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2º Trimestre de 2014
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Lição 2
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13 de abril de 2014
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O Propósito dos Dons Espirituais
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TEXTO ÁUREO
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"Assim, também
vós, como desejais dons espirituais, procurai sobejar neles, para a
edificação da igreja" (1Co 14.12).
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VERDADE
PRÁTICA
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Os
dons são recursos concedidos por Deus para fortalecer e edificar a Igreja
espiritualmente.
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HINOS
SUGERIDOS
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5;
85; 440
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LEITURA DIÁRIA
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LEITURA BÍBLICA
EM CLASSE
1 Coríntios 12.8-11; 13.1,2
1
Coríntios 12.8-11
8 Pelo Espírito, a
um é dada a palavra de sabedoria; a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra de
conhecimento;
9 a outro, fé, pelo
mesmo Espírito; a outro, dons de curar, pelo único Espírito;
10 a outro, poder
para operar milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de espíritos; a
outro, variedade de línguas; e ainda a outro, interpretação de línguas.
11 Todas essas
coisas, porém, são realizadas pelo mesmo e único Espírito, e ele as distribui
individualmente, a cada um, como quer..
1 Coríntios 13.1,2
1 Ainda que eu fale
as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o sino que
ressoa ou como o prato que retine.
2 Ainda que eu
tenha o dom de profecia, saiba todos os mistérios e todo o conhecimento e tenha
uma fé capaz de mover montanhas, se não tiver amor, nada serei.
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
·
Conscientizar-se de que os dons espirituais não são para elitizar o
crente;
·
Compreender que os dons devem ser utilizados para
edificar a si mesmo e aos outros, e
·
Saber que o propósito dos dons é a edificação do Corpo de
Cristo.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos o verdadeiro propósito dos dons
espirituais concedidos por Deus à sua Igreja. Os dons do Espírito Santo são
recursos imprescindíveis do Pai para os seus filhos. O seu propósito é
edificar-nos e unir-nos, fortalecendo assim a Igreja de Cristo (1 Tm 3.15). [Comentário: Dando início ao estudo dos dons
espirituais, que constitui o primeiro bloco do trimestre, estudaremos o seu
propósito. As lições 2 a 5 englobam um mesmo bloco que tratará dos dons
espirituais dados aos membros do corpo de Cristo para a manifestação do que for
útil, para a edificação, exortação e consolação da Igreja (1Co.12.7-11). Como
vimos na lição 1, os dons espirituais são uma capacitação especial para o
desempenho de um serviço ou ministério. Não há nenhum membro do corpo de Cristo
sem dons e nenhum membro do corpo possui todos os dons. Os dons espirituais não
são distribuídos pela igreja, mas pelo Espírito Santo, conforme sua vontade e
seus propósitos soberanos (1Co 12.11). Lembre-se: Você não recebe dons pelos
seus próprios méritos, não é recompensa! O apóstolo Paulo usou quatro
verbos-chave que ilustram a soberania de Deus na distribuição dos dons
espirituais: O Espírito Santo distribui (1Co 12.11), Deus dispõe (1Co 12.18),
Deus coordena (1Co 12.24) e Deus estabelece (1Co 12.28). Do começo ao fim Deus é
soberano nesse negócio! Portanto, o propósito dos dons não é para a exaltação
de quem o exerce, mas para o serviço aos demais membros do corpo e tudo para a
glória de Deus.] Tenhamos todos uma excelente e abençoada
aula!
I. OS DONS NÃO SÃO PARA ELITIZAR O CRENTE
1. A igreja
coríntia. A Igreja em
Corinto localizava-se numa cidade comercial e próxima do mar, sendo uma das
mais importantes do Império Romano. Corinto era uma cidade economicamente rica,
porém marcada pelo culto idolátrico. Durante a segunda viagem missionária de
Paulo, a igreja recebeu a visita do apóstolo (At 18.1-18). Por conhecer muito
bem a comunidade cristã em Corinto foi que o apóstolo dos gentios tratou, em
sua Primeira Epístola dirigida àquela igreja, sobre a abundância da
manifestação dos dons do Espírito, chegando a afirmar daquela igreja que
"nenhum dom" lhe faltava (1 Co 1.7). [Comentário:
Corinto (em grego: Κόρινθος, transl.
Kórinthos) é uma cidade e antigo município da Grécia, situado na Coríntia, na
periferia do Peloponeso foi uma importante cidade-estado da Antiguidade.
Corinto tinha dois importantes portos que movimentavam sua economia. Havia em
Corinto também dois grandes templos, um templo de Afrodite (deusa do amor), e
um templo de Apolo (deus da musica, canto, poesia e também representava o ideal
da beleza masculina). Diz a história que, havia no templo da deusa Afrodite mil
sacerdotisas que aos finais de tarde desciam até a cidade e vendiam seus
corpos,sendo assim, elas cultuavam dessa maneira o sexo. Em Corinto havia
aproximadamente 250 mil habitantes, e era muito conhecida pela sua luxuria e
por sediar os jogos ístimicos. Paulo quando esteve nessa cidade, em sua segunda
viagem missionária (At 18.1-18), estabeleceu nela uma igreja e mais tarde
escreveu provavelmente quatro das quais apenas duas estão no cânon a segunda (1
coríntios) e a quarta (2 coríntios). Apesar de ser uma igreja que se via como
espiritual (1 Coríntios 3.1) e de ser voltada para a busca de dons carismáticos
(1 Coríntios 12.31; 14.1; 14.12), a igreja de Corinto estava na iminência de
dividir-se em pelo menos quatro pedaços. Paulo, ao escrever-lhes, menciona que
tem conhecimento de quatro grupos dentro da comunidade que ameaçavam a sua
unidade: os de Paulo, os de Pedro, os de Apolo e os de Cristo (1 Coríntios
1.11-12). A igreja de Corinto, com seu espírito faccioso e divisionista, a
despeito de sua pretensa espiritualidade, ficou na história como um alerta às
igrejas cristãs de todo o mundo, registrado na carta que Paulo lhes escreveu.
Para aprendermos a lição, devemos primeiramente entender o racha que estava por
acontecer naquela igreja. E não é um desafio fácil determinar com relativa
certeza a natureza e identificação de cada um dos grupos mencionados por Paulo
em 1 Coríntios 1.12. O apóstolo Paulo, ao dissertar a respeito dos dons
espirituais, traz este ensino para uma igreja local que estava acostumada ao
exercício destes dons, pois a igreja em Corinto é a única que é mencionada nas
Escrituras como sendo uma igreja local em que dom algum faltava (1Co 1.7).]
2. Uma igreja de
muitos dons, mas carnal. Os dons do
Espírito concedidos por Deus à igreja de Corinto tinham por finalidade
prepará-la e santificá-la para o serviço do evangelho: a proclamação da Palavra
de Deus naquela cidade. Todavia, além de aquela igreja não usar corretamente os
dons que recebera do Pai, tinha em seu meio divisões, inveja, imoralidade
sexual, etc. Como pode uma igreja evidentemente cristã ser ao mesmo tempo
carnal e imoral? Por isso Paulo a chama de carnal e imatura (1 Co 3.1,3). Com
este relato, aprendemos que as manifestações espirituais na igreja local não
são propriamente indicadoras de seriedade, espiritualidade e santidade. Uma
igreja onde predominam a inveja, contenda e dissensões, nem de longe pode ser
chamada de espiritual, e sim de carnal. [Comentário:
Como pode uma
igreja possuir dons e ser carnal? Qual é a condição “sine qua nom” para receber
dons espirituais? Um crente pode ter dons espirituais e ser carnal? Paulo
postulou três classes de homens, a saber, «espirituais», «carnais» e
«naturais». Os homens espirituais e os carnais são ambos crentes, mas de
inclinações opostas. Os homens naturais são os indivíduos ainda sem
regeneração. (1Co 2.14). Paulo usa o termo «carnais» para se referir aos
coríntios, em outras palavras, «homens da carne», ou seja, crentes controlados
pela carne. É possível interpretar que esse adjetivo significa que as pessoas
assim qualificadas são inteiramente destituídas do Espírito de Deus (se
considerarmos tão somente o sentido verbal), mas o contexto geral não nos
permite tirar essa conclusão. Mui facilmente, entretanto, Paulo poderia estar
querendo dar a entender que toda a sua suposta e apregoada espiritualidade, no
exercício dos dons espirituais, era falsa, fraudulenta; porque não dispor das
qualidades morais de Cristo, e, ao mesmo tempo, ser supostamente habitado pelo
Espírito de Deus, a ponto de realizar feitos miraculosos, é uma aberrante
contradição, uma impossibilidade moral. Os crentes «...espirituais...», de
conformidade com o uso que Paulo fez desse vocábulo, eram os crentes
«experientes», espiritualmente maduros, segundo se lê em 1Co 2.6. Já os
«carnais», em contraste com isso, eram os, que davam excessivo valor à
sabedoria «humana», conforme a menção e os comentários existentes em 1Co 1.18,19;21
e 2.1,4,5. O interessante aqui é que, mesmo havendo estes crentes
espiritualmente maduros, aquela igreja continuava a ser carnal. O erro estava
então no exercício dos dons.]
3. Dom não é sinal
de superioridade espiritual. Muitos creem erroneamente que os irmãos agraciados com dons da parte de
Deus são, por isso, mais espirituais que os outros. Todavia, os dons do
Espírito são concedidos pela graça de Deus. Por ser resultado da graça divina,
não recebemos tais dons por méritos próprios, mas pela bondade e misericórdia
de Deus. Que a mensagem de Jesus possa ressoar em nossa consciência e
convencer-nos de uma vez por todas de que os dons não são garantia de
espiritualidade genuína: "Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não
profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em
teu nome, não fizemos muitas maravilhas? E, então, lhes direi abertamente:
Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade" (Mt
7.22,23).
[Comentário: Os dons espirituais são uma
capacitação especial para o desempenho de um serviço ou ministério. Não há
nenhum membro do corpo de Cristo sem dons e nenhum membro do corpo possui todos
os dons. Os dons espirituais não são distribuídos pela igreja, mas pelo
Espírito Santo, conforme sua vontade e seus propósitos soberanos (1Co 12.11). É
comum vermos alguns irmãos dando mais honra àqueles que possuem determinados
dons miraculosos «talvez a culpa recaia sobre os que têm o ministério
de ensino». Paulo ensina à igreja que do começo ao fim Deus está no controle,
que o propósito dos dons não é para a exaltação de quem o exerce, mas para o
serviço aos demais membros do corpo e tudo para a glória de Deus. Nenhum membro
da igreja deve se comparar nem se contrastar com outro membro da igreja. Cada
crente é único no Reino! Deus é quem elege cada um de nós no corpo como lhe apraz.
O perigo do complexo de superioridade é real no meio pentecostal onde o ensino
é suprimido em detrimento das experiências sobrenaturais. Paulo afirma: “Não
podem os olhos dizer à mão: Não precisamos de ti; nem ainda a cabeça, aos pés:
Não preciso de vós. Pelo contrário, os membros do corpo que parecem ser mais
fracos são necessários” (1Co 12.21,22). O Reverendo Hernandes Dias Lopes foi
muito feliz ao escrever em seu Blog que “na
igreja de Deus não tem espaço para disputa de prestígio. A igreja não é uma
feira de vaidades. Nenhum membro da igreja pode envaidecer-se pelos dons que
recebeu, pois tudo que temos recebemos de Deus e ninguém pode vangloriar-se por
aquilo que recebeu (1Co 4.7)”.]
SINOPSE
DO TÓPICO (1)
Nas
páginas do Novo Testamento os dons estão à disposição de todos os crentes, com
o propósito de edificar a Igreja de Cristo.
II. EDIFICANDO A SI MESMO E AOS OUTROS
1. Edificando a si
mesmo. Paulo diz
que quem "fala língua estranha edifica-se a si mesmo" (1 Co 14.4). O
apóstolo estimulava os crentes da igreja de Corinto a cultivarem sua devoção
particular a Deus através do falar em línguas concedidas pelo Espírito, com o
objetivo de edificarem a si mesmos. Isto não significa que o apóstolo dos
gentios proibia o falar em línguas publicamente, mas ao fazê-lo de maneira
devocional o crente batizado com o Espírito Santo edifica-se no seu
relacionamento com Deus. Falar ou orar em línguas provenientes do Espírito é
uma bênção espiritual maravilhosa. [Comentário:
O dom de línguas
não é menos excelente nem é desaconselhado por Paulo. Nesta epístola aos
Coríntios, a intenção de Paulo era colocar em ordem algo que estava sem controle.
Nas igrejas pentecostais é incentivado que todos busquem o revestimento de
poder, o batismo com o Espírito Santo e com fogo, e a glossolalia é muito
enfatizada. Talvez estejamos passando ao largo das orientações de Paulo quanto
à ordem no culto, mas de todo, isso não é um mal em si. Falar em línguas
desconhecidas serve apenas para fortalecer o indivíduo. Entretanto, Paulo não
proíbe completamente esta prática: Quero
que todos vós faleis línguas estranhas. Quanto a essa declaração, Bruce
escreve: “E provável que Paulo receasse ter ido muito longe ao rejeitar as
línguas. Portanto, ele deixa claro que não está proibindo as línguas, mas
insistindo na superioridade da profecia”. Como era difícil fazer a distinção
entre um dom válido de falar em línguas, ou a legítima expressão de um desejo
de êxtase espiritual, e uma inválida expressão de alegria pessoal, Paulo
preferiu não proibir o falar em línguas. Entretanto ele indica, de forma rápida
e distinta, que o dom de profecia é superior: ...mas muito mais que
profetizeis. Naturalmente, quando o crente ora em línguas, mesmo que ele não
saiba o sentido das palavras, Deus o entende. O crente, batizado com o Espírito
Santo, deve procurar desenvolver uma adoração individual, plena da unção do
Espírito Santo.]
2. Edificando os
outros. Os crentes
de Corinto falavam em línguas e exerciam vários dons espirituais, mas parece
que eles não se preocupavam muito em ajudar as pessoas. Por isso, o apóstolo
lembra que os dons só têm razão de existir quando o portador preocupa-se com a
edificação da vida do outro irmão em Cristo (1 Co 14.12). Em lugar de buscarmos
prosperidade material, como se pudéssemos barganhar com Deus usando dinheiro em
troca de bênçãos, busquemos os dons espirituais. Agindo assim edificaremos a
nós mesmos e também aos outros.. [Comentário:
Paulo, continuando suas admoestações, reporta-se
mais uma vez ao seu grande salmo em louvor ao amor: Buscai o amor! Esta deve
ser a maior preocupação deles, pois, como expressa certo comentarista: O amor é
a patroa; os demais dons espirituais são servos, criados. Por isso, enquanto
continuam no empenho proposital de ir após o amor, os coríntios deviam lutar
com dedicação pelos dons espirituais, sendo o uso de todos eles, em sua
dedicação à congregação, regulado pelo padrão estabelecido pelo amor. A causa
das divisões daquela igreja era justamente a falta do amor. Todos os dons
espirituais são proveitosos, incluindo 0 dom de línguas; mas nem todos se
revestem de igual importância. Ao buscarem os dons espirituais (ver 1Co 12.31 e
14.1), os coríntios deveriam deixar de buscar o dom de línguas e abusar do
mesmo, porquanto isso causara efeitos prejudiciais à sua comunidade cristã,
como meio que era de auto-glorificação, além de interromper a comunicabilidade
entre os membros da igreja que assim faziam. Portanto, se os crentes de Corinto
estivessem genuinamente interessados em buscar os dons espirituais, a profecia
deveria ser o seu grande alvo, e não as línguas. O grande teste da contribuição
que os nossos dons espirituais podem fazer à igreja é o teste da edificação.
Que temos feito para edificar a igreja onde somos membros? Quantas pessoas têm
sido levadas a uma maior aproximação a Cristo, por causa do que temos falado e
ensinado? O zelo é bom, mas pode mal orientar inocentemente ou
propositadamente, com o propósito de exaltação própria.]
3. Edificando até o
não crente. Embora o
apóstolo dos gentios estimulasse todos os crentes a falarem em línguas, isto é,
a edificarem a si mesmos, seu desejo era que também esses mesmos crentes
profetizassem a fim de que a igreja toda fosse edificada. O comentário da
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal diz sobre esse texto: "Embora o próprio
Paulo falasse em línguas, enfatizava a profecia, porque esta edificava a Igreja
inteira, enquanto falar em línguas beneficiava principalmente o falante".
Todos quantos vierem a frequentar nossas reuniões devem ser edificados, sejam
crentes ou não. Por isso, não podemos escandalizar aqueles que não comungam a
mesma fé que nós (1 Co 14.23). Como eles compreenderão a mensagem do evangelho
se em uma reunião não entenderem o que está sendo falado? (1 Co 14.9) [Comentário: Se diversos instrumentos destituídos
de vida podem levar os homens a compreender certas atitudes e sentimentos,
reagindo conforme os mesmos, ou compreendendo uma ordem emitida por aqueles, em
ocasião de batalha, então, quão mais expressivo instrumento precisa ser a voz
humana, que conta com o apoio da inteligência, e até mesmo de dons espirituais
concedidos por DEUS! Assim equipados, os crentes devem ser capazes de
transmitir benefícios espirituais a seus ouvintes. Porém, se algum idioma não
for compreendido pelos seus ouvintes, perde-se o desígnio inteiro da
comunicação de ideias, e a voz humana se torna muito menos significativa do que
o instrumento musical visto não haver transmitido pensamento ou sentimento
nenhum (1Co 12.9). Embora o dom de línguas seja uma manifestação genuína da
parte de Deus, a sua utilidade se perde se nada consegue comunicar. Pode reter,
entretanto, certa utilidade particular, para o próprio crente que as fala; mas
não tem uma utilidade coletiva, altruísta. Portanto, as línguas, caso não
acompanhadas do dom paralelo da interpretação de línguas, devem ser praticadas
em particular, e não publicamente. Não digo que o falar línguas em nossos
cultos deva ser desencorajado. Mas precisamos colocar ordem para evitar os
escândalos. Ainda lembro da primeira vez que visitei uma igreja “de fogo” e,
assustado com aquela “histeria”, me indagava se aquilo “era de Deus”, como no caso
hipotético apresentado por Paulo aos coríntios: “O que acontecerá se toda a igreja se congregar num lugar, e todos
falarem línguas estranhas?”. Na verdade, este é o pensamento de todo
indouto que entra em nossos templos, daí o cuidado que devemos ter com o exercício
deste dom e priorizarmos, como enfatiza Paulo, o dom de profetizar, pois este
constrangerá o visitante a reconhecer sua pecaminosidade. Meu pensamento não é
uma tentativa de ajustar e conformar o culto ao molde da opinião pública. Mas
entendo que o papel da igreja é atrair e conquistar os de fora para o Reino. É
alarmante o fato de que, em alguns arraiais pentecostais, ao invés de ajudar a
converter os pecadores, os cultos desordenados despertam somente o escárnio e o
desprezo dos descrentes, todo o seguimento pentecostal sofre e é achincalhado
por isso.]
SINOPSE
DO TÓPICO (2)
Os
dons só têm uma razão de existir na vida do crente: edificar a vida do outro
irmão em Cristo.
III. EDIFICAR TODO O CORPO DE CRISTO
1. Os dons na
igreja. Na Primeira
Carta aos Coríntios, Paulo dedica dois capítulos (12 e 14) para falar a
respeito do uso dos dons na igreja. O apóstolo mostra que quando os dons são
utilizados com amor, todo o Corpo de Cristo é edificado. Conforme diz Thomas
Hoover, parafraseando Paulo em Efésios 4.16, "os membros do corpo, cada
qual com sua própria função concedida pelo Espírito, cooperam para o bem de
todas. O amor é essencial para os dons espirituais alcançarem seu
propósito". Se não houver amor, certamente não haverá edificação (1 Co
13). Sem o amor de Deus nos tornamos egoístas e acabamos por colocar nossos
interesses em primeiro lugar. O propósito dos dons, que é edificar o Corpo de
Cristo, só pode ser cumprido se tivermos o amor de Deus em nossa vida.. [Comentário:
Um corpo se
caracteriza pela maravilhosa cooperação de muitos elementos, que são
perfeitamente unidos um ao outro. É a essa admirável unidade de muitas porções
que Paulo se refere, fazendo disso uma ilustração de como tal condição deveria
prevalecer na igreja. São usados verbos no particípio presente a fim de
salientar como essa unidade, tão intricada e perfeita em sua natureza e
atuação, deve existir na forma de uma operação contínua. As ideias de
«harmonia», de «adaptação», de «solidariedade» e de «unidade na diversidade»,
são assim expressas (compare com Cl 2.2,19). Russell Norman Champlin afirma que
ao mencionar a harmonia e a participação na vida mútua que o amor cristão
propicia, Paulo chega ao final da presente secção, reiterando a ideia de
unidade, que inspirou esta passagem, a começar por Ef 4.1, como é necessário
nos suportarmos uns aos outros em amor, tendo em vista a preservação da unidade
do Espírito no vínculo da paz (Ef 4.3) CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo
Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 4. pag.
605.]
2. Os sábios
arquitetos do Corpo de Cristo. Deus levanta homens para edificarem espiritual, moral e doutrinariamente
a igreja local. A Igreja é o "edifício de Deus" (1 Co 3.9). Os
ministros, sábios arquitetos (1 Co 3.10). O fundamento já está posto pelos
apóstolos: Jesus Cristo (1 Co 3.11). Mas os ministros têm de tomar o cuidado
com as pedras assentadas sobre este alicerce, pois eles também tomam parte na
edificação espiritual da Igreja de Cristo segundo a mesma graça concedida aos
apóstolos. Por isso, Paulo faz uma solene advertência para a liderança hoje:
"mas veja cada um como edifica sobre ele. Porque ninguém pode pôr outro
fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo" (1 Co 3.10,11).
[Comentário: Nosso conhecimento é parcial, até
mesmo com a ajuda dos mais elevados dons da sabedoria e do conhecimento. Essa
admissão é declaração, feitas pelo apóstolo, deveria ensinar-nos a sermos
cautelosos quando cercamos a Deus com os nossos dogmas, como se, já sabendo
tudo quanto tem importância, não precisássemos mais de fazer qualquer pesquisa
honesta pela verdade. A tendência da religião «ortodoxa» é olvidar-se desse
grande fato, apodando de heterodoxa qualquer opinião que não se adapte
facilmente dentro dos limites dos dogmas já aceitos CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora
Candeias. Vol. 4. pag. 210. O amor é perfeito e completo (13.9-12). Na
consumação final da história redentora, todas as imperfeições serão
substituídas pelo perfeito - Mas, quando vier o que é perfeito, então, o que o
é em parte será aniquilado. Nesse dia, todas as imperfeições desaparecerão e
tudo que aqui parece obscuro e incompreensível se tomará claro.]
3. Despenseiros dos
dons. O apóstolo
Pedro exortou a igreja acerca da administração dos dons de Deus (1 Pe 4.10,11).
Ele usou a figura do despenseiro que, antigamente, era o homem que administrava
a despensa e tinha total confiança do patrão. O despenseiro adquiria os
mantimentos, zelava para que não estragassem e os distribuíam para a
alimentação da família. Desta forma, os despenseiros da obra do Senhor devem
alimentar a "família de Deus" (1 Co 4.1; Ef 2.19). Eles precisam ter
o cuidado no uso dos dons concedidos pelo Senhor para prover a alimentação
espiritual, objetivando a edificação do Corpo de Cristo: "Cada um
administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da
multiforme graça de Deus. Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se
alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá, para que em tudo
Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o poder para
todo o sempre" (1 Pe 4.10,11).. [Comentário: Lembre-se: Jesus foi o Servo de Deus,
Aquele que “não veio para ser servido, mas para servir” (Mc 10.45). Na Sua
vida, tal como nos mostram os Evangelhos, Ele demonstrou esse princípio,
servindo ao Seu povo e aos Seus (como ilustrado em Jo 13.1-17). Servir uns aos
outros é, assim, um chamado a sair de si mesmo e dos seus problemas, e se
dedicar aos outros. É essa
exteriorização que está o fundamento da ética cristã, como vida de serviço aos
outros “enquanto outros” (ou seja, não uma extensão de mim próprio, ou “outros”
a quem eu comando ou manipulo, e coloco dentro do meu esquema). A palavra grega
é diakonuntes, de onde vem diaconia, serviço. Aqui, ela tem um significado
abrangente, incluindo todo tipo de serviço que se pode prestar a outros (em
palavra e ação). Essa diaconia é possível porque todos receberam dons com os
quais podem servir aos outros. Charisma é o termo usualmente empregado no N.T.
para se referir aos chamados “dons espirituais”. São várias as definições e
especificações deles (cf. 1 Co 12; Rm 12; Ef 4); trata-se de capacidades que Deus
concede a todos os cristãos (associadas à habitação do Espírito Santo neles, 1
Co 12.7) para o serviço dentro do contexto da comunidade cristã. Podem se
tratar de talentos naturais que recebem um novo impulso e uma nova orientação
pela ação do Espírito, ou de capacitações originais, concedidas ao crente para
que com elas sirva aos outros. Nunca devemos perder de vista que são dados
soberanamente pelo Espírito Santo, e que sua função é servir (nada mais que
isso; usá-los para autopromoção é absolutamente contrário à sua natureza, sendo
uma atitude exemplarmente repreendida em At 8.18-24). Importante é também que
cada um dos crentes recebeu um dom, o que, de saída, nivela a todos, e toma
todos igualmente importantes uns para os outros. Cada um deve colocar o dom que
tem a serviço de todos, porque, ao receberem dons, os cristãos se tomam
despenseiros da graça de Deus. A charis (graça) é a fonte dos charisma (dons,
carismas). Quem os recebe, recebe graça de Deus, e os recebe por causa da graça
de Deus que lhes concedeu o Espírito Santo. Ter um dom espiritual, então, é ter
um “depósito de graça”, que deve extravasar (porque graça é para ser doada).
Despenseiros é oikonomoi, um termo técnico referente ao mordomo, o
administrador da casa (lembrando que “casa” é a oikos do mundo da época, uma
instituição social fundamental, a “comunidade doméstica” que incluía família e
trabalhadores, bem como os hóspedes). O oikonomos era o encarregado de atender
as necessidades de todos, administrando os bens nessa direção.]
SINOPSE
DO TÓPICO (3)
Quando
os dons espirituais são utilizados com amor todo o Corpo de Cristo é edificado.
CONCLUSÃO
A Igreja de Jesus Cristo tem uma missão a
cumprir: proclamar o evangelho em um mundo hostil às verdades de Cristo e
descrente de Deus. Diante desta tão sublime tarefa, a igreja necessita do poder
divino. Os dons espirituais são um "arsenal" à disposição do corpo de
Cristo para o cumprimento eficaz de sua missão na terra. Como já foi dito, o
propósito dos dons é edificar toda a igreja, todo Corpo de Cristo para ser
abençoado, exortado e consolado. Por isso, nunca devemos usar os santos dons de
Deus em benefício particular, como se fosse algo exclusivo de certas pessoas.
Somos chamados a servir a Igreja do Senhor, e não a utilizar os dons de Deus
para nós mesmos. [Comentário: Como foi bem explorado na lição
anterior, quando usamos os dons espirituais da forma certa e com a motivação
certa, Deus é exaltado no céu e os homens são abençoados na terra. A Grande
Comissão será levada a cabo somente pelo impulso do Espírito Santo e o uso dos
dons soberanamente distribuídos. Paulo argumenta: “Para que não haja divisão no
corpo; pelo contrário, cooperem os membros, com igual cuidado, em favor uns dos
outros” (1Co 12.25). A igreja é como uma família. Na igreja cada um está
buscando meios e formas de cooperar, de ajudar, de abençoar, de enlevar, de
edificar a todos. O propósito do dom é para que não haja divisão no corpo. Você
não está competindo nem disputando com ninguém na igreja, mas cooperando.
Naquela igreja, Paulo nos revela a causa interna principal para as divisões
entre os coríntios: eles ainda eram carnais (1 Coríntios 3.1-4; cf. Gálatas
5.20). Esta carnalidade, deve ser interpretada primariamente como imaturidade, em contraste aos “maduros”
ou “perfeitos” (1 Coríntios 2.6). Hoje, temos muitos crentes carnais, imaturos,
e por isso mesmo precisamos ler e reler as missivas de Paulo aos Coríntios, para
não nos acharmos “andando segundo os homens” (1 Coríntios 3.3). Como escreve o
Reverendo Augustus Nicodemus Lopes*: A situação
triste da igreja de Corinto nos fornece um retrato do espírito divisivo que
ainda hoje permeia as igrejas evangélicas. É um texto básico para ser pregado e
ensinado nas igrejas e seminários. Embora haja momentos em que uma divisão seja
necessária (quando, por exemplo, uma denominação abandona as Escrituras como
regra de fé e prática), percebemos que as causas do intenso divisionismo
evangélico no Brasil são intrinsecamente corintianas: imaturidade, carnalidade,
culto à personalidade, orgulho espiritual, mundanismo. Nem sempre os líderes
são culpados do culto à personalidade que crentes imaturos lhes prestam. Paulo,
Apolo e Pedro certamente teriam rejeitado a formação de fã-clubes em torno de
seus nomes. De qualquer forma, os líderes evangélicos sempre deveriam procurar
evitar dar qualquer ocasião para que isto ocorra, como o próprio Paulo havia
feito (1 Coríntios 1.13-17). Infelizmente, o conceito de ministério que
prevalece em muitos quartéis evangélicos de hoje é exatamente aquele que Paulo
combate em 1 Coríntios.]
“NaquEle que me garante: "Pela
graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus"
(Ef 2.8)”,
Augustus Nicodemus Lopes é pastor presbiteriano. É bacharel em
teologia pelo Seminário Presbiteriano do Norte (Recife), mestre em Novo
Testamento pela Universidade Reformada de Potchefstroom (África do Sul) e
doutor em Interpretação Bíblica pelo Westminster Theological Seminary (EUA).
Graça e Paz a todos que estão em
Cristo!
Francisco Barbosa
Cor mio tibi offero,
Domine,
prompte et sincere!
Recife-PE
Abril de 2014.
BIBLIOGRAFIA
SUGERIDA
SOUZA,
Estêvam Ângelo de. Nos Domínios do Espírito. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1987.
HORTON,
Stanley M. A Doutrina do Espírito Santo no Antigo e Novo Testamento. 12.ed. Rio
de Janeiro: CPAD, 2012..
EXERCÍCIOS
1. Qual é o verdadeiro propósito dos
dons divinos?
R. Edificar-nos e unir-nos, fortalecendo assim a
Igreja de Cristo.
2. De acordo com a lição, Paulo
priorizava na igreja o ato de profetizar ou o de falar em línguas? Por quê?
R. O ato de profetizar. Porque assim todos seriam
edificados.
3. Quantos capítulos, Paulo dedicou
para falar a respeito dos dons? Quais são estes capítulos?
R. Dois capítulos: 13 e 14.
4. O que é essencial o crente ter para
que a igreja seja edificada?
R. Amor.
5. Segundo a lição, o que fazia o
despenseiro?
R. Era a pessoa responsável por administrar a
despensa.
NOTAS
BIBLIOGRÁFICAS
-. Lições Bíblicas do 2º Trimestre de
2014 - CPAD - Jovens e Adultos;
-. Bíblia de Estudo Pentecostal – BEP
(Digital);
-. Bíblia de Estudo Plenitude,
Barueri, SP; SBB 2001;
-. Bíblia de Estudo Defesa da Fé:
Questões reais; Respostas precisas; Fé Solidificada. 1 ed., RJ: CPAD, 2010;
-. Bíblia de Estudo de Genebra. São
Paulo e Barueri, Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999;
Autorizo a
todos que quiserem fazer uso dos subsídios colocados neste Blog. Solicito, tão
somente, que indiquem a fonte e não modifiquem o seu conteúdo. Agradeceria,
igualmente, a gentileza de um e-mail indicando qual o texto