09 de janeiro de 2011 |
TEXTO ÁUREO |
"[...] Varões galileus, por que ficais aí olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi elevado para o céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir." (At 1.11).
- Ascender significa “subir” ou “elevar”. Entretanto, quando o termo ascensão é usado com relação a Cristo, tem um significado mais profundo, mais rico e mais específico. A ascensão de Jesus foi um evento único. Vai além de Enoque sendo levado diretamente para o céu ou a partida do profeta Elias numa carruagem de fogo. A ascensão de Jesus refere-se à sua ida para um lugar especial, com um propósito especial. Ele foi para o Pai, para sentar-se à direita dele. Foi elevado para a sede de autoridade cósmica. Jesus subiu ao céu para sua coroação, sua confirmação como Rei dos reis. Jesus também ascendeu para entrar no Santo dos Santos celestial a fim de continuar sua obra como nosso grande Sumo Sacerdote. No céu ele governa como Rei e intercede por nós como nosso Sumo Sacerdote. Desta sua posição de autoridade elevada, ele derramou seu Espírito sobre a Igreja. João Calvino observa: “Sendo elevado ao céu, ele retirou sua presença corpórea da nossa vista; isso não quer dizer que cessou de estar com seus seguidores, os quais ainda são peregrinos sobre a terra, mas significa que pode governar tanto o céu como a Terra mais imediatamente pelo seu poder”. (II, XVI, 14). Quando Jesus ascendeu ao céu para sua coroação como Rei dos reis, assentou-se à mão direita de Deus. A destra de Deus é a sede de autoridade. Desta posição Jesus governa, administra seu reino e preside como Juiz do céu e da terra. Note que Jesus partiu numa nuvem. Provavelmente esta seja uma referência à Shekinah, a nuvem da glória de Deus. A Shekinah excede qualquer nuvem comum em radiancia. Representa a manifestação visível da glória radiante de Deus. Portanto, a forma como Jesus partiu de maneira alguma foi comum. Foi um momento de esplendor extraordinário.
Se a ascensão de Cristo não for aceita como um fato historicamente comprovado, não poderá ser recebida como doutrina confiável. Jesus Cristo, de fato, foi assunto ao céu, e acha-se à destra de Deus. |
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
- Conhecer a historicidade da Ascensão de Jesus Cristo de Nazaré;
- Explicar as implicações teológicas da Ascensão de Cristo, e
- Saber que o Cristo ressuscitado intercede por nos, à destra de Deus, e consola-nos na força do Espírito Santo.
PALAVRA-CHAVE
ASCENSÃO: - Ato de ascendência, Subida, Elevação. |
COMENTÁRIO
A ascensão de Cristo é o término de sua missão vicária e de sua presença visível na terra. Não aparece nas páginas da Escritura de maneira tão patente como se dá com a ressurreição. Provavelmente, pelo fato de que a ressurreição foi o verdadeiro ponto decisivo da vida de Jesus, e não a ascensão. Em certo sentido, pode-se dizer que a ascensão foi o complemento e a consumação da ressurreição. Essa preterição de relatos não significa que a ascensão não se revista de importância. Lucas a relata duas vezes, Marcos se refere a ela em 16.19 (embora esta passagem seja contestada pelos eruditos como um acréscimo ao segundo evangelho). Jesus falou muitas vezes dela, antes da sua morte (Jo 6.62; 14.2, 12; 16.5, 10, 17, 28; 17.5; 20.17). Paulo se refere repetidamente a ela (Ef 1.20; 4.8-10; 1Tm 3.16); e a Epístola aos Hebreus chama a atenção para o seu significado (1.3; 4.14; 9.24). Boa aula!
(II. DESENVOLVIMENTO)
I. A HISTORICIDADE DA ASCENÇÃO DE CRISTO
Nos primeiros séculos, a cristandade celebrou a gloriosa e vitoriosa ascensão de Cristo com muito júbilo. Jesus viveu 33 anos aqui na terra, então retornou triunfante ao céu para tomar posse do seu reino e foi recebido com júbilo pelos anjos. Historiadores relatam sobre os festejos no tempo de Agostinho (354-430 d.C.). Um relato de 385 d.C. afirma que o dia da Ascensão era celebrado em Jerusalém com uma peregrinação para o monte das Oliveiras e culto campal. Consta que a Imperatriz Helena, nascida na Inglaterra, mãe do Imperador Constantino I e esposa de Constâncio (248-328 d.C.), por volta de 327 peregrinou à Terra Santa e fez erguer ali a capela da Natividade e da Ascensão.
1. Data da Ascensão. Se levarmos em consideração o erro cronológico do calendário gregoriano[*], Jesus teria nascido em 4 a.C., fato comprovado pela referência que Mateus faz em seu evangelho (Mt 1.1) ao ‘rei Herodes’ (Herodes, o Grande), o que leva a visita dos magos para essa data, quando esse rei morreu e foi sucedido por seu filho Arquelau [1]. Dessa forma, temos que o ministério terreno de Cristo durou 33 anos, o ápice de seu ministério ocorreu, portanto, no ano 29 de nossa era ao invés do citado em nossa revista.
2. Lugar da Ascensão. Atos parece indicar que o local da ascensão foi o Monte das Oliveiras (1.12), enquanto que o Evangelho de Lucas afirma que Jesus "os levou para Betânia", a aldeia ao lado deste monte, entre três e quatro quilômetros de Jerusalém. Observe que o Evangelho não diz que Jesus ascendeu de Betânia, mas que foram levados "até lá". Stott (2003, p. 45) afirma ser mais apropriada a tradução "para a vizinhança de Betânia". O monte das Oliveiras era próximo de Jerusalém, elevando-se a leste sobre a cidade, a distancia do caminho de um sábado, cerca de 1,2 km. Para Stott (idem, p. 45-46) [12], após o exame das aparentes divergências, pode-se observar pontos em comum na narrativa: Ambos dizem que ela se deu fora de Jerusalém, e ao leste dela, em algum lugar do Monte das Oliveiras Ambos relatam que os apóstolos "voltaram para Jerusalém".
3. Testemunhas da Ascensão. A ascensão de Cristo ocorreu de forma aberta no monte das Oliveiras. Foi um evento visível. Um dos anjos repentinamente presente na ascensão, disse aos discípulos: "Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir" (At 1.11). A ascensão de Cristo foi um evento histórico, tal como a encarnação, sua morte e sua ressurreição. Foi um ato que ocorreu no tempo e no espaço, ele não desapareceu repentinamente, mas foi elevado ao céu de forma visível diante de muitas testemunhas. A ascensão foi gradual, efetuada por seu próprio poder, foi uma ida majestosa para o céu. Mesmo assim muitos não aceitam o fato. Os teólogos da teologia liberal e luteranos neo-ortodoxos rejeitam o fato histórico. Eles não aceitam os milagres relatados na Bíblia e dizem que são mitos. Entres estes teólogos, os mais conhecidos são: Barth, Bultmann, Tillich, Kirkegard, Brunner e outros. Os teólogos reformados como Zwinglio e Calvino rejeitam a doutrina da comunhão das duas naturezas de Cristo, a divina e a humana numa só pessoa, de forma inseparável. Mas a Bíblia é clara: "E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai" (Jo 1.14). "Porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade" (Cl 2.9). Consequentemente, eles não aceitam a doutrina da humilhação e da exaltação de Cristo. "Cremos que a humilhação de Cristo consistiu em não ter ele usado sempre e inteiramente a majestade divina, comunicada à sua natureza humana (Catecismo Menor, 155[**]). E sua "exaltação consistiu em que ele usa sempre e inteiramente a majestade divina comunicada à sua natureza humana" (Catecismo Menor, 165[**]). Por isso julgam que Jesus, quanto à sua pessoa humana, está confinado num lugar no céu e que, com sua igreja aqui na terra, ele está só com sua natureza divina, como espírito. Isto faz de Cristo duas pessoas.
[*]Calendário Gregoriano: - No calendário gregoriano os anos começam a ser contados a partir do nascimento de Jesus Cristo, em função da data calculada, no ano 525 da era cristã, pelo historiador Dionísio o Pequeno. Todavia, seus cálculos não estavam corretos, pois é mais provável que Jesus Cristo tenha nascido quatro ou cinco anos antes, no ano 749 da fundação de Roma, e não no 753, como sugeriu Dionísio. Para a moderna historiografia, o fundador do cristianismo teria na verdade nascido no ano 4 a.C.
[**]Catecismo Menor: - Martinho Lutero constatou durante as suas visitações às comunidades, nos anos 1528 e 1529, que o povo cristão desconhecia os Dez Mandamentos, o Credo, o Pai-Nosso e o seu significado. Diante disso redigiu o Catecismo Menor para ser usado pelos pregadores e demais responsáveis pela educação na fé cristã. Neste Catecismo encontram-se os Dez Mandamentos, o Credo Apostólico, o Pai-Nosso, os Sacramentos do Batismo e da Santa Ceia e o Ministério da Confissão e da Absolvição. Todas as partes tem uma breve explicação.
SINÓPSE DO TÓPICO (1)
A Ascensão de Jesus ocorreu no ano 34 da era cristã, no monte das Oliveiras, sob os olhares de diversas testemunhas.
II. A TEOLOGICIDADE DA ASCENSÃO DE CRISTO
O texto grego usa 13 verbos diferentes para descrever a forma da ascensão. Vejamos a tradução dos textos em português. (a). Subir: Jo 3.13; 6.62; 20.17. (b). Foi recebido: Mc 16.19; At 1.11. (c). Assunto ao céu: Lc 9.51. (d). Ia-se retirando deles: Lc 24.51. (e). Que eu vá: Jo 16.7 (20.10). (f). Elevado para o céu: Lc 2.51. (g). Elevado às alturas: At 1.9. (h). Vou para junto de ti: At 17.11. (i). Irei: Jo 7.33; 13.3; 14.4,28; 16.5,10. (j). Elevado às alturas: At 1.9. (l). Elevado da terra: Jo 12.32. (m). Vou preparar-vos lugar: Jo 14.2,3,12; 16.28; At 1.10-11.
1. Ascensão de Cristo. Quarenta dias de aparições aos discípulos, após a ressurreição, terminaram com a ascensão de Jesus aos céus. Ali, no monte das Oliveiras, diante da cidade de Jerusalém, Jesus foi tomado corporalmente, enquanto uma grande companhia de discípulos contemplava a tudo (At 1.9-11). Aquele momento dramático encerrou o período de encarnação, no qual o Teantropos [*], Cristo Jesus, viveu em presença física sobre a terra. Quando a nuvem o ocultou dos discípulos, Ele entrou no céu (Hb 4.14; 1Pe 3.22), onde assumiu uma nova fase em seu ministério. A obra de redenção fora realizada com sucesso, e Ele deixara aos discípulos cuidadosas instruções quanto ao programa que havia iniciado: a Igreja. [2] Conforme Kistemaker (2006, p. 85-86) [7] os aspectos teológicos e doutrinários da ascensão a serem considerados são:
- Que a entrada de Jesus no céu com um corpo humano glorificado é a segurança de que nós seremos igualmente glorificados.
- À mão direita de Deus, o Pai, Jesus cumpre a missão de advogado na defesa da nossa causa (1 Jo 2.1)
- A Ascensão de Jesus e o fato de ele ter-se assentado à destra de Deus marcam sua entronização real, seu governo sobre este mundo (1 Co 15.25).
A doutrina da ascensão de Cristo liga-se a duas outras doutrinas defendidas pelos Pentecostais: a paracletologia e a escatologia, analisadas a seguir.
2. A perspectiva paracletológica. Para Arrington e Stronstad (2003, p. 627) "Tudo no Evangelho de Lucas move-se em direção à ascensão, e tudo em Atos move-se a partir da ascensão"[5]. "Mas eu vos digo a verdade: convém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei" (Jo 16.7). A ‘perda’ da presença corpórea de Cristo é mais do que compensada pela vinda do Espírito Santo, cinqüenta dias após a ressurreição (At 2.1), na festa de Pentecostes, também chamada de festa das Semanas. Jesus prometeu e enviou o seu Espírito Santo conforme a profecia de Joel 3.1-4. Ele prometeu dons aos homens. "Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para encher todas as coisas. E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo" (Ef 4.10-12). O que Jesus prometeu, ele cumpriu. O Espírito Santo foi enviado no dia de Pentecostes. Ele é nosso guia e Consolador. Ele concede dons aos crentes e nos torna aptos para todo o trabalho no reino de Deus. ‘João Batista profetizara que Jesus batizaria seus seguidores no Espírito Santo (Mt 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16; Jo 1.33), profecia esta que o próprio Jesus reiterou (At 1.5; 11.16). Em 11.13, Jesus prometeu que daria o Espírito Santo a todos quantos lhe pedissem. Todos estes versículos acima referem-se à plenitude do Espírito, que Cristo promete conceder àqueles que já são filhos do Pai celestial — promessa esta que foi inicialmente cumprida no Pentecoste (At 2.4) e permanece para todos que são seus discípulos e que pedem o batismo no Espírito Santo (At 1.5; 2.39)’ [3].
3. A perspectiva escatológica. Para Boor (2003, p. 30-31), o relato da ascensão destaca:
- A realidade escatológica da parousia [**], da nova presença de Jesus, ou de sua nova "revelação" (At 1.11). Marshall (idem, p. 62) escreve que "[...] a ascensão de Jesus é uma garantia de que, assim como foi possível para Jesus subir ao céu, assim também será possível para Ele voltar da mesma maneira, sobre uma nuvem na parousia (Lc 21.27; Mc 14.62; Dn 7.13). Desta forma, a promessa da parousia forma o fundo histórico da esperança, diante da qual os discípulos devem desempenhar seus papéis como testemunhas de Jesus." Vide também Richards (2005, p. 708)
- Fortalece a responsabilidade missionária da igreja. Neste sentido, Stott (ibdem, p. 50) comenta que até a volta de Jesus, os discípulos deveriam continuar sendo testemunhas, pois esse era o seu mandato: "Era fundamentalmente anormal ficarem a olhar para o céu, quando tinham sido comissionados para irem até aos confins da terra". Marshal (ibdem) declara que "Desta forma, a promessa da parousia forma o fundo histórico da esperança, diante da qual os discípulos devem desempenhar seus papéis como testemunhas de Jesus. Em efeito, esta passagem corresponde à declaração de Jesus em Mc 13.10, de que o evangelho deve primeiramente ser pregado a todas as nações antes do fim poder vir." [8]
[*] Teantropos: - ‘Deus e o homem numa só pessoa’. No ano 451 d.C. o Concílio de Calcedônia conheceu e formulou a fé cristã a respeito da pessoa de Cristo e declarou que Ele deve ‘ser reconhecido em duas naturezas, sem confusão, imutável, indivisível e inseparavelmente; sendo que a distinção das naturezas de modo nenhum é eliminada pela união, mas antes, a propriedade de cada natureza é preservada, e ambas concorrem numa Pessoa e numa Subsistência, não partida ou dividida em duas pessoas’. [14]
[**] Parousia: - Diversos termos são empregados para designar a futura vinda de Jesus Cristo, o termo parousia é o mais comum deles. Em primeiro lugar, significa simplesmente ‘presença’, mas também designa uma vinda precedendo uma presença. Este é o sentido comum do termo quando empregado com relação à volta de Jesus Cristo (Mt 24.3, 27, 37, 39; 1Co 15.23; 1Ts 2.19).
A Ascensão trouxe implicações paracletológicas (o revestimento do Espírito Santo) e escatológicas (a esperança da vinda de Cristo).
III. A ASCENSÃO DE CRISTO EM NOSSA DEVOÇÃO
A Ascensão de Cristo é um evento de profunda importância no processo da redenção. Marca o momento do ponto mais elevado da exaltação de Cristo antes do seu retorno ao céu. Foi na Ascensão que Cristo entrou na sua glória. Jesus descreveu sua partida desta terra como sendo melhor para nós do que sua presença permanente. Quando anunciou sua partida pela primeira vez aos discípulos, eles ficaram tristes com a notícia. Contudo, mais tarde compreenderam a importância deste grande evento.
1. A posição do Cristo que ascendeu. O glorioso acontecimento da ascensão de Cristo compreende dois fatos: O fato de sua ascensão ao céu e o fato do assentar-se à direita do Pai. Agora Jesus governa como Deus e homem (Teantropos) sobre céu e terra. Ele enche céu e terra como Deus e homem. Jesus desfruta agora, também como homem, todo o poder divino que ele tinha antes de sua encarnação. Poder este, do qual abrira mão voluntariamente durante os dias de sua humilhação (Kenósis [*]). Mas agora, usa totalmente todo o seu poder e toda a sua majestade comunicada a sua natureza humana. E como homem é agora também onisciente, onipotente e onipresente. E nós aguardamos sua vinda em glória para julgar vivos e mortos. A expressão ‘direita de Deus’ é antropomórfica e não pode ser entendida literalmente. A expressão, como é empregada neste contexto, é derivada de Sl 110.1, ‘...Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés[14]. A direita indica poder e autoridade. Deus entregou a Jesus todo o poder e o governo sobre todas as coisas. O apóstolo Paulo, relembrando o Salmo 68.18, escreve: "Ora, que quer dizer subiu, senão que também havia descido às regiões inferiores da terra? Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para encher todas as coisas" (Ef 4.9,10). A ascensão de Cristo é portanto a retirada de sua presença visível na terra. Isto não significa que ele não está mais aqui. Agora Jesus está em toda a parte como Deus e homem.
2. A eficácia salvífica do Cristo que ascendeu aos céus. Uma parte essencial da fé e unidade cristãs é a confissão de que há "um só Senhor". Essa declaração significa que a obra da redenção que Jesus Cristo efetuou é perfeita e suficiente, e que não é necessário nenhum outro redentor ou mediador para dar ao crente salvação completa (1 Tm 2.5,6; Hb 9.15). O crente deve aproximar-se
de Deus somente através de Cristo (Hb 7.25). Significa, também, que devotar lealdade igual ou maior a qualquer autoridade (secular ou religiosa) que não seja Deus revelado em Cristo e na sua Palavra inspirada, é a mesma coisa que recusar o senhorio de Cristo, e, portanto, da vida que somente nEle existe. Não pode haver nenhum senhorio de Cristo nem "unidade do Espírito" (v. 3) à parte da afirmação de que o Senhor Jesus é a suprema autoridade para o crente, e de que esta autoridade lhe é comunicada na Palavra de Deus [4]. Os discípulos tinham convicção de que a maior necessidade de cada indivíduo era a salvação do pecado e da ira de Deus, e pregavam que esta necessidade não poderia ser satisfeita por nenhum outro, senão Jesus Cristo. Isto revela a natureza exclusiva do evangelho e coloca sobre a igreja a pesada responsabilidade de pregar o evangelho a todas as pessoas. Se houvesse outros meios de salvação, a igreja poderia ficar despreocupada. Mas, segundo o próprio Cristo (Jo 14.6), não há esperança para ninguém, fora da salvação em Cristo (cf. 10.43; 1 Tm 2.5,6). Este é o fundamento do imperativo missionário.
3. Cristo assunto, nosso Advogado. Do grego Parakletos, literalmente ‘quem está ao lado’, é a palavra usada no tribunal para designar a pessoa que defende a causa de alguém em um julgamento. Usada neste contexto, Jesus é quem intercede pelo pecador diante de Deus. Essa mesma palavra é usada em outras partes do NT para descrever a obra do Espírito Santo. Jesus, nosso Parakletos, não pede a Deus que declare o pecador inocente; Ele pede que o Pai conceda o perdão ao pecador por causa do sacrifício dEle na cruz, ‘ao qual Deus Propôs para propciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus’ (Rm 3.25). Propciação significa a conciliação da ira divina mediante uma oferta sacrificatória. Jesus como nossa "propiciação" significa que Ele tomou sobre si o castigo dos nossos pecados e satisfez o justo juízo de Deus contra o pecado. O perdão agora é oferecido ao homem, e é recebido mediante a fé (Rm 4.9,14; Jo 1.29; 3.16; 5.24). Jesus intercede por nós como nosso sumo sacerdote: "Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo" (1Jo 2.1). "Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós" (Rm 8.34).
[*] Kenósis: - o termo Kenósis é empregado num duplo sentido na teologia. Originalmente foi utilizado por teólogos Luteranos para denotar a auto-limitação, não do Logos, mas do Deus e homem, auto-limitação pela qual Ele, no interesse da sua humilhação, pôs de lado o uso prático dos seus atributos divinos. [14]
SINÓPSE DO TÓPICO (3)
Cristo em sua Ascensão está à destra de Deus como Advogado que intercede, por nós, a Deus; o justo Juiz.
“Subiste às alturas, levaste cativo o cativeiro; recebeste homens por dádivas. (Sl 68.18)” A ascensão ou subida de Jesus aos céus, após a ressurreição é de grande importância para a fé cristã: ela demonstra que as promessas de Deus são confiáveis; Foram muitas as promessas de que, após a ressurreição, Jesus voltaria aos céus e, como todas as demais, estas também se cumpriram. Se tirarmos as promessas do cristianismo, ele não subsistirá. Nossa fé está baseada nas promessas do Senhor, como afirma a letra do hino da nossa Harpa Cristã: “Firme nas Promessas”. Ela permitiu que Jesus reassumisse a glória que tinha antes da encarnação. O grande mistério da fé está explícito no fato de que Deus se fez homem – encarnação. Para que isso fosse possível, Ele abiu mão de atributos para que sua vida entre nós não fosse uma representação teatral. Mas, ao voltar aos céus, Ele readquire a glória anterior. Ela permitiu que Jesus assumisse a função de nosso advogado. Ele está intercedendo por nós e nos defendendo das acusações do Diabo, feitas ao Pai. Mesmo quando o diabo fala a verdade, o que não é fácil para ele, pois, é o pai da mentira, apontando nossos pecados cometidos, Jesus nos defende, pedindo ao Pai que aplique sobre nós a justiça que Ele conquistou na cruz. Ela demonstra que Jesus vai voltar para levar a Sua Igreja. A fé cristã está baseada numa esperança escatológica muito forte: quem crer em Jesus Cristo, ainda que morra, viverá! Será ressuscitado na volta gloriosa do Senhor! A última oração da Bíblia é: “Maranata! Vem, Senhor Jesus!”
APLICAÇÃO PESSOAL
A destra do Pai, Jesus está sentado como a Cabeça do seu Corpo, a Igreja. No entanto, nesta posição, sua autoridade e jurisdição de governo e administração estendem-se para além da esfera da sua Igreja e engloba o mundo todo. Todos no céu e na terra são chamados por Deus para reverenciarem a majestade de Jesus, para serem governados por sua mão, para darem-lhe a honra devida e submeterem-se ao seu poder. Finalmente, todos estarão diante dele, quando ele assentar-se para o julgamento final. Jesus tem autoridade para derramar seu Espírito Santo sobre a Igreja. Entretanto, ele só derramou seu Espírito depois que se sentou à destra de Deus. O Espírito ministra em subordinação ao Pai e ao Filho, os quais juntos o enviaram para aplicar a obra de salvação que Cristo adquiriu para os crentes. Sentado à mão direita de Deus, Jesus não só exerce seu papel como Rei dos reis, mas também desempenha a função de juiz cósmico. Ele é o juiz sobre todas as nações e todas as pessoas. Embora Jesus governe como nosso juiz, ele foi designado por Deus para ser também nosso advogado. Ele é nosso defensor. No julgamento final, o advogado nomeado para nos defender será o próprio juiz que preside. Uma amostra da intercessão de Jesus em favor dos santos pode ser vista no martírio de Estêvão: “Estevão, cheio do Espírito Santo, fitou os olhos no céu e viu a glória de Deus e Jesus que esta à direita, e disse: “Eis que vejo os céus abertos e o Filho do homem em pé à destra de Deus!” (At 7.55,56). Dentre as questões práticas que podemos extrair da presente lição bíblica, além da esperança da volta de Jesus, Stott (ibdem) nos alerta sobre dois erros dos apóstolos, nos quais podemos incorrer: "O primeiro é o erro do político que sonha em fazer a utopia na terra (preocupados com a restauração do Reino de Israel). O segundo é o erro do pietista que sonha apenas com os prazeres celestiais (preocupado em apenas contemplar o Jesus celestial). A primeira visão é terrena demais, e a segunda, celestial demais. [...] em lugar deles, ou como antídoto para eles, deveria estar o testemunho de Jesus no poder do Espírito, com todas as sua implicações em termos de responsabilidade terrena e capacitação celestial." Williams (1996, p. 39) concorda e escreve: "Daí a pergunta: por que estais olhando para os céus (v 11). Que acatassem as instruções recebidas. [...] A ênfase aqui, como em geral por todo o Novo Testamento, está nos deveres atuais dos crentes em vez de nas especulações a respeito da volta de Cristo." [12] [13]
N’Ele, que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2.8),
Francisco A Barbosa
BIBLIOGRAFIA PESQUISADA
[1] Bíblia de Estudo Plenitude, Barueri, SP, Sociedade Bíblica do Brasil, 2001, nota textual Mt 2.2, pp.949;
[2] MENZIES, William W. e horton, Stanley M.. Doutrinas Bíblicas, Uma Perspectiva Pentecostal. CPAD; Rio de Janeiro, 1995. pp.73;
[3] STAMPS, Donald. Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD; Estudo Doutrinario Jesus e o Espirito Santo;
[4] STAMPS, Donald. Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD; nota textual de Ef 4.5;
[5] ARRINGTON, L.; STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003;
[6] BOOR, Weiner de. Atos dos Apóstolos. Curitiba-PR: Esperança, 2003;
[7] KISTEMAKER, Simon. Atos. São Paulo: Cultura Cristã, 2006. v.1;
[8] MARSHAL, I. Howard. Atos: Introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1982;
[9] PFEIFFER, Charles F.; VOS, Howard F.; REA, John. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006;
[10] HARRISON, Everett. Comentário Bíblico Moody. São Paulo: IBR, 1987;
[11] RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. Rio de Janeiro: CPAD, 2005;
[12] STOTT, John R. W. A mensagem de Atos: Até os confins da terra. São Paulo: ABU, 2003;
[13] WILLIAMS, David J. Novo Comentário Bíblico Contemporâneo: Atos. São Paulo: Vida, 1996;
[14] BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática/Louis Berkhof; trad Odayr Olivetti. Campinas; Luz para o Caminho, 1990, pp 295; 300; 323;
- Lições Bíblicas 1º Trim 2011 – Livro do Mestre, CPAD, Atos dos Apóstolos – Até aos confins da terra;
1. Podemos confiar na historiografia de Lucas? R. Sim. Porque Lucas deixa bem claro que sua narrativa é baseada em provas incontestáveis.
2. O que é a ascensão de Cristo? R. Subida corpórea e física do Cristo ressurreto e glorioso aos céus, para junto do Pai, após haver cumprido seu ministério terreno.
3. Quantas pessoas testemunharam da Ascensão de Cristo? R. Aproximadamente cento e vinte pessoas.
4. Quais as implicações teológicas da ascensão de Cristo? R. O revestimento do Espírito Santo e a esperança de vinda de Cristo.
5.Por que a doutrina da ascensão de Cristo é um fator de consolação para o crente? R. Porque à destra de Deus, temos um advogado sempre pronto a defender-nos as causas. |
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