Lição
12: Cosmovisão Missionária
Data: 19 de Junho de 2016
TEXTO ÁUREO
“E
desta maneira me esforcei por anunciar o evangelho, não onde Cristo houvera
sido nomeado, para não edificar sobre fundamento alheio” (Rm 15.20). [Comentário: “Para não edificar
sobre fundamento alheio”. Sua norma era, porém, como o declara em 1 Co 3.10:
"Lancei o fundamento como prudente
construtor; e outro edifica sobre ele”. Os ministros são como empreiteiros
de edifícios com permissão restrita para construir somente sobre fundamento
prescrito – o Evangelho. Em relação a isso, Paulo entendeu que não deveria
edificar sobre o fundamento alheio. Parece que este entendimento de Paulo não
faz o menor sentido em nossos dias, quando vemos muitos que teimam em
arrebanhar membros de outros ministérios. De acordo com o que Paulo escreve no
v. 20, não seria conveniente que ele, Paulo, exercesse seu ministério em Roma;
Muitos outros povos ainda careciam de receber o evangelho e Paulo via-se
impulsionado por força do ministério recebido de Deus, para trabalhar em
regiões ainda não atingidas.]
VERDADE PRÁTICA
Os
crentes que foram alcançados pela graça e vivem pela fé, em Jesus Cristo, precisam
ter uma visão missionária amorosa e abrangente.
LEITURA DIÁRIA
Segunda — Mt 28.19 - Anunciar o
Evangelho é uma ordenança de Jesus Cristo para a Igreja
Terça — Mt 28.20
- A Igreja tem como missão primordial
educar e evangelizar
Quarta — At 1.8
- A Igreja deve alcançar os confins da
Terra
Quinta — Jo 3.16
- O amor de Deus pela humanidade é
incomensurável
Sexta — Rm 10.14
- Como as pessoas ouvirão o Evangelho se
não há quem pregue?
Sábado — Rm 10.15
- Como os anunciadores pregarão se não
forem enviados?
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Romanos
15.20-29.
20.
E desta maneira me esforcei por anunciar o evangelho, não onde Cristo houvera
sido nomeado, para não edificar sobre fundamento alheio;
21.
antes, como está escrito: Aqueles a quem não foi anunciado o verão, e os que
não ouviram o entenderão.
22.
Pelo que também muitas vezes tenho sido impedido de ir ter convosco.
23.
Mas, agora, que não tenho mais demora nestes sítios, e tendo já há muitos anos
grande desejo de ir ter convosco,
24.
quando partir para a Espanha, irei ter convosco; pois espero que, de passagem,
vos verei e que para lá seja encaminhado por vós, depois de ter gozado um pouco
da vossa companhia.
25.
Mas, agora, vou a Jerusalém para ministrar aos santos.
26.
Porque pareceu bem à Macedônia e à Acaia fazerem uma coleta para os pobres
dentre os santos que estão em Jerusalém.
27.
Isto lhes pareceu bem, como devedores que são para com eles. Porque, se os
gentios foram participantes dos seus bens espirituais, devem também
ministrar-lhes os temporais.
28.
Assim que, concluído isto, e havendo-lhes consignado este fruto, de lá,
passando por vós, irei à Espanha.
29.
E bem sei que, indo ter convosco, chegarei com a plenitude da bênção do
evangelho de Cristo.
HINOS SUGERIDOS
65, 167 e 395 da Harpa Cristã.
OBJETIVO GERAL
Mostrar
que os crentes que foram alcançados pela graça precisam ter visão missionária.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo,
os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada
tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos
subtópicos.
I. Compreender a necessidade de termos uma
cosmovisão missionária;
II. Apontar a necessidade do planejamento
missionário;
III. Relacionar as necessidades espirituais da obra
missionária.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Estamos quase
concluindo o estudo da Epístola aos Romanos. Na lição de hoje estudaremos o
penúltimo capítulo como continuação do texto anterior, Paulo prossegue tratando
a respeito do amor e do respeito que devemos ter para com todos os irmãos.
Assim, como fomos acolhidos pela misericórdia de Jesus Cristo, precisamos
acolher o próximo. Acolher não somente aqueles que fazem parte do Corpo de
Cristo, mas também os que ainda estão fora e precisam ouvir a mensagem do
Evangelho. Paulo dedicou toda a sua vida à pregação do Evangelho. Ele procurou
anunciar o nome de Cristo e sua graça aos que ainda não tinham ouvido nada a
respeito do Filho de Deus. O apóstolo pede que a igreja em Roma ore por ele e o
ajude na obra missionária, pois, sem a ajuda dos irmãos, ele não teria como
continuar anunciando a Cristo aos que estavam perdidos.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Paulo
já estava chegando ao final da epístola à igreja de Roma. Um dos últimos
assuntos tratados por ele havia sido acerca da tolerância que os crentes
maduros devem demonstrar para com os imaturos. A solução do problema estava em
saber equilibrar a liberdade com o amor cristão. Agora, o apóstolo deseja expor
o que estava em seu coração — o desejo de levar o evangelho da graça de Deus a
terras ainda não alcançadas. Os crentes de Roma, membros de uma igreja que fez
o mundo inteiro ouvir os ecos de sua fé (Rm 1.8), deveriam apoiá-lo nesse
empreendimento missionário. Todavia, para que seu intento fosse alcançado, ele
sente a necessidade de explicar com maiores detalhes o seu projeto missionário.
É o que vamos estudar nesta lição. [Comentário: Inicialmente, esclarece-se que aquilo que cada pessoa é,
o que defende, o que vive, é resultado da cosmovisão que permeia sua vida. Em
nosso caso específico, vivemos de acordo com a Cosmovisão Cristã. Missões, proveniente
do latim (missio) Transmissão consciente e planejada das Boas Novas do
evangelho de Cristo além das fronteiras nacionais e culturais. Suzana Wesley
mãe do grande pregador e fundador do metodismo John Wesley, disse “se eu
tivesse vinte filhos, regozijar-me-ia em consagrar todos eles a obra
missionária, ainda que fosse com a certeza de nunca voltar a vê-los”. Vimos na
lição anterior que a discussão a respeito da liberdade e da responsabilidade
cristã vem do capítulo 14 e vai até o 15.13. Agora, já finalizando a carta, em
vários aspectos, o final é similar à sua abertura (1.8-15), contendo elogia a
fé deles (1.8); defesa de seu apostolado com o evangelho para os gentios
(1.13,14); afirmação do desejo de visitar os crentes em Roma (1.10,13); salienta
seu desejo de que eles o ajudem a prosseguir para regiões ainda não
evangelizadas (Espanha, em 1.13). Podemos ver ainda, uma pista da tensão entre
crentes judeus e crentes gentios na igreja romana, mencionada ou implícita
através de toda a carta, mas especialmente nos capítulos 9 a 11 e do 14.1 ao
15.13. Os planos de viagem de Paulo para esse propósito devem levá-lo a passar
em Roma (vv.22-33), e o texto áureo nos informa da estratégia missionária
consistente de Paulo (1Co 3.10; 2Co 10.15-16). Ele queria alcançar os pagãos
que nunca tinham tido a chance de ouvir e receber o evangelho. Normalmente ele
escolhia cidades grandes do Império Romano, aquelas estrategicamente
localizadas. Uma igreja que fosse estabelecida ali poderia evangelizar e
discipular as áreas ao redor. Ele convida assim, os romanos, a investirem na
obra missionária.] Dito isto,
vamos pensar maduramente a fé cristã?
PONTO CENTRAL
O crente precisa ter uma cosmovisão
missionária.
I. A NECESSIDADE DE UMA COSMOVISÃO
MISSIONÁRIA (Rm 15.14-21)
1. O propósito
da missão.
O que o apóstolo tinha em mente quando reservou esse espaço em sua Epístola
para tratar a respeito do seu projeto missionário? Paulo desejava que os
crentes romanos compartilhassem do propósito da sua chamada — a conversão do
mundo gentílico ao Evangelho (Rm 15.16). Algumas observações são importantes
para ajudar no entendimento das palavras do apóstolo. Primeiramente, Paulo quer
que a igreja o veja como alguém que estava prestando um serviço de grande
relevância diante de Deus. Este é o sentido do termo grego leitougeo
(ministro), usado por ele aqui. Em segundo lugar, Paulo desejava também que os
crentes tivessem consciência de que esse serviço é um sacrifício do qual Deus
se agrada. Esse é o sentido do termo grego ierourgounta (servir como
sacerdote), usado para se referir às cerimônias do sacrifício levítico. Paulo
era um sacerdote de Deus a serviço da obra missionária e desejava que os
crentes se unissem a ele. [Comentário: Os versículos 16 e 17 contêm diversos termos e frases
sacerdotais. “Ministrar” é referente ao serviço sacerdotal, no v. 27. Refere-se
ao serviço de Cristo, em Hb 8.2. Paulo via a Si mesmo como um sacerdote (Fp
2.17), oferecendo os gentios a Deus, o que era tarefa para Israel (Ex 19.5-6;
Is 66.20). A Igreja recebeu essa designação evangelística (Mt 28.18-20; Lc
24.47). Ela é chamada por expressões que no VT se aplicavam ao sacerdócio (1 Pe
2.5,9; Ap 1.6). Paulo vê a pregação do
Evangelho como o meio mediante o qual os gentios seriam conduzidos a Deus como
uma oferenda agradável de ação de graça (v. 12.1). O Dr Russell Shedd diz que “o mundo inteiro está debaixo da esfera
do interesse de Deus”.]
2. O agente da
missão.
O apóstolo diz que o seu ministério de evangelismo era instrumentalizado pelo
Espírito Santo. O ministério de Paulo foi marcado pela atuação do Espírito
Santo (1Co 2.1-4). Não há movimento missionário que se sustente sem a
participação efetiva do Espírito do Senhor. É Ele que traz o poder de
convencimento ao mundo perdido e prova que Jesus Cristo continua vivo. Em
palavras mais simples, as credenciais de um ministério autêntico são dadas pelo
Espírito Santo. O Movimento Pentecostal é uma prova viva de que o Espírito
Santo é a mais poderosa força geradora de missões. [Comentário: No versículo 19 “pelo
poder dos sinais e prodígios” temos dois termos que aparecem juntos muitas
vezes, no livro de Atos (14.8-10; 16.16-18, 25-26; 20.9-12; 28.89), descrevendo
o poder de Deus trabalhando através do evangelho (2Co 12.12). Eles parecem ser
sinônimos. Exatamente a que se referem – milagres ou conversão – é incerto. Paulo
cogita assim, que conforme Deus confirmava o trabalho dos doze em Jerusalém,
ele também confirmava o trabalho de Paulo entre os gentios, através de sinais
visíveis. Paulo listou as diferentes formas como o seu ministério para os
gentios era eficaz:
a) pela palavra;
b) pelos atos;
c) através de sinais;
d) com maravilhas; e
e) através do poder do Espírito.
A tarefa missionária é
feita por fé. Deus ordenou que o cristianismo fosse uma religião de fé. A obra
missionária verdadeira e bem-sucedida, portanto, pode ser feita apenas por
homens de fé, que conhecem Deus e tem aprendido a se apropriar das promessas de
Deus. Disse Henrietta C. Mears: "O
maior empreendimento do mundo são as missões estrangeiras, e aqui temos o
início dessa grande obra. A idéia originou-se exatamente como devia: numa
reunião de oração" – pelo poder do Espírito Santo.]
3. A esfera da
missão. Paulo
informa aos romanos que pregou o Evangelho desde Jerusalém até ao Ilírico. Um
mapa da época nos permite ver que esses eram os pontos extremos do mundo
alcançado por Paulo. Agora, ele precisava ampliar a esfera do seu projeto
missionário, pois não queria pregar onde outros já tivessem pregado (Rm
15.20,21). Não queria trabalhar sobre fundamento alheio. O campo era o mundo e
este se encontrava branco para a ceifa. O modelo de Paulo deve ainda ser o
nosso modelo. Infelizmente, o que se observa hoje é que muitos estão edificando
sobre fundamento alheio, invadindo a esfera de atuação de outros obreiros,
coisa que Paulo jamais fez. Estão pregando onde já existem igrejas
estabelecidas, às vezes, da mesma confissão de fé e não onde há realmente
necessidade missionária. Agem movidos pelo espírito de competividade e não de
solidariedade. [Comentário: Pela leitura do versículo 23 entendemos que Paulo
acreditava ter terminado sua tarefa de pregação no Mediterrâneo oriental. O Ilírico,
província romana, também conhecida como Dalmácia, estava localizada no lado
oriental do Mar Adriático, a nordeste da península grega (Macedônia). O livro
de Atos não tem registro de Paulo pregando lá, mas o coloca na região (20.1-2).
“Até” pode significar “até a fronteira” ou “até a região”. Crendo ter acabado
seu ministério ali, Paulo projeta agora partir para a região ocidental do
Império Romano (2Co 10.16). Existem relatos de que Paulo foi libertado do
aprisionamento em Roma depois do encerramento de Atos e realizou uma quarta
viagem missionária, chamadas por Clemente de Roma de “fronteiras do Oeste”, e,
de fato, as cartas pastorais (1ª e 2ª a Timóteo e a de Tito) foram escritas no
decorrer dessa quarta jornada (2Tm 4.10 - as traduções Vulgata e Cóptica têm
“Gália”).]
SÍNTESE DO TÓPICO (I)
A igreja precisa ter uma cosmovisão
missionária abrangente.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“Os planos
missionários de Paulo (15.22-33)
15.22,23 — Nestes
versículos Paulo fala do seu grande desejo de ir a Roma, e diz que tem sido
impedido por circunstâncias várias. Entretanto, ele sente que suas atividades
missionárias nas regiões da Grécia, Macedônia e Ásia Menor, já foram
completadas. Ele dera início à tarefa evangelística e já podia confiar a obra a
outros obreiros, a fim de cumprir o desígnio de seu ministério apostólico.
15.24 — ‘Quando
parti para a Espanha’. Está expressa aqui a visão expansionista missionária do
grande apóstolo. A Espanha agora era a sua meta, e, para tal, passaria antes
por Roma.
15.25,26 — Nestes
versículos Paulo diz à igreja em Roma que antes terá de ir a Jerusalém,
acompanhado por vários irmãos na fé, das igrejas gentílicas. A viagem tinha um
cunho filantrópico, pois levariam as ofertas das igrejas da Macedônia e Acaia
para os crentes que passavam privações em Jerusalém” (CABRAL, Elienai. Romanos:
O Evangelho da Justiça de Deus. 5ª Edição. RJ: CPAD, 2005, p.146).
II. A NECESSIDADE DO PLANEJAMENTO
MISSIONÁRIO (Rm 15.22-29)
1. Estabelecer
bases.
Um dos princípios básicos da implantação de um projeto evangelístico é feito
primeiramente com o estabelecimento de uma base missionária, um ponto de apoio.
Paulo sabia que o seu projeto só teria sucesso se a igreja de Roma se tornasse
um ponto de apoio: “Quando partir para a Espanha, irei ter convosco; pois
espero que, de passagem, vos verei e que para lá seja encaminhado por vós,
depois de ter gozado um pouco da vossa companhia” (Rm 15.24). A expressão “seja
encaminhado por vós” traduz o termo grego, que ocorre nove vezes no Novo
Testamento. Essa palavra segundo o léxico de Bauer significa “ajudar na jornada
de alguém com alimento, dinheiro, companheiros e meios de viagens”. Não se faz
missões sem esse tipo de apoio. [Comentário: Duas coisas tornavam agora possível uma visita a Roma: a
atual fase da comissão de Paulo fora cumprida, e a nova fase que envolvia uma
visita à Espanha estava iminente, e Paulo busca a comunhão com os crentes que
habitavam na cidade de Roma. “que para lá
seja encaminhado por vós” – Esta frase tornou-se uma expressão técnica da
Igreja para referir-se à ajuda a missionários itinerantes em viagem a seu
próximo destino (At 15.3; 1Co 16.6, 11; 2Co 1.16; Tt 3.13; 3 Jo 6). Roma não
estava em condições de contribuir para a ajuda à Igreja em Jerusalém, mas podia
dar apoio financeiro às viagens missionárias de Paulo em direção ao Oeste. Carlos
Del Pino (In Missões e a igreja brasileira, 1993, p. 58) comenta: “Para tratarmos sobre esta nova base de
missões, precisamos entrar no v. 24. Aqui Paulo revela claramente seus
propósitos e seus meios. Veja bem, o propósito final de Paulo, seu objetivo
real, não era apenas conhecer a igreja de Roma. Isso ele poderia ter feito em
outras circunstâncias. Seu objetivo final era chegar à Espanha. Este objetivo
reflete o esforço de Paulo (15.20) e sua vocação (15.21), conforme já temos
enfatizado. Ele pretendia chegar à Espanha para ali continuar desenvolvendo o
seu ministério; "de passagem" por Roma (15.24), ele esperava ir à
Espanha, enviado pela igreja de Roma. Quando Paulo diz no v. 24 "para lá
seja por vós encaminhado", ele não apenas tinha em mente, mas estava
claramente dizendo as coisas necessárias para a sua viagem e subsistência lá”
(1993, p. 59).]
2. Estabelecer
intercâmbio.
Paulo não era um calouro na obra missionária nem tampouco um aventureiro em
busca de glória humana. Sua vida foi marcada pela entrega aos outros. Em breve
ele estaria abrindo outra frente missionária, mas antes deveria terminar outro
empreendimento missionário já iniciado (Rm 15.26). Paulo já havia estabelecido
parcerias entre as igrejas. Aqui o intercâmbio é feito entre as igrejas da
Macedônia e Acaia e a igreja de Jerusalém. A “igreja mãe” estava sendo ajudada
pelas filhas. [Comentário: Na sua segunda carta aos coríntios no capítulo 10
versículo 16, Paulo diz: “a fim de anunciar o evangelho para além das vossas
fronteiras, sem com isto nos gloriarmos de coisas já realizadas em campo
alheio.” Ele procurava pregar o evangelho nos lugares onde ainda não havia um
trabalho em andamento, pois considerava o missionário como um lançador de fundamentos,
de maneira que, pregar onde já havia um trabalho, significa edificar sobre
trabalho de outrem. “O que o movia não
eram arroubos de piedade, espírito proselitista, amor ao lucro, popularidade ou
qualquer outra motivação similar. Essas motivações não teriam suportado as
angústias do campo missionário por muito tempo. Paulo estava movido por suas
convicções teológicas.” http://clickteologia.blogspot.com.br/2010/02/iv-perspectiva-missionaria-de-paulo-ii.html. Paulo desvenda agora seus planos imediatos de visitar
Jerusalém, levando as dádivas que as igrejas haviam levantado para os crentes
de Jerusalém, a Igreja-Mãe, que nesta época era uma cidade empobrecida de
maneira geral; Paulo vê nesta ação social das “Igrejas-Filhas”, o exercício de
um dever, de uma obrigação da parte dos gentios, em face do privilégio de terem
sido enxertados na oliveira de Deus (11.17). Isto se conforma ao princípio
geral de que aqueles que recebem bênçãos espirituais devem repartir suas
bênçãos materiais (1Co 9.3-14; Gl 6.6).]
SÍNTESE DO TÓPICO (II)
Para que a obra missionária seja realizada com excelência é
necessário que haja planejamento.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“Paulo enfatiza que
as igrejas gentílicas são devedoras para com a igreja em Jerusalém, visto que a
bênção do Evangelho de Cristo partiu de Jerusalém. Era justo que, nesses
momentos de perseguições e privações aqueles crentes judeus fossem ajudados.
Conforme declara o apóstolo: ‘Se os gentios foram participantes dos seus bens
espirituais, devem também ministrar-lhes os temporais’ (v.27).
Terminada a sua
missão em Jerusalém, não lhe resta outro plano, senão ir a Roma e depois à
Espanha.
Paulo sabia que
havia grande perseguição contra a igreja de Jerusalém, e que seu trabalho
missionário entre os gentios ainda sofria resistência de alguns judeus. Mas ele
esperava que na sua ida a Jerusalém, juntamente com irmãos representantes das
igrejas gentílicas, levando ofertas para os santos de Jerusalém, fossem bem
recebidos. Paulo sabia que havia perigo de vida, pois os judeus mais fanáticos
queriam a sua morte (v.31). Por isso, solicita à igreja que ore por esta missão
em Jerusalém. Entende Paulo que acima de tudo está a soberana vontade de Deus
(v.32)” (CABRAL, Elienai. Romanos: O Evangelho da Justiça de Deus. 5ª Edição.
RJ: CPAD, 2005, p.146).
III. A NECESSIDADE ESPIRITUAL NA OBRA
MISSIONÁRIA (Rm 15.30-33)
1. A necessidade
da cobertura espiritual. O apóstolo Paulo, ao contrário de muitos que se
aventuram na obra missionária, sabia da necessidade de uma “cobertura
espiritual”: “E rogo-vos, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor do
Espírito, que combatais comigo nas vossas orações por mim a Deus” (Rm 15.30).
Há duas coisas que quero destacar aqui. A primeira é que Paulo conta com o
apoio da Trindade no seu projeto missionário. Deus Pai, Deus Filho e Deus
Espírito Santo são invocados como suporte para sua missão. A segunda é que
Paulo via com muita seriedade a obra missionária e por isso rogou que os
crentes lutassem em oração com ele. A palavra combatais traduz o grego
synagonisasthai, que significa lutar ou contender junto com alguém. O sentido é
de uma luta espiritual na oração. [Comentário: “rogo-vos,
irmãos... que combatais comigo” (15.30). Estes são termos gregos muito
fortes. O primeiro é usado também em 12.1. O segundo é usado quando é narrada a
luta de Jesus no Getsêmani. É um composto de sun (juntamente com) e agōnizomai
(contender, brigar, lutar severamente), de acordo com 1Co 9.25; Cl 1.29; 4.12;
1Tm 4.10; 6.12). Esta convocação tão forte chama a Igreja romana para
agressivamente agonizar com Paulo em oração, a respeito da recepção da oferta
dos gentios na igreja-mãe, em Jerusalém. Paulo sentia uma profunda necessidade
de oração por si mesmo e por seu ministério evangelístico (2Co 1.11; Ef
6.18-20; Cl 4.3; 1Ts 5.25; 2Ts 3.1). Oração é pôr em ação prática a nossa
crença em um Deus pessoal e interessado, que está presente, disposto e em
condições de atuar em nosso favor e de outros; Oração de intercessão é um
mistério. Deus ama aqueles por quem oramos (muito mais do que nós os amamos!),
mas ainda assim nossas orações freqüentemente provocam alguma mudança, resposta
ou necessidade, não apenas em nós mesmos, mas neles. A oração de Paulo expressa
três desejos:
a) que ele seja livrado de seus inimigos em Judá (At 20.22-23);
b) que as doações das igrejas dos gentios sejam bem
recebidas pela Igreja em Jerusalém (At 15.1; 21.17); e
c) que ele então possa visitar Roma, na viagem para a
Espanha.
Em todas as viagens que
empreendeu, Paulo defrontou-se com muitas perseguições. Uma vez, foi apedrejado
até considerarem-no morto. Em Filipos, apesar de ser um cidadão romano, foi
despido e apanhou publicamente. No entanto, em vez de reclamar, na prisão
daquela localidade, glorificou a Deus e ganhou o carcereiro para Jesus.]
2. A necessidade
do refrigério espiritual. Missões envolvem conflito espiritual e muitas vezes
lágrimas. Todavia, missões são marcadas também por satisfação espiritual e
alegria (Sl 126.5,6). Sem dúvida o apóstolo tinha isso em mente quando escreveu
aos romanos (Rm 15.31,32). O termo grego synanapaufomai, observa o biblista
William Sanday, é usado por Paulo com o sentido de “que eu possa descansar e
refrigerar o meu espírito junto com vocês”. Missões, portanto, é refrigério no
poder do Espírito Santo. [Comentário: A oração de Paulo finaliza com mais dois pedidos: que
ele possa voltar a eles com alegria; e que ele possa desfrutar de um tempo de
descanso com eles. Paulo necessita de um tempo de descanso e recuperação entre
crentes maduros (2Co 4.7-12; 6.3-10; 11.23-33), no entanto, não consegue!
Sentenças e audiências, mais anos de permanência na prisão, aguardavam por ele
na Palestina.]
SÍNTESE DO TÓPICO (III)
Existem inúmeras necessidades
espirituais na obra missionária.
SUBSÍDIO SOCIOLÓGICO
Professor, procure
enfatizar o quanto Paulo amava a obra missionária e se dedicou a ela. Ele
procurou levar o Evangelho às áreas mais carentes, onde as pessoas não tinham
ouvido nada ou quase nada a respeito de Cristo. Aproveite a oportunidade e fale
com seus alunos a respeito da janela 10x40. Diga que nesta “janela” estão os
países menos alcançados com o Evangelho. Países onde a perseguição aos cristãos
é bem grande. Ore, juntamente com seus alunos, por estes países. Peça que Deus
envie pessoas para irem como missionários. Rogue também ao Senhor para que
pessoas possam ofertar e sustentar os que já estão no campo missionário. Se
desejar, reproduza o quadro abaixo para os alunos.
CONCLUSÃO
Nessa
lição, vimos uma das razões que levou o apóstolo a visitar a igreja de Roma.
Não era apenas uma visita fortuita, mas algo planejado. O seu alvo era o
estabelecimento de um ponto de apoio para seu empreendimento missionário. Para
isso, Paulo usa esse espaço de sua Epístola para informar aos crentes em Roma
das diretrizes tomadas para essa viagem. A igreja de Roma, que não tinha Paulo
como seu fundador, teria a oportunidade de ver como trabalhava e apoiar aquele
que foi, sem dúvida, o maior missionário da história. [Comentário: Paulo não conhecia a igreja em Roma, entretanto, intentando
ir à Espanha, evangelizar, (Rm 15.24) espera visitá-la no caminho, assim como
tê-la como uma base de apoio em sua empreitada. Ele apresentou-se à igreja e
discorreu sobre seu ministério e entendimento do evangelho, assim como solicitou
apoio financeiro e logístico para sua viagem missionária até a Espanha. O que
motivava Paulo a sair plantando igrejas, apesar da rejeição dos seus patrícios
e das implacáveis perseguições que sofria? Sua preocupação é com a promoção do
Reino de Cristo e neste objetivo, ele gastou sua vida. Paulo, escolhido por
Deus para levar a mensagem aos gentios (At 9.15, 16), cumpre com êxito a sua
tarefa. Em pouco mais de dez anos, e em três viagens missionárias, ele
estabelece a igreja em quatro províncias do Império Romano: Galácia, Macedônia,
Acaia e Ásia (At 13.2, 14.28, 15.40, 18.23 e 21.17). Tudo aquilo que é
planejado se torna mais eficaz além de muito mais produtivo! Como servos de
Deus temos que entender que servimos a um Deus de Excelência que requer de nós
o nosso melhor, além de sabermos que ele conta conosco para a propagação do Seu
Reino e expansão da Sua Obra na Terra. Devemos, por fim, compreender que a obra
missionária não é fragmentada, os que foram enviados a terras estranhas e os
que ficaram, estão profundamente comprometidos com a evangelização de todos os
seres humanos e não devem considerar como superior o seu trabalho nem o dos
demais - há uma só missão! Não são apenas os vocacionados que vão para campos que
são os verdadeiros missionários, mas todo crente, exercendo o ministério que
recebeu de Deus, é um missionário. Paulo, por tudo o que sofreu, durante o
exercício do seu ministério como apóstolo dos gentios, tornou-se o modelo para
todos nós. Basta, agora, descruzarmos os braços, orarmos, buscarmos a direção
divina e realizarmos a obra que o Senhor Jesus nos confiou, desde o momento em
que o aceitamos como nosso Salvador.]
“NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto
não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Francisco
Barbosa
Hoje, em
Campina Grande-PB
Junho de 2016
PARA REFLETIR
A respeito da Carta aos Romanos, responda:
O
que Paulo tinha em mente quando reservou um espaço em sua Epístola para tratar
a respeito do seu projeto missionário?
Paulo desejava que os
crentes romanos compartilhassem do propósito da sua chamada — a conversão do
mundo gentílico ao Evangelho (Rm 15.16).
O
ministério de evangelismo de Paulo era instrumentalizado por quem?
O apóstolo diz que o
seu ministério de evangelismo era instrumentalizado pelo Espírito Santo.
Quem
é que traz o poder de convencimento ao mundo perdido e prova que Jesus Cristo
continua vivo?
O Espírito Santo.
Quem
é a mais poderosa força geradora de missões?
O Movimento
Pentecostal é uma prova viva de que o Espírito Santo é a mais poderosa força
geradora de missões.
Segundo
a lição, cite duas necessidades da obra missionária.
A necessidade da
cobertura espiritual e a necessidade do refrigério espiritual.
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
Cosmovisão
missionária
Se há uma
característica que podemos confirmar na carta do apóstolo Paulo aos Romanos é o
sentimento missionário do apóstolo. Paulo era um homem de coração voltado para
as missões. O Espírito Santo usou a instrumentalidade de Paulo para o Evangelho
atingir a civilização ocidental. Por isso, podemos notar características muito
profundas na visão missionária de Paulo.
A visão missionária
de Paulo
O capítulo 15 de
Romanos mostra a primeira predisposição de o apóstolo anunciar o Evangelho a
quem nunca ouviu falar sobre ele. Neste sentido, veja a fala do apóstolo: “E
desta maneira me esforcei por anunciar o evangelho, não onde Cristo houvera
sido nomeado, para não edificar sobre fundamento alheio” (v.20). A partir deste
texto, uma característica essencial que brota naturalmente de Paulo é a sua
forma honesta de fazer Missões em que ele jamais anunciaria Cristo onde Ele já
fora anunciado. Imagine o impacto que essa visão paulina traria em nossa
prática missionária nos tempos modernos!
A visão missionária
que esteja voltada para as pessoas é a mais fiel em relação ao Evangelho, pois
ela não está voltada para um projeto de extensão de instituições religiosas,
mas simplesmente em alcançar corações e mentes que ainda não conhecem a Deus e
a justiça do seu Reino.
Outra
característica que encontramos na visão missionária de Paulo é a esperança.
Note o versículo 24: “Quando partir para a Espanha, irei ter convosco; pois
espero que, de passagem, vos verei e que para lá seja encaminhado por vós,
depois de ter gozado um pouco da vossa companhia”. De acordo com alguns
estudiosos, é problemática a questão se o apóstolo Paulo chegou ou não à
Espanha. Entretanto, a Epístola de Clemente à Igreja de Corinto e o fragmento
muratoriano (uma cópia da lista mais antiga que se tem dos livros do Novo
Testamento) são considerados argumentos fortes em relação à ida do apóstolo à Espanha.
Apesar do tempo, dos obstáculos do ministério e de tantas outras questões que
afligiam o apóstolo, ele não deixou de ter esperança e novos planos. Mas antes,
ele planejara ir à Jerusalém para ministrar aos santos (v.25).
Predisposição para
anunciar Cristo onde Ele não fora anunciado e esperança renovada na missão de
Deus são características que brotam naturalmente da leitura da epístola
paulina: “Assim que, concluído isto, e havendo-lhes consignado este fruto, de
lá, passando por vós, irei à Espanha” (v.28).