27 de março de 2011
Paulo Testifica de Cristo em Roma
TEXTO ÁUREO |
Na noite seguinte o Senhor, pondo-se ao lado dele, disse: "Coragem! Assim como você testemunhou a meu respeito em Jerusalém, deverá testemunhar também em Roma". (At 23.11).
- Paulo está ansioso e apreensivo quanto às coisas que lhe acontecerão. Poderá ser morto em Jerusalém e, assim, seus planos de levar o evangelho até Roma, e daí para o Ocidente, talvez nunca se realizem. Deus lhe aparece nesse momento crítico, encoraja o seu coração e assegura que ele dará testemunho da sua causa em Roma. As Escrituras registram que Deus apareceu a Paulo três vezes para reafirmar-lhe isso (18.9,10; 22.17,18; 23.11; cf. 27.23-24).
A principal e a mais urgente missão da Igreja é a evangelização de todos os povos e nações. |
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
- Narrar os principais acontecimentos da viagem de Paulo a Roma;
- Compreender que Paulo, com ousadia, proclamou o evangelho de Cristo em Roma, e
- Conscientizar-se de que a principal e mais urgente missão da Igreja é a evangelização de todos os povos e nações.
PALAVRA-CHAVE TESTEMUNHA: - [do grego martyr; do latim testimonia]. O que atesta a veracidade de um fato. |
COMENTÁRIO
Paulo, em Roma, permaneceu em prisão domiciliar por dois anos. Tinha licença de receber visitas, às quais pregava o evangelho. Paulo discutiu com os judeus em Jerusalém os quais o acusaram de profanar o Templo (At 21.26-34). Ele foi posto sob custódia romana em Cesaréia durante dois anos, mas após apelar para César, foi enviado por navio a Roma. Após deixar a ilha de Creta, os companheiros de Paulo naufragaram em Malta devido a uma forte tempestade. Três meses depois, ele finalmente chegou à capital do império. O que aconteceu a Paulo depois, segundo geralmente se crê, é o que se segue: durante esses dois anos, Paulo escreveu as Epístolas aos Efésios, Filipenses, Colossenses, e a Filemom. Em 63 d.C., aproximadamente, Paulo foi absolvido e solto. Durante uns poucos anos continuou seus trabalhos missionários, e talvez tenha ido até à Espanha, conforme planejara (Rm 15.28). Durante esse período, escreveu 1 Timóteo e Tito. Foi preso de novo cerca de 67 d.C., e levado de volta a Roma. 2 Timóteo foi escrita durante esse segundo encarceramento em Roma. A prisão de Paulo só terminou ao ser ele decapitado, sofrendo o martírio sob o imperador romano Nero. Boa aula!
(II. DESENVOLVIMENTO)
I. VIAGEM DE PAULO A ROMA (At 27.1-28-10)
Paulo não reconhece nenhuma das acusações feitas a ele pelos judeus. Paulo na verdade, podia-se considerar um fariseu, zeloso da lei moral do AT (21.24). Mesmo assim, Paulo não guardava a Lei como um conjunto de códigos ou padrões mediante o qual se tornaria justo. Como ensinou em suas epístolas, uma vida justa requer a obra do Espírito Santo no coração e na alma do crente. Paulo, cônscio de sua missão, como havia recebido ordens do Senhor para testemunhar do Evangelho em Roma, Clama pelo tribunal de César. Cidadão romano, tinha ele o direito de apelar para César, e tomada a resolução ninguém poderia revogar. Como era dos desígnios de Jesus que Paulo seguisse para Roma, onde teria que dar testemunho da sua Palavra, após a visita do rei Agripa a Cesaréia, o Governador Festo fê-lo seguir para a Itália. Pode-se avaliar como as viagens por mar eram perigosas pelo exemplo desta viagem – a quarta viagem missionária de Paulo. Os passageiros eram na realidade adições à carga transportada, proviam sua alimentação e não havia acomodações a bordo para dormirem (At 21.3,7,8). Navegar, só em determinadas épocas do ano, havia uma lei romana que proibia viagens no período entre 10 de novembro e 10 de março. At 28.11 se refere a um barco que foi apanhado no mar em um período perigoso. Ele passou o inverno em Malta. Paulo viajou num navio graneleiro alexandrino, carregado e que estava a caminho de Roma (At 27.6)
1. De Cesareia a Roma (27.1-44). Esse é o início da quarta viagem missionária de Paulo, ainda que preso, contudo cônscio de sua missão: levar o evangelho a Roma. Diz Lucas, o qual também fez parte do comitê de viagem, que Paulo e alguns outros presos foram entregues a um centurião da coorte Augusta, chamados Júlio, o qual tratou muito bem o Apóstolo, permitindo-lhe em Sidon ir ver os seus amigos e receber deles bom acolhimento. “Eles embarcaram em Cesaréia, num navio de Adramitio, que seguia a costear as terras da Ásia. Aristarco, macedônio de Tessalônica os acompanhou. Aportaram em Sidon, dali seguiram a sotavento de Chipre, por serem contrários os ventos, e tendo atravessado o mar que banha a Cilícia e a Panfília, chegaram a Mirra, cidade da Lícia. Aí o centurião, encontrando um navio de Alexandria que estava de viagem para a Itália, fez com que embarcassem. Navegaram vagarosamente por vários dias e tendo chegado com dificuldade à altura de Cnido, não permitindo o vento seguirem viagem, navegaram a sotavento de Greta, na altura de Salmone; e costeando com dificuldade, chegaram a um lugar chamado Bons Portos, perto do qual estava a cidade de Laséa”. Essa viagem, como se vê, foi muito demorada, os ventos não eram favoráveis e tudo parecia difícil.
2. Paulo na Ilha de Malta (At 28.1-10). Malta (grego Melita; significa Refúgio em língua fenícia), é formada por um pequeno arquipélago situado no mar Mediterrâneo: Malta (a maior das ilhas), Gozo, Comino, e as desabitadas Cominotto e Filfla. Situa-se a 93km ao sul da Sicília, a 290km ao norte da Líbia e a cerca de 290km a leste de Túnis. As ilhas têm uma superfície total de 316km2. Esse naufrágio na ilha de Malta não foi a primeira vez que Paulo correu risco de vida no mar. Poucos anos antes, ele escreveu: “Três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no profundo.” Disse também que havia corrido “perigos no mar”. (2Co 11.25-27). As viagens marítimas o ajudaram a cumprir a função que Deus lhe deu como “apóstolo para as nações” (Rm 11.13). A passagem de Atos 28.2,4 chama os habitantes da ilha de bárbaros; mas isso significa, meramente, que eles não falavam o grego, ou, pelo menos, que o grego não era a língua nativa deles, embora talvez compreendessem bem o grego, segundo também se verificava na maior parte do mundo antigo, dentro e mesmo fora do império romano, naquela época. Os habitantes de Malta falavam um dialeto fenício, também chamado púnico. Públio um dos chefes da ilha, chamado no sétimo versículo deste vigésimo oitavo capítulo de «homem principal», provavelmente, derivava a sua autoridade do propraetor da Sicília. O título que é conferido aqui a ele (no grego, protos), é confirmado por muitas inscrições.
3. Paulo chega a Roma (Mt 28.11-15). Paulo tinha o desejo de pregar o evangelho em Roma (Rm 15.22-29), e era da vontade de Deus que ele assim o fizesse (23.11). Quando, porém, chegou ali, estava algemado e ainda assim depois dos reveses, tempestades, naufrágio e muitas outras provações. Eles tinham que esperar três meses em Malta até que a temporada de navegação começasse, a partir de fevereiro. Note que o emblema do navio no qual embarcaram era Castor e Pólux, (em grego Dióscuros: “os gêmeos”, filhos de Zeus), as divindades patronas da navegação. Este era outro navio cargueiro que transportava grãos da África para a Itália. Embora Paulo fosse fiel, Deus não lhe proveu um caminho fácil e livre de problemas. Nós, da mesma forma, podemos estar na vontade de Deus, ser inteiramente fiéis a Ele, e mesmo assim sermos dirigidos por Ele através de caminhos desagradáveis, com aflições. No meio de tudo isso, sabemos, porém, que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus (Rm 8.28). Navegaram os 120 quilômetros até Siracusa, capital da Sicília, sem incidentes de nota e ali permaneceram por três dias. Continuando viagem, pararam por um dia em Régio, e, aproveitando o vento favorável seguiram até Potéoli, principal porto de Roma, no litoral norte da baía de Nápoles, a cerca de trezentos quilômetros de distância. Ali encontraram irmãos cristãos. A seu convite tiveram oportunidade de passar uma semana com eles, antes de continuar a sua viagem de duzentos e cinquenta quilômetros por terra até Roma, numa das grandes estradas construídas pelos romanos através da Europa.
SINÓPSE DO TÓPICO (1)
Paulo sofreu m naufrágio em sua viagem a capital do império romano, porém, Deus guardou a vida do seu servo, livrando-o da morte.
II. O EVANGELHO É PROCLAMADO NA CAPITAL DO IMPÉRIO (AT 28.16-31)
De 60 a 62 a.C., Paulo esteve sob prisão domiciliar pregando e ensinando a qualquer um que quisesse ouvir, enquanto aguardava o julgamento perante Nero. Talvez Paulo houvesse esperado ser inocentado e solto (Fp 1.25; 2.24; Fm 22). Paulo tinha a firme convicção de que a mensagem do Evangelho deveria seguir no seu livre curso, sem impedimento algum, em triunfo. Mesmo em cadeias, o missionário não deixou de “ensinar, exortar e consolar a tempo e fora de tempo”.
1. Prisão domiciliar (28.16). Quando chegaram a Roma, o Centurião o entregou ao prefeito do pretório. Paulo recebeu a permissão de se alojar fora do campo pretoriano, é o regime especial da custodia militaris: o prisioneiro arranja um alojamento por conta própria, mas deveria ter o braço direito sempre ligado, por uma corrente, ao braço esquerdo do soldado que o vigiava [1]. Como cidadão romano que não havia cometido nenhuma ofensa flagrante e que não tinha aspirações políticas contrárias ao império, Paulo cumpre essa prisão domiciliar. Paulo morava em sua própria casa alugada, onde podia receber seus amigos e ministrar para grupos tais como os judeus romanos.
2. Apologia entre os judeus (28.17-22). A comunidade judaica de Roma nada tinha ouvido a respeito de Paulo de Tarso, mas já haviam ouvido relatos negativos sobre a seita do Caminho. David H Stern afirma que esses líderes judeus tinham a mente muito aberta, mais do que os de hoje normalmente têm [2]. Paulo objetivou regularizar sua situação o mais depressa possível diante da comunidade judaica de Roma. Faz um resumo do seu processo e protesta pela última vez sua fidelidade ao judaísmo. O procedimento de Paulo com esses líderes foi o mesmo adotado com o povo judeu de todos os lugares: ele apelou à Tanakh, usando tanto á torah quanto os profetas a fim de persuadi-los acerca de Jesus e o reino de Deus. Alguns converteram-se mas outros recusaram-se a crer.
3. Progresso do evangelho em Roma (28.23-31). A partir do capítulo 1.8 vemos que a intenção de Atos foi a de mostrar que o evangelho se espalharia até os confins da terra, alcançando os goiym. A nova crença disseminou-se de Jerusalém a Roma, a capital do império. Os romanos eram politeístas, grande parte dos deuses romanos foram retirados do panteão grego, porém os nomes originais foram mudados. Muitos deuses de regiões conquistadas também foram incorporados aos cultos romanos. Os deuses eram antropomórficos, possuindo qualidades e defeitos humanos, além de serem representados em forma humana. Além dos deuses principais, os romanos cultuavam também os deuses lares e penates. Estes deuses eram cultuados dentro das casas e protegiam a família. Os principais deuses romanos eram Júpiter, Juno, Apolo, Marte, Diana, Vênus, Ceres e Baco. Em Roma, Paulo dirige a mensagem primeiro aos de sua raça, depois aos gentios, e assim, a chegada de Paulo a Roma consuma um programa de evangelização (Lc 24.47; At 1.8), originando uma nova expansão do cristianismo a partir da capital do mundo.
Paulo foi conduzido pelas autoridades até Roma. Ali, em prisão domiciliar, ele prego o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.
Não se sabe ao certo e o NT não indica de modo claro o que aconteceu depois deste período. Geralmente os estudiosos aceitam que Paulo fora liberto, talvez através de um ato de clemência aos quais Nero não era estranho. Se assim foi, Paulo pode então concretizar seu desejo de ir até a Espanha (Rm 15.24). Uma fonte segura afirma que Paulo fora martirizado em Roma sob Nero, em 64 ou 65 d.C. Assim, a proclamação do evangelho até aos confins da terra, chegou a uma etapa que, sem ser derradeira (Rm 15.23-24) é contudo, definitiva (28.31).
APLICAÇÃO PESSOAL
Em Atos, encontramos o registro das primeiras conversões à fé em Jesus Cristo, com detalhes sobre a mensagem apostólica e a responsabilidade dos crentes. A promessa do dom do Espírito Santo é descrita de forma que entendemos que era comum à igreja experimentar o cumprimento dessa promessa. Não há amparo bíblico-teológico para pregar uma mensagem diferente hoje, mensagens vazias do verdadeiro evangelho de Jesus Cristo, vazias do dom do Espírito Santo e da vida que Ele produz. Ao findar este trimestre, aprendemos que a leitura de Atos dos Apóstolos é indispensável para aqueles que querem aprender os princípios de liderança e virtude cristãs. Atos nos intima a possuirmos uma fé confiante, assim mesmo como aqueles homens e mulheres, os quais viveram em inteira dependência e confiança na provisão divina e puderam entregar-se plenamente à execução dos planos divinos, e sem os quais não estaríamos hoje estudando Atos dos Apóstolos! Acredite firmemente que Deus vai cumprir tudo que prometeu em sua Palavra!
"Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo;” (Fp 1.6),
Francisco A Barbosa
NOTAS BIBLIOGRAFICAS
[1]. Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulinas, p. 1952;
[2]. David H. Stern, Comentário Judaico do Novo Testamento; Templus, São Paulo, 2008;
Lições Bíblicas 1º Trim 2011 – Livro do Mestre, CPAD, Atos dos Apóstolos – Até aos confins da terra;
Lições Bíblicas 3º Trim 1996 - Jovens e Adultos: Atos - O padrão para a Igreja da última hora;
Bíblia de Estudo Plenitude, Barueri, SP, Sociedade Bíblica do Brasil, 2001;
Bíblia de estudos de Genebra. Trad. de João Ferreira de Almeida. São Paulo: Cultura Cristã, 1999.
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