TEXTO ÁUREO
"Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo" (2 Co 11.2). Paulo usou a metáfora do noivado e do casamento sendo ele mesmo o ‘pai’ da noiva, oferecendo os coríntios limpos e puros para o noivo, Cristo. “Zelo” do grego ‘zelos’, deu origem ao português ‘zelo’, significando ‘ânsia’; ‘desejo intenso’ e ‘compromisso apaixonado’. “Paulo anseia que os crentes de Corinto permaneçam leais a Cristo. Se os coríntios seguissem os falsos apóstolos, eles se desviariam de Cristo e lhe seriam infiéis. Então não mais poderiam aproximar-se dele como uma ‘virgem pura’. Fica suposto que o ideal divino para o casamento não envolve relações sexuais anteriores – que uma noiva deveria chegar a seu marido como uma ‘virgem pura’, e seu marido chegar-se-ia a ela também como tal”. (Bíblia de Estudo de Genebra, Cultura Cristã/SBB, comentário ao v 2, pag 1383) |
VERDADE PRÁTICA
Um líder cristão autêntico é aquele que tem por objetivo maior servir a Deus e à sua Igreja. |
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
2 Coríntios 10.12-16; 11.2,3,5,6
PALAVRA-CHAVE
Lider:- Indivíduo que chefia, comanda e/ou orienta em qualquer ação. Alguém com habilidades de identificar e ir ao encontro das legítimas necessidades (e não desejos) dos outros, influenciando-os para que possam contribuir completamente com seus recursos, visando às metas e ao bem comum e com um caráter que inspire confiança. |
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
- Compreender que o líder cristão autêntico é aquele que não perde o senso de dependência de Deus.
- Distinguir as características de um verdadeiro líder.
- Descrever os tipos de lideranças encontradas no seio da igreja.
COMENTÁRIO
I. INTRODUÇÃO
Hodiernamente há uma evidente falta de liderança forte, segura e carismática em nossa sociedade confusa e sem rumo certo. Apesar do ‘triunfo’ do ensino teológico, nossa comunidade evangélica carece de exemplos dignos de serem imitados. No apóstolo Paulo o Senhor nos proporcionou o exemplo de ‘um homem semelhante a nós’ (Tg 5.17), nele, temos um exemplo de homem que caiu e se levantou. Precisamos olhar carinhosamente para sua vida se quisermos andar em triunfo ao longo dessa caminhada que nos foi proposta. Nesse ícone do cristianismo temos um protótipo estimulador do que um homem/mulher confiante no Senhor pode realizar em sua geração e postergar às futuras. Paulo é um dos maiores exemplos de liderança do Novo Testamento. Desde seus primeiros dias exibiu qualidades de líder que só desenvolveram com o passar dos anos, não obstante ter sido um homem ‘sujeito aos mesmos sentimentos’, vulnerável, amável, sobressaindo em sua biografia uma total entrega ao Senhor. Ele tem sido considerado o cristão mais bem-sucedido do mundo, e sua carreira a mais assombrosa da história. Seu modelo máximo é Jesus. Paulo ressalta não ser sua intenção exercer domínio sobre a fé dos coríntios, pelo contrário, ele está pronto a ser humilhado para que eles fossem exaltados (2 Co 11.7). Cheio de conhecimento e humildade (At 22.3); Cheio do poder de Deus e do fruto do Espírito (13.4); Comissionado por Deus (1.1,21; 4.1); as credenciais de seu apostolado poderiam ser vista na própria igreja (12.12); Nunca corrompeu ou explorou a ninguém (7.2; 11.7-9); trabalhava para não ser pesado a igreja (12.14), características de um líder cristão autêntico que não perde o senso de dependência de Deus.
II. DESENVOLVIMENTO
I. OS DESAFIOS DO APOSTOLADO PAULINO (10.9-18)
1. O desafio da oposição (10.9-11). Quase todos os demais apóstolos exibiram algum dom distinto ou traço de caráter; mas isso em Paulo era mais intenso, com muitas facetas. Pedro era extremista; André, conservador. Paulo evidencia as duas qualidades. Era arrojado e impetuoso como Pedro, em situações que requeriam serenidade ele foi tão cauteloso quanto André. Foi assim que ele resistiu a Pedro, inflexível, não cedeu quando estava em jogo o princípio da liberdade cristã. Aos Gálatas ele asseverou: ‘Nem ainda por uma hora nos submetemos, para a verdade do evangelho permanecesse entre vós’ (Gl 2.5). Ele não dependia do tipo de oratória treinada que o mundo tanta admira e cujo fruto é tão somente a glória do orador. Os partidários dos pseudo-apóstolos o acusavam afirmando que lhe faltava essa habilidade e tentavam ridicularizá-lo por não possuir a eloqüência nos padrões do estilo retórico grego.
2. O desafio do orgulho (10.12,13). Nestes versículos vem a tona a questão que fez Paulo defender-se tão ardorosamente: insuflados pelos pseudo-apóstolos, os partidários da divisão começaram a comparar o apóstolo e ridicularizá-lo por não possuir eloqüência como os gregos. Ele foi julgado deficiente como orador, fraco em seu relacionamento com a igreja, sem amor para com a igreja e sem experiências de ‘poder’. Paulo, porém, recusa-se a ser comparado com falsos apóstolos em sua jactância pessoal de autopromoção e poder. Aqui, Paulo deixa transparecer um traço de seu caráter, ele é irônico ao comparar-se – pressionado – usa a forma de comparação rejeitando os valores falsos deles. Ele esclarece que seus oponentes, com suas vanglórias, estavam se intrometendo em sua área de responsabilidade.
3. O desafio do respeito aos limites e da autoglorificação (10.14-18). Respeitar os limites alheios é uma atitude indispensável a um líder. Paulo destaca que todo líder deve conhecer a medida certa de suas ações (v.13). Gloriar-se em alguma coisa significa declarar quão grandiosa é tal coisa, jactanciar-se de algo. Toda jactância de Paulo termina por dar glória a Deus.
II. AS MARCAS DE UM VERDADEIRO LÍDER (11.2-15)
1. O compromisso de Paulo diante da igreja e de Deus (vv. 2-4). Paulo alertou os coríntios de que Satanás o pai de todas as mentiras, procuraria distraí-los da simplicidade do evangelho. Satanás tentaria enganá-los com argumentos complicados e convincentes, assim como ele uma vez enganou a Eva. Os ensinamentos dos falsos apóstolos soavam bem, mas na realidade, ‘corrompiam’ a mensagem cristã. O fato decepcionou o apóstolo, pois ele tinha por objetivo prepará-los para apresentá-los "como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo" (v.2).
2. Paulo se interessa, antes de tudo, pelo bem-estar espiritual da igreja (vv. 5-15). ‘Porque suponho em nada ter sido inferior a esses tais apóstolos’ – há um tom de zombaria no uso que Paulo faz do título destacado, é como se os chamasse de ‘superapóstolos’. Talvez esse fosse até um título que eles aplicassem a si mesmo. Paulo não costumava ser pesado às igrejas, tinha o habito de trabalhar para sustentar-se mas aceitou ajuda de outras igrejas. Esse fato parece ter deixado os coríntios ofendidos por ter rejeitado sua oferta, talvez oferecida após o apóstolo ministrar o evangelho a eles. Quão diferente era Paulo dos ‘superapóstolos’ de hoje! Que zelo! O líder autêntico coloca o ato de servir acima dos interesses pessoais. SINOPSE DO TÓPICO (2)
3. Paulo colocou o ato de servir acima dos interesses pessoais (vv.16-33). Esta sessão da epístola, que se estende até 12.10, é conhecida como ‘Discurso do Tolo’. Nele Paulo descreve seu ministério em termos que não poderiam ser igualados pelos falsos apóstolos. Contudo, ele não se vangloriou de seu próprio conhecimento, de sua capacidade de falar ou de outras habilidades, mas apenas de quanto tinha sofrido por amor a Cristo. Aqui a jactância de Paulo é irônica – ele se vangloriou de coisas normalmente consideradas vergonhosas, sinais de fraqueza e derrota – que tapa na prosperidade tão ensinada hoje! Que ironia ele diria dos jatos, dos milhões gastos em programas televisivos, dos megatemplos, da ênfase dada à restituição... Portanto, essa vanglória do apóstolo parodiava a jactância de seus oponentes e por tabela, a vanglória dos super-apóstolos hodiernos, que louvavam a sim mesmos diante dos coríntios em retóricas extravagantes. Paulo prossegue nesse texto até o clímax: experiências sobrenaturais incomuns! (12.1-9).
III. PAULO, UM LÍDER SEGUNDO A VONTADE DE DEUS
“Tem-se sugerido que um paralelo dos dias atuais com o apóstolo Paulo resultaria num homem capaz de falar chinês em Pequim, citando Confúcio e Mêncio; escrever teologia intimamente arrazoada em inglês e expô-la em Oxford; defender sua causa em russo perante a Academia de Ciências.” (J. Oswald Sanders, Paulo, O Líder, Ed Vida 5ª impressão – 1995, pág 12). Alguém com essas qualidades e capacidades poderia jactanciar-se, não é o caso, porém, do apóstolo cujo objetivo máximo de vida era fazer a vontade do Senhor (Gl 1.10) e esse objetivo foi efetivado durante sua vida. Paulo foi meticuloso em evitar comportamentos que pudessem desviá-lo de seu ministério como embaixador de Cristo e cooperador de Deus. O apóstolo reviu seus sofrimentos (sofrimentos gerais: tribulações, necessidades, exaustão; administrados por outros: chicotadas, aprisionamento, tumultos; e sofrimentos autodisciplinares: trabalhos, falta de sono, jejum). A seguir, mencionou o cuidado e o desenvolvimento de seus recursos interiores, inclusive a habitação do Espírito Santo, o amor sincero, a Palavra da Verdade e o poder de Deus. Finalmente, usando pares de paradoxos, contrastou a perspectiva mundana e a divina pelas quais ele tinha sido julgado. É perfeitamente dedutível que Paulo tenha sido um verdadeiro líder-servidor. Seu modelo de líder-servidor era o próprio Jesus, que nos deixou um grande exemplo (Jo 13.1-17; Fp 2.5-8). Por isso, Paulo exortou aos coríntios que o imitassem assim como ele imitava ao Senhor (1 Co 11.1). "O líder espiritual deve ter uma "boa reputação" entre os crentes e descrentes." Gene A. Getz. O padrão bíblico requer que os líderes aprendam a desenvolver atitudes de parcerias, de compartilhamento com seus liderados SINOPSE DO TÓPICO (3).
III. CONCLUSÃO
PAULO o grande arquiteto do cristianismo, apresenta-se como um exemplo muito útil para estes dias conturbados. Nos dias de Paulo, aquele valente apóstolo surge com uma mensagem de esperança e, agindo como bom mestre, declara que o conteúdo de seu ensino não é falsificado (v.2). Estes opositores mal-intencionados, sem compromisso com a verdade do Evangelho, interesseiros e sem temor de Deus vagueavam pelas novas igrejas usando o Evangelho com o intuito de obter lucro (2Co 11.3-15 e 1Tm 6.9-10). Paulo mostra aos cristãos de Corinto que ele era diferente desses aproveitadores, ele mostra o que é ser realmente um colaborador do reino (2Co 2.17). Paulo aprendeu com Jesus que o serviço é a postura ideal para quem deseja liderar. A primeira vez que os seguidores de Jesus foram chamados de ‘cristãos’, foi em Antioquia (região da Síria), justamente por se parecerem com Cristo (At 11.26). Vemos muitos hoje que gostam de serem reconhecidos com esse epíteto, porém, sua conduta em nada nos remete à Cristo. Não obstante o mundo ir de mal a pior, não poderia ser diferente e não esperaríamos que fosse, pois, as Escrituras afirmam que ele jaz no maligno, acredito que não é o ambiente que faz o homem, mas é este que transforma aquele.
APLICAÇÃO PESSOAL
É a escolha soberana de Deus que, em última análise, coloca pessoas nos ofícios e nos ministérios da igreja. O ofício apostólico era extraordinário e temporário, e não continuou quando não havia mais testemunhas oculares sobreviventes da ressurreição e quando o cânon das Escrituras estava completo. Os ofícios ordinários, porém, continuam sendo necessárias e são preenchidos pelos Presbíteros (At 20.28) e outros cujos dons espirituais os equipam para os diversos ministérios. Os falsos apóstolos estavam pondo-se em evidência como 'superapóstolos' ('os mais excelentes apóstolos', 2 Co 11.5), humilhando Paulo, acusando-o de falta de retórica e pretensa humildade. Embora alguns estudiosos afirmem que o homem é um produto do meio, acredito na possibilidade do meio ser o produto do homem, afinal, o reino de Deus já é vivido entre nós, com transformação de vida e conseqüentemente, do meio. Os transformados por Deus vivem agora para a glória d’Ele, são luzeiros na escuridão, escaparam do meio corrupto e de ética volúvel. Viver em meio à corrupção e não ser alcançado por ela, viver entre os impetuosos defensores daquilo que é contrario à nossa fé e cercados por um mar revolto de corrupção sem abrir mão dos princípios da fé, é o desafio para nós, cristãos de hoje, a fidelidade é a nossa marca, fidelidade à sã doutrina e aos princípios régios da Reforma. É possível ser um cristão íntegro no meio dessa geração corrompida e má, pois o Mestre mesmo disse que não tinha vindo ao mundo para ser servido, mas para servir (Mt 20.26-28). O apóstolo dedicou, pois, sua vida e personificou sua liderança como um líder-servidor. Ele procurou imitar o Mestre em tudo, servindo apenas aos interesses da Igreja de Cristo (2 Co 12.15; Fp 2.17; 1 Ts 2.8). Que exemplo de dedicação, de zelo, de entrega total a Cristo! Contudo, é em Nosso Senhor, e não em Paulo, que vemos o ideal de liderança, pois é ele o líder por excelência. Em Paulo Deus proporcionou o exemplo de ‘um homem semelhante a nós’ (Tg 5.17), conhecia o fracasso tão bem quanto o sucesso; um homem que clamava em desespero: ‘desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?’ Não obstante também exultava: ‘Graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor’ (Rm 7.24, 25). Essas exclamações trazem Paulo para a nossa realidade e facilmente podemos depreender que ele não foi um ‘santo inimitável’, mas um homem frágil, sujeito a falhas como nós. Em Cristo temos a inspiração de um verdadeiro homem que nunca falhou; em Paulo, o incentivo de um homem que caiu e se levantou.
BIBLIOGRAFIA PESQUISADA
- HENRY, Matthew. Comentário Bíblico do Novo Testamento. 1. ed. Rio de Janeiro, CPAD, 2008.
- J. Oswald Sanders, Paulo, O Líder, Ed Vida 5ª impressão – 1995
- Bíblia de Estudo Pentecostal, Rio de Janeiro, CPAD;
- Bíblia de Estudo Plenitude-SBB, nota e palavra-chave v.2Co 9.7, pág 1207;
- http://ogideao.blogspot.com/2010/01/fracos-como-vasos-de-barro.html
- Imagem: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:StPaul_ElGreco.jpg
EXERCÍCIOS
RESPONDA
1. Mencione os três principais personagens que se destacam nos quatro últimos capítulos da epístola de 2 Coríntios.
R. O apóstolo, os opositores e os coríntios.
2. Qual era a postura de Paulo em relação a depender financeiramente da igreja?
R. Paulo trabalhava para não ser pesado a ninguém.
3. Descreva alguns dos sofrimentos físicos e emocionais experimentados por Paulo.
R. Fome, sede, nudez, açoites, prisões, naufrágios, ameaças e perigos incontáveis.
4. Qual é o verdadeiro padrão de liderança neotestamentária?
R. Jesus.
5. Que exemplo você pode extrair da liderança de Paulo para a sua vida pessoal?
R. Resposta pessoal.