Lição
11: A tolerância cristã
Data:
12 de Junho de 2016
TEXTO ÁUREO
“Porque o Reino de Deus não é comida nem
bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” (Rm 14.17). [Comentário: O Reino de Deus é antes de tudo uma demonstração do
poder divino em ação. Deus inicia seu domínio espiritual na terra, no coração
do seu povo e no meio destes (Jo 14.23). As coisas que se podem adquirir
naturalmente não são as pertencentes ao reino de Deus. As coisas geradas pelo Espírito
Santo são as que pertencem ao reino de Deus. Arrependimento, Salvação, Nascer
de Novo, Batismo no Espírito Santo, Dons, Intimidade com Deus, Paz, Justiça,
Alegria no Espírito Santo. Interrogado pelos fariseus sobre quando viria o
reino de Deus, Jesus lhes respondeu: Não vem o reino de Deus com visível
aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! Porque o reino de Deus está
dentro de vós” (L 17.20-21). O reino de Deus não é aquilo que fazemos ou
deixamos de fazer para Deus, mas aquilo que Deus fez por nós e em nós. O reino
de Deus é justiça, a relação certa com o próximo. O reino de Deus é paz, a
relação certa com Deus. O reino de Deus é alegria no Espírito Santo, a relação
certa com nós mesmos.]
VERDADE PRÁTICA
Os
crentes mais maduros não devem agir egoisticamente, mas precisam atuar como
modelo para os mais fracos.
LEITURA DIÁRIA
Segunda
— Mc 12.33 - Amar o próximo é melhor que qualquer
sacrifício
Terça
— 1Co 13.7 - O amor tudo sofre, tudo crê e tudo
suporta
Quarta
— Rm 14.4 - Aquele que ama não julga o seu irmão
Quinta
— Rm 14.10 - Não desprezemos os nossos irmãos
Sexta
— Rm 14.12 - Cada um dará conta de si mesmo
perante Deus, o Criador
Sábado
— Rm 14.13 - Deixemos de lado todo julgamento
alheio
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Romanos
14.1-6.
1 - Ora, quanto ao que está
enfermo na fé, recebei-o, não em contendas sobre dúvidas.
2 - Porque um crê que de tudo se
pode comer, e outro, que é fraco, come legumes.
3 - O que come não despreze o que
não come; e o que não come não julgue o que come; porque Deus o recebeu por
seu.
4 - Quem és tu que julgas o servo
alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai; mas estará firme, porque
poderoso é Deus para o firmar.
5 - Um faz diferença entre dia e
dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro
em seu próprio ânimo.
6 - Aquele que faz caso do dia,
para o Senhor o faz. O que come para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e
o que não come para o Senhor não come e dá graças a Deus.
HINOS SUGERIDOS
79,
315 e 464 da Harpa Cristã.
OBJETIVO GERAL
Mostrar
que o crente maduro precisa atuar como modelo para os mais fracos.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo,
os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada
tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos
subtópicos.
I. Saber
que a igreja em Roma era uma igreja heterogênea;
II. Explicar
que a igreja em Roma era tolerante com os mais fracos;
III. Compreender
que assim como a igreja em Roma, a igreja atual precisa ser acolhedora.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Professor,
não se esqueça de incentivar os alunos a lerem toda a Epístola de Romanos para
que tenham uma compreensão melhor do texto. Na lição de hoje estudaremos os
capítulos 14 e 15 da Epístola aos Romanos. Nestes capítulos vemos que Paulo
volta a tratar de questões práticas da fé. O apóstolo mostra que a igreja em
Roma era bem heterogênea, por isso, os crentes não deviam entrar em discussões
a respeito de convicções religiosas. Ele também mostra que era necessário
tratar uns aos outros com respeito e amor. Paulo mostra que não temos o direito
de julgar ninguém. Ele pergunta: “Quem és tu que julgas o servo alheio?” (v.4).
Somente Deus conhece as verdadeiras intenções do coração. Como crentes,
alcançados pela graça, precisamos amar, respeitar e tolerar os fracos na fé. A
Igreja precisa ser um local de acolhimento, amor e paz, e não um tribunal.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
O
apóstolo Paulo foi informado de que havia alguns conflitos na igreja de Roma,
os quais giravam em torno da liberdade cristã. Alguns crentes, ainda imaturos,
se escandalizavam com determinadas atitudes dos crentes, cuja a fé achava-se
amadurecida. Esses conflitos, como acredita a maioria dos comentaristas,
surgiram com o retorno de alguns judeus cristãos que haviam sido expulsos pelo
imperador Cláudio. Estes, ao se juntarem à igreja formada em sua maioria por
gentios, se escandalizaram com determinadas práticas. Paulo busca um ponto de
equilíbrio a fim de que a obra de Cristo não sofresse nenhum dano. Este é o
tema que vamos estudar. [Comentário: Qual é exatamente o problema com o qual Paulo se
preocupa nesta seção, não é de forma alguma fácil decidir, e diversas
explicações foram propostas. Já foi dito que os ‘fracos’ aqui eram os legalistas,
mas dificilmente este seria o caso, já que Paulo os trata como crentes genuínos;
convém lembrar, este capítulo é dirigido a seguidores sérios de Jesus, não a
crentes carnais (1Co 3.1). É mais coerente, e a maioria dos estudiosos o dizem,
aceitar que a fraqueza dos fracos consistia na preocupação constante com a
obediência literal à parte cerimonial da Lei. Enquanto os ‘fortes’ haviam
admitido que, agora que aquele que é a meta, a substância e o significado mais
profundo da lei do Antigo Testamento chegou, a sua parte cerimonial já não
exige ser literalmente obedecida, os ‘fracos’ perceberam fortemente que uma
preocupação contínua pela obediência literal da lei cerimonial era elemento
essencial da sua resposta à fé em Jesus Cristo. No capítulo 14 Paulo escreve
diretrizes relacionadas a coisas que não são exigidas nem proibidas nas
Escrituras. Este capítulo tenta equilibrar o paradoxo da liberdade e responsabilidade
dos cristãos. A unidade literária vai até 15.13. Fica claro que entre os
crentes há espaço para a tolerância e diferenças de rigorosidade relacionadas
com questões tais como hábitos alimentares (v 2-4) e observar dias especiais na
vida cristã (v 5-6). Como ambas as partes o fazem para honrar o Senhor (v. 6),
nenhuma deve fazer a outra baixar o olhar. Entretanto, Paulo diz que o crente
que se recusa a comer algumas coisas é fraco, isto é, imaturo na fé, uma vez
que o comer está relacionado realmente de modo moral (v.1; 1Tm 4.3-5). Se Paulo
não considerava insolúveis essas controvérsias, ele considerava a unidade da
comunhão na igreja como mais importante do que resolvê-las (confira 12.5,10,16).
As questões aqui em vista não faziam parte do Evangelho,mas da força ou
fraqueza relativas à fé no evangelho.]
Dito isto, vamos pensar maduramente a fé cristã?
PONTO CENTRAL
O
crente precisa tolerar e amar os mais fracos na fé.
I. UMA IGREJA HETEROGÊNEA (Rm 14.1-12)
1. A natureza da Igreja. É possível percebermos, nesta
seção da Epístola aos Romanos, que Paulo apela para a natureza da Igreja a fim
de corrigir o problema que nela surgiu. A Igreja é una, isto é, embora formada
por pessoas de grupos diferentes, ela forma o corpo de Cristo. Para ser Igreja,
ela precisa atender o critério da unidade. Não há judeus nem gentios, mas a
Igreja de Deus. Ela é, portanto, indivisível. Esse é o primeiro aspecto que
podemos perceber na linha argumentativa de Paulo. Nisto vemos a natureza
heterogênea da Igreja. Essa Igreja una e indivisível é de natureza local e
universal. Os crentes judeus e gentios deveriam, portanto, se conscientizar de
que problemas de natureza local não poderiam sobrepor-se à universalidade da
Igreja. A liberdade deveria ser respeitada, isto é, regulada pela lei do amor. [Comentário: A palavra grega traduzida como “igreja” significa,
literalmente, “chamado para fora” e assim refere-se a um grupo de pessoas
chamadas para saírem do pecado no mundo e servirem ao Senhor. Entender o
conceito bíblico de igreja como um corpo de pessoas chamadas para fora do
pecado, para serem santos, ajuda-nos a apreciar a riqueza da descrição de Paulo
da “igreja de Deus, a qual ele comprou
com o seu próprio sangue” (At 20.28). Jesus não morreu para comprar terra e
edifícios, nem para estabelecer alguma instituição. Ele morreu para comprar as
almas dos homens e mulheres que estavam mortos no pecado, mas que agora têm
salvação e esperança de vida eterna (Rm 5.8; 1 Co 6.19-20). O termo “igreja” é
usado no sentido universal, isto é, para falar de todos os crentes, de todas as
épocas que pertencem a Cristo. Jesus falou da igreja deste modo: “Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre
esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão
contra ela” (Mt 16.18). Ele não está falando apenas de uma congregação local,
nem está falando de uma organização ou instituição mundial. Ele está falando de
pessoas, pedras vivas, construídas sobre Jesus Cristo, a fundação sólida. Paulo
falou da igreja, neste mesmo sentido universal, quando escreveu: “...Cristo é o cabeça da Igreja, sendo este
mesmo o salvador do corpo” (Ef 5.23). Jesus é o cabeça sobre todos aqueles
que o servem, todos aqueles lavados e purificados de seus pecados (Ef 5.26). O
mesmo termo também descreve uma congregação local ou assembleia de santos (1 Co
1.2; Mt 18.17; Rm 16.5). Igrejas locais são o resultado da pregação do evangelho.
Quando as pessoas obedecem a palavra e se tornam cristãs, elas começam a
reunir-se com outros irmãos na fé.]
2. Os fracos na fé. Quem seriam os fracos na fé? Os
crentes fracos eram principalmente cristãos judeus que se abstinham de certos
tipos de alimentos, e observavam determinados dias em razão de sua contínua
lealdade à Lei de Moisés (Rm 14.6,14). Muitos judeus que haviam se convertido
não conseguiam se libertar totalmente dos preceitos do judaísmo. Além de
observar determinados rituais relacionados ao culto, eles queriam que os
gentios fizessem o mesmo. Paulo teve que resolver problemas semelhantes na
igreja de Corinto (1Co 8.1-13), Gálacia e Colossos. Esses cristãos — podemos
chamá-los de imaturos — não conseguiram entender por completo a natureza da
Nova Aliança em Cristo Jesus. Eram crentes nascidos de novo, mas ainda não
haviam conseguido se libertar do legalismo. [Comentário: A fraqueza na fé a que este capítulo se refere não é
fraqueza na fé cristã fundamental, e sim fraqueza na certeza de que a nossa fé
nos permita fazer determinadas coisas. É praticamente certo que o uso do termo ‘fraco’,
que se pode ver aqui como também em 1Co 8, surgiu naqueles que discordavam dos
assim descritos. A atitude básica de crente para com um irmão deve ser a
atitude da boa acolhida e da aceitação, com base na atitude de Deus para conosco,
em Cristo. Deve haver amor para com os ‘fracos’, cuja consciência continua
presa a escrúpulos dos quais o Evangelho nos liberta. Os cristãos judeus
estavam sendo rejeitados pelo grupo de gentios que era maioria na Igreja de
Roma, pelo fato deles ainda se sentirem na obrigação de seguirem os ritos das
leis alimentares e a guarda de dias sagrados, como o sábado. Paulo ensina que
não devemos julgar nossos irmãos pelo comer ou outras coisas que ele faça
achando que com isto está agradando a Deus. Se tratarmos nossos irmãos com
amor, nossa atitude será de compreensão com as fraquezas dos outros]
3. Os fortes na fé. Se os crentes fracos eram
formados por judeus crentes, mas que viviam ainda debaixo da velha aliança, os
fortes eram formados tanto por judeus como por gentios que haviam alcançado um
entendimento correto das implicações da Nova Aliança. Esse fato é confirmado
pela afirmação do apóstolo Paulo que se enfileira com os fortes na fé (Rm
15.1). Portanto, os fortes sabiam que não estavam mais debaixo da Lei, mas da
graça.
[Comentário: Note que os títulos
que Paulo dá a esses grupos, chamando-os de “mais forte” e “mais fraco”, nos
induz a prejulgá-los preconceituosamente, mas isso certamente não era a
intenção de Paulo, pois ambos os grupos eram crentes sinceros. A lição para nós
é que não temos que moldar os outros crentes a nós mesmos! Temos é que aceitar
uns aos outros em Cristo! O texto mostra que não devemos limitar a liberdade
pessoal do nosso irmão por qualquer juízo humano, mas cada um deve se limitar
no exercício de sua própria liberdade. Embora o cristão se sinta livre para
fazer coisas que para outros são consideradas pecado, deve considerar o efeito
de suas ações sobre os outros e assim evitar que suas atitudes escandalizem e
façam desviar da graça de Deus o irmão mais fraco. Martinho Lutero disse: “Uma pessoa cristã é o mais livre senhor de
tudo, pois não está sujeito a ninguém; uma pessoa cristã é o servo mais consciencioso
e zeloso de todos, porque está sujeito a todos”. A verdade bíblica é
freqüentemente apresentada como um paradoxo como este. Cada crente tem pontos
fracos e fortes. Cada um de nós tem obrigação de andar conforme a luz do entendimento
que já recebeu, sempre aberto ao Espírito e à Bíblia, pronto a receber mais luz.
Neste período em que vemos como através de um vidro opaco (1Co 13.8-13), temos
obrigação de andar em amor (v. 15) e paz (vv. 17,19), para edificação mútua.]
SÍNTESE DO TÓPICO (I)
A
Igreja é una, porém é formada por pessoas diferentes.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“Juízo
de valor (14.1)
Significa
determinar, com base em nossas próprias crenças e convicções, que certa pessoa
está em pecado. Quando uma pessoa se envolve num ato que a Bíblia tipifica como
pecaminoso, não estamos fazendo juízo de valor ao classificar esse ato de
pecado, mas, sim, estamos em concordância com Deus. É importante ter clara, na
mente, essa distinção. A igreja deve disciplinar os crentes que pecam, mas
ninguém, nem mesmo a congregação, tem o direito de emitir juízo de valor.
Forte
e fraco (14.2). Para surpresa de muitos, é o fraco na fé (aetheneia: fraco,
incapacitado) que tem problemas com a liberdade de outros, que desfrutam de uma
fé mais forte! O forte na fé leva em conta que a espiritualidade não é uma
questão de fazer ou não fazer, mas de amar e servir a Deus enquanto usufrui
suas boas dádivas.
Desprezar
(14.3). O problema de julgar os outros é que isso distorce relacionamentos, nos
impede o entendimento e de compartilharmos a ajuda uns dos outros. Deus se
agrada de nós, pelos nossos relacionamentos, não se comemos carne ou somos
vegetariano” (RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de
Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 10ª Edição. RJ: CPAD, 2012, p.750).
II. UMA IGREJA TOLERANTE (Rm 14.13-23)
1. A lei da liberdade. Um tema que Paulo trata com
bastante ênfase na Epístola aos Romanos é o da liberdade em Cristo. Em Romanos
7.24 e 25, o apóstolo tinha consciência da incapacidade de o crente se
autolibertar. Por isso, ele glorifica a Deus, na pessoa de Jesus Cristo, por prover
a libertação das garras do pecado. Em sua espístola endereçada à igreja da
Galácia, ele escreveu que foi para a liberdade que Cristo nos chamou (Gl 5.1).
A liberdade cristã lhe dava certeza de uma coisa: “Eu sei e estou certo, no
Senhor Jesus, que nenhuma coisa é de si mesma imunda, a não ser para aquele que
a tem por imunda; para esse é imunda” (Rm 14.14). Essa é a lei da liberdade. A
palavra grega koinos, traduzida aqui como imunda, se refere às coisas que a Lei
Mosaica considerava comuns ou impuras. A lei da liberdade mostrava aos crentes
maduros que eles estavam livres dos rudimentos da Lei de Moisés. [Comentário: A salvação em Cristo é libertação, e a vida cristã é uma
vida de liberdade, pois Cristo nos libertou. É importante lembrar que a ação
libertadora de Cristo não é basicamente de melhoramento social, político ou
econômico, como hoje é comum sugerir; é a libertação do jugo da lei como meio
de salvação; é a libertação da lei do pecado e da superstição. A questão de
como os cristãos têm que tratar uns aos outros começou nos vv. 1-12. Baseia-se no
fato de que é para aceitar totalmente todos os tipos de cristãos, porque
Cristo, que é Senhor e Juiz dele, aceita completamente os dois grupos (fortes e
fracos). Freqüentemente há coisas espirituais significativas para um grupo por
causa de coisas como seu passado, tipo de personalidade, pais, preferências
pessoais, experiências, etc., mas para Deus elas não são significativas. Paulo
começa aqui a discussão da liberdade e responsabilidade cristã desenvolve o
assunto da existência de diferentes
pontos-de-vista. Nestes versículos é o amor do crente por Deus, em Cristo,
que o motiva a amar seus irmãos que pensam de modo diferente. Como Jesus
entregou Sua vida pelos crentes, eles devem entregar a sua liberdade em favor daqueles
por quem Ele morreu. Esta ênfase no amor como a motivação básica da vida cristã
é também visto em 13.8-10, ao tratar da relação dos crentes com os não crentes.
“nenhuma coisa é de si mesma imunda”
– Esta mesma verdade é ilustrada em At 10.9-16. As coisas (materiais) não são
más, as pessoas é que são. Nada na criação é mau em si mesmo (v. 20; Mc
7.18-23; 1Co 10.25-26; 1Tm 4.4 e Tt 1.15)!
]
2. A lei do amor. O versículo 15 do capítulo 14 de
Romanos diz: “Mas, se por causa da comida se contrista teu irmão, já não andas
conforme o amor. Não destruas por causa da tua comida aquele por quem Cristo
morreu”. Tendo chamado a atenção para a lei da liberdade, agora o apóstolo
passa a falar de outra lei — a lei do amor. É o amor ágape de Deus. A lei da
liberdade, exercitada por cristãos mais maduros, mostrou-lhes Paulo, permitia
quebrar certas regras ritualísticas. Todavia se isso causasse algum escândalo
nos crentes imaturos, então essa liberdade deveria ser restringida. [Comentário: O amor, não os direitos; a responsabilidade, não a
liberdade; isso é o que determina o nosso estilo de vida. Isto diz respeito às
leis alimentares judaicas (Lv 11); ou às carnes sacrificadas aos ídolos (1Co
8-10). O versículo 20 expressa esta verdade muito claramente. “já não andas de acordo com amor” – Isto
é freqüentemente chamado “a lei da liberdade” (Tg 1.25; 3.12), ou “a lei” (Tg
2.8) ou “a lei de Cristo” (Gl 6.2). O novo pacto contém responsabilidades e
diretrizes! A liberdade de alguns cristãos não pode causar a destruição de
outros cristãos! Isso não se refere à perda da salvação, mas à perda da paz, da
segurança e do ministério efetivo. O termo “destruir” é a palavra grega lupeō, que
significa “causar mágoa, sofrimento ou dor”. Paulo usa esta palavra
principalmente em 2Co (2.2,4,5; 6.10; 7.8,9,11). Destruir é uma tradução muito
forte. Embora não se refira à perda da salvação, trata da convicção do Espírito
Santo a respeito da violação das convicções pessoais de outrem. Quando as ações
do crente não são geradas da fé (convicção) elas são pecado (v. 23).]
3. A lei da espiritualidade. Paulo passa a mostrar então o
modelo de espiritualidade que deve conduzir tanto os crentes fortes como os
fracos (Rm 14.22,23). O crente deve possuir convicção bem definida no exercício
da sua fé. Ele deve ter critérios para que não se torne um antinomista ou
legalista. A lei que deve regê-lo é a “lei de Cristo”. [Comentário: A vida coletiva do corpo de Cristo é mais valiosa do que
o exercício da liberdade pessoal! Esta é a reafirmação de que um crente tem que
viver à luz de sua própria consciência iluminada pela Bíblia e guiada pelo
Espírito Santo (v. 5). Ele tem que andar na luz do próprio conhecimento que já
obteve, mas não de modo a incomodar a fé dos seus companheiros crentes. O versículo
22 é relativo ao “irmão mais forte”, enquanto o 23 é relativo ao “irmão mais
fraco”. Em áreas bíblicas ambíguas, pecado é a violação da nossa consciência,
não a violação de uma lei. Temos que viver conforme a luz do conhecimento que
já temos – sempre abertos a receber mais luz da Bíblia e do Espírito. O
entendimento de Deus pelos crentes tem que ser o que determina as ações deles.
É possível dois crentes maduros compreenderem assuntos bíblicos ambíguos de
modo diferente e, ao mesmo tempo, ambos estarem dentro da vontade de Deus. Fica
evidente que ‘fé’ é empregada aqui no sentido especial de confiança, no sentido
de que a fé de alguém lhe permite fazer algo particular, pois não seria
provável que Paulo exortasse os crentes a fazerem segredo da sua fé, no sentido
fundamental da fé em Deus. Paulo exorta os crentes ‘fortes’ a desfrutarem do
fato da sua liberdade de consciência na presença de Deus, apesar de se
restringirem do uso público dessas coisas.]
SÍNTESE DO TÓPICO (II)
O
crente, alcançado pela graça, precisa ser tolerante com os fracos na fé.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
”Romanos
14.13
Alguns
cristãos usam um invisível irmão mais fraco, para apoiar suas opiniões, seus
preconceitos e padrões de comportamento. Dizem: ‘Você deve viver de acordo com
esses padrões ou ofenderá um irmão mais fraco’. Na verdade, muitas vezes a
pessoa ofenderia somente a quem lhe fez a recomendação. Embora Paulo estivesse
nos conclamando a sermos sensíveis com aqueles cuja fé poderia ser prejudicada
por nossos atos, não devemos sacrificar nossa liberdade em Cristo apenas para
satisfazer as razões egoístas daqueles que tentam impor-nos suas opiniões. Não
tema nem os critique, apenas siga a Cristo o mais próximo que puder.
14.14.
No Concílio de Jerusalém (At 15), a igreja local, formada por judeus, pediu à
igreja gentílica de Antioquia que recomendasse aos cristãos que não comessem
carne sacrificada aos ídolos. Paulo estava no Concílio de Jerusalém e aceitou
essa solicitação, não por pensar que comer essa carne seria um pecado, mas
porque essa prática ofenderia profundamente muitos judeus. Paulo não
considerava a questão tão séria, a ponto de dividir a Igreja: o desejo ao
aceitar a recomendação da Igreja em Jerusalém foi promover a unidade entre os
cristãos” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. RJ: CPAD, 2005, p.1576).
III. UMA IGREJA ACOLHEDORA (Rm 15.1-13)
1. O exemplo dos cristãos
maduros. Como
então deveriam agir os crentes fortes em relação aos fracos? Paulo respondeu:
“Mas nós que somos fortes devemos suportar as fraquezas dos fracos e não
agradar a nós mesmos. Portanto, cada um de nós agrade ao seu próximo no que é
bom para edificação” (Rm 15.1,2). Os crentes maduros deveriam dar graças a Deus
por entender o real propósito da Nova Aliança. Eles sabiam que “[...] o Reino
de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito
Santo” (Rm 14.17). Exatamente por possuírem uma fé mais substancial, eles
deveriam servir de modelo para aqueles que ainda não haviam alcançado esse
nível de maturidade. O crente maduro, portanto, deve evitar as coisas que fazem
aos mais fracos tropeçar. Isso, no entanto, não quer dizer que o crente forte
ficará prisioneiro da consciência do crente fraco. Quer dizer que o crente
forte é responsável também pelo crescimento e amadurecimento do fraco,
mostrando-lhe com amor o que significa ser livre em Cristo. [Comentário: Paulo se considera um dos ‘fortes’. Ele percebe a
consciência mal-formada dos ‘fracos’ como uma fraqueza real, não obstante, ele
enfatiza a responsabilidade dos ‘fortes’ em dar apoio aos ‘fracos’. E não
encoraja sentimentos de orgulho, nem que o crente forte se vanglorie de sua
liberdade em questões ofensivas para os crentes ‘fracos’. O grupo forte se
referia aos que foram libertos de uma vida religiosa orientada por regras e ritos.
A relação deles com Deus não depende precariamente de fazer certas coisas e
evitar coisas que são tabu religioso. Este texto implica em que os cristãos não
têm que tolerar os outros cristãos de má vontade, mas sim que têm que “zelar
por” e “cooperar com” com os demais amorosamente. O termo “suportar” também foi
usado a respeito de Jesus “suportando a cruz” (Jo 19.17 e Lc 14.27).]
2. O exemplo de Cristo. O exemplo para essa limitação da
liberdade foi dada por Cristo, nosso Senhor (Rm 15.3). O argumento de Paulo é
que, se o próprio Salvador não agradou a si mesmo, então por que os crentes que
se consideravam mais espirituais não poderiam agir da mesma forma? Em Cristo,
Deus mostrou tolerância para com os pecadores. Paulo já havia falado em Romanos
5.8, que o amor de Deus pelos homens foi mostrado de forma graciosa quando
Cristo morreu por eles, sendo ainda pecadores. [Comentário: O egocentrismo é um sinal garantido de imaturidade; os
exemplos de Cristo (v. 3; Fp 2.1-11) são sinais de maturidade. Mais uma vez,
isso está sendo dirigido aos fortes (14.1,14,16,21,27). Isso não implica em que
eles tenham a responsabilidade total por manter a comunhão. A palavra é
direcionada aos fracos em 14.3,20,23; 15.5-6,7. Cristo é o modelo de conduta em
relacionamentos entre crentes ‘fracos’ e ‘fortes’. Seu exemplo exige paciência
e amor mútuos e, se seguido, resultará em uma unidade de louvor harmonioso a
Deus. Cristo é o nosso padrão e exemplo. Esta verdade é reforçada também em v.
5 (Fp 2.1-11; 1 Pe 2.21; 1Jo 3.16).]
3. O exemplo das Escrituras. Paulo apela então às Escrituras
como instrumento aferidor da espiritualidade (Rm 15.4). Ele chama atenção dos
crentes, tanto fortes como fracos, exortando e dizendo que o ensino das
Escrituras deve ter um efeito prático em nossa vida. Ela não foi escrita apenas
como um livro de valor histórico, mas é a inspirada Palavra de Deus e,
portanto, deve ser normatizadora da vida do crente. Ela foi escrita não para
ser um instrumento de discórdia ou aprisionamento, mas para alimentar a nossa
esperança. [Comentário: O
Antigo Testamento foi escrito também para os crentes do Novo Testamento (Rm
4.23-24; 15.4; 1Co 9.10; 10.6,11), e é relevante para os crentes do novo pacto
(2Tm 2.15; 3.16-17). Há uma continuidade, mas também uma descontinuidade, entre
o Velho e o Novo Testamento. “para que,
pela paciência (perseverança) e consolação das Escrituras” – Note como a
verdade da Palavra de Deus e resposta no estilo de vida dos crentes se
combinam. A fé e a prática estão ligadas (v. 5). Elas resultam em confiança na
vida e na morte, bem como na prometida volta de Cristo.]
SÍNTESE DO TÓPICO (III)
A
igreja precisa ser um lugar de acolhimento e não um tribunal.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“No exemplo de Cristo 15.1-13
De
certo modo, Paulo dá continuidade ao assunto do capítulo 14, porém, com uma
visão especial.
vv.1,2
— Nestes dois versículos a exortação continua quanto às relações entre os
crentes denominados ‘fortes’ e os ‘fracos’. Os fortes devem suportar os
‘fracos’ nas suas fraquezas. Não apenas suportá-los, mas ajudá-los. O propósito
do crente forte não deve ser o de agradar a si mesmo, mas o de ajudar os que
necessitam do seu auxílio (15.2). Paulo exemplifica com Jesus, dizendo: ‘Porque
também Cristo não agradou a si mesmo’ (15.3).
[...]
O grande problema estava no fato das diferenças de costumes entre os judeus e
os gentios. Paulo não desmerece a importância dos pertencentes à ‘circuncisão’,
mas reafirma que Cristo é Senhor e Salvador, tanto dos judeus como dos gentios.
Para que os crentes gentios não se orgulhassem sobre os crentes vindos do
judaísmo, Paulo mostra que o Evangelho é superior aos sistemas de vida. Gentios
e judeus, fortes e fracos, todos são um só povo em Cristo, pois este foi feito
ministro para confirmar as promessas (15.8)” (CABRAL, Elienai. Romanos: O
Evangelho da Justiça de Deus. 5ª Edição. RJ: CPAD, 2005, p.144).
CONCLUSÃO
Aprendemos
como o apóstolo Paulo procurou pacificar a tensão entre os crentes forte e
fracos na igreja de Roma. Esse conflito estava gerando um ponto de tensão que
poderia, a curto prazo, pôr em risco a obra de Cristo ali. [Comentário: Recebei
(v.1) é o imperativo fundamental do texto estudado. É a igreja como um todo a
interpelada, e a implicação é que a comunidade cristã em Roma, em conjunto, é forte
e que os fracos são minoria e eles devem aceitar os fracos na fé, recebê-los na
sua amizade, reconhecendo-os francamente e sem reservas como irmãos em Cristo. Receber
inclui não só reconhecimento oficial da comunidade, como também aceitação
fraterna,reconhecendo que Cristo é Senhor e Salvador de todos os da fé, e que todos
são um só povo em Cristo, pois este foi feito ministro para confirmar as
promessas (15.8). Que Rm 15.1,2 se torne realidade em nós: “Mas nós que somos fortes devemos suportar as fraquezas dos
fracos e não agradar a nós mesmos. Portanto, cada um de nós agrade ao seu
próximo no que é bom para edificação”] “NaquEle
que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de
vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Francisco
Barbosa
Hoje, em
Campina Grande-PB
Junho de 2016
PARA REFLETIR
A
respeito da Carta aos Romanos, responda:
O
que significa ser uma Igreja una?
Significa que embora
seja formada por pessoas de raças diferentes, ela constitui o Corpo de Cristo.
Para ser Igreja, ela precisa atender o critério da unidade. Não há judeus nem
gentios, mas a Igreja de Deus. Ela é, portanto, indivisível.
Segundo
a lição, quem são os fracos na fé?
Os crentes fracos
eram principalmente cristãos judeus que se abstinham de certos tipos de
alimentos, e observavam determinados dias em razão de sua contínua lealdade à
Lei de Moisés (Rm 14.6,14).
Segundo
a lição, quem são os fortes na fé?
Os fortes eram
formados tanto por judeus como por gentios que haviam alcançado um entendimento
correto das implicações da Nova Aliança.
O
que a lei da liberdade mostrava aos crentes?
A lei da liberdade
mostrava aos crentes maduros que eles estavam livres dos rudimentos da Lei de
Moisés.
Como
deveriam agir os crentes fortes em relação aos fracos?
Paulo respondeu esta
questão em Romanos 15.1,2: “Mas nós que somos fortes devemos suportar as
fraquezas dos fracos e não agradar a nós mesmos. Portanto, cada um de nós
agrade ao seu próximo no que é bom para edificação”.
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
A
tolerância cristã
O
livro dos Atos dos Apóstolos, no capítulo 15, narra o primeiro grande conflito
que poderia levar grandes prejuízos à comunhão da novata igreja. O problema
teve de ser tratado no que se chamou de o primeiro concílio da igreja. Ora, por
intermédio do ministério de Paulo e de outros companheiros, muitos gentios
chegaram à fé. Mas havia grandes questões: o que era preciso para ser um
seguidor de Jesus? Era necessário o gentio guardar toda a lei de Moisés?
Conhecer e compreender a mensagem do Evangelho não seria suficiente?
O
concílio da igreja chegou à conclusão de que os gentios não precisariam guardar
a Lei de Moisés, senão, apenas considerar as seguintes resoluções:
1.
Não comer carne de nenhum animal que tenha sido oferecido aos ídolos;
2.
Não comer sangue nem carne de nenhum animal que tenha sido estrangulado;
3.
Não praticar imoralidade sexual.
Estas
resoluções foram recebidas de maneira amorosa pelos gentios. Mas temas dessa
natureza retornaram agora no capítulo 14 de Romanos. Pois o apóstolo Paulo volta-se
novamente perante o problema que já havia sido superado. Entretanto, a questão
maior é que na igreja de Roma, judeus e gentios estavam convivendo mutuamente,
de modo que os judeus se escandalizavam com a liberdade dos gentios. Mas que
nos chama atenção neste capítulo 14 é o ensino de tolerância que o apóstolo
passa a expor:
1.
“Paremos de criticar uns aos outros” (v.13);
2.
“Por estar unido com o Senhor Jesus, eu estou convencido que nada é impuro em
si mesmo” (v.14);
3.
“Mas, se alguém pensa que alguma coisa é impura, então ela fica impura para
ele” (v.14).
O
apóstolo conclui o argumento da tolerância entre irmãos da seguinte maneira:
“Se você faz com que um irmão fique triste por causa do que você come, então
você não está agindo com amor. Não deixe que a pessoa por quem Cristo morreu se
perca por causa da comida que você come. Não deem motivo para os outros falarem
mal daquilo que vocês acham bom” (vv.15,16). Pois na verdade o Reino de Deus
não é comida e nem bebida, mas vida correta, em paz e com alegria no Espírito
Santo (v.17).
Portanto,
em nome da paz e da alegria, vale a pena respeitar o diferente e aquele que não
pensa da mesma forma que você. Pensar diferente faz parte da grande diversidade
que há na Igreja, o Corpo de Cristo. Por isso, viva em paz! Viva com alegria!