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UM COMENTÁRIO APROFUNDADO DA LIÇÃO, PARA FAZER A DIFERENÇA!

Este Blog não é a palavra oficial da Igreja ou da CPAD. O plano de aula traz um reforço ao seu estudo. As ideias defendidas pelo autor do Blog podem e devem ser ponderadas e questionadas, caso o leitor achar necessário. Obrigado por sua visita! Boa leitura e seja abençoado!

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28 de maio de 2011

Lição 10 – Assembleia de Deus – 100 anos de Pentecostes

05 de junho de 2011

Texto Áureo

“De sorte que as igrejas eram confirmadas na fé e cada dia cresciam em número” (At 16.5).

A Igreja pertence ao Senhor e Ele é aquele que soberanamente constrói a sua Igreja (Mt 16.18; 1Co 3.9). Muitas vezes, de maneira sobrenatural, Ele soberanamente administra os eventos e faz acontecer oportunidades para que homens se encontrem, comunguem do mesmo sentimento, e dirigidos pelo Espírito Santo, cooperem nesse grande mistério.

Verdade Prática

Deus levantou as Assembleias de Deus no Brasil para proclamar ao mundo que Jesus salva, cura, batiza com o Espírito Santo e em breve voltará.

Leitura Bíblica em Classe

1Co 3.6-11

Objetivos

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

- Explicar como se deu o chamado missionário de Daniel Berg e Gunnar Vingren;

- Conhecer como foi a fundação da Assembleia de Deus no Brasil, e

- Saber que a Assembleia de Deus é a pioneira do Movimento Pentecostal brasileiro.

Palavra-Chave

- MOVIMENTO PENTECOSTAL: “Surgiu no final de século 19. Enfatiza a atualidade da doutrina do batismo no Espírito Santo e dos dons espirituais”.

Comentário

(I. Introdução)

O mais velho, exemplar filho de crentes, aos 18 anos batizado em águas, teve como berço uma localidade chamada Ostra Husby, em Ostergotland. O outro, também de família evangélica (batista), viveu, igualmente, uma infância de verdadeiro cristão, e com apenas 15 anos de idade se fez batizar. Seus nomes: Daniel e Gunnar. Aquele, até o início da juventude residiu no torrão natal, Vargon ("Ilha do Lobo"), onde lobos não havia; ao contrário, vivia-se cercado de bonança por todos os lados - sem perspectivas, porém, de dias melhores. Sem que eles, então, nem de longe pressentissem qualquer sinal, ao conduzi-los ao outro continente, a mão de Deus, desde cedo, começou a direcioná-los para inimagináveis pontos de convergência. Nestes estava, inclusive, embora em segundo plano, um amigo de infância de Daniel - Lewi Pethrus -, que lhe propiciou ter "o primeiro contato com a obra pentecostal e sua mensagem". Pethrus viria ao Brasil, pela primeira vez, quando a Obra de Deus iniciada pelos dois missionários passava provavelmente pela sua maior crise, e ajudou a orientá-la nos rumos que a levariam a ser - sob o aspecto numérico, pelo menos - a mais importante comunidade pentecostal de todos os tempos. Boa aula!

(II. Desenvolvimento)

I. O CHAMADO MISSIONÁRIO DOS PIONEIROS

1. A experiência pentecostal de Daniel Berg. Gustav Högberg (1884-1963), Missionário, Evangelista, Pastor e fundador das Assembleias de Deus no Brasil, nasceu no dia 19 de abril de 1884, na cidade de Vargon, na Suécia, às margens do lago Vernern. Seus pais, Gustav Verner Högberg e Fredrika Högberg converteram-se numa Igreja Batista de Ranum, onde em 1889, o jovem Daniel Berg (seu nome aportuguesado), então com quinze anos, converteu-se e foi batizado nas águas. A 05 de março de 1902, devido a grande depressão financeira que assolava a Suécia, embarcou rumo aos Estados Unidos onde desembarca em 25 de março de 1902, em Boston. Permaneceu sete anos naquele pais onde se especializou como fundidor. Com saudades do lar, retornou à cidade natal, onde soube que um de seus amigos de infancia, Lewi Pethrus, recebera o batismo com o Espírito Santo e com fogo e pastoreava a Igreja Batista de Lidköping. A convite da mãe do amigo, Berg foi encontrar-se com Pethrus, onde o encontrou pregando, sentou-se e ouviu toda a mensagem. Conversaram demoradamente acerca daquela nova doutrina e Daniel saiu convencido. Em seguida, despediu-se de seus pais e retornou à América, em 1909, e em meio à viagem, orou insistentemente a Deus pedindo o batismo com o Espírito Santo. Antes de chegar ao seu destino, Deus ouviu a oração batizando-o com o Espírito Santo. Nesse mesmo ano, encontrou-se com Gunnar Vingren. Os dois conversaram muito tempo a respeito da convicção que tinham no batismo com o Espírito Santo, nas Sagradas Escrituras e na chamada missionária. Os dois missionários não tinham qualquer dúvida de que Deus os havia unido para um propósito específico. Foi assim, que após quatorze dias de viagem, no dia 19 de novembro de 1910, Daniel Berg e Gunnar Vingren aportaram em Belém, Pará. Em 1911, a irmã Celina de Albuquerque recebe o batismo com o Espírito Santo, seguida da irmã Nazaré que ao ser batizada, cantou um hino espiritual. No dia 18 de junho de 1911, a Igreja Evangélica Assembleia de Deus é fundada [1].

2. A experiencia Pentecostal de Gunnar Vingren. ADOLF GUNNAR VINGREN nasceu em Östra Husby Östergothand, Suécia, em 8 de agosto de 1879. O mais velho, exemplar filho de crentes. Conta-nos seu filho, Ivar Vingren, que aos 12 anos Gunnar deixa os caminhos do Senhor tornando-se um filho pródigo. Quando o Senhor o trouxe de volta à Sua presença, já contava 17 anos, em 1896, num culto de vigília de ano-novo. Aos 18 anos batizado em água, numa Igreja Batista em Wraka, Smaland, Suécia [2]. Atraído pelos acontecimentos do avivamento em Chicago, Vingren foi a essa cidade em 1904, a fim de certificar-se da verdade. Ante a demonstração do poder divino testemunhado, o jovem pastor creu e foi batizado com o Espírito Santo.. Em maio de 1909, foi diplomado depois de estudar quatro anos de teologia no seminário sueco e, no mês seguinte, assumiu o pastorado da 1ª Igreja Batista em Menominee, Michigam. No verão desse mesmo ano, Deus o encheu de uma grande sede de receber o batismo com o Espírito Santo e com fogo. Em novembro de 1909, Vingren dirigiu-se até Chicago a fim de participar de uma conferência realizada pela Igreja Batista Sueca. Foi com o firme propósito de buscar o batismo com o Espírito Santo. Depois de cinco dias buscando o Senhor, Jesus o batizou com o Espírito Santo e com fogo, falando em novas línguas conforme está escrito em Atos 2. Assim se expressou Vingren em seu diário: ‘É impossível descrever a alegria que encheu meu coração. Eternamente o louvarei, pois Ele me batizou com o seu Espírito Santo e com fogo’. Depois que recebeu o batismo com o Espírito Santo na conferência em Chicago, retornou para a Igreja da qual era pastor em Menominee, Michigan. Vingren começou a ensinar a verdade pentecostal de que Jesus batiza com o Espírito Santo e com fogo. Alguns creram, outros duvidaram, mas alguns não desejaram aceitar a mensagem. O grupo que recusou a pregação, obrigou o jovem pastor a deixar a congregação. Deixando-a, Gunnar dirigiu-se a igreja em South Bend, Indiana. Nessa Igreja, todos receberam a verdade e creram nela. Na primeira semana Jesus batizou dez pessoas com o Espírito Santo e com fogo, e naquele verão, vinte. Assim, afirma Vingren: ‘Deus transformou a igreja batista de South Bend em uma igreja pentecostal’ [3].

3. O encontro em Chicago e a visão do Pará. O ano era 1909, como participantes de uma convenção de Igrejas Batistas que haviam abraçado a doutrina Pentecostal. Depois de longo diálogo sobre as convicções que tinham inclusive acerca da chamada missionária que ambos tinham, cada vez mais se identificavam e se compenetravam da chamada de Deus. Passaram a orar diariamente, em busca de completa orientação do Alto. Algum tempo depois, Daniel Berg foi visitar Gunnar Vingren em South Bend, onde Vingren pastoreava: “Irmão Gunnar, Jesus ordenou-me que eu viesse me encontrar com o irmão para juntos louvarmos o seu nome”, disse Berg. Nessa ocasião, em uma reunião de oração na casa de um irmão de nome Olof Uldin, através de uma mensagem profética, Deus falou ao coração de Gunnar Vingren e Daniel Berg, que partissem a pregar o Evangelho em terras distantes. O lugar para onde deviam seguir foi mencionado na profecia, como sendo o Pará. Eles não sabiam onde ficava essa região, mas após consultarem mapas, verificaram que se tratava do Brasil. Os dois missionários não tinham qualquer dúvida de que Deus os havia unido para um propósito específico. Foi assim, que após quatorze dias de viagem, no dia 19 de novembro de 1910, Daniel Berg e Gunnar Vingren aportaram em Belém, Pará [4].

Sinópse do Tópico

Depois de serem batizados com o Espírito Santo, os jovens Daniel Berg e Gunnar Vingren receberam de Deus o chamado para virem ao Brasil.

II. A FUNDAÇÃO DA ASSEMBLEIA DE DEUS

1. A viagem a bordo do navio Clement. Gunnar Vingren e Daniel Berg despediram-se da igreja e dos irmãos em Chicago. A ordem lhe fora designado para onde deveriam ir. A igreja levantou uma coleta para auxiliar os missionários que partiam. A quantia que lhes foi entregue só deu para a compra de duas passagens até nova Iorque. Quando lá chegassem, eles não sabiam como conseguiriam dinheiro para comprar mais duas passagens até o Pará. Tinham convicção de que haviam sido convocados por Deus. Portanto, era da total responsabilidade e especialidade de Deus fazer com que os recursos materiais inexistentes necessários a viagem surgissem. Chegaram a grande metrópole, Nova Iorque, sem conhecer ninguém, e sem dinheiro para continuar a viagem. Os dois missionários caminhavam por uma das ruas de Nova Iorque, quando encontraram um negociante que conhecia o jovem Gunnar. Na noite anterior, enquanto em oração, aquele negociante sentira que devia certa quantia ao irmão Vingren. Pela manhã aquele homem colocou a referida importância em um envelope para mandá-la pelo correio, mas enquanto estava caminhando para executar aquela tarefa, viu os dois enviados do Senhor surgirem a sua frente. Surpreso ao ver a maneira especial como Deus trabalhava, o comerciante contou-lhes sua experiência e entregou-lhe o envelope. Quando o irmão Vingren abriu o envelope, encontrou dentro dele 90 dólares – exatamente o preço de duas passagens até o Pará. No dia 5 de novembro de 1910, os missionários Daniel Berg e Gunnar Vingren deixaram Nova Iorque abordo do navio “Clement” com destino à Belém do Pará. Em 19 de novoembro de 1910, aos 31 anos de idade, Vingren chega a Belém do Pará, juntamente com Daniel Berg a bordo do navio Clement, o qual ficou fora do porto, e uma pequena embarcação transportou-os até o cais.

2. A chegada ao Pará e a doutrina pentecostal. Após a revelação divina dada ao irmão Olof Uldin de que o lugar para onde deveriam ir era o Pará, no Brasil, Daniel Berg, contra a vontade de seus patrões, abandonou o emprego. Esles perguntaram: “Aqui você pode pregar o Evangelho também, Daniel; não precisa sair de Chicago”. Mas ele estava convicto da chamada e não voltou atrás. Ao se despedir, Berg recebeu de seu patrão uma bolacha e uma banana. Essa era uma tradição antiga nos Estados Unidos. Simbolizava o desejo de que jamais faltasse alimento para a pessoa que recebesse a oferta. Esse gesto serviu de consolo para Berg, que em seguida partiu com Vingren para Nova Iorque, e de lá para o Brasil em um navio. Em 19 de novembro de 1910, aportam em Belém do Pará, depois que alguns brasileiros subiram ao navio, ouviram o idioma português – aquele mesmo idioma que o Espírito Santo tinha levado Olof Uldin a pronunciar durante uma reunião de oração nos EUA em que Gunnar Vingren recebera a chamada de Deus para ir ao Pará [5]. Assista a esse vídeo e veja o desenrolar dessa história: http://www.youtube.com/watch?v=7RTjp6U-Ezo.

3. Nasce a Assembleia de Deus. Segundo escreveu Gunnar Vingren no livro O Diário do Pioneiro: “Mais ou menos seis meses após nossa chegada, os diáconos da Igreja Batista me disseram: ‘Irmão Vingren, na próxima terça-feira o irmão dirigirá o culto de oração’. Isto foi em maio de 1911. Eu atendi ao pedido. Li alguns versículos do Novo Testamento que falam sobre o batismo com o Espírito Santo, e disse algumas palavras. Durante todo o tempo os diáconos mantiveram suas Bíblias abertas para conferir se eu estava lendo e interpretando corretamente. Parece que ficaram satisfeitos com o que eu disse. Durante aquela semana, realizamos cultos de oração todas as noites na casa de uma irmã que tinha uma enfermidade incurável nos lábios. Ela não podia assistir aos cultos na igreja. A primeira coisa que fiz foi perguntar-lhe se cria que Jesus podia curá-la. Ela respondeu que sim. Oramos por ela e o Senhor a curou completamente. Nos cultos de oração que se seguiram, aquela irmã começou a buscar o batismo com o Espírito Santo. O seu nome era Celina de Albuquerque. Na quinta-feira, depois do culto, ela continuou orando em sua casa, juntamente com outra irmã. À uma hora da madrugada a irmã Celina começou a falar em novas línguas, e continuou falando durante duas horas. Foi, portanto, a primeira operação de batismo com o Espírito Santo em terras brasileiras [6]. Em 1911, a irmã Celina de Albuquerque recebe o batismo com o Espírito Santo, seguida da irmã Nazaré que ao ser batizada, cantou um hino espiritual. No dia 18 de junho de 1911, a Igreja Evangélica Assembleia de Deus é fundada. A partir de 18 de junho de 1911, as igrejas pentecostais que iam sendo iniciadas no Pará, começando pela que se reunia na casa de Henrique e Celina Albuquerque, à Rua Siqueira Mendes, 67, Cidade Velha, em Belém, passaram a ser chamadas pelo nome “Missão da Fé Apostólica”.

Sinópse do Tópico

No Brasil, os jovens missionários pregavam fervorosamente a respeito do Batismo com o Espírito Santo.

III. DO NORTE PARA TODO O BRASIL

1. O trabalho evangelístico e a expansão nacional. Segundo escreveu Gunnar Vingren no livro O Diário do Pioneiro: “Nós começamos imediatamente com cultos publicos em vários lugares nas casas destes irmãos onde os batistas antes haviam feito cultos. Tinhamos estado então no Brasil seis meses. Jesus abençoou maravilhosamente. Oramos por enfermos, que foram curados, e por pecadores, que foram salvos.. Depois fomos ao grande rio Guamá e ali batizamos varios irmão novos convertidos nas águas lamacentas do rio” [7]. Emílio Conde assim expõe: “Após os empolgantes acontecimentos que duraram exatamente dez dias, o pequeno grupo, no dia 18 de junho de 1911, convidou Daniel Berg e Gunnar Vingren a comparecerem à Rua Siqueira Mendes, 67, em Belém. Com então 17 pessoas, expulsas arbitrariamente da Igreja Batista, funda-se a Assembleia de Deus que, nas décadas seguintes causaria admiração e espanto ao mundo inteiro pela punjança de seu crescimento [8]. Outros missionários suecos aportaram no Brasil e ajudaram os pioneiros a desenvolver a mensagem pentecostal: Samuel Nyström, Nils Kastberg, Otto Nelson, Nels Nelson e Joel Carlson. A partir da década de 40, chegam os missionários norte-americanos Lawrence Olson, Leonard Pettersen, Teodoro Stohr e John Peter Kolenda, mais conhecido como JP Kolenda.

2. Os missionários e o desenvolvimento doutrinário nas ADs. Quem exerceu maior influência? Suecos ou Americanos? Como sabemos, a Assembléia de Deus no Brasil foi fundada por missionários escandinavos, porém sua Teologia sofreu igualmente influência da igreja pentecostal escandinava e das Assembléias de Deus norte-americanas. A diferença é quanto ao tempo de influência dos dois grupos. O primeiro exerceu sua influência teológica nas primeiras cinco décadas do Movimento Pentecostal brasileiro. Os norte-americanos estão exercendo sua influência teológica no Brasil pentecostal já há 40 anos. Se na liturgia e em alguns costumes podemos afirmar que ainda somos herdeiros dos primeiros missionários suecos (se bem que, nos últimos 15 anos, a influência norte-americana na nossa liturgia e costumes aumentou), pode-se dizer que teologicamente fomos influenciados mais pelos missionários norte-americanos do que pelos escandinavos. Excetuando a influência na Assembléia de Deus do missionário escandinavo Eurico Bergstén, falecido em 1999, são os norte-americanos que mais influenciaram a Teologia Pentecostal brasileira na quatro últimas décadas. Ao lermos a história da Assembléia de Deus brasileira em seus primeiros anos, percebemos que, da década de 10 até os anos 40, os missionários suecos eram soberanos na orientação doutrinária. Nos primeiros anos, a voz da Teologia Assembleiana eram os artigos dos suecos nos jornais Boa Semente, Som Alegre e Mensageiro da Paz, e na série Lições Bíblicas, com comentários exclusivamente dos missionários escandinavos nas primeiras décadas. Há artigos de brasileiros nesses periódicos, mas só eram publicados aqueles que passavam pelo crivo teológico dos missionários escandinavos. Além disso, os artigos de articulistas norte-americanos ou britânicos (notadamente Donald Gee, cujos estudos sobre dons espirituais foram preciosos para a nascente igreja no Brasil) eram escolhidos e traduzidos pelos missionários suecos antes de serem publicados nos periódicos. Um detalhe dos anos 10, 20 e 30 é que havia certa igualdade entre os missionários escandinavos quanto à influência teológica. Gunnar Vingren, Samuel Nyström, Nils Kastberg, Otto Nelson, Nels Nelson e Joel Carlson se dividiam nessa tarefa, ora por meio de artigos, ora pelas ministrações de estudos bíblicos nas igrejas sob sua responsabilidade. Porém, de meados dos 30 até o início dos 40 (isto é, depois da partida de Vingren, ocorrida em 1932), o missionário Samuel Nyström passou a se destacar como o grande nome da Teologia Pentecostal no Brasil. Em muitos casos, questões doutrinárias eram dirimidas, até em reuniões de Convenção Geral das Assembléias de Deus, depois de ser ouvido Nyström. Nyström foi o quarto missionário escandinavo pentecostal a aportar em solo brasileiro. Conhecido como o grande pregador e ensinador, sua vinda foi uma grande conquista para a obra no Brasil. Além do sueco, sua língua natal, falava o português e o inglês fluentemente, e tinha noções de grego e hebraico. Antes de liderar a Assembléia de Deus em São Cristóvão, no Rio, ele pastoreou a igreja-mãe em Belém do Pará, tendo inaugurado o primeiro templo assembleiano na capital paraense. Foi ele quem deu início ao movimento beneficente em favor das viúvas de pastores e é até hoje o líder que mais vezes foi eleito presidente da CGADB. Foram nove vezes (1933, 1934, 1936, 1938, 1939, 1941, 1943, 1946 e 1948). Sua influência era tão grande que a vinda de Nyström para a cidade do Rio de Janeiro, então capital federal, substituindo o pioneiro Gunnar Vingren, fez com que a Assembléia de Deus de São Cristóvão se tornasse uma espécie de centro da obra no Brasil, o que durou por muito tempo. Lendo as páginas do jornal Mensageiro da Paz no final dos anos 30 e início dos 40, vemos que o nome de Nyström era quase onipresente nas escolas bíblicas de obreiros nos país. Intensamente requisitado, viajava o Brasil inteiro para ministrar estudos bíblicos concorridos, especialmente sobre Dispensacionalismo, os efeitos da obra de Cristo, o Corpo de Cristo e doutrinas bíblicas fundamentais. Nessa época, devido ao estrondoso sucesso de seus estudos, um deles virou livro, publicado pela CPAD: Jesus Cristo, Nossa Glória. Esta obra traz uma exposição sobre as doutrinas da Redenção, Santificação e Justificação. É impressionante o fato de que tenha vendido cerca de 5 mil exemplares em sua primeira tiragem nos anos 30, em uma época em que boa parte dos assembleianos não era afeita à leitura. A obra só seria reeditada nos anos 80. Porém, a partir especialmente do final dos anos 30, começaram a aportar no país missionários da Assembléia de Deus dos EUA que, aos poucos, se notabilizaram na orientação teológica dos primeiros obreiros brasileiros. No final dos anos 40 e início dos 50, despontam notadamente nas escolas bíblicas pelo país os nomes do missionários norte-americanos. Podemos dizer que inicia aqui o processo de cristalização da Teologia Pentecostal no Brasil, pois só com os missionários norte-americanos houve uma sistematização maior das doutrinas bíblicas na Assembléia de Deus. Pesquisando as páginas do Mensageiro da Paz nos anos 40 e 50, notamos que os destaques nas escolas bíblicas agora eram os missionários norte-americanos Lawrence Olson, Leonard Pettersen, Teodoro Stohr e John Peter Kolenda, mais conhecido como JP Kolenda. Nesse período, do lado escandinavo, impõe-se apenas os nomes dos missionários Nels Nelson e Lars Erik Bergstén, e que aportou em plagas brasileiras no final da década do 40. Nesse período, Nyström já saíra de cena, de volta à Suécia. Nels Nelson era presença constante nas escolas bíblicas de obreiros pelo país, mas, sem dúvida, Bergstén foi muito mais influente na formação da Teologia Pentecostal. Enquanto Nelson ministrava mais sobre Prática e Teologia Pastoral, Bergstén era mais sistemático e seus estudos abordavam todas as doutrinas bíblicas. Isso não significa dizer que Bergstén era rebuscado em seu discurso. Uma de suas marcas era a simplicidade com que ele abordava os pontos doutrinários, além do largo uso de citações bíblicas para explicar e reforçar o que estava ensinando. Sua biblicidade e a forma apaixonada como falava sobre a necessidade de os obreiros amarem a Bíblia para crescerem espiritualmente foram imensamente importantes para formações de gerações de obreiros assembleianos. Vale lembrar ainda que se Nels Nelson não exercia uma grande influência teológica na Assembléia de Deus brasileira, tal qual Bergstén, sua influência como líder, porém, era muito forte. Nels Nelson foi o último grande líder sueco da Assembléia de Deus brasileira. Assim, Nelson e Bergstén foram os nomes que ainda mantiveram a influência escandinava em nosso país. Nelson faleceu nos anos 60. A partir daí, a liderança da Assembléia de Deus brasileira tornou-se quase que totalmente autóctone. Excetuando os missionários Nils Taranger, no Rio Grande do Sul (falecido nos anos 90), Gustavo Arn Johansson, em Maceió (que liderou de 1963-1965) e alguns missionários noruegueses no Sul, não havia mais missionários escandinavos liderando igrejas. É verdade que alguns missionários norte-americanos chegaram a liderar igrejas em nosso país, mas por pouco tempo e sem exercer influência na liderança nacional, como exerciam Nelson e os demais escandinavos antes dele. A influência norte-americana passou a ser mesmo só na área teológica. No período pós Nels Nelson, Eurico Bergstén passou a ser a única referência teológica escandinava. E que influência! Basta lembrar que é, até hoje, o maior comentarista de Lições Bíblicas da história da Assembléia de Deus brasileira. Foram mais de 30 revistas de Escola Dominical escritas em quase 40 anos. Era quase uma revista por ano, todas abordando variadas doutrinas bíblicas. Até sua morte, em 1999, a presença de Bergstén era constante em estudos bíblicos e conferências pelo país. Ao lado de Lawrence Olson, Bergstén foi, consciente ou inconscientemente, um dos grandes moldadores da Teologia Pentecostal no Brasil. Ao falarmos isso, é importante dizer que não estamos dizendo que havia uma relatividade entre missionários suecos e norte-americanos na formação teológica dos obreiros brasileiros. Apenas reconhecemos que, ao lermos a história da Assembléia de Deus brasileira, percebemos que é nítida a aceitação natural desses nomes, por parte dos obreiros brasileiros, como formadores de sua identidade teológica[9].

3. A Assembleia de Deus nos dias atuais. A Bíblia afirma: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito Santo diz às igrejas”. ‘Ouvir’ não se refere apenas ao ato da percepção dos sons, mas de obedecer ao que Deus ordena em sua Palavra. O púlpito não deve ser simples tribuna de oradores, nem o pregador um simples animador de auditório. O essencial é que o fogo do altar de Deus – o fogo do Espírito Santo -, esteja aceso no altar da nossa centenária Associação Evangelica Assemblea de Deus. Como continuadores da obra iniciada pelos pioneiros, precisamos pregar como pentecostais conservadores, o Evangelho na sua plenitude (Rm 15.29), isto é, que Jesus salva o pecador, batiza com o Espírito Santo; cura os enfermos e faz maravilhas; e breve virá.

Sinópse do Tópico

A chama pentecostal se propagou por todo o solo brasileiro. A Assembleia de Deus cresceu e se organizou doutrinariamente. Hoje é a maior denominação pentecostal brasileira.

(III. Conclusão)

Temos muito a celebrar. A presente geração pode celebrar o crescimento da Assembleia de Deus, que nesta época atingiu o maior patamar da nossa história. Os motivos essenciais do crescimento assembleiano continuam os mesmos: Jesus salva, cura e batiza com o Espírito Santo. Crescemos porque contamos com fatores espirituais, quando a liberdade de ação do Espírito Santo nos permitiu conquistar muitas almas e realizar grandes coisas para o reino de Deus. Há também as razões antropológicas, cujo anseio por Deus das inúmeras almas famintas encontrou uma mensagem cheia de vida e poder. Nossa igreja contou também com elementos sociológicos, pois em nosso meio as pessoas encontraram a sensação de abrigo, segurança, identidade e comunhão nesse mundo hostil. Nossa metodologia pastoral permitiu em larga escala a participação leiga, constituindo-se num amplo e maravilhoso exemplo de inclusão social. Os fatores psicológicos e culturais também cooperaram, no sentido de que esta obra permitiu a liberdade de adoração e emoção, com música popular e instrumentos musicais, numa abençoada simbiose de comunhão e adoração. Chegamos ao Centenário e temos muito a comemorar. Não vamos nos intimidar por nenhum tipo de “bullying”, mas agradecemos a Deus pela gloriosa oportunidade de estarmos vivos e ativos, crendo que Deus ainda conta conosco nessa luta e que também nós todos podemos contar com Ele. Aqueles que pretendem participar conosco da celebração do Centenário, parafraseando os pastores, podem dizer: “Vamos até Belém e vejamos os acontecimentos que o Senhor nos deu a conhecer”. Avante! Temos muito a celebrar! Nós somos a Geração do Centenário. Samuel Câmara, Pastor da Assembleia de Deus em Belém - E-mail: samuelcamara@boasnovas.tv.

N’Ele, que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2.8),

Francisco A Barbosa

auxilioaomestre@bol.com.br

Notas Bibliográficas

[1]. Adaptado de Dicionário do Movimento Pentecostal, Isael de Araújo, CPAD, pp.121 e 122;

[2]. Adaptado de O Diário do Pioneiro, Ivar Vingren. 1ª Ed. Rio de Janeiro; CPAD, 2010, pp. 19,20;

[3].Lições Bíblicas 2º Trim 2011 – Livro do Mestre, CPAD, Movimento Pentecostal – As doutrinas da nossa fé;

[4]. Op. Cit. [1] ,pp.121 e 122;

[5]. Ibden. p.33;

[6].Isael de Araújo citando trecho do livro O Diário do Pioneiro, em Dicionário do Movimento Pentecostal, Isael de Araújo, CPAD, p. 35;

[7]. Ibden. p.38;

[8]. Ibden. p.39;

[9]. Por, Silas Daniel, em A FORMAÇÃO DA TEOLOGIA PENTECOSTAL NO BRASIL;

Lições Bíblicas 1º Trim 2004 - Jovens e Adultos: A Pessoa e Obra do Espírito Santo;

Bíblia de Estudo Plenitude, Barueri, SP, Sociedade Bíblica do Brasil, 2001;

Os textos das referências bíblicas foram extraídos da versão Almeida Revista e Atualizada, 2a edição (Sociedade Bíblica do Brasil), salvo indicação específica.

Exercícios

1. Em que ano Gunnar Vingren e Daniel Berg foram, respectivamente, batizados com o Espírito Santo?

R. Gunnar Vingren recebeu o batismo com o Espírito Santo em novembro de 1909 e Daniel Berg em 15 de setembro de 1909.

2. Quando os dois pioneiros chegaram a Belém do Pará?

R. Em 19 de novembro de 1910.

3. Quem foi a primeira crente que recebeu o batismo com o Espírito Santo em Belém do Pará?

R. Irmã Celina Martins Albuquerque.

4. Quem levou a mensagem pentecostal para os outros estados brasileiros?

R. Membros das igrejas, missionários estrangeiros e pregadores nacionais.

5. Cite o nome de alguns missionários que contribuiram para o desenvolvimento doutrinário das Assebleias de Deus.

R. Eurico Bergsten, Orlando Boyer, João Kolenda e Ruth Doris Lemos.

Autorizo a todos que quiserem fazer uso dos subsídios colocados neste Blog. Solicito, tão somente, que indiquem a fonte e não modifiquem o seu conteúdo. Agradeceria, igualmente, a gentileza de um e-mail indicando qual o texto que está utilizando e com que finalidade (estudo pessoal, na igreja, postagem em outro site, impressão, etc.).

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21 de maio de 2011

Lição 9 – A Pureza do Movimento Pentecostal

29 de maio de 2011

Texto Áureo

“Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e serme-eis testemunhas tanto em Jerusalémcomo em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1.8).

O termo original para ‘virtude’ é dunamis, que encerra o sentido de ‘poder real’ e ‘poder em ação’. Esse é o texto áureo de Atos. Em cinco referências do NT, Jesus incumbe diretamente seus discípulos a ir e pregar o evangelho a todo o mundo (Mt 28.18-20; Mc 16.15-18; Lc 24.45-48; Jo 20.21-23, e At 1.8). Nesse texto, a promessa do derramamento do Espírito precede o ‘ide’, numa clara alusão à ligação intrínseca entre o evangelizar e a capacitação com o poder do Alto concedida pelo Espírito Santo e o livro de Atos segue esta estratégia.

Verdade Prática

O Movimento Pentecostal é a maior demonstração de que a Igreja de Cristo não é uma mera organização, mas um organismo vivo.

Leitura Bíblica em Classe

Atos 2.1-4,14-17

Objetivos

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

- Conhecer a origem do pentecoste cristão;

- Descrever a trajetória histórica do pentecostalismo, e

- Saber distinguir o verdadeiro do falso pentecostalismo.

Palavra-Chave

- PUREZA: Estado ou qualidade de puro.

Comentário

(I. Introdução)

18 de junho, a maior denominação pentecostal do Brasil comemorará seu centenário. A comemoração presta justa homenagem aos pioneiros que deixaram sua pátria, e impulsionados pelo poder do Espírito Santo, infundiram suas marcas nos trabalhos que levantaram em meio a muito sofrimento, necessidades e perseguições. Não obstante este evento histórico, ainda persiste uma forte rejeição às doutrinas pentecostais, especialmente por parte de Igrejas históricas de linha reformada. Hoje, teremos uma aula que vai alicerçar nossa fé quanto a pureza do movimento que sacudiu o mundo desde a Rua Azuza, Los Angeles, Estados Unidos, no já loge ano de 1906, bem como, conheceremos os movimentos pseudopentecostais que maculam e denigrem o genuíno movimento pentecostal. Boa aula!

(II. Desenvolvimento)

I. A ORIGEM DO PENTECOSTE CRISTÃO

1. O ponto de partida. O Pentecostes em grego pentekostos (cinqüenta), foi um feriado anual judaico, também conhecido como a Festa das Semanas, festa dos primeiros frutos da colheita. Ela é celebrada cinqüenta dias depois da Páscoa. Em Jerusalém, quando todos o judeus, tanto os que habitavam na Palestina quanto aqueles que estavam dispersos por todas as partes do mundo de então, estavam reunidos para comemorar esta festa, o Senhor Jesus cumpriu sua promessa. Depois que Jesus Cristo ressuscitou ordenou a seus apóstolos e discípulos a permanecer em Jerusalém até serem revestidos de poder do alto (Lc 24.49). Do mesmo modo, em Mc 16.17, Jesus diz a seus discípulos que em seu nome expulsariam os demônios e falariam novas línguas. No livro de Atos, o autor Lucas fala de um mandato mais específico que Jesus disse aos seus discípulos, descrevendo-o como segue: “mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra.” (At 1.8). Dez dias depois da ascenção de Cristo ao céu, chegou o dia de Pentecostes, cento e vinte crentes estavam esperando no cenáculo, unânimes, a promessa que Jesus Cristo tinha feito antes, e “de repente, veio do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam assentados. E apareceram, distribuídas entre eles, línguas, como de fogo, e pousou uma sobre cada um deles” (At 2.2-3). Atos registra a hora exata desse evento: a terceira hora do dia - nove horas da manhã. Com toda a multidão atônita, Pedro explica a profecia de Joel e aplica-a ao que todos ali presenciaram.

2. Como surgiu o termo pentecostalismo. O termo pentecostes, procede originalmente da festa judaica chamada de ‘festa das semanas’ ou ‘hag shabu’ot’, como descreve o AT (Lv 23.15-25; Dt 16.9-12). Essa festa era comemorada sete semanas após a Páscoa. Literalmente, o termo significa ‘festa dos períodos de sete’, em razão de a festa ser comemorada a partir do dia seguinte ao sétimo sábado, após o dia das Primícias (Lv 23.15,16). Outra expressão da qual se deriva o vocábulo pentecostes é hamishîm yôn, que significa ‘festa dos cinquenta dias’ (Lv 23.16), termo traduzido pela versão grega do AT, a Septuaginta, por pentekonta hemeras, ou ‘quinquagésimo dia’. A solene festa de Pentecostes é chamada no AT de ‘festa das Semanas’, ‘festa das Primícias da sega do trigo’, ‘festa da Colheita’ e o ‘dia das Primícias’ – ocasião em que se apresentavam os primeiros frutos do campo (Êx 23.16; 34.22; Nm 28.26-31; Dt 16.9-12).

3. Do pentecostes judaico ao cristão. Atos 2 faz uma narrativa do primeiro dia de Pentecostes depois da ressurreição de Cristo. Depois que o Terceiro Templo foi quase totalmente destruído pelas tropas do General e futuro Imperador Romano Titus Flávio, em 70 d.C., abafando aquilo que foi a Grande Revolta Judaica onde morreram mais de um milhão de judeus. Uma primeira revolta acontecera em 136 a.C., e a terceira seria liderada pelo suposto Messias Bar Kochba em 135 d.C. (A única porção do Segundo Templo que ainda hoje se encontra em pé, Muro das Lamentações), os judeus perderam seu lugar de culto. Após o exílio na Babilônia, com a reforma litúrgica e a concentração do culto judaico no Templo de Jerusalém, a Festa de Pentecostes passou a celebrar a Aliança do Sinai e a entrega ou revelação da Lei, da Torá, complementando a Páscoa, comemorativa da libertação do Egito. Celebrada em Jerusalém, Pentecostes era uma das festas de Peregrinação, junto com Páscoa e Tabernáculos (Sucot). Os cristãos judeus logo uniram esta festa ao cumprimento da profecia de Joel e Pentecostes passou a ser símbolo do Cenáculo, onde os Apóstolos se reuniram, pela primeira vez, à espera do Espírito Santo. No Cenáculo, desde a fundação, a comunidade cristã aí se reúne, para ser conduzida pelo Sopro Inspirador, compartilhando o amor em Cristo. Há ação do Espírito Santo no ser humano sempre que este se converte dos seus pecados, pelo arrependimento, e passa a crer em Jesus Cristo como único e suficiente Senhor e Salvador, pedindo a Deus que lhe revista e encha do Espírito Santo. Tal experiência é chamada de batismo no Espírito Santo. Isto tem ocorrido durante toda a história do cristianismo, sendo enfatizado, especialmente, na primeira década do século XX com o surgimento das primeiras Igrejas Protestantes Pentecostais.

Sinópse do Tópico

O verdadeiro Movimento Pentecostal teve sua origem no Dia de Pentecostes.

II. A TRAJETÓRIA DO PENTECOSTALISMO

1. A promessa da efusão do Espírito. Foi o profeta Joel, no Antigo Testamento, a quem Deus revelou com mais detalhes o derramamento do Espírito nos últimos tempos (Jl 2.23-32). Joel foi talvez, o primeiro dos profetas literários – profetas que escreveram suas mensagens – o que salienta ainda mais a sua profecia sobre o pentecostes (At 2.16-21,33). No texto hebraico, Jl 2.28-32 perfazem um capítulo à parte e 2Co 3.7-12 corrobora essa sublimidade, principalmente o versículo 8: “Como não será de maior glória o ministério do Espírito?” Corrobora com este texto a passagem de Rm 8, uma das mais ricas de toda a Bíblia sobre o indisível e glorioso ministério do Espírito nesta era da igreja (Is 55.1; 44.3).

2. O Movimento Pentecostal tem o testemunho dos séculos. O comentarista cita o escritor e jornalista Emílio Conde, chamado de apóstolo da imprensa evangélica pentecostal no Brasil, nasceu no dia 8 de outubro de 1901, em São Paulo. Seus pais, João Batista Conde e Maria Rosa eram de origem italiana, conseqüentemente, o primeiro contato de Emílio com o Evangelho foi na Congregação Cristã no Brasil, fundada por italianos. Ali, o futuro escritor evangélico creu em Jesus Cristo e se tornou membro da igreja no dia 21 de abril de 1919, sendo em seguida batizado com o Espírito Santo. Transferindo-se para o Rio de Janeiro, passou a freqüentar a Assembléia de Deus na Rua Figueira de Melo, 232, em São Cristóvão, pastoreada na época pelo missionário Samuel Nyström. Em sua obra, citada na lição, Emílio Conde analisando a História da Igreja, observa nitidamente que Deus sempre avivou ou reavivou a sua Igreja em várias ocasiões diferentes. Esses períodos da Era Cristã foram marcados por reavivamentos maravilhosos, onde Deus se manifestou aos seus servos de forma sobrenatural. A doutrina do Batismo no Espírito Santo não nasceu em arraiais pentecostais, mas teve precedentes históricos importantes. Sendo uma doutrina polêmica, há contestações de várias vertentes teológicas, até mesmo entre os pentecostais. Grandes teólogos e pastores do Século 19 compartilhavam uma visão bem semelhante com os pentecostais em relação a uma experiência subseqüente a salvação, a chamada “segunda bênção”. Entre os pregadores da “segunda bênção” encontravam-se D. L. Moody, R. A. Torrey, Andrew Murray, F. B. Meyer e o presbiteriano A. B. Simpson. A diferença entre esses pré-pentecostais era o fato de não defenderem as línguas com sinal físico-inicial. No século 20, o teólogo reformado Dr. Martyn Lloyd-Jones, estava entre os que defendiam essa experiência pós-salvação. Mas lembrando que nenhum desses teólogos compartilhavam da visão pentecostal clássica, de que o Batismo no Espírito Santo deve ser acompanhado por uma evidência física [1]. Analisando a História da Igreja, podemos observar nitidamente que Deus sempre avivou ou reavivou a sua Igreja em várias ocasiões diferentes. Esses períodos da Era Cristã foram marcados por reavivamentos maravilhosos, onde Deus se manifestou aos seus servos de forma sobrenatural. No período da Reforma Protestante, no século XVI, Deus levantou homens como Martinho Lutero, João Calvino e John Knox. No século XVIII, ocorreu o Avivamento Morávio com o Conde Zinzendorf, o Grande Reavivamento na Inglaterra com John Wesley, Charles Wesley e George Whitefield e o Reavivamento Americano com Jonathan Edwards. Nenhum destes avivamentos foi conhecido como Pentecostal, pois o termo é do início do século XX, quando houve o derramamento do Espírito Santo nos USA, semelhante à manifestação de Atos dois. John Stott conceitua avivamento como: “... uma visitação inteiramente sobrenatural do Espírito soberano de Deus, pela qual uma comunidade inteira toma consciência de Sua santa presença e é surpreendida por ela” [2].[Para ler mais, vá a Lição 3 – O Derramamento do Espírito Santo no Pentecostes].

3. O genuíno pentecostalismo. Os estudiosos do ‘fenômeno pentecostal’ no Brasil costumam dividir o movimento em três grupos: os pentecostais clássicos – os de 1ª e 2ª geração, e os neo pentecostais. Os neopentecostais formaram um grupo coexistente com os pentecostais, mas com uma identidade distinta. Possuem uma forma muito sobrenaturalista de encarar sua vida religiosa, com ênfase na busca de revelações diretas da parte de Deus, de curas milagrosas para doenças e uma intensa batalha espiritual entre forças espirituais do bem e do mal, que afirmam ter consequências diretas em sua vida cotidiana. São, em geral, mais flexíveis em questões de costumes em relação aos Pentecostais tradicionais. Segundo Alan B. Pieratt, "Os ensinos da prosperidade não tiveram origem no pentecostalismo. Todavia, a tendência das denominações pentecostais de aceitarem as afirmações de autoridade profética criou um espaço teológico onde a doutrina da prosperidade pode afirmar-se e crescer... Nossa primeira conclusão histórica, é que o pentecostalismo foi o portador desta doutrina, mas ela necessariamente não faz parte das crenças pentecostais." [3]. Na contra-mão desses novos movimentos, o genuíno pentecostalismo prima pela ortodoxia bíblica e tem como características as seguintes expressões: Contrição total pelo Espírito Santo; Amplo perdão e reconciliação (At 4.32); Santidade de vida, dentro e fora da Igreja; Renovação espiritual; zelo pelo modelo bíblico (Sl 119.25, 154), e amor, zelo e frequência à casa do Senhor. No genuíno pentecostalismo não há espaço para comodismo e indiferença (Ez 37.9), para a sonolência espiritual (Ef 5.14), para a insensibilidade (Cl4.17; 2Tm 1.6), nem para o secularismo (Rm 12.2). Crê unicamente ser a Bíblia Sagrada a inspirada, infalível, inerrante e completa Palavra de Deus.

Sinópse do Tópico

Podemos afirmar que pentecostalismo é um movimento legitimamente bíblico e que, historicamente, não se restringiu à Igreja Primitiva.

III. O VERDADEIRO PENTECOSTALISMO

1. Características das igrejas pentecostais. Os grupos pentecostais são unânimes quanto às doutrinas cristãs básicas, tais como: pecado original, penas eternas, salvação pela fé, escatologia, santificação. Além disso, têm alguns traços característicos: Ênfase à doutrina do batismo com o Espírito Santo; Ensino de que os dons são para hoje e não apenas para a igreja do primeiro século, (Mc 16.17,18); Aproveitamento do leigo na igreja; Liturgia informal, com oportunidades para testemunhos, cânticos acompanhados ou não por palmas; Aceitação da escatologia dispensacionalista, segundo a qual a Igreja não passa pela Grande Tribulação e a vinda de Jesus em duas fases distintas; Ênfase à doutrina bíblica da santificação (Ef 4.13). Algumas igrejas são rigorosas nos usos e costumes.

2. Novos movimentos. Após o surgimento do pentecostalismo histórico na primeira década do século 20 (Assembléia de Deus e Congregação Cristã do Brasil), e dos pentecostais da segunda geração, surgidos a partir da década de 50 (Quadrangular, Brasil para Cristo, Casa da Bênção, Deus é Amor), surgem os neopentecostais a partir da década de setenta sendo a principal a Universal do Reino de Deus. Estes novos movimentos se baseiam em uma doutrina conhecida como "confissão positiva", também chamada Teologia da Prosperidade promulgada por vários televangelistas contemporâneos, sob a liderança e a inspiração de Essek William Kenyon. A expressão "confissão positiva" se refere literalmente a trazer à existência o que declaramos com nossa boca, uma vez que a fé é uma confissão. De acordo com Paulo Romeiro, em seu livro "Super Crentes, o Evangelho segundo Kenneth Hagin, Valnice Milhomens e os Profetas da Prosperidade", é a corrente doutrinária que ensina que uma vida medíocre do cristão indica falta de fé. Assim, a marca do cristão cheio de fé e bem-sucedido é a plena saúde física, emocional e espiritual, além da prosperidade material. Pobreza e doença são resultados visíveis do fracasso do cristão que vive em pecado ou que possui fé insuficiente. Outros ensinamentos comuns em igrejas neopentecostais são a batalha espiritual (confronto espiritual direto com os demônios), maldições hereditárias, possessão de crentes (domínio demoníaco sobre as pessoas, resultando em doenças ou fracasso), etc. Justamente a ênfase que as denominações neopentecostais dão a esses ensinos que as levam a ser bastante criticadas pelas demais denominações protestantes. Segundo os críticos, o sucesso do movimento teria seu fundamento na pulverização teológica promovida por Mary Baker depois por Essek William Kenyon ao misturar o gnosticismo das religiões metafísicas com o cristianismo pentecostal. A maior denominação neopentecostal, a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) apropriou-se de símbolos da Umbanda, como o descarrego, o sal grosso e a arruda, trouxe-os para dentro do seu culto, alegando que eles foram criados por Deus, mas que através de uma manifestação sombria esses elementos acabaram nas religiões afro-brasileiras. A constatação é de Antonio Vieira, que apresentou dissertação de mestrado na Universidade de São Paulo (USP), em fevereiro, sob o título “Filho-de-santo ou filho-de-encosto? Conflitos e aproximações nas disputas simbólicas entre Igreja Universal do Reino de Deus e Umbanda”. Ele sustentou, na dissertação, que há trocas simbólicas entre as duas manifestações religiosas [4].O neo-pseudo-pentecostalismo não prega conversão e santidade, mas neo-indulgências e sessões de descarrego. Do novo nascimento ao sabonete de arruda tem sido caminho, por onde possam os sócios “evangélicos” dos escândalos da República”, afirma o bispo anglicano Dom Robinson Cavalcanti [5]. Na mesma aba, encontramos a Igreja Internacional da Graça de Deus, fundada pelo Missionário R.R. Soares, cunhado do Bispo Macedo, da IURD, com quem rompeu relações em 1978 fundando a sua denominação. Esses movimentos têm trazido vexame ao genuíno pentecostalismo, e não é vexatório somente os neopentecostais dizerem ser protestantes pelo simples anti-catolicismo radical que carregam, mas pior ainda é se declararem cristãos, ainda que, com todas as bizarrices que ensinam. Assista a esse vídeo onde o falecido Pr David Wilkerson (http://www.iead-pvh.com/portal/modules/news/article.php?storyid=2233), mostra a direção exata que a igreja nos dias atuais, tem tomado em todo o mundo, principalmente no Brasil.

Sinópse do Tópico

O verdadeiro pentecostalismo caracteriza-se pela aceitação das Escrituras como a inspirada Palavra de Deus, manutenção da sã doutrina, atualidade dos dons espirituais, cumprimento integral da grande comissão e compromisso com a santidade.

(III. Conclusão)

A festividade judaica do Dia de Pentecostes assume novo significado em At 2, pois é o dia no qual o Espírito Santo prometido desce em poder e torna possível o avanço do evangelho até aos confins da terra. A profecia de Joel 2.23 prediz a “chuva temporã” e a “serôdia”, e o mesmo está dito em Tg 5.7,8: “Sede pois, irmãos, pacientes até à vinda do Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva temporã e serôdia. Sede vós também pacientes, fortalecei os vossos corações; porque já a vinda do Senhor está próxima”. Como é notório, muitas inovações, modismos e práticas descabidas e antibíblicas vêm afetando o genuíno movimento pentecostal, inclusive nossa centenária Assembleia de Deus. É urgente voltarmos sempre ao cenáculo para receber mais poder (Ef 5.18), mas igualmente, manter a sã doutrina do Senhor (Tt 2.1,7; 1Tm 4.16).

Aplicação Pessoal

Somos surpreendidos todos os dias com novos fatos que nos levam a mais profunda perplexidade. Lamentavelmente em alguns de nossos templos tem se percebido as mais estranhas bizarrices, que só em mencionar me faz ficar completamente envergonhado (veja este video: http://www.youtube.com/watch?v=yt8wylT69zw). Unção do riso; unção apostólica; unção do leão; unção do vômito; unção do cachorro; crentes de segunda classe; troca de anjo da guarda; arrebatamento ao 3º céu seguido por novas revelações; night gospel song; sal grosso pra espantar mal olhado; maldições hereditárias; encostos; atos proféticos; óleo ungido pra arrumar namorado; sessões do descarrego; que dentre tantas outras coisas mais, tornaram-se marcas negativas dessa geração. Compartilho da tristeza do Rev. David Wilkerson, isso não é o genuíno Movimento Pentecostal... ‘não consigo rir quando fazem o Espírito Santo parecer um tolo... o Espírito Santo vem para convencer do pecado e da justiça e do juízo. Leve em consideração as palavras do sábio pastor David Wilkerson sobre as unções estranhas que ocorrem na atualidade dentro das igrejas, as quais muitas vezes temos presenciado...

N’Ele, que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2.8),

Francisco A Barbosa

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Notas Bibliográficas

[1]. Adaptado de http://teologiapentecostal.blogspot.com/2008/08/o-batismo-no-esprito-santo-parte-03.html;

[2]. STOTT, John. A verdade do Evangelho, p. 119;

[3]. Pieratt, Alan B. O Evangelho da Prosperidade.São Paulo: Vida Nova, 1993.

[4]. Mensageiro Luterano, junho de 2007, p.28.

[5]. Ultimato, novembro-dezembro de 2006, p.43

Bíblia de Estudo Plenitude, Barueri, SP, Sociedade Bíblica do Brasil, 2001. Nota textual 1Co 12.8-11, p. 1189;

Lições Bíblicas 1º Trim 2004 - Jovens e Adultos: A Pessoa e Obra do Espírito Santo;

Lições Bíblicas 2º Trim 2011 – Livro do Mestre, CPAD, Movimento Pentecostal – As doutrinas da nossa fé;

Bíblia de Estudo Plenitude, Barueri, SP, Sociedade Bíblica do Brasil, 2001;

Os textos das referências bíblicas foram extraídos da versão Almeida Revista e Atualizada, 2a edição (Sociedade Bíblica do Brasil), salvo indicação específica.

Exercícios

1. Como surgiu o termo ‘pentecostalismo’?

R. A expressão ‘pentecostalismo’ procede do vocábulo grego pentekosté que significa quinquagésimo.

2. O que significa Pentecostes?

R. Quinquagésimo.

3. Como distinguir o verdadeiro do falso pentecostalismo?

R. O pentecostalismo não admite outra revelação além das Escrituras Sagradas.

4. Cite algumas características das Igrejas pentecostais.

R. Manutenção da pureza da sã doutrina, crer na atualidade dos dons espirituais e cumprir integralmente a Grande Comissão.

5. Qual a origem do verdadeiro Movimento Pentecostal?

R. O dia de Pentecostes.

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