TEXTO ÁUREO
"Cada um contribua segundo propôs no seu coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria" (2Co 9.7). Nossas ofertas podem e devem ser feitas com alegria (Gr. Hilarios: disposto, de boa natureza, alegremente pronto. A palavra descreve um espírito de alegria no ato de dar que afasta todo comedimento). “Por necessidade”: sob coação, contra a vontade de alguém. Nossa atitude é mais importante do que a quantia que doamos. Não temos que nos envergonhar se pudermos dar apenas uma pequena contribuição. Deus está interessado na maneira como ofertamos, a partir dos recursos que temos. Paulo dá o exemplo dos macedônios os quais foram tão generosos que excederam este padrão, para incentivar os coríntios (rivais naturais) a realizarem o mesmo. A atitude generosa reconhece que é Deus que faz com que toda graça abunde em nossa direção e dá capacidade em todas as coisas, até mesmo a generosidade para podermos fazer boas obras. Somos abençoados, a fim de sermos uma bênção para os outros. |
VERDADE PRÁTICA
A generosidade é um princípio que deve preencher o coração alcançado pela graça de Deus. |
2º Coríntios 8.1-5; 9.6,7,10,11 |
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
- Conscientizar-se de que o princípio da generosidade está fundamentado na idéia de doar e não de ter.
- Compreender que atender ao pobre em suas necessidades é um preceito bíblico.
- Saber que a graça de contribuir está fundamentada no princípio de que mais "bem-aventurada coisa é dar do que receber".
PALAVRA-CHAVE
Generosidade:- "Virtude daquele que se dispõe a sacrificar os próprios interesses em benefício de outrem". Generosidade é a qualidade daquele que é generoso; ação generosa; liberalidade; magnanimidade.É a virtude em que a pessoa tem quando acrescenta algo ao próximo. Se aplica também quando a pessoa que dá algo a alguém tem o suficiente para dividir ou não. Não se limita apenas em bens materiais. Generosos são tanto as pessoas que se sentem bem em dividir um tesouro com mais pessoas porque isso as fará bem, tanto quanto aquela pessoa que dividirá um tempo agradável para outros sem a necessidade de receber algo em troca. Segundo René Descartes, em ‘Tratado das Paixões’ e ‘Princípios de Filosofia’, a generosidade é apresentada como uma despertadora do real valor do Eu e ao mesmo tempo como mediadora para que a vontade se disponha a aceitar o concurso do entendimento, acabando assim a causa do erro. Neste caso, passa a ser um conceito de mediação entre a Vontade e o Entendimento. |
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
“A Igreja precisa pedir perdão por séculos e séculos de esquecimento em relação ao cuidado com os pobres” – Ronald Sider, PhD, fundador do Evangelicals for Social Action. Vivemos em uma sociedade marcada pelo individualismo e o egoísmo, onde parece não existir mais lugar para a generosidade. Quando nos deparamos com textos como Tiago 1.22, nos vem à memória as muitas obras realizadas por seitas e filosofias humanas em detrimento da obra social evangélica. "A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e guardar-se da corrupção do mundo" (Tg 1.27). Estamos vivenciando uma corrida por construções de mega-templos, estamos muito envolvidos com o sustento de tele-pastores e seus megalomaníacos projetos; não sou contra às construções de templos maiores e mais confortáveis nem do sustento dos tele-pastores, mas o problema não é este. Meu questionamento está em saber se as igrejas estão levando as pessoas a viverem como Cristo, a se tornarem obedientes a Ele, preocupadas com o próximo e ativas no serviço social. Não há problemas em ofertar para este ou aquele programa de radio ou televisão, o problema reside em fazê-lo em detrimento do socorro ao necessitado que, muitas vezes, senta no banco da igreja, ao nosso lado, e não sentimos suas necessidades. Espiritualidade e responsabilidade social são eixos paralelos no grande mandamento da Lei: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.”(Mt 22.37) Estes eixos paralelos confluem-se na vida e natureza da Igreja. De um modo geral, tem havido muita contradição entre a mesa do pobre e os megaprojetos evangélicos – e a falta de pão na primeira pode ser uma indicação da falta de espiritualidade da Igreja, isso quando a causa do pobre não se constitui em bandeira institucional e publicitária a serviço da imagem publica da instituição. Dessa forma, espiritualidade e responsabilidade social são manifestações intrínsecas em nossa realidade. Esta lição vem resgatar, em boa hora, a obrigatoriedade de amarmos e auxiliarmos os pobres e necessitados, começando com os domésticos da fé. Esta lição ensina-nos que o ato de estendermos as mãos aos menos favorecidos é uma forma de expressarmos o amor de Deus através de nossa vida. "Você não pode dar mais do que Deus! Não importa o que dê a Ele, Ele sempre lhe dará mais."Warren W. Wiersbe.
DESENVOLVIMENTO:
I. EXEMPLOS DE AÇÕES GENEROSAS (8.1-6,9; 9.1,2)
1. O exemplo dos macedônios (8.1-6). O texto referente a este subtópico mostra Paulo voltando-se para um projeto iniciado nas igrejas que ele tinha fundado, a fim de socorrer os irmãos de Jerusalém. É interessante notar que havia uma rivalidade ‘natural’ entre as regiões da Macedônia (norte da atual Grécia) e a Acaia (região do Poloponeso, onde se localiza Corinto). Paulo menciona os macedônios varias vezes nestes dois capítulos, talvez, no intuito de estimular os coríntios a cooperarem com esse projeto. Pode parecer uma apelação de Paulo ‘provocar’ os coríntios com a citação dos Macedônios, que apesar de suas dificuldades e pobreza, foram capazes, por causa do amor a Deus, de ofertar o pouco que tinham para socorrer os pobres de Jerusalém, mas ele cita outros motivos para contribuir.
2. O exemplo de Jesus Cristo (8.9). Paulo usa o exemplo de Cristo para um apelo ao altruísmo. Não há outro maior exemplo de generosidade além do que nos mostrou Jesus, não em referencia à riqueza material, mas referente à sua glória celeste como Senhor do céu e da terra, humilhou-se a si mesmo fazendo-se pobre através de total esvaziamento, encarnação e crucificação. Paulo frisa aos coríntios que devemos estar dispostos a olhar além de nossos interesses em favor do próximo.
3. O exemplo da igreja coríntia (9.1,2). O apóstolo é amável mas exorta os coríntios a cumprirem o compromisso que haviam feito. Corinto era próspera e os membros da igreja experimentavam uma abundância de bênçãos espirituais. O princípio da generosidade está fundamentado na idéia de doar e não de ter (2 Co 8.12). SINOPSE DO TÓPICO (1)
II. EXORTAÇÃO AO ESPÍRITO GENEROSO PARA CONTRIBUIR (8.7-15)
1. A igreja de Corinto foi encorajada a repartir generosamente com os necessitados (8.11). Os crentes coríntios tinham uma boa situação financeira e aparentemente estavam prontos para ofertar e foram desafiados pelo apóstolo a dar prosseguimento nesse plano iniciado um ano antes e interrompido pelos problemas levantados pela oposição dos pseudoapóstolos. Doar é uma resposta natural do amor. Não há uma firmeza de Paulo ordenando ou coagindo à doação, no entanto, apela a que sobejem, também, na graça da generosidade para que provassem que seu amor era real. Quando amamos alguém, queremos compartilhar, dar atenção, suprir necessidades.
2. A responsabilidade social da Igreja. A verdadeira fé salvífica não pode prescindir de ação social – a fé sem obras nada aproveita. A igreja está crescendo em número e em importância no contexto nacional, porém a maioria dos que professam a fé em Cristo não demonstram pelas obras nenhuma evidencia de devoção sincera a Ele e à sua Palavra. A fé salvífica na se limita à uma confissão, ela transcende; espiritualidade e responsabilidade social são manifestações intrínsecas em nossa realidade. Como parte do povo de Deus, é nossa responsabilidade nos ajudarmos mutuamente em tudo o que for possível.
3. A generosidade cristã requer reciprocidade mútua dos recursos. É desanimador continuar praticando o bem e não receber nenhuma palavra de agradecimento ou não receber nenhum resultado tangível. Somos desafiados a praticar o bem e confiar em Deus quanto os resultados, que a seu tempo, recompensará. Assim como o Senhor jamais se esqueceu dos pobres, a Igreja não deve desprezá-los (Lc 4.18,19), pois na essência da mensagem do Evangelho está também o atendimento às pessoas necessitadas. SINOPSE DO TÓPICO (2)
III. OS PRINCÍPIOS DA GENEROSIDADE (9.6-15)
1. O valor da liberalidade na contribuição. Os crentes podem hesitar em doar generosamente a Deus devido à preocupação de terem o suficiente para atender às suas próprias necessidades. É uma verdade bíblica que quem doa pouco, ceifa pouco além de caracterizar a falta de fé. Nossa atitude é mais importante do que a quantia que doamos. Somos abençoados com recursos que devemos usar e investir em sua obra. Na igreja, o cristão obedece ao princípio da fé e do reconhecimento do Senhorio de Cristo. Assim, do ponto de vista bíblico, a contribuição não se restringe aos 10% (o valor mínimo que o crente deve trazer à casa do tesouro); o princípio que a rege é o da liberalidade. Portanto, não há limite para a contribuição (2 Co 9.10). A pessoa oferta o que propuser em seu coração; o que vale é o seu princípio (o dar com liberalidade), não a regra. Se desejarmos ver nosso dinheiro e nossos bens santificados e abençoados, a primeira coisa a fazer é reconhecer em Deus o verdadeiro dono de todas as coisas. Nada é nosso! “Do Senhor é a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam” (Sl 24:1). Somos apenas os mordomos. Deus nos entregou os seus recursos para que cuidemos deles. E, nossa incumbência é administrá-los com sabedoria e dedicação, pois, um dia, vamos lhe prestar contas de nossa administração.
2. A igreja deve socorrer os necessitados obedecendo a três princípios que norteiam o serviço social. O desejo de Deus é que usemos o que entregou, para o avanço de seu reino e ajuda aos necessitados. Esse princípio é libertador! Quando o entendemos, nossa atitude diante do dinheiro muda radicalmente e encontramos uma motivação mais legítima para adquiri-lo. Sendo mordomos, devemos ser generosos em ajudar os que precisam. Sendo mordomos, devemos ser fiéis a Deus. Não devemos nos esquecer de devolver a parte que lhe cabe. Entreguemos os dízimos e as ofertas como expressão de gratidão. Ele promete retribuir nossa liberalidade “abrindo as comportas do céu e derramando benções sem medidas” (Ml 3:10).
3. A graça de contribuir. Os crentes macedônios viviam em meio a muitas provas de tribulações, pois naqueles tempos, a Macedônia havia sido saqueada pelos romanos, que tomaram suas riquezas, o ouro e a prata de suas minas e impuseram pesados impostos sobre tudo que aquele país produzia nas suas indústrias e minas de cobre, ferro e fundições. Exploraram o sal e a madeira dos macedônios. E a tudo isso, os romanos acrescentaram perseguições empobrecedoras contra os cristãos. Por isso o sofrimento daquelas igrejas era considerado como provas para se avaliar a pureza e genuinidade das coisas, como metais preciosos. Deus permite estas provações na nossa vida para que seja manifesto se somos verdadeiros ou se abandonaremos a Cristo (Dt 8.2-3). A igreja deve socorrer os necessitados obedecendo a três princípios que norteiam o serviço social: mutualidade, responsabilidade e proporcionalidade. SINOPSE DO TÓPICO (3)
CONCLUSÃO
... e a profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua generosidade.(2Co 8.2).
Na situação em que os crentes macedônios viviam, eles tinham tudo para dizer a Paulo: “Nós o amamos muito, Paulo, e gostaríamos de contribuir para o seu ministério e na assistência aos necessitados, mas como o senhor mesmo está vendo, na situação de sofrimento e pobreza em que estamos, nada podemos dar”. Aliás, o próprio Paulo não queria levantar oferta nas igrejas da Macedônia, porque ele mesmo reconhecia que eles estavam na pobreza e nas perseguições. Mas para sua surpresa, os próprios crentes macedônios é que pediram e insistiram para que o apóstolo os permitisse participar da contribuição. Eles queriam a todo custo participar desta graça de ajudar (v 4). Eles deram na medida do que podiam e até mais (v 3). Eles não eram egoístas. Ofertaram sacrificialmente para o ministério de Paulo e para assistência às igrejas de Jerusalém. Os crentes macedônios sentiram grande júbilo, porque a alegria sem dinheiro depende de sermos generosos e liberais com aquilo que possuímos. A generosidade pode ser medida pelo percentual que demos sobre o que possuímos e do sacrifício envolvido no ato de doar, e também pelo espírito voluntário com que as dádivas são feitas. Eles contribuíram com grande liberalidade, movidos por grande júbilo pelo privilégio de dar, e mesmo em meio à grande pobreza contribuíram com abundância, e chegaram a ponto do sacrifício em suas ofertas espontâneas, porque sabiam que Deus ama a quem dá com alegria (2 Co 9.7).
-A generosidade não depende da situação
-Quem é generoso, o é na pobreza ou na riqueza.
-Quem é avarento, também o é na pobreza ou na riqueza.
-Os macedônios mostraram que eram ricos para com Deus.
-Da pobreza os macedônios produziram riquezas da generosidade.
Filantropia sem generosidade não tem valor. A boa filantropia é aquela que baseia suas obras no princípio do amor, que supera todas as deficiências e nos torna úteis ao Reino de Deus. Gratidão e disposição para servir uns aos outros anulam a avareza e abrem as despensas de Deus com bênçãos espirituais e materiais (Ml 3.10). "Dar ajuda aos pobres, era, e é, virtude tão grande no judaísmo assim como o é na grande exortação de Paulo aos coríntios (e a nós!) para que todos sejam generosos com os necessitados". Lawrence Richards REFLEXÃO – Revista do Mestre.
Ouvimos muito pregar-se acerca de avivamento espiritual, mas confunde-se avivamento com manifestações sobrenaturais. Uma Igreja Viva precisa abranger o homem como um todo, se não queremos um organismo aleijado ou disforme. Não se pode falar de um avivamento que priorize apenas um aspecto da totalidade do ser humano como, por exemplo, o destino de sua alma, em detrimento de seu bem-estar físico e social. O homem vive na dimensão do aqui e agora. Tem fome, frio, doença, sofre injustiças; enfim, tem mil motivos para não ser feliz. Nossa missão, pois, é socorrer o homem no seu todo, para que não somente usufrua paz de espírito, mas também conserve no corpo e na mente motivos de alegria e esperança. Eu vejo que os crentes, na média, estão muito materialistas, talvez em virtude de uma teologia equivocada, centrada no ‘ter’ em detrimento do ‘ser’ em meio às pressões pelo sucesso e pela prosperidade, próprios dessa sociedade capitalista. Mas tem havido um crescimento da ação evangélica nessa área, embora tímida e necessitada de um incremento nas ações de combate à pobreza, no combate ao racismo, na afirmação da dignidade de setores marginalizados, e aí sim, constituiremos uma sociedade sadia.
Alegria, generosidade, voluntariedade e boa-vontade são motivações indispensáveis a quem quer contribuir. Só se alegra em contribuir quem entende tal possibilidade como graça, ou seja, favor imerecido. Somente os que têm acesso ao extraordinário-imerecido é que o vêem como objeto de alegria indizível. contribuir é uma expressão da Graça de Deus. Dito de outra maneira: não temos o poder ou a capacidade de contribuir a não ser que o Senhor nos alcance com o seu favor e nos capacite a fazer isso através do seu poder. O que estou dizendo é que contribuir segundo o coração de Deus não é algo que se faça por conta própria e pelas próprias forças; é algo que faz quando somos alcançados pela Graça. Como reconhecer a Graça de Deus na contribuição Veja só: qualquer pessoa pode vir até aqui à frente e entregar dinheiro. Mas contribuir para o Reino de Deus, apenas aqueles que foram alcançados pela Graça podem fazerA pergunta mais lógica a fazer agora é como podemos reconhecer a Graça de Deus na contribuição. Penso que o exemplo das igrejas da Macedônia nos dão pelo menos três maneiras de conectar contribuição e Graça: 1). Alegria em meio à tribulação; 2). Riqueza em meio a pobreza, e 3). Superação em meio aos limites.
N’Ele, que graciosamente me chama à santidade,
Francisco A Barbosa
BIBLIOGRAFIA PESQUISADA
- HENRY, Matthew. Comentário Bíblico do Novo Testamento. 1. ed. Rio de Janeiro, CPAD, 2008;
- Bíblia de Estudo Pentecostal, Rio de Janeiro, CPAD;
- Bíblia de Estudo Plenitude-SBB, nota e palavra-chave v.2Co 9.7, pág 1207;
- Bíblia de Aplicação Pessoal, Rio de Janeiro, CPAD;
- Imagem: http://nao2nao1.com.br/img/amor_generosidade.jpg
EXERCÍCIOS
RESPONDA
1. De acordo com a lição, o princípio da generosidade está baseado em qual ideia?
R. .O princípio da generosidade está fundamentado na ideia de doar e não de ter (2 Co 8.12).
2. Defina generosidade.
R. "Virtude daquele que se dispõe a sacrificar os próprios interesses em benefício de outrem"..
3. Atender o pobre em suas necessidades é um preceito bíblico. Cite três referências bíblicas que comprovem essa verdade.
R. Lv 23.22; Dt 15.11; Sl 82.3.
4. De acordo com a lição, qual princípio deve reger a oferta?
R. O da liberalidade.
5. Cite os três princípios que devem nortear o serviço social da igreja.
R. Mutualidade, responsabilidade e proporcionalidade
BOA AULA!