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3º Trimestre de 2014
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Lição 7
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17
de Agosto de 2014
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A FÉ SE MANIFESTA EM OBRAS
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TEXTO ÁUREO
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"Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens,
para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos
céus”(Mt 5.16). O propósito de todas as boas
obras entre os homens é glorificar o Pai Celestial (Jo 14.12-15).
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VERDADE
PRÁTICA
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Uma
vez salvos em Cristo, o amor, materializado por meio das boas obras, torna-se
a nossa identidade cristã.
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HINOS
SUGERIDOS
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17,
75, 79.
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LEITURA DIÁRIA
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LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Tiago 2.14-26
14 - Meus irmãos, que
aproveita se alguém disser que tem fé e não tiver as obras? Porventura, a fé
pode salvá-lo?
15 - E, se o irmão ou
a irmã estiverem nus e tiverem falta de mantimento cotidiano,
16 - e algum de vós
lhes disser: Ide em paz, aquentar-vos e fartai- -vos; e lhes não derdes as
coisas necessárias para o corpo, que proveito virá dai?
17- Assim também a fé,
se não tiver as obras, é morta em si mesma.
1 8 - Mas dirá alguém:
Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra- -me a tua fé sem as tuas obras, e eu
te mostrarei a minha fé pelas minhas obras.
19 - Tu crês que há um
só Deus? Fazes bem; também os demônios
o creem e estremecem.
20 - Mas, ó homem vão,
queres tu saber que a fé sem as obras é morta?
21 - Porventura
Abraão, o nosso pai, não foi justificado pelas obras, quando ofereceu sobre o
altar o seu filho lsaque?
22 - Bem vês que a fé
cooperou com as suas obras e que, pelas obras, a fé foi aperfeiçoada,
23 - e cumpriu-se a
Escritura, que diz: E creu Abraão em Deus, e foi-Ihe isso imputado como
justiça, e foi chamado o amigo de Deus.
24 - Vedes, então, que
o homem é justificado pelas obras e não somente pela fé.
25- E de igual modo
Raabe, a meretriz, não foi também justificada pelas obras, quando recolheu os
emissários e os despediu por outro caminho?
26 - Porque, assim
como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta.
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá
estar apto a:
- Descrever as questões de autoria, local, data e destinatário da epístola.
- Entender o propósito da epístola.
- Destacar a atualidade da epístola
PALAVRA CHAVE
Fé: Confiança absoluta em alguém.
A primeira das três virtudes teologais: fé, esperança e amor.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
A lição de hoje trata da fé
manifestada através das obras (Tg 2.14-26). Além de tal assunto ser
imprescindível à vida cristã, pois, sem fé é impossível agradar a Deus (Hb
11.6), é preciso reafirmar que o crente é salvo pela graça, por meio da fé (Ef
2.8,9). Devendo o cristão andar por ela (2 Co 5.7), tendo em vista de que tudo
aquilo que não é de fé, culmina em pecado (Rm14.23). Entretanto, a fé não é uma
fuga da realidade. Por isso, Jesus ensinou que a fé deve ser praticada (Mt
5.22-48). Nesta lição, igualmente, Tiago mostra que uma fé viva é autenticada
pela produção de boas obras, pois não há antagonismo algum entre ambas - fé e
obras. Conforme aprenderemos, na vida cristã, fé e obras não são distintas, mas
complementares. [Comentário: Esta
lição se reveste de um caráter urgente e importante: a fé demonstrada através
das obras. O texto de ouro afirma que o propósito de todas as boas obras entre
os homens é glorificar o Pai Celestial (Jo 14.12-15). Nós não fazemos boas
obras para alcançarmos o favor de Deus, fazemos porque já fomos alcançados pelo
favor de Deus. Não as fazemos como por obrigação, mas esta demonstração nasce
agora naturalmente de um coração regenerado. A grande questão que levou à
Reforma Protestante no início do século XVI por Martinho Lutero, quando através
da publicação de suas 95 teses, em 31 de outubro de 1517 na porta da Igreja do
Castelo de Wittenberg, foi: "A salvação é somente pela fé ou pela fé mais
as obras?" Aqui está a diferença crucial entre o Cristianismo Bíblico e a
maioria dos cultos “Cristãos”. Quando lemos em Tiago acerca da fé e obras,
nota-se que ele está negando a crença de que a pessoa possa ter fé sem produzir
quaisquer boas obras (Tg 2.17-18). A ideia é que a fé genuína em Cristo
produzirá uma vida transformada e boas obras, a pessoa que é verdadeiramente
justificada pela fé produzirá boas obras em sua vida (Tg 2.20-26). Em Efésios 2.10,
Paulo nos informa que fomos criados para as boas obras! Logo, não pode haver
crente que não produza boas obras!] Tenhamos todos uma excelente e abençoada aula!
I. DIANTE DO
NECESSITADO, A NOSSA FÉ SEM OBRAS É MORTA (Tg 2.14-17)
1. Fé e obras. Ao ler desavisadamente a Epístola de Tiago o leitor pode afirmar que ela
contradiz os ensinamentos do apóstolo Paulo quanto à doutrina da salvação pela
fé (Rm 4.1-6). Todavia, ao estudarmos cuidadosamente o tema em questão, veremos
que os ensinos paulinos e os de Tiago em hipótese alguma se contradizem. Quando
Paulo escreve sobre as obras, ele se refere à Lei - o orgulho nos rituais
judaicos e na obediência a um sistema de regras religiosas enquanto que Tiago,
às obras de misericórdia ao próximo necessitado. O meio-irmão do Senhor não se
opôs ao apóstolo dos gentios. Enquanto Paulo anunciava ao pecador a salvação
pela graça mediante a fé (Ef. 2.8), Tiago doutrinava os crentes sobre a
impossibilidade de vivermos a fé de Cristo sem manifestar os frutos de
arrependimento (Mt 3.8). O primeiro preocupou-se com a causa da salvação e o
segundo, com o efeito dela. [Comentário:
O Rev. Hernandes Dias Lopes, Pr Titular da 1ª Igreja
Presbiteriana de Vitória-ES, comentando o texto de Tiago capítulo 2, em sua
obra intitulada TIAGO Transformando
provas em triunfo (Editora Hagnos) afirma: “O capítulo 2 da Carta de Tiago é um dos textos mais importantes da
Bíblia. Muitos estudiosos não conseguiram entendê-lo. Lutero pensou que Tiago
estivesse contradizendo Paulo (Rm 3.28 - Tg 2.24; Rm 4.2-3 - Tg 2.21). Logo,
Lutero chamou Tiago de carta de palha e sentiu que a carta de Tiago não tinha o
peso do Evangelho. Mas será que Tiago está contradizendo Paulo? Absolutamente
não. Eles se complementam. Paulo falou que a causa da salvação é a justificação
pela fé somente. Tiago diz que a evidência da salvação são as obras da fé.
Paulo olha para a causa da salvação e fala da fé. Tiago olha para a
consequência da salvação e fala das obras. Paulo deixa isso claro: “Porque pela
graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não
vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque somos feitura sua, criados em
Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus antes preparou para que andássemos
nelas” (Ef 2.8-10). Calvino diz que a salvação é só pela fé, mas a fé salvadora
não vem só. Ela se evidencia pelas obras. A questão levantada por Paulo era:
“Como a salvação é recebida?” A resposta é: “Pela fé somente”. A pergunta de
Tiago era: “Como essa fé verdadeira é reconhecida?” A resposta é: “Pelas
obras!” Assim, Tiago e Paulo não estão se contradizendo, mas se completando.
Somos justificados diante de Deus pela fé, somos justificados diante dos homens
pelas obras. Deus pode ver a nossa fé, mas os homens só podem ver as nossas
obras”. LOPES. Hernandes Dias. TIAGO Transformando provas em triunfo.
Editora Hagnos. pag. 45-46.]
2. O cristão e a caridade. “A fé não acompanhada de ação é morta”, declara Tiago. “Fazer”,
“realizar” e “agir” são atitudes que integram a religião pura e imaculada:
ajudar os necessitados nas suas necessidades. A fé, quando não produz tais
frutos, é morta. A fim de ilustrar tal verdade, Tiago inquire retoricamente os
servos de Deus dizendo que se oferecermos, a um irmão ou a uma irmã, que
estejam padecendo necessidade, apenas uma palavra de “incentivo” e não lhes
dermos as coisas de que eles necessitam, isso não resolverá o problema. Diante
de alguém necessitado, o que precisa ser feito? Orar e despedi-lo sem nada? Se
assim procedermos, nossa oração não servirá para nada. Aliás, como ensina João,
a pessoa que não se compadece dos necessitados não tem o amor de Deus em sua
vida (1 Jo 3.17,18). Tal aspecto já havia sido ensinado por Jesus ao dizer que,
no socorro àqueles que precisam de ajuda, acolhemos o próprio Senhor (Mt
25.40). [Comentário: Embora
o termo caridade tenha perdido sua força em nossa língua, ainda nos traz à
mente a ideia de um sentimento ou uma ação altruísta de ajuda a alguém sem
busca de qualquer recompensa. Caridade, é melhor traduzida como amor,
sua origem é a palavra grega agapé. A língua portuguesa dá
diversas interpretações possíveis à palavra amor, mas no original grego, assume
um significado especifico, que tem mais sentido como um comportamento uma
escolha do que propriamente com sentimentos, tendo como possíveis significados:
afeição ou benevolência, amor caridoso e querido. O Comentário Bíblico Beacon (Editora
CPAD), comentando o texto de Tiago 15-16, afirma o seguinte: “Têm sido descritos como uma “pequena
parábola” com a aplicação dada no versículo 17. João usa um argumento similar:
“Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer
necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de
Deus?” (1 Jo 3.17, ARA). A intolerância de Tiago com a fé sem prática aparece
de forma aguda na seguinte paráfrase: “Se vocês tiverem um amigo que está
necessitado de alimento e vestuário, e lhe disserem: ‘Bem, adeus, e que Deus o
abençoe; aqueça-se e coma bem’, e depois não lhe derem roupas ou alimentos, que
bem faz isso?” (A Bíblia Viva). Clarke comenta: “Ao falar isso para eles, sem
lhes dar nada, o proveito deles será igual à sua fé professada. Sem essas
obras, que são os frutos genuínos da verdadeira fé, qual será o seu proveito no
dia em que Deus virá sentar e julgar a sua alma?” A. F. Harper.
Comentário Bíblico Beacon. Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 169. Ao se referir
à religião pura e imaculada, Tiago não pensa em uma organização com um corpo de
doutrinas, mas em uma postura adequada diante de Deus, ou seja, qual a forma
verdadeira de culto que agrada a Deus. Tiago nos adverte que se pensamos ser
religiosos sinceros, mas não atentamos para as três verdades aqui descritas
nossa religião é vã.]
3. A “morte” da fé: A concepção de fé apresentada na Epístola de Tiago é a confiança em
Deus: “Tu crês que há um só Deus?” (v.19). Logo, as obras de que Tiago fala,
consistem na expressão da vontade de Deus, ou seja, amar o próximo, visitar os
enfermos, defender os direitos dos pobres, praticar a justiça, etc. Esta é a fé
viva em Deus! A epístola nos ensina que se amamos o outro, não amamos segundo
as nossas s concupiscências, mas segundo o amor de Deus por nós. Este amor nos
estimula a amar o ser humano independentemente de quem ele seja. Ame o próximo
e mostrará uma fé viva. Não ame, e se confirmará: a tua é fé está morta. [Comentário: O
Cristianismo possui uma doutrina chave, central: a fé. A salvação é pela fé (Ef 2.8,9), o justo vive pela fé (Rm
1.17). Sem fé é impossível agradar a Deus (Hb 11.6). Tudo o que é feito sem fé
é pecado (Rm 14.23). Em Hebreus 11 encontramos a galeria da fé, em que homens e
mulheres creram em Deus, viveram e morreram pela fé. Fé é a confiança de que a
Palavra de Deus é verdadeira, não importam as circunstâncias. Nem todas as
pessoas que dizem crer em Jesus estão
salvas (Mt 7.21) Qual é o tipo de fé que salva uma pessoa? A resposta dos
apóstolos é: Crê no Senhor Jesus Cristo (At 8.31). Fé significa crer e confiar
firmemente no Cristo crucificado e ressurreto como nosso Senhor e Salvador
pessoal (ver Rm 1.17). Importa em crer de todo coração (At 8.37; Rm 6.17; Ef
6.6; Hb 10.22). Uma vez gerada no crente, essa fé produzirá frutos, como resultado
do caráter de Cristo novamente formado no homem (Ef 2.2,3; Gl 5.19-21). A fé
que não produz vida, que não gera transformação, é uma fé espúria (Mt 7.21).].
SINOPSE DO TÓPICO (1)
O autor da epístola é Tiago, o meio-irmão de JESUS. A carta foi escrita
provavelmente em Jerusalém, entre os anos 45 e 49 d.C. e dirigida aos cristãos
dispersos da Palestina bem como as igrejas de outras regiões.
II - EXEMPLOS VETEROTESTAMENTÁRIOS DE FÉ COM OBRAS (Tg 2.18-25)
1- Não basta “crer”. Tiago afirma que a crença teórica em Deus não significa muita coisa. Os
demônios, igualmente, creem e estremecem diante do Altíssimo (Lc 8.26-33; Mc
5.1-10). Em outras palavras, eles “creem”, ou sabem, que Jesus é o Filho de
Deus. Entretanto, a confissão dos demônios não implica um compromisso de
obediência a Deus. A verdadeira fé, porém, manifesta-se na prática coerente do
servo de Deus com tudo aquilo em que ele diz crer. O autor da epístola
demonstra que a fé não consiste em um discurso, mas em convicção autêntica,
seguida da prática de obras de amor, pois é justamente isso que Jesus fez e
ainda faz (At 10.38; Hb 13.8), Exemplificando esse ensino
da fé
compromissada com a ação, Tiago utiliza dois ricos exemplos do Antigo
Testamento. [Comentário: Tg 2.19 nos
fala de um tipo de fé que é morta, que atinge apenas o intelecto, e afirma que
essa é a fé dos demônios, fé que atinge o apenas o intelecto e, quando muito,
as emoções. Na leitura de Tiago também entendemos que os demônios possuem fé num
estágio mais avançado que muitos crentes! A fé dos demônios é intelectual e
emocional! Logo, crer é tremer não é o mesmo que ser salvo. Ninguém é salvo
pelo conhecimento que venha a adquirir nem pelas emoções que venha a demonstrar,
mas segundo Tiago, pela vida que vive (Tg 2.18). O Comentário Bíblico Beacon (Editora
CPAD), citado anteriormente, comenta este texto assim: “No que os demônios
creem? Warren Wiersbe responde a essa pergunta, dizendo: em primeiro lugar, os
demônios creem que Deus é um só. Os demônios creem na existência de Deus. Eles
não são nem ateístas nem agnósticos. Eles creem na “shemma” judaica: “Ouve ó
Israel, o Senhor nosso Como saber se minha fé é verdadeira ou falsa Deus é o
único Senhor”. Mas essa crença dos demônios não pode salvá-los. Algumas versões
colocam a primeira parte do versículo 19 em forma de pergunta (como ocorre na
ARC): Tu crês que há um só Deus?. Tiago responde: Fazes bem (v. 19). Até aqui,
tudo bem — mas isso não é suficiente: também os demônios (daimonia) crêem e
estremecem. Apenas fé — no sentido de reconhecer Deus sem responder a Ele em
ação obediente — é uma religião que mesmo os demônios professam (cf. Mt 8.29;
Mc 1.24). Mas essa fé não é uma fé salvadora; eles apenas estremecem (“tremem”,
NVI). “A fé que eles têm é mostrada pelo seu terror, uma emoção de interesse
próprio, mas isso não os salva”.3 João Wesley comenta acerca daqueles que têm
uma fé tão limitada: “Isso prova somente que vocês têm a mesma fé dos demônios
[...] eles [...] tremem com a expectativa terrível do tormento eterno. Essa fé
certamente não pode justificá-los nem salvá-los”. Tg 2.20 A expressão: queres
tu saber? (v. 20, lit., você gostaria de saber?), introduz esse novo rumo na
argumentação. A pergunta parece inferir uma relutância que beira a perversidade
no homem questionado. O sentido correto seria: “Você realmente quer uma prova
irrefutável?”. O homem vão significa “insensato” (NVI) ou “de cabeça vazia”.
Trench diz que esse tipo de homem “é alguém em quem a sabedoria superior não
encontrou espaço, mas que está inchado com uma vaidade vã do seu próprio
discernimento”.5 Tiago repete aqui sua premissa básica de que a fé sem as obras
é morta (“inútil”, NVI; lit., sem obras, inativa). Essa fé sem vida não produz
nada de importante. A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon. Tiago.
Editora CPAD. Vol. 10. pag. 171.]
2- Abraão. O patriarca Abraão, conhecido como “pai da fé”, obedeceu a Deus quando o
Senhor lhe pediu seu amado filho, Isaque. O patriarca de Israel já havia
demonstrado confiança em Deus quando decidiu, por à um ato de fé e obediência,
partir para uma terra desconhecida (Hb I 11.8,9). Agora, Abraão estava diante
de uma prova de fé ainda mais dura: imolar o seu filho amado e oferecê-lo em
sacrifício a Deus. Uma fé levada até as últimas consequências! A obra de Abraão
demonstrou a sua confiança em Deus independente das circunstâncias. E nós, como
estamos diante de Deus? Cremos quando vai tudo bem, e está tudo certo ou cremos
apesar das circunstâncias? [Comentário:
P fato de Abraão ser considerado o pai da fé não significa dizer que ele
foi o primeiro homem a ter a fé em Deus, entretanto, a Palavra de Deus dá um
destaque ao patriarca, pois Abraão creu em Deus e foi considerado um homem
justo. A justificação de alguém não é demonstrada através de uma mera profissão
de fé ou uma fé solitária. Uma pessoa mostra que é justa pelas coisas que faz.
Nenhuma das nossas obras merece uma justificação absoluta diante de Deus.
Somente os méritos de Cristo garantem essa justificação. Só confiando
exclusivamente em Cristo podemos ser feitos justos diante de Deus. Aqui, Tiago
repreende todas as formas de antinomismo que procuram ter Jesus como Salvador,
sem aceitá-lo como Senhor. No mesmo sentido em que Paulo demonstrou que
confiança em nossas próprias obras é fatal, Tiago ensina que confiança numa fé
vazia ou morta é igualmente mortífera. O Rev. Hernandes Dias Lopes, em obra já
citada, afirma: “A fé salvadora conduz à
ação. Tiago cita dois exemplos de fé que produziram ação; primeiro, o exemplo
de Abraão. Gênesis 15.6 diz que Abraão creu e isso lhe foi imputado para
justiça. Gênesis 22.1-19 mostra a obediência de Abraão ao oferecer o seu filho
para Deus, crendo que Deus poderia ressuscitá-lo (Hb 11.19). Abraão não foi
salvo por obedecer a esse difícil mandamento. Sua obediência provou que ele já
era salvo. Abraão não foi salvo pela fé mais as obras, mas pela fé que produz
obras. Como, então, Abraão foi justificado pelas obras, uma vez que já tinha
sido justificado pela fé (Gn 15.6; Rm 4.2,3)? Pela fé, ele foi justificado
diante de Deus, e sua justiça foi declarada. Pelas obras, ele foi justificado
diante dos homens, e sua justiça foi demonstrada. A fé do patriarca Abraão foi
demonstrada por suas obras”. LOPES. Hernandes Dias. TIAGO
Transformando provas em triunfo. Editora Hagnos. pag. 53-54.]
3. Raabe. Outro exemplo apresentado por Tiago é o de é Raabe, uma mulher gentia e
prostituta que vivia em Jericó durante a conquista da terra de Canaã pelos
judeus. Quando Josué enviou os espias para olharem a terra, Raabe os escondeu
e, mais tarde, os ajudou a escapar dos guardas de Jericó. A atitude de Raabe
levou os espias a prometerem que nenhum mal aconteceria a ela quando os
israelitas tomassem a cidade (Js 2.1-24). Raabe teve fé no Deus de Israel! Na
certeza de que Deus daria aquela cidade ao seu povo, ela agiu para proteger os
espias enviados por Josué. Por isso, Raabe, a prostituta de Jericó, foi
justificada e constituída na linhagem do nosso Salvador, Jesus Cristo (Mt 1.5).
É uma grande mulher que consta como a heroína da fé (Hb 11.31). [Comentário: Tiago 2.25
corrobora com Hb 11.17-19, 31. Tiago enfatiza que o princípio que ele tem defendido
é universal e que não há espaço para exceções. Raabe era “gentia, mulher e
prostituta”. O autor de Hebreus ressalta que a ação de Raabe foi “por fé”.
Tiago, não negando isso, afirma que ela foi justificada pelas obras, no sentido
de que suas ações eram uma prova da sua fé. Ela creu e agiu. Ela ouviu a
Palavra de Deus e reconheceu que estava em uma cidade condenada. Ela não
somente entendeu â mensagem, mas seu coração foi tocado (Js 2.11), e assim fez
alguma coisa: protegeu os espias (Hb 11.31). Ela arriscou sua própria vida para
proteger os espias. Mais tarde ela fez parte do povo de Deus (Mt 1.5) e
tornou-se membro da genealogia de Cristo. Isso é graça que opera a fé
salvadora. O julgamento final sobre a vida de uma pessoa leva em consideração a
justiça que esta pessoa mostra por meio de suas obras. Depois de falar da
grande fé de Abraão, o patriarca de Israel, Tiago cita o exemplo de Raabe, estes
dois personagens foram justificadas com base nas obras que resultaram da sua
fé. O contaste não é entre a fé e as obras, mas entre a fé genuína e a falsa.]
SINOPSE DO TÓPICO (2)
O propósito geral da epístola de Tiago era orientar, consolar e
fortalecer a Igreja de CRISTO que estava sendo perseguida.
III - A METÁFORA DO CORPO SEM O ESPÍRITO PARA EXEMPLIFICAR A FÉ
SEM OBRAS (Tg 2.26)
1- Uma analogia do corpo sem
espírito. Para os que conhecem a Palavra
de Deus, é inconcebível a ideia de um corpo vivo sem o espírito e a alma (At
20.9,10; 1 Ts 5.23). O teólogo britânico, John Stott, escreveu: “O nosso
próximo é uma pessoa, um ser humano, criado por Deus. E Deus não o criou como
uma alma sem corpo (para que pudéssemos amar somente sua alma), nem como um
corpo sem alma (para que pudéssemos preocupar-nos exclusivamente com seu bem-estar
físico), nem tampouco um corpo-alma em isolamento (para que pudéssemos
preocupar-nos com ele somente como um indivíduo, sem nos preocupar com a
sociedade em que ele vive). Não! Deus fez o homem um ser espiritual, físico e
social. Como ser humano, o nosso próximo pode ser definido como „um corpo-alma
em sociedade'" (Cristianismo Equilibrado, CPAD). Sem o espírito, o fôlego
de vida, o ser humano não é nada. Só podemos ser considerados humanos quando as
esferas espiritual, física e social estão inseparáveis. Qual a relação desse
assunto com a fé? [Comentário: O texto
de Tg 2.26 pode ser lido de diferentes formas; alguns o leem assim: Assim como
o corpo sem respiração está morto, assim é a fé sem obras. E então eles mostram
que as obras acompanham a fé, assim como a respiração acompanha a vida. Outros leem
assim: Assim como o corpo sem a alma está morto, assim a fé sem obras está
morta também. E então eles mostram que assim como o corpo não tem ação, nem
beleza, mas se torna uma carcaça repugnante, depois que a alma se foi, assim
uma mera profissão sem obras é inútil, aliás, repugnante e ofensiva. HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo
Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 837.]
2. Da mesma maneira: fé sem obras é
morta. “Assim como o corpo sem o
espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta” (v.26). Tiago nos
ensina que não faz sentido expressarmos uma fé verbalmente se ela não tem ação
concreta. Como as pessoas constatarão que eu creio de todo coração em Deus? À
medida que os meus atos em relação a elas revelarem o amor do Criador. Se não
houver obras de misericórdia, amor, honestidade e carinho ao próximo, a nossa
fé estará morta, sepultada. Podemos citar de cor e salteado o Credo Apostólico,
o credo da nossa denominação e milhares de versículos da Bíblia. Mas se não
ouver ação, tudo não passará de argumentos sem vida. Deus nos livre dessa
ignomínia! [Comentário: A fé e
as boas obras são muito importantes uma para a outra, assim como o corpo é
importante para o espírito. As boas obras não são acrescentadas à fé; na
verdade, o tipo certo de fé é a fé que realiza “obras”, que resulta em boas
obras. Se não fosse assim, o cristianismo não seria nada mais do que um
conceito. Ninguém é levado a agir se não tiver fé; a fé de uma pessoa não será
real a menos que a leve à ação. A ação é a obediência a Deus. Isto nos leva de
volta às palavras de Tiago na primeira parte deste capítulo, a respeito do
cuidado pelos outros. O crente deve fazer o que Deus o chama para fazer -
servir a seus irmãos e irmãs em Cristo, recusar-se a discriminá-los, e
ajudá-los com boas obras. Entender como a fé e as obras trabalham juntas ainda
não quer dizer que a nossa vida será diferente. Tiago está a ponto de continuar
com uma série de situações de vida que todos nós iremos encontrar. É nestes
eventos cotidianos que nós demonstramos se a nossa fé está viva ou morta. De
tempos em tempos, precisamos checar a nossa pulsação espiritual, verificando se
a nossa vida está de acordo com a Palavra de Deus. Mas nós também precisamos
ter pessoas ao nosso redor, o corpo de Cristo, a quem possamos perguntar: “Como
você me vê colocando em ação a minha fé em Cristo?” Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 677. Tiago
conclui esta passagem, reafirmando seu tema central: a sem obras é morta. Do
mesmo modo que o corpo sem seu espírito vivificante, ou “fôlego de vida” (Gn
2.7), não passa de um cadáver, assim também a fé, sem as obras que lhe dão
vitalidade, é morta. Novamente percebemos que Tiago está preocupado não com que
as obras sejam “acrescentadas” à fé, mas, sim, com que se possua o tipo certo
de fé, uma fé operante. Sem este tipo de fé, o cristianismo torna-se uma
ortodoxia estéril e perde todo o direito de ser chamado de fé. Um tanto quanto
ironicamente, ninguém mais do que Lutero captou com tanta força a mensagem
básica de Tiago 2.14-26 (em seu prefácio a Romanos): “Oh! esta fé é uma coisa
poderosa, sempre ativa e viva. Para ela, é impossível não praticar coisas boas
sem cessar. Ela não pergunta se as boas obras devem ser praticadas, mas, antes
que a pergunta seja feita, ela já as praticou e está constantemente a
realizá-las. Portanto, qualquer pessoa que não pratica tais obras é uma
descrente. Ela tateia e olha ao redor em busca de fé e boas obras, mas não sabe
o que é a fé nem o que são as boas obras. Mas, mesmo assim, ela vive falando,
usando muitas palavras, acerca de fé e boas obras”. Douglas J. Moo. Tiago.
Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 116-117.]
SINOPSE DO TÓPICO (3)
Num tempo de superficialidade espiritual e de confusão entre “salvação
pela fé” e '‘salvação pelas obras”, a epístola de Tiago é uma mensagem atual
sobre a fé posta em prática.
CONCLUSÃO
Sabemos que o ser humano está vivo
porque ele tem atividade cerebral intacta, os pulmões funcionam rotineiramente,
o coração bombeia o sangue, irrigando todo o corpo. Isto é, o corpo humano está
se movimentando naturalmente. Da mesma forma é a fé. Uma fé viva em Deus
através do seu Filho, Jesus Cristo, justifica o homem de todo o pecado (Rm 5.1;
Tg 2.18-25). Mas uma fé sem obras está morta! É como um corpo humano que não
tem vida. Não respira mais. Que possamos viver todas as implicações reais de
nossa crença em Deus. [Comentário: Algumas pessoas imaginam
que podem agradar a Deus se o acolherem no coração e na mente, mas pouco fizerem
por ele com suas ações; e que, por isso mesmo, podem cometer pecados sem fazer
violência à fé e sem temor; ou, em outras palavras, que podem ser adúlteros,
mas ao mesmo tempo, ser castos, que podem envenenar seus pais, e, contudo, ser
piedosos! A julgar por tal raciocínio, aqueles que pecam, mas são piedosos,
podem ser lançados no inferno, e, contudo, serem perdoados! Mas ideias como
essas são produzidas pela hipocrisia de amigos declarados do Maligno. Em Tiago
2.14-26 vemos o apóstolo chamando a atenção dos cristãos quanto a práticas das
boas obras como demonstração da fé que professavam ter em Cristo, ele nos
alerta que uma fé incapaz de produzir frutos, é morta e pior, é a fé dos
demônios.]
“NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e
isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Graça e Paz a todos que estão em Cristo!
Francisco Barbosa
Cor mio tibi offero, Domine, prompte et sincere!
Hoje, de férias em Campina Grande-PB
Agosto de 2014.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
RICHARDS, Lawrence O. Comentário
Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1 .ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
STAMPS, Donald C (Ed.). Bíblia de
Estudo Pentecostal: Antigo e Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
STRONSTAD,
Roger; ARRINGTON, French L. (Eds.) Comentário Bíblico Pentecostal Novo
Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004
EXERCÍCIOS
1. O que ocorre com a fé se não for acompanhada de ação?
R. Ela se
achará morta.
2. Como é a concepção de fé apresentada na Epístola de Tiago?
R. A
concepção de fé apresentada na Epístola de Tiago é a confiança em Deus: “Tu
crês que há um só Deus?” (v. 19).
3. Segundo a lição, como se manifesta a verdadeira fé?
R. A
verdadeira fé, porém, manifesta-se na prática coerente do servo de Deus com
tudo aquilo em que ele diz crer.
4. Quais os dois ricos exemplos de fé do Antigo Testamento utilizados
por Tiago?
R. A
disposição de Abraão em entregar o seu filho a Deus e de Raabe em esconder e
proteger os espias.
5. Segundo a lição, como as pessoas poderão constatar que cremos em
Deus de todo coração?
R. À
medida que os meus atos em relação a elas revelarem o amor do Criador.
NOTAS BIBLIOGRÁFICAS
-. Lições Bíblicas do 3º Trimestre de 2014 - CPAD - Jovens e Adultos;
-. Bíblia de Estudo Pentecostal – BEP (Digital);
-. Bíblia de Estudo de Genebra. São Paulo e Barueri, Cultura Cristã e
Sociedade Bíblica do Brasil, 1999;
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