Lição 6: Conselhos gerais
Data: 9 de Agosto de 2015
TEXTO
ÁUREO
“Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho
sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos [...]” (At 20.28).
VERDADE
PRÁTICA
O
pastor precisa cuidar das ovelhas do Sumo Pastor com o mesmo zelo com que cuida
de sua família.
LEITURA
DIÁRIA
Segunda — Mt 26.41 - O crente precisa orar
e vigiar para não cair em tentação
Terça — Nm 14.18 - “Deus não tem o
culpado por inocente”
Quarta — Jo 7.24 - Jamais devemos julgar
pela a aparência
Quinta — Cl 3.23 - Devemos trabalhar para
o Senhor e não para os homens
Sexta — Lc 12.21 - A insensatez do homem
revelada na busca por riquezas
Sábado — Ef 2.10 - Fomos criados em Jesus
para as boas obras
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE
1 Timóteo 5.17-22; 6.9-10.
1 Timóteo 5
17 — Os presbíteros que governam bem
sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham
na palavra e na doutrina.
18 — Porque diz a Escritura: Não
ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário.
19 — Não aceites acusação contra
presbítero, senão com duas ou três testemunhas.
20 — Aos que pecarem, repreende-os
na presença de todos, para que também os outros tenham temor.
21 — Conjuro-te, diante de Deus, e
do Senhor Jesus Cristo, e dos anjos eleitos, que, sem prevenção, guardes estas
coisas, nada fazendo por parcialidade.
22 — A ninguém imponhas
precipitadamente as mãos, nem participes dos pecados alheios; conserva-te a ti
mesmo puro.
1 Timóteo 6
9 — Mas os que querem ser ricos
caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que
submergem os homens na perdição e ruína.
10 — Porque o amor do dinheiro é a
raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se
traspassaram a si mesmos com muitas dores.
HINOS
SUGERIDOS
62, 369, 577 da Harpa Cristã
OBJETIVO
GERAL
Mostrar que o zelo do pastor pelo rebanho de Cristo
precisa ser semelhante ao zelo que tem por sua família.
OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos
referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o
objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
·
I. Refletir acerca do
cuidado que o pastor deve ter com as ovelhas do Senhor.
·
II. Apresentar as orientações
bíblicas com respeito ao trato com os presbíteros.
·
III. Compreender os conselhos
paulinos sobre a sã doutrina.
INTERAGINDO
COM O PROFESSOR
Na lição de hoje veremos o cuidado e a
dedicação de Paulo para com sua missão pastoral. Ele estava atento aos assuntos
de interesse da igreja. Ao ler as suas epístolas pastorais, podemos perceber
que Paulo deu especial importância à manutenção dos obreiros, discorreu sobre a
questão da disciplina dos líderes, especialmente dos presbíteros que viessem a
falhar. De forma bem clara, doutrinou a respeito dos relacionamentos na igreja
local.
Paulo recomenda que “os presbíteros que
governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os
que trabalham na palavra e na doutrina” (5.17). É importante ressaltar que
neste texto, presbíteros significam pastores. Assim como os doze apóstolos de
Jesus deixaram tudo para segui-lo, muitos homens, na igreja do primeiro século,
deixaram tudo para se dedicar ao pastorado. Estes deveriam ser sustentados pela
igreja. “Porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E:
Digno é o obreiro do seu salário” (5.18). Aos coríntios, ele fez observações idênticas,
revelando seu zelo pela manutenção dos obreiros (1Co 9.6-10).
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Na lição de hoje estudaremos partes do
capítulo cinco e seis da primeira Epístola de Timóteo. Neste capítulo Paulo dá
a Timóteo instruções mais específicas quanto à liderança da igreja. Paulo
deseja que o jovem pastor prossiga alegremente e de modo irrepreensível. Como
pastor, Timóteo precisava aprender a lidar com os idosos e com todas as demais
faixas etárias que compunham a igreja. O pastor precisa cuidar, apascentar o
bebê, a criança, o adolescente, o jovem, o adulto e o ancião, pois todos fazem
parte do rebanho do Senhor.
No capítulo seis Paulo vai dar
prosseguimento as suas recomendações quanto ao relacionamento de Timóteo com as
ovelhas.
[Comentário: O capítulo quatro de 1Tm encerra com
exortação à fidelidade e à diligência no ministério e o capítulo cinco traz
diversos conselhos ao jovem pastor, isso após ter desmascarado os falsos
mestres, mostrando o que realmente são, Paulo, então, continua com uma série de
admoestações pessoais a Timóteo sobre o seu ministério. Estas admoestações
atingem todos os seguimentos da Igreja – são conselhos gerais – e Timóteo
deveria, como bom ministro, deveria exortar – ou encorajar – os crentes com o
respeito que merecem os membros da própria família. Aprendamos, então com estes
conselhos – extremamente úteis para hoje – como bons ministros de Deus.]. Vamos pensar maduramente sobre a fé cristã?
PONTO CENTRAL
O pastor deve cuidar do
rebanho com zelo e dedicação.
I. O CUIDADO
COM O REBANHO
1. O cuidado com os anciãos (5.1). O pastor precisa
se relacionar bem com os membros de diferentes idades. Paulo procurou ensinar a
Timóteo a maneira correta de lidar com as pessoas mais velhas. Todavia, isso
não significa dizer que o pastor não deve corrigir, disciplinar os mais velhos,
porém segundo o Comentário Bíblico Beacon o conselho de Paulo
a Timóteo é: “Em vez de repreender o mais velho, solicite-lhe; apela a ele como
se fosse teu pai”. [Comentário: Mandamento que dá equilíbrio ao que está em
4.12. Timóteo não deve abusar da autoridade que ele possui. O termo ancião
pode se referir a um oficial da igreja. Entretanto, a menção de quatro grupos
pode, ao contrário, indicar idade, assim, embora a palavra presbuteros seja
empregada aqui, seu sentido está relacionado a homens com mais de sessenta anos
de idade, e não à função eclesiástica do presbítero. Timóteo tinha cerca de
trinta anos quando assumiu o pastorado da igreja de Éfeso. Um cargo de tamanha
importância e influência não era, normalmente, entregue a um homem tão jovem,
no entanto, Paulo o conhecia bem, e exorta seu “filho na fé” a mostrar, por
meio de um testemunho imaculado, ser um verdadeiro homem de Deus e um pastor do
rebanho do Senhor (1Tm 1.2; 1Pe 5.1-4)].
2. O cuidado com as mulheres idosas e
viúvas (5.2). As mulheres idosas deveriam ser tratadas como
mães, ou seja, membros da família. O pastor deve proteger as irmãs idosas e
ajudá-las para que continuem a crescer na graça e no conhecimento de Jesus
Cristo. Paulo também dá a Timóteo algumas orientações para que ele pudesse
resolver as questões das viúvas na igreja (5.3-8). No mundo antigo, as viúvas
enfrentavam uma situação difícil. Não havia o serviço de previdência social e
quando o marido morria, se os filhos e parentes não cuidassem delas, elas
passavam por sérias dificuldades financeiras. Não havia espaço para a mulher
viúva no mercado de trabalho, por isso, a igreja deveria sustentar aquelas que
não tinham nenhum parente. [Comentário: Não é novidade para o estudante da Bíblia que
na época da igreja primitiva, as viúvas, assim como os orfãos, de modo geral,
viviam em completo desamparo, pois a sociedade não dispunha de mecanismos de
assistencia social como em nossos dias. Paulo entretanto, faz duas observações
interessantes: a igreja deve cuidar – amparar – dos verdadeiros necessitados em
seu meio, de maneira que a ninguém falte o necessário para viver dignamente.
Entretanto, adverte aos líderes cristãos para que tenham cuidado com os falsos
desamparados, pessoas que usam sua situação de penúria e ociosidade para viverem
às custas do trabalho do próximo. O cuidado pelas viúvas, que frequentemenete
tinham grandes necessidades materiais, é um tema importante no Antigo
Testamento (Dt 24.19-21; Is 1.17; Jr 22.3; Zc 7.9-10; Ml 3.5) e também foi uma
preocupação especial da igreja primitiva (veja o versículo 16; At 6.1; Tg
1.27). Além disso, as mulheres idosas deveriam ser tratadas com um grande
respeito, e as moças, como irmãs. Todos os relacionamentos sociais e fisicos
devem ser puros e íntegros.].
3. O cuidado com os ministros fiéis
(v.17). Os
líderes que são fiéis ao Senhor e à Igreja devem ser estimados e apoiados.
Sabemos que não é fácil agradar a todos e que os líderes sempre acabam sendo
alvo de críticas. Como temos tratado os líderes de nossas igrejas? Com estima e
apreço? Assim como os primeiros apóstolos, muitos dos obreiros de Éfeso
deixaram tudo para seguir a Cristo, vivendo exclusivamente da igreja e para a
igreja. O cuidado espiritual e econômico fazia parte das recomendações de Paulo
a Timóteo. Aos coríntios, ele fez observações idênticas, revelando seu zelo
pela manutenção dos obreiros (1Co 9.6-10). [Comentário: Vivemos dias de descrédito quanto ao
ministério pastoral, isso em virtude de que muitos falsos lideres religiosos -
charlatões - que vivem da ignorância do povo. Estes sabem tirar dinheiro dos
incautos. Sabe-se que alguns religiosos só aproveitam a religião para ficarem
ricos – isso é fato. Diante disso, deve uma igreja sustentar financeiramente o
seu pastor? A resposta Bíblica é um grande SIM. Paulo exorta a timóteo sobre a
honra da posição daquele que preside ou se dedica ao ensino, bem como sobre sua
remuneração financeira (v. 18). Temos duas espécies de presbíteros aqui: os que
governam a igreja e os que, além disso, efetuam o ministério mais especializado
de pregação e ensino. Note, ainda, que não encontramos nenhuma orientação
acerca dos chamados pregadores intinerantes, não havia (há?) este ministério (?). O fato de Paulo citar,
no versículo 18, Dt 25.4 e uma declaração feita por Jesus, registrada em Lc
10.7, como sendo Escritura, é uma indicação de quão cedo escritos cristãos
foram postos no mesmo nível de autoridade do Antigo Testamento (2Pe 3.15, 16).
Com isto, Paulo reforça sua tese sobre a importância da igreja assumir o
sustento completo dos pastores e ministros que dedicavam tempo integral à obra.
O trabalho de atender pelo rebanho de Deus (veja Atos 20:28-32) o coloca como
alvo dos que estão insatisfeitos. Por isso, a “honra” insiste que uma denúncia
contra um presbítero seja aceita somente com testemunho incontestável (5:19).].
SÍNTESE DO TÓPICO (I)
O pastor precisa se relacionar bem com todos e cuidar
dos membros com amor.
SUBSÍDIO
BIBLIOLÓGICO
“Nos tempos da Bíblia, as viúvas
geralmente não tinham meio de ganhar a vida. Aquelas que não tinham filhos nem
netos que as sustentassem eram literalmente necessitadas. Os judeus e os
primeiros cristãos mostraram grande preocupação por estas mulheres, e eram
cuidadosos em prover para elas. Esta carta a Timóteo sugere que as viúvas
cristãs não se limitavam a receber ajuda. Aquelas que tivessem demonstrado um
caráter cristão recebiam papéis quase oficiais na igreja (5.9,10), e um
ministério ativo junto a jovens casadas (Tt 2.3-5).
Paulo, no entanto, limita ainda mais os
membros neste papel oficial, embora sem limitar os direitos das viúvas que não
tinham famílias que as sustentassem. Ele incentiva as viúvas jovens a se
casarem novamente. E adverte que ‘a viúva que vive em deleites, vivendo, está
morta’. A expressão ‘que vive em deleites’ é uma única palavra em grego, spatalao, que significa viver
auto indulgentemente ou em luxúria. Paulo não está acusando estas viúvas de uma
conduta sexual errada, mas sim de materialismo, de uma perspectiva voltada a si
mesmas, que contrasta com a de uma viúva que ‘espera em Deus e persevera de
noite e de dia em rogos e orações’.
Uma mulher assim está ‘morta’ no sentido
de que ela é insensível às realidades que marcam os outros como sendo
particularmente vitais e vivos” (RICHARDS, Lawrence O. Comentário
Histórico-Cultural do Novo Testamento. 7ª Edição. RJ: CPAD, 2012, pp.471-72).
II. O TRATO COM
O PRESBITÉRIO
1. Acusação contra os presbíteros. Os presbíteros,
ou pastores, não são isentos de falhas. Eles estão sujeitos a pecar, por isso,
precisam vigiar e orar ainda mais (Mt 26.41). Nenhum obreiro pode pensar que é
infalível. Sabemos que os líderes cristãos são alvo de críticas, calúnias,
injúrias e difamações, por isso, Paulo dá orientações importantes quanto aos
pastores dizendo: “Não aceites acusação contra presbítero, senão com duas ou
três testemunhas” (1Tm 5.19 cf. Dt 19.15). Mas, se o líder for realmente
culpado, precisa se arrepender, confessar, deixar os seus pecados e ser
disciplinado (Pv 28.13). Encobrir os erros daqueles que pecaram não é a
solução, pois “Deus não tem o culpado por inocente” (Nm 14.18). [Comentário: O Senhor Jesus afirma que a quem maior
autoridade é dada, maior será o grau de responsabilidade diante dele. Na
parábola do servo vigilante lemos que “àquele, porém, que não soube a vontade
do seu senhor e fez cousas dignas de reprovação levará poucos açoites. Mas
aquele quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e aquele a quem muito se
confia, muito mais lhe pedirão” (Lc 12:48, ARA). Os presbíteros e diáconos são
capacitados com dons específicos, e recebem o reconhecimento da igreja e são
revestidos de autoridade por Cristo para liderarem o rebanho. Por estes
motivos, não podem ser relapsos, nem irresponsáveis com os seus deveres
cristãos em todas as áreas da sua vida. Eles prestarão contas, de um modo
especial. Se fiéis em seu dever a sua honra será maior, entretanto, também será
proporcional o escândalo se houver queda. Não se deve aceitar qualquer acusação
contra um presbítero, a não ser que seja endossado pelo testemunho verbal de
duas ou três pessoas, e que sejam fidedignas. William Hendriksen comenta que
“não se deve prejudicar desnecessariamente a reputação de um presbítero, e sua
obra não deve sofrer uma interrupção desnecessária.”[ William Hendriksen,
Comentário do Novo Testamento – 1 Timóteo, 2 Timóteo e Tito (São Paulo, Editora
Cultura Cristã), p. 228.] O mesmo poderia ser concluído acerca
dos diáconos. O livro de Provérbios observa que “mais vale o bom nome do que as
muitas riquezas; e o ser estimado é melhor do que a prata e o ouro” (Pv 22:1).].
2. A repreensão aos presbíteros. “Aos que
pecarem, repreende-os na presença de todos, para que também os outros tenham
temor” (5.20). Aqui, Paulo ensina a respeito da forma como aqueles que pecaram
e tiveram suas faltas comprovadas por testemunhas, devem ser disciplinados. O
pastor que aplica a disciplina precisa ter muito cuidado para agir conforme a
reta justiça. A disciplina deve ser feita de maneira criteriosa, com sabedoria
e amor.
[Comentário: Em se comprovando que o pastor realmente está
errado, a Bíblia ensina que ele deve ser exortado publicamente, não se deve
colocar panos quentes, ou se tratar às escondidas, veja que Paulo exorta para
que não haja parcialidade ou favoritismo. E isso deve ser assim para que haja
temor no meio do povo de Deus. Perceba que o texto não fala que o pastor deve
ser mandado embora, ou que ele não pode mais pastorear o rebanho, nem afirma
que o mesmo está desqualificado para ser pastor, mas que deve ser exortado
publicamente, na frente de toda a igreja, justamente para que até mesmo seus
erros e pecados sejam um exemplo para o rebanho, um pastor que se sujeita a
isso é irrepreensível, pois está sempre de cara limpa diante de todos, não
tendo acusações ocultas que possam causar suspeitas, pelo contrário, tudo é às
claras, comprovado, e explícito a todos. Além disso, Paulo diz que o objetivo
disso é gerar temor na Igreja, temor de Deus, sendo a exortação pública do
pastor uma bênção para a vida da Igreja, gerando na mesma purificação, sendo
que o exemplo do pastor leva outros a confessarem seus pecados e os deixarem.].
3. O cuidado com a saúde (v.23). Paulo aconselhou
Timóteo a não beber somente água pura, mas misturar um pouco de vinho à água.
Não sabemos ao certo o porquê de tal conselho, mas sabemos que naquele tempo as
pessoas não podiam contar com os medicamentos que temos hoje. Sabemos também
que o crente não deve beber vinho. Encontramos na Palavra de Deus inúmeras
advertências a respeito do vinho (Lv 10.9; Pv 20.1; 23.31 e Ef 5.18). O
importante aqui é ressaltar que esse texto contraria a ideia de que o crente
não pode adoecer. Certamente Paulo sofreu algum tipo de enfermidade (Gl 4.13);
seus companheiros, como Trófimo, adoeceram (2Tm 4.20). Essas pessoas não tinham
fé? Estavam em pecado? De forma alguma! O líder também está sujeito a
enfermidade, por isso, precisa cuidar da sua saúde física e emocional a fim de
que possa cuidar do rebanho do Senhor. [Comentário: Quando o assunto do vinho é apresentado na
Bíblia, o primeiro texto que aparece e que vem à mente de muitas pessoas é de 1
Tm. 5:23, onde Paulo aconselha a Timóteo a tomar um pouco de vinho. Um fator
frequentemente ignorado é que a advertência “Não continues a beber somente água” implica que Timóteo, como os
sacerdotes e nazireus, absteve-se de vinho fermentado e não fermentado desde a
época de seu nascimento, presumivelmente em concordância com as instruções e o
exemplo de Paulo. A referência de Paulo à pureza no versículo 22 pode tê-lo
levado a inserir uma nota pessoal a Timóteo sobre o efeito de que a rejeição do
uso medicinal do vinho para problemas estomacais não tinha nada a ver com
pureza. Ele tinha que se prevenir contra o falso ascetismo. A prática da
abstenção de vinho como uma questão de princípio talvez reflita a influencia do
conceito de pureza dos falsos mestres (veja 4.3), além do que, Paulo reconhece
o valor medicinal do vinho, no entanto, não devemos entender que Paulo esteja
liberando o beber vinho, isso porque, anteriormente na mesma epístola Paulo
disse que o que se requeria de um bispo Cristão não era apenas ser abstinente
(nephalion), mas também não participante de bebidas em lugares e festas (me
paroinon -- 1 Tm 3:2-3). É razoável assumir que o apóstolo não poderia ter
instruído a Timóteo para requerer abstinência dos líderes da igreja sem
primeiro ensiná-lo com tal princípio. O fato de que Timóteo tenha bebido apenas
água, implica que ele havia seguido o conselho de seu mestre muito
meticulosamente. O princípio da abstinência não foi violado pela recomendação
de Paulo, porque o uso de um pouco de vinho era recomendado não para o prazer
do abdômen, mas como uma necessidade terapêutica do estômago.].
SÍNTESE DO TÓPICO (II)
Nenhum obreiro é infalível, por isso, a Palavra de
Deus apresenta a maneira correta de disciplinar aqueles que erram.
SUBSÍDIO
BIBLIOLÓGICO
“Presbíteros (5.17-20). Paulo observa
que os presbíteros ‘dirigem os interesses da Igreja’. O vocábulo grego proestotes quer dizer
presidir, supervisionar a vida da congregação. A expressão ‘merecedores de
dobrados’, no contexto, parece querer se referir aos os aspectos financeiros e
de respeito.
A mensagem de Deuteronômio 19.15 insiste
que até mesmo os comuns do povo devem ser protegidos contra as acusações de
terceiros. O cargo público faz com que seus ocupantes sejam mais vulneráveis à
hostilidade e falsas acusações do que as outras pessoas. Se acreditarem nessa
acusação, estariam obstruindo a liderança.
Na igreja, não há quem esteja isento de
responsabilidades. Com efeito, a projeção do cargo de presbítero implica em
censura pública caso venha a cometer alguma falta. Ao protegermos nossos
líderes da responsabilidade de seus atos pecaminosos, corrompemos a igreja,
pois seus membros não levarão a sério quando forem admoestados” (RICHARDS,
Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de
Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 10ª Edição. RJ: CPAD, 2012, p.837).
III. CONSELHOS
GERAIS
1. Aos que não respeitam a sã doutrina
(6.3,4). Doutrina
“é a exposição sistemática e lógica das verdades extraídas da Bíblia”. Na
igreja em Éfeso havia alguns falsos mestres que resolveram disseminar falsos
ensinos. Algumas igrejas, infelizmente, têm sucumbido aos apelos dos falsos
mestres que deturpam a sã doutrina (1Tm 1.10), falsificando a Palavra (2Co
4.2), e seguindo os ensinos de Balaão. Para piorar ainda mais a situação, essas
igrejas, à semelhança de Tiatira, acabam tolerando a imoralidade (Ap
2.14,15,20,22). Porém, a autêntica noiva de Cristo mantém-se fiel às Escrituras
(Jo 14.15,21,23; Tt 1.9), pois, é “a igreja do Deus vivo a coluna e firmeza da
verdade” (1Tm 3.15). [Comentário: Paulo retoma pela última vez ao problema dos
falsos mestres, destacando especialmente sua tendência de causar divisões e sua
ganância. Isso leva-o a refletir sobre a perspectiva correta que se deve ter
sobre a posse de bens materiais. Aqui, então, ele retorna à necessidade da
doutrina sadia (veja 1.3). Todo o ensinamento deve ser julgado mediante as
palavras de nosso Senhor Jesus Cristo. Alguns mestres, inchados com sua própria importância, haviam
substituído a doutrina completa de Cristo por doutrinas controversas e
sutilmente ambíguas. Na sua Epístola aos Efésios, Paulo havia prevenido a
igreja do perigo de serem “agitados de um lado para outro, e levados ao redor
por todo vento de doutrina” (Efésios 4.14). Foi esta a razão pela qual Paulo
deixou Timóteo em Éfeso. Paulo refere-se ao problema dos efésios como
“loquacidade frívola”, “fábulas” e “sabedoria falsa”, e menciona genealogias
como se os cristãos de Éfeso estivessem interessados em descobrir suas origens.
Através do Judaísmo daquela época, elaboradas interpretações fantasiosas do
Antigo Testamento estavam-se espalhando com rapidez. E como os efésios
estivessem numa posição que permitia o conhecimento de tudo o que surgia, os
cristãos estavam sempre contando novidades e especulando como poderiam encaixar
a última novidade em sua teologia eclética. Deste modo, passavam o tempo
falando e argumentando, mais do que realmente realizando algo.].
2. Aos que querem ser ricos (6.9,10). É muito
eloquente a exortação de Paulo acerca dos que buscam riquezas. Ele se refere
aos “que querem ser ricos” ou que vivem buscando bens materiais, não dando
valor às coisas de Deus. São como o rico da parábola, de quem Jesus disse:
“Assim é aquele que para si ajunta tesouros e não é rico para com Deus” (Lc
12.21). Paulo não é contra o possuir bens materiais, pois estes podem ser
usados para o Reino de Deus, beneficiando a obra do Senhor. Paulo fala aqui do
desejo de ser rico a qualquer custo. Ele fala do amor ao dinheiro e da cobiça.
A Palavra de Deus nos ensina que a cobiça leva a todos os tipos de males:
adultério, roubo, corrupção, suborno, etc. [Comentário: A Bíblia identifica a busca insaciável e
avarenta pelas riquezas como idolatria, a qual é demoníaca (cf. 1Co 10.19,20;
Cl 3.5). Por causa da influência demoníaca associada à riqueza, a ambição por
ela e a sua busca freqüentemente escravizam as pessoas (cf. Mt 6.24). A ambição
e a cobiça, por serem formas de auto-adoração, afastam o homem de Deus e dos
seus valores, comprometendo a estabilidade da família. As riquezas são, na
perspectiva de Jesus, um obstáculo, tanto à salvação como ao discipulado (Mt
19.24; 13.22). Transmitem um falso senso de segurança (12.15ss.), enganam (Mt
13.22) e exigem total lealdade do coração (Mt 6.21). Quase sempre os ricos
vivem como quem não precisa de Deus. Na sua luta para acumular riquezas, os
ricos sufocam sua vida espiritual (8.14), caem em tentação e sucumbem aos
desejos nocivos (1Tm 6.9), e daí abandonam a fé (1Tm 6.10). Geralmente os ricos
exploram os pobres (Tg 2.5,6). O cristão não deve, pois, ter a ambição de ficar
rico (1Tm 6.9-11)].
3. Conselhos aos ricos (6.17-19). Paulo aconselha
aos ricos que não sejam arrogantes e não depositem sua esperança na riqueza. Os
bens materiais são efêmeros, pois não vamos levar nada quando partirmos desta
vida (6.17). Paulo exorta aos ricos que “façam o bem, enriqueçam em boas obras,
repartam de boa mente e sejam comunicáveis” (6.18). As boas obras não salvam
ninguém (Ef 2.8,9), mas são necessárias ao bom testemunho cristão e fazem parte
da vida cristã (Ef 2.10). O crente sábio não entesoura para esta vida, mas para
a futura (Mt 6.19-21). [Comentário: A advertência é contra o materialismo e a
favor da espiritualidade. A palavra piedade - que quer dizer santidade, dever
religioso, reverência e devoção a Deus - descreve o que tem verdadeiro valor na
vida. O discípulo só precisa das necessidades físicas, sem luxo, porque já tem
tudo: todas as riquezas pessoais e espirituais em Jesus! Dinheiro não compra as
coisas importantes; elas são presentes de Deus. O discípulo precisa apenas do
necessário para servir a Deus e não precisa cuidar da sua própria segurança
financeira porque Deus faz isto. O contentamento com aquilo que possui, sem
cobiça e avareza, é lucro puro. Não um lucro financeiro, como o dos charlatões,
porém lucro emocional e moral, de consciência tranqüila, que vale mais do que
as riquezas. Os perigos são os males inevitáveis dos que querem ficar ricos,
dos obcecados pelo amor do dinheiro. O aviso é a certeza de ciladas e ruína.
Por quê? Porque riquezas sem Deus trazem apenas decepção e desilusão - o rico
tem tudo e não possui nada de valor e se pergunta: só isto? Dinheiro promete
tudo e não satisfaz; não cumpre suas expectativas. Um exemplo bíblico é Demas,
que abandonou o apóstolo Paulo, “tendo amado o presente século” (2Tm 4.10).
Querendo mais, acabou tendo nada. O jovem rico é outro exemplo; não segue Jesus
por ser “dono de muitas propriedades” (Mc 10.22). Portanto, o Mestre alerta na
parábola do semeador: “os cuidados do
mundo, a fascinação da riqueza e as demais ambições, concorrendo, sufocam a
palavra, ficando ela infrutífera.” (Mc 4.19).].
SÍNTESE DO TÓPICO (III)
Paulo apresenta a Timóteo, e à Igreja do Senhor,
vários conselhos úteis quanto ao ensino e o trato para com o rebanho do Senhor.
SUBSÍDIO
BIBLIOLÓGICO
“Foge destas coisas (1Tm 6.11-19).
‘Fugir’ no sentido figurativo significa evitar ou abster-se. Voltemos às costas
para o desejo de tudo o que este mundo tem a oferecer e optemos pela justiça,
piedade, fé, amor, tolerância e gentileza. Se estas qualidades são verdadeiras
em nós, também é o nosso tesouro. Assim, estaremos a salvo das tentações que
arrastam e lançam muitos à ruína.
Aos ricos, Paulo recomenda que não sejam
arrogantes nem depositem sua esperança na riqueza. Mudem todo o foco de sua
expectativa para o futuro com Deus. Usem o dinheiro para as boas obras. Sejam
generosos e repartam. Estejam seguros de que o fundamental seja ampliado a cada
dia, não na terra, mas nos céus” (RICHARDS, Lawrence O. Comentário
Histórico-Cultural do Novo Testamento. 7ª Edição. RJ: CPAD, 2012, p.838).
CONCLUSÃO
Paulo era cuidadoso em
sua missão pastoral. Ele se preocupava com diversos assuntos de interesse da
igreja, de sua liderança e de seus membros. Deu especial importância à
manutenção dos obreiros, discorreu sobre a questão da disciplina dos líderes,
especialmente dos presbíteros que vierem a falhar. De forma bem clara,
doutrinou igualmente sobre o relacionamento humano, na igreja local, entre
servos e senhores. [Comentário: As cartas pastorais se caracterizam pelas
dezenas de exortações. Os verbos sempre estão no imperativo, como, por exemplo:
“Combata o bom combate”, “Exercite-se na piedade”, “Fortifique-se na graça”, “Pregue a palavra”, “Seja moderado” etc. Se fizermos um
arranjo desses imperativos, encontraremos oito exortações básicas: 1. Cuidado
com a saúde: (1 Tm 5.23); 2. Cuidado com a vida devocional: (1 Tm 4.7,8; 2 Tm
2.1); 3. Cuidado com a sexualidade: (1Tm 5.2;1Tm 5.22; 2Tm 2.22); 4. Cuidado
com o exemplo: (1Tm 4.12; Tt 2.7); 5. Cuidado com as atitudes: (1Tm 5.1,2; 1Tm
5.19; 2Tm 2.23,24); 6. Cuidado com a pregação: (1Tm 4.6; 1Tm 4.13; 2Tm 2.15; 2Tm
2.8; 2Tm 4.2); 7. Cuidado com a doutrina: (1Tm 4.7; 2Tm 1.13; 2Tm 3.14; Tt 2.1),
e 8. Cuidado com a moderação: (2Tm 4.5; 1Tm 5.22). Estes oito imperativos
estendem-se à todos os crentes, não apenas à liderança. São conselhos gerais
extremamente atuais e necessitam ser colocados em prática! Amadureça na fé - “Combata - Exercite-se - Fortifique-se
- Pregue – Seja!]. NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por
meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Francisco Barbosa
Campina Grande-PB
Julho de 2015
PARA
REFLETIR
A respeito das Cartas Pastorais:
Como Paulo aconselha Timóteo a tratar as mulheres
idosas?
Ele
aconselha a tratá-las como a mães.
Qual era a situação das mulheres viúvas nos tempos
bíblicos?
A
situação era difícil, não havia espaço para as mulheres viúvas no mercado de
trabalho.
Como deveria ser a repreensão aos presbíteros?
Deveriam
ser repreendidos na presença de todos.
Segundo a lição, como deve ser a disciplina?
Ela
deve ser feita de maneira criteriosa, com sabedoria e amor.
Qual o conselho de Paulo aos ricos?
Que
não sejam arrogantes e não depositem sua esperança na riqueza.
SUBSÍDIOS
ENSINADOR CRISTÃO
Conselhos Gerais
O texto que estudaremos na presente
lição são partes dos capítulos cinco e seis da primeira epístola de Timóteo. É
a ultima lição que abordará a primeira epístola de Paulo a Timóteo. Um ponto
muito importante para a liderança cristã é a exposição de Paulo a partir do
versículo 17. Ali, aparecem algumas responsabilidades dos líderes e da própria
igreja em reconhecê-los como tais: “os presbíteros que governem bem sejam
estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na
palavra e na doutrina” (v.17). Ou seja, se o presbítero for servidor e
competente, segundo consta em 1 Timóteo 3.1-7, naturalmente ele terá da
comunidade local respeito e tratamento digno. Neste aspecto, a orientação do
apóstolo é que o jovem pastor não recebesse nenhuma denúncia de incompetência
ministerial, ou prática pastoral soberba e autoritária, que fosse um “blefe”.
Por isso, a orientação de Paulo para que façam a denúncia com o mínimo de duas
ou três testemunhas.
O contrário do que pensam muitos, a
orientação do apóstolo Paulo não se dá pelo viés do “corporativismo
ministerial”, mas o da prudência e o do senso de justiça para não sermos
injustos no julgamento de um líder cristão (como igualmente não se deve ser
injusto no julgamento de um membro local). Entretanto, no caso de uma denúncia
autenticamente comprovada contra um oficial da igreja, a orientação apostólica
é clara: “aos que pecarem, repreende-os na presença de todos, para que também
os outros tenham temor” (1Tm 5.20). A liderança cristã deve honrar sua vocação,
principalmente na disciplina. Entretanto, temos de ter o cuidado de não
fazermos uma “caça às bruxas”, pois há uma grande diferença entre a pessoa
arrependida de seu pecado e outra impenitente, de dura cerviz. Para a pessoa
impenitente, a mensagem das Escrituras é clara, a fim de causar impacto em seu
coração e ser salva no dia do juízo: “o que tal ato praticou, em nome de nosso
Senhor Jesus Cristo, juntos vós e o meu espírito, pelo poder de nosso Senhor
Jesus Cristo, seja entregue a Satanás para destruição da carne, para que o
espírito seja salvo no Dia do Senhor Jesus” (1Co 5.1-5). Mas para a pessoa
arrependida de coração, a mensagem de Jesus Cristo é a mesma dada à mulher
adúltera: “E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te e não peques mais”
(Jo 8.10). O sumo pastor é um só, e o seu nome é Jesus Cristo.