sentido de normal) da comunhão com Jesus Cristo. Notemos também que as reuniões regulares da igreja primitiva não visavam a propósitos evangelísticos e, sim, primordialmente, ao encorajamento mútuo e à adoração. Por essa razão, o autor de Hebreus escreve: “Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras. Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vede que o Dia se aproxima”(Hb 10.24-25). Por serem reuniões públicas, havia ocasiões em que os incrédulos vinham às reuniões dos crentes, mas isto era considerado apenas uma possibilidade (1Co 14.23). O evangelismo, segundo o texto de Atos 2, acontecia no contexto da vida diária, à medida que os crentes propagavam o evangelho. Extraído de: http://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/igreja/o-culto-no-novo-testamento/]
2. Formalismo. Formalismo é uma observância estrita a regras e formas, e isso em algumas igrejas vem se tornando um problema no momento do culto. Em alguns lugares, o culto é tão mecânico que sua previsibilidade engessa a adoração. Em outros casos, uma pessoa pode até não andar realmente de acordo com os padrões de Deus, mas se ela seguir o formalismo do culto, pode até ministrar a adoração. Isso é errado! Pois, os adoradores verdadeiros mais do que seguir regras, seguem uma vida de obediência a Deus. Não existe fervor nas orações, que já se tornaram vãs repetições. A forma como o culto é apresentado é muito mais importante que o Deus que se pretende adorar. Ir à igreja tornou-se uma tradição. [Comentário: Notemos que, se não há fervor nas orações, se o culto parece ser mecânico e previsível, o problema não está na forma litúrgica, está no crente que não é totalmente controlado pelo Espírito. Notemos ainda, que o culto que agrada a Deus é aquele que vem de um coração puro (Sl 15.1-5; I Tm 2.8). Está claro que aquele que habitara no Teu tabernáculo e no Seu santo monte é aquele que anda com as mãos santas no temor de Deus, e não com uma liturgia de atitude criativa que usa a cultura de um povo como padrão. As mãos santas que devem ser levantadas são as de um coração puro e não destes membros da anatomia em quais o pecado habita (Rm 7.18, 23). As mãos que devem ser levantadas em oração são as que são santas. De outra forma Deus não nos ouvirá (Sl 66.18, “Se eu atender à iniqüidade no meu coração, o Senhor não me ouvirá”). É melhor orar, e adorar, com um coração puro. Não é o levantar de mãos, não é o barulho de ‘glórias e aleluias’, não são as lágrimas... estas coisas devem ser expressão, a materialização de um coração puro, e isso não está vinculado a ‘formalização’, mas à uma vida cheia do Espírito. Pureza de coração no temor do Senhor nos levará a fazer tudo para a glória de Deus na igreja (Pv 1.7; Ec 12.13; I Co 10.31; Ef 3.21).]
3. O perigo da falta de ordem. Semelhante a comunidade em Corinto, em várias igrejas a abundância de dons, que deveria ser um sinal de bênção, tem se tornado motivo de tribulação. Em alguns lugares há tanto louvor que não é possível ter pregação da Palavra já em algumas comunidades o momento da oferta tornou-se o centro do culto, ocupando a maior parte do tempo Como faz falta uma boa e genuína liturgia nestes lugares. [Comentário: Fato! Não sei se a facilidade de acesso à informação serviu para uma diversificação e mistura tão grandes como vemos hoje; adotamos liturgias estranhas àquela dos primórdios pentecostais. Cada cantor, cada grupo de louvor, quer fazer sua ‘ministração’ – muitas vezes desconexas e até heréticas. O momento do louvor é importante. A música pode, às vezes, nos comover pela beleza da melodia, mas esse sentimento, por si só, não é adoração. A música deve ter verdades bíblicas contidas em suas linhas para que seja um recurso legítimo e fomente a verdadeira adoração. A música expressa nossa relação com Deus (Hb 13.15);ela deve caracterizar nossa comunhão com os irmãos e contribuir como veículo de proclamação da verdade de Deus (Ef 5.19; Cl 3.16). Seguindo estes parâmetros, o momento do louvor será edificante e não precisará que ‘levitas’ ministrem sermonetes – deixem essa parte para o pregador.]

SUBSÍDIO 1

O formalismo cansa a Deus
O culto levítico fora instituído, a fim de que Israel adorasse a Deus de forma verdadeira e amorosa (Lv 20.7). Os seus vários sacrifícios oferendas e oblações deveriam ser subentendidos como figuras dos bens futuros (Hb 10.11). Infelizmente, os israelitas passaram, com o decorrer do tempo, a adorar a própria adoração. Acabaram por considerar o culto superior ao cultuado. E isso trouxe-lhes consideráveis prejuízos. Haja vista o que aconteceu à serpente de bronze (Nm 21.8; 2 Rs 18.4) Na vida dos judeus, cumprira-se o que, certa feita, afirmou Charles Montesquieu: A maior ofensa que se pode fazer aos homens é tocar nas suas cerimônias e nos seus usos’. De tal maneira o formalismo contagiou os judeus que, no tempo de Jeremias, passaram eles a considerar o Templo do Senhor como mais importante que o Senhor do Templo (Jr 7.4).
Achavam que, apesar de suas iniquidades, os sacrifícios e oblações, que pensavam eles endereçar ao Altíssimo, ser-lhes-iam mais do que suficientes para torná-los aceitáveis diante de Deus (Jr 3.1-15). Como estavam enganados! [...] Assim é o cristianismo nominal’ (ANDRADE. Claudionor. de Fundamentos Bíblicos de um Autêntico Avivamento 1.ed Rio de Janeiro: CPAD. 2004 p 128).


SUBSÍDIO 2

"O espirito do profeta e o Espirito do Senhor. Precisamos fazer a nossa parte, a fim de que o Espirito realize a dEle. E isso esta relacionado com a liturgia, conjunto dos elementos que compõem o culto cristão (At 2.42-47:1 Co 1426-40: Cl 3.16). Embora seja possível liturgia sem culto, não há culto sem liturgia (Is 1.11-I7:2913: Mt 15.7-9:1 Co 11.17-22) A parte litúrgica compreende diversas partes do culto: oração (At 12.12; 16.16); cânticos (1 Co 14.26. Cl 3.16); leitura e exposição da Palavra de Deus (Rm 10.17: Hb 13.7); ofertas (I Co 16.1.2); manifestações e operações do Espirito Santo (I Co 14.26-32); e bênção apostólica (2 Co 13.13; Nm 6.23-27).

Tomando como base o livro de Atos dos Apóstolos e as Epistolas (At 2.1-4; Ef 519; Cl 316). vejamos como era o culto, nos tempos do Novo Testamento. A promessa da efusão do Espirito (Jl 2.28) cumpriu-se no dia de Pentecostes (At 2.16-18), quando os que estavam reunidos foram 'cheios do Espirito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem' (At 2.1-4) Essa experiência pentecostal repetiu-se em outras ocasiões: At 814-20; At 917; At 10.44-48; At 19.1-7" (GILBERTO. Antonio. Teologia Sistemática Pentecostal 1.ed Rio de Janeiro CPAD. 2008. p. 208).

CONCLUSÃO
A importância da liturgia para o desenvolvimento da adoração a Deus é algo que devemos continuamente reconhecer Todos somos capazes de perceber quando a programação de um culto está mal elaborada ou simplesmente não existe: isto porque essa irresponsabilidade afeta coletivamente o louvor que se pretende apresentar ao Senhor Busquemos a Deus com fervor, mas sempre numa perfeita organização. [Comentário: Nós, que em resposta à ação bondosa de Deus amamos a Cristo e cremos na suficiência da Sua Palavra, não podemos moldar nossa adoração aos estilos e preferências de um mundo escravo do pecado e de suas paixões. Nosso objetivo principal deve ser adorar em espírito e em verdade. Para isto, as Escrituras precisam regular o nosso culto, a nossa adoração. Tudo em nossos cultos deve conduzir o adorador a um conhecimento mais profundo de Deus. Como afirma o Rev Augustus Nicodemos Lopes, “é importante reconhecer… que o Espírito age principalmente a favor dos interesses de Cristo, visando glorificá-Lo e exaltá-Lo. Esse princípio aplica-se também ao culto cristão. Esse princípio litúrgico precisa ser resgatado: o culto é voltado para Deus. É teocêntrico – e nisso, cristocêntrico, não antropocêntrico. Nada mais deve ocupar o lugar de Cristo no culto.”] Entenda que “A Salvação pertence ao nosso Deus, que se assenta no trono e ao Cordeiro!” (Ap 7.10)”,
Francisco Barbosa
Campina Grande-PB
Dezembro de 2016

HORA DA REVISÃO

1. Explique com suas palavras o que é liturgia.
Resposta pessoal. (Sugestão: O conjunto de procedimentos públicos que orientam o culto a Deus).
2. Por que a organização do culto por meio de uma liturgia se faz tão necessária?
Para que se evite discórdia no momento do culto a Deus, pois somos todos seres únicos e por isso diferentes uns dos outros.
3. Quais os três fundamentos que justificam a natureza da liturgia?
Adoração, coletividade e organização.
4. Por que a igreja em Corinto enfrentava problemas se ela era abundante em dons e ministérios?
Porque lhe faltava organização na administração dos dons, isto é, na liturgia.
5. Que perigos corremos quando não se adota uma liturgia básica para cultuar a Deus?
Exageros e excessos de um lado; manipulação, controle personalista e formalismo do outro.

Fonte: Lições Bíblicas de Jovens, 4° trimestre de 2016
Editora: CPAD