Lição 9: A Nova Vida em Cristo
Data: 29 de Maio de 2016
TEXTO ÁUREO
“Rogo-vos,
pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis o vosso corpo em
sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Rm
12.1). [Comentário: Uma vez que
entendemos o que Deus tem feito por nós, faz sentido nos dedicar a ele em
obediência e serviço. O uso da palavra “pois”
mostra que este serviço razoável se baseia nas coisas ditas nos capítulos
anteriores. Paulo acabou de falar sobre a profundidade da riqueza de Deus, que
nos criou e nos deu a salvação de graça (Rm 11.33-36). Por isso, devemos nos dedicar
ao Senhor.]
VERDADE
PRÁTICA
A nova
vida em Cristo consiste em viver fervorosamente a vitória da cruz.
LEITURA
DIÁRIA
Segunda — Jo 3.16 - O Reino de Deus é para todos aqueles que creem, não somente para o
judeu
Terça — Jo 3.3 - Para fazer parte do Reino é necessário nascer de novo
Quarta — 2Co 5.17 - Se alguém está em Cristo é uma nova criatura e tudo se fez novo
Quinta — Jo 3.5,6 - A regeneração pela água e pelo Espírito nos torna novas criaturas
Sexta — Cl 2.6,7 - Receber a Jesus como salvador é o início da vida cristã
Sábado — Cl 2.11 - Como novas criaturas fomos circuncidados em Jesus Cristo
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE
Romanos
12.1-12.
1 — Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus,
que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que
é o vosso culto racional.
2 — E não vos conformeis com este mundo, mas
transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis
qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.
3 — Porque, pela graça que me é dada, digo a cada
um dentre vós que não saiba mais do que convém saber, mas que saiba com
temperança, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um.
4 — Porque assim como em um corpo temos muitos
membros, e nem todos os membros têm a mesma operação,
5 — assim nós, que somos muitos, somos um só corpo
em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros.
6 — De modo que, tendo diferentes dons, segundo a
graça que nos é dada: se é profecia, seja ela segundo a medida da fé;
7 — se é ministério, seja em ministrar; se é
ensinar, haja dedicação ao ensino;
8 — ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que
reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita
misericórdia, com alegria.
9 — O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e
apegai-vos ao bem.
10 — Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor
fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros.
11 — Não sejais vagarosos no cuidado; sede
fervorosos no espírito, servindo ao Senhor;
12 — alegrai-vos na esperança, sede pacientes na
tribulação, perseverai na oração;
HINOS
SUGERIDOS
3, 115 e
600 da Harpa Cristã.
OBJETIVO
GERAL
Mostrar
que a nova vida em Cristo consiste em viver em santidade.
OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
Abaixo,
os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada
tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos
subtópicos.
- I. Apontar que precisamos viver a nova vida de maneira que agrade a Deus;
- II. Explicar a necessidade de se usar os dons com sabedoria e humildade;
- III. Compreender que como novas criaturas precisamos exercitar o amor, o serviço cristão e resistir a todo o mal.
INTERAGINDO
COM O PROFESSOR
Professor,
desejamos que o estudo da Epístola aos Romanos contribua para o seu crescimento
e de seus alunos. Esta é a mais importante Carta de Paulo. Segundo Lawrence
Richards, Romanos é “a pedra angular da teologia do Novo Testamento”.
Na lição
de hoje estudaremos o capítulo doze. A partir desse capítulo o apóstolo Paulo
passa a tratar de questões mais práticas. Como novas criaturas precisamos
evidenciar a nossa fé mediante as nossas ações. Paulo mostra que depois de
experimentar da graça divina não é mais possível viver segundo as normas ou a
maneira de pensar deste mundo pecaminoso (Rm 12.1,2). O apóstolo também mostra
que como novas criaturas, pertencemos a um corpo, o “Corpo de Cristo”. Cada
membro desse Corpo recebeu dons e talentos e estes precisam ser usados com
humildade, amor, sabedoria, contribuindo para o bem-estar de todos.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
A conexão
entre tudo o que Paulo escreveu anteriormente (capítulos 1 a 11) e o capítulo
12 de Romanos é feita por intermédio do uso da partícula grega oun, traduzida em português como portanto,
pois. Nesse contexto, o uso dessa partícula pode se referir a tudo aquilo que o
apóstolo havia escrito anteriormente ou pode também se referir àquilo que ele
escreveu na seção que compreende somente os capítulos 9 a 11. O fato é que esse
texto não está fora de lugar. Paulo havia tratado em detalhes sobre a justificação
pela fé e como Deus, em sua soberania, tratou com os gentios e judeus nesse
processo. Agora ele quer que os crentes tomem consciência de que tudo isso tem
implicações práticas na nova vida em Cristo. [Comentário: O capítulo 12 é iniciado com uma
exortação para que os crentes apresentem seus corpos a Deus como um “culto
racional” (v.1). Qual o significado desta expressão? Culto (grego latreia) é o
serviço de obediência a Deus em geral, ou atos específicos de louvor dirigidos
a Deus; Racional (grego logikos) lógica, raciocínio; a idéia
principal tem a ver com discurso e raciocínio. Uma vez que entendemos o que
Deus tem feito por nós, faz sentido nos dedicar a ele em obediência e serviço.
O uso da palavra “oun” (pois) no v. 1 mostra que este serviço razoável se baseia
nas doutrinas estabelecidas anteriores. Paulo acabou de falar sobre a
profundidade da riqueza de Deus, que nos criou e nos deu a salvação de graça
(Rm 11.33-36). Por isso, devemos nos dedicar ao Senhor. Romanos 12.1 frisa um
fato importante no estudo da palavra de Deus: O conhecimento da palavra de Deus
exige uma aplicação prática! Aprendeu, tem que viver! Depois de estabelecer a
base doutrinária, o capítulo 12 contém uma série de aplicações práticas. Na
linguagem de Tiago: “Tornai-vos, pois, praticantes da palavra, e não somente
ouvintes” (Tg 1.22), este é o nosso culto racional! A misericórdia de Deus em
salvar pecadores exige uma resposta de gratidão. O cristão deve se apresentar a
Deus como sacrifício vivo. Não deve se conformar com o mundo, pois se
transforma pela vontade de Deus.] Dito
isto, vamos pensar maduramente a fé cristã?
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PONTO
CENTRAL
A nova
vida em Cristo deve ser evidenciada mediante as nossas ações.
I. EM RELAÇÃO A MORDOMIA DA ADORAÇÃO CRISTÃ (Rm
12.1,2)
1. Uma
exortação em forma de apelo.
“Rogo-vos”, conforme aparece na versão Almeida Revista e Corrigida,
traduz o verbo grego parakaleo. Essa
palavra tem, no original, o sentido de admoestar, encorajar e exortar.
Os léxicos destacam que esse termo era usado no contexto militar quando um
oficial queria exortar as tropas. As palavras introdutórias de Paulo são,
portanto, um apelo exortativo. Os crentes deveriam levar em conta tudo o que
ele havia ensinado até então e procurarem se ajustar à nova vida em Cristo. As
doutrinas bíblicas, mesmo aquelas mais complexas, não devem promover apenas
especulações teológicas, mas fomentar no crente a piedade cristã. [Comentário: Rogar significa
pedir com instância alguma coisa a alguém, querendo encarecidamente recebê-la.
Rogar é mais que pedir. Rogar é uma súplica. Assim, Paulo está pedindo com
fervor de sentimento alguma coisa aos crentes de Roma. O que ele pede? E como
pede? O crente deve ter uma paixão sincera por agradar a Deus, no amor, na
devoção, no louvor, na santidade e no servir. Nosso maior desejo deve ser uma
vida de santidade, uma vida que glorifique a Deus. Para isso, precisamos
separar-nos do mundo e aproximar-nos cada vez mais de Deus (v. 2). Devemos
viver para Deus, adorá-lo, obedecer-lhe; opor-nos ao pecado e apegar-nos à
justiça; resistir e repudiar o mal, ser generosos com o próximo na prática de
boas obras, imitar a Cristo, segui-lo, servi-lo, andar na direção do Espírito
Santo e ser cheio dEle.]
2. Uma
palavra concernente ao corpo. O
apóstolo solicita aos crentes romanos [...] “que apresenteis os vossos corpos
em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Rm
12.1). Três coisas são ditas aqui sobre o corpo como instrumento de adoração.
Em primeiro lugar, o corpo deve ser oferecido em sacrifício. A palavra
grega usada aqui pelo apóstolo é thüsia,
que significa sacrifício ou oferta. O paralelo é feito com o
sistema de sacrifícios levítico do Antigo Testamento. Em segundo lugar, esse
sacrifício, ao contrário daquele da Antiga Aliança, deve ser apresentado vivo e
não morto. Em terceiro lugar, esse sacrifício deve ser santo. A ideia de
algo que foi separado exclusivamente para o serviço de Deus. Assim fazendo, o
crente terá a garantia que estará agradando a Deus na sua adoração. [Comentário: Sacrifício vivo - A nova ordem tem os
seus sacrifícios, que não consistem nas vidas de outrem, como os antigos
sacrifícios de animais (Hb 13.15; lPe2.5). Uma aparente contradição de termos;
contraste com sacrifício de animais mortos do Antigo Testamento; oferecer a
própria vida em adoração a Deus; Sacrifício
santo: o corpo oferecido em sacrifício santo é o templo do Espírito Santo
(1Co 6.19; Ef 2.21; 1Ts 4.4). O termo logikên
latreian - ocorre apenas em Rm 12.1, mas era popular entre os filósofos
gregos. Como um sacrifício vivo pode ser percebido, no sentido prático? O
versículo que se segue nos ajuda a compreender: Somos um sacrifício a Deus ao
não nos conformarmos com este mundo. Como podem os crentes não se conformarem
com o mundo? Por serem "transformados pela renovação do vosso
entendimento." (Rm 12.2). Veja 6.13,19; o verbo grego aqui é o mesmo que
ali é traduzido por "oferecer".
Agora Paulo expõe com mais pormenores aquilo que está envolvido em apresentar-se
os cristãos a Deus para serem usados no Seu serviço.]
3. Uma
palavra concernente à mente. Assim
como o nosso corpo deve ser ofertado em sacrifício vivo a Deus, da mesma forma
a nossa mente também precisa ser (Rm 12.2). Para que a adoração seja verdadeira
ela precisa ser realizada por pessoas com a mente transformada. Essa
transformação, como mostra o original metamorphousthe,
de onde vem o vocábulo metamorfose, significa ser transformado em nossa
mais profunda natureza interior. [Comentário: O vosso culto racional. - "O vosso
serviço racional" ou "razoável", isto é, o culto oferecido pela
mente e pelo coração, este é o culto que os crentes, como criaturas racionais,
devem oferecer. O serviço prestado por vidas obedientes é a única resposta
razoável ou lógica à graça de Deus. O não conformismo com o mundo só é possível
através da renovação da mente (v. 2). O verbo grego é metamorphoõ, traduzido
por "transfigurar-se" nas narrativas da transfiguração em Mateus 17.2;
Marcos 9.2. O único outro lugar onde aparece no Novo Testamento é 2 Coríntios 3.18,
referindo-se aos crentes "transformados" na imagem do Filho "de
glória em glória" (ou "de um grau de glória a outro") pela
operação do "Senhor, o Espírito". Paulo evoca a figura do serviço
religioso do templo e acrescenta uma qualificação - racional, ou seja,
espiritual, integral; o sacerdócio cristão não há a oferta de alguma coisa, em
certo tempo e espaço, mas a oferta de si mesmo à Deus o tempo todo e em todo
lugar (Ver Jo 4.21-24). Finalizando este tópico, é digno de nota que o nosso
sacrifício é vivo pela vida de Cristo, santo pela santidade de Cristo e
aceitável pela perfeição de Cristo.]
SÍNTESE DO TÓPICO (I)
Deus
deseja que vivamos cada dia da nova vida para Ele.
SUBSÍDIO
BIBLIOLÓGICO
“Até o capítulo 11, Paulo desenvolveu uma argumentação teológica acerca
de algumas doutrinas pertinentes à Soteriologia Bíblica. A partir do capítulo
12, ele disseca essas doutrinas sobre a salvação em uma realidade prática. É o
Cristianismo vivido e experimentado. É a vida cristã demonstrada através das
relações pessoais com Deus, com os irmãos na fé, com as pessoas de fora, com as
autoridades constituídas e com as responsabilidades para com a igreja. Não
basta conhecer a Teologia do Pecado, da Justificação, da Santificação,
teoricamente. É preciso ter experimentado isso tudo, para poder viver
vitoriosamente no Espírito. Nos capítulos anteriores, Paulo apresenta o pecado
e suas consequências, bem como, o plano de salvação. Já, a partir do capítulo
12, temos o plano da salvação na prática. O Evangelho não é apenas poder para
salvar o homem dos seus pecados, mas é também, poder para viver diariamente uma
vida vitoriosa e poderosa contra o pecado, contra o mundo e contra o Diabo. Uma
vez justificado pela fé, o crente é também capacitado para tornar-se na
prática, um vitorioso contra o pecado” (CABRAL, Elienai. Romanos: O
Evangelho da Justiça de Deus. 5ª Edição. RJ: CPAD, 2005, p.133).
II. EM RELAÇÃO À MORDOMIA DO EXERCÍCIO DOS DONS (Rm
12.3-8)
1.
Exercitá-los com moderação e humildade. A palavra dons (gr. charismata)
que aparece no versículo 6, é a mesma palavra usada por Paulo em 1 Coríntios
12.4 em referência aos dons espirituais. O mesmo amor de 1 Coríntios 13, que
regulamentou o uso dos dons, deve ser aqui praticado. Paulo já havia falado
muito sobre a graça (gr. charis) e é em
nome dessa graça, que a ele foi dada, que pede moderação e humildade na
mordomia dos dons espirituais. Ninguém que exercitasse os dons espirituais
deveria achar que era alguma coisa independente da graça. É exatamente isso o
que significa o vocábulo grego yperphroneo,
traduzido aqui como “pensar de si mesmo além do que convém”. [Comentário: Os dons
espirituais são uma dotação sobrenatural concedida pelo Espírito Santo ao
crente, para o serviço e execução dos propósitos de Deus na igreja e através
dela. Os dons espirituais, portanto, não são qualidades humanas aprimoradas e
abençoadas por Deus. São sete as principais passagens que tratam sobre os dons
espirituais: 1 Co 12.1-11,28-31; 13; 14; Rm 12.6-8; Ef 4.7-16; Hb 2.4; 1 Pe
4.10,11. Além destas, há muitos outros textos da Bíblia sobre o assunto. A
marca das obras das mãos de Deus é a diversidade, não a uniformidade. Assim é com
a natureza; é assim também com a graça, e em nenhum lugar mais do que na
comunidade cristã. Nesta há muitos homens e mulheres das mais diversas espécies
de origem, ambiente, temperamento e capacidade. E não só isso, mas, desde que
se tornaram cristãos, são também dotados por Deus de uma grande variedade de
dons espirituais. Entretanto, graças a essa diversidade e por meio dela, todos
podem cooperar para o bem do todo. Seja qual for a espécie de serviço que se
deva prestar na igreja, que seja feito de coração e com fidelidade pelos que
são qualificados por Deus, quer seja a profecia, o ensino, a exortação, a
administração, as contribuições materiais, a visitação aos enfermos, quer a
realização de qualquer outra classe de ministério. Para ilustrar suas palavras,
Paulo usa a figura do corpo humano, como já fizera em 1 Coríntios 12.12-27.
Cada parte do corpo tem sua função característica a desempenhar e contudo, num
corpo sadio, todas as partes funcionam harmoniosa e Ínterdependentemente para o
bem do corpo todo. Assim deve ser na igreja, que é o corpo de Cristo.]
2.
Exercitá-los respeitando sua diversidade. Paulo lembra aos romanos que a moderação e a humildade são
indispensáveis no exercício dos dons. Ele também os faz recordar que Deus não
quer exclusivismo no exercício dos dons (Rm 12.4). A individualidade deve ser
respeitada, porque o Espírito usa pessoas, mas o individualismo deve ser
rejeitado. Os dons são diversos, assim como diversos são os membros do corpo
(Rm 12.5). Não existe um corpo formado somente por um membro, da mesma forma o
Senhor não quer que os dons operem através de uma única pessoa (Rm 12.6). Todos
têm seu lugar no corpo de Cristo. [Comentário: Pela graça que me foi dada - isto é, a
"graça" ou o dom do apostolado (ver 1.5, 15.15). Conforme o versículo
6, cada membro da igreja recebeu uma "graça" especial neste sentido,
a qual deve ser exercida para o benefício de todos. Tal como 1Co 12, Paulo
lança mão da analogia do corpo, com suas várias partes, para ilustrar a
natureza da igreja. Ele salienta sua unidade (v. 5), sua diversidade (v.6) e a
necessidade de reconhecer os próprios dons e fazer apropriado dos mesmos (v.
6-8).]
3.
Exercitá-los com esmero e regularidade. Paulo escreve aqui no contexto de uma igreja local, e não tem a preocupação
de separar os dons espirituais dos dons ministeriais. Aqui, os crentes, quer
sejam leigos quer sejam clérigos, são convidados à prática dos dons espirituais
(Rm 12.6-8). Os dons, portanto, devem ser exercidos com dedicação e
regularidade. Eles são dádivas de Deus e precisam ser desempenhados no contexto
da igreja. [Comentário: Paulo reconhece a
grande variedade e a natureza prática desses dons, bem como, o entrelaçamento
dos dotes naturais com os dons espirituais (1 Co 14.26,32,33,40). Toda energia
e poder sem controle são desastrosos. Deus nos concede dons, mas não é
responsável pelo mau uso deles; por desobediência do portador à doutrina
bíblica ou por ignorância desta. Portanto, os que recebem os dons devem: a)
procurar saber o que a Palavra ensina sobre o exercício daquele dom em
particular; b) exercer o dom segundo a Escritura; c) evitar desordens e
confusões no uso dos dons.]
SÍNTESE DO TÓPICO (II)
Os
dons são resultado da graça divina e devem ser usados com amor e humildade,
beneficiando todo o Corpo de Cristo.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“Paulo usou o exemplo do corpo humano para ensinar como os cristãos
devem viver e trabalhar juntos. Assim como os membros do corpo funcionam sob o
comando do cérebro, também os cristãos devem trabalhar juntos sob o comando e a
autoridade de Jesus Cristo.
Deus nos dá muitas habilidades e dons para que possamos edificar a sua
igreja. Para usá-los eficientemente, devemos: (1) entender que todas as nossas
habilidades e todos os nossos dons vêm de Deus; (2) entender que nem todos são
dotados das mesmas habilidades e dos mesmos dons; (3) saber quem somos e o que
fazemos melhor; (4) dedicar nossas habilidades e nossos dons ao serviço de
Deus, não para alcançar sucesso pessoal; (5) estar dispostos a empregar as
habilidades e os dons que temos com todo o nosso coração, colocando tudo à
disposição da obra de Deus, sem reter coisa alguma.
Os dons de Deus diferem quanto à sua natureza, poder e eficiência, de
acordo com sua sabedoria e bondade, não conforme a nossa fé (12.6). Deus deseja
conceder-nos o poder espiritual necessário para desempenharmos cada uma de
nossas responsabilidades. Mas não podemos obter mais habilidades e dons
mediante nosso esforço e nossa determinação para nos tornarmos servos ou
mestres mais eficientes. Deus concede os dons à sua igreja, distribui a fé e o
seu poder conforme a sua vontade. Nossa tarefa é sermos fiéis e procurarmos
formas de servir aos outros com aquilo que Cristo nos dá” (Bíblia de Estudo
Aplicação Pessoal. RJ: CPAD, p.1572).
III. EM RELAÇÃO À MORDOMIA DA PRÁTICA DAS VIRTUDES
CRISTÃS (Rm 12.9-21)
1.
Exercitar o amor.
Socialmente a palavra amor está muito desgastada e quase sempre é associada
apenas a sentimentos. Todavia, não é esse o significado de ágape no Novo Testamento. O amor cristão é algo
que brota de dentro, do caráter de uma pessoa regenerada e passa a moldar o seu
comportamento (Rm 12.9,10). Dessa forma, o amor jamais pode ser algo fingido,
isto é, praticado com hipocrisia. Ele é algo autêntico. Vê o outro antes de si
mesmo. [Comentário: A palavra Agape é
uma das palavras traduzidas por “amor” da língua grega para o português. Na
língua portuguesa, usamos a palavra amor para descrever alguns sentimentos e
atitudes distintas. Por exemplo, usa-se “amor” tanto para o amor entre irmãos
como para o amor entre um casal, apesar de serem tipos de amor diferentes.
Agape significa aquele amor fraterno, tipo o amor de irmão, que cultiva
afeição, boa vontade, bondade. É o tipo de amor que mais exercitamos, ou que
deveríamos exercitar no dia-a-dia. Este é o amor mais sublime, mais alto, é a
palavra usada para expressar o amor de Deus (Jo 3.16). Este é o amor descrito
em 1Co 13. Quando fala sobre o amor de Cristo usa-se a palavra ágape, não
fileo. Agape descreve um amor desinteressado, de alguém que se dispõe a dar de
si mesmo sem esperar receber nada em troca. É o amor que leva alguém a oferecer
a sua própria vida para salvar a outros. Ágape é o amor afetivo isento de
conotações sexuais, isento de segundas intenções, isento de malícia e de
interesses pessoais. Amor ao próximo é o tipo de amor que Cristo nos ensinou.]
2. Exercitar
o serviço cristão. Paulo
aconselha os crentes em Roma a viverem a vida cristã com intensidade. Nada de
apatia ou vagarosidade: “Não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos no
espírito, servindo ao Senhor” (Rm 12.11). A palavra vagarosos traduz o
termo grego okneros, que possui também o
sentido de preguiçoso, descuidado e indolente. Ser
fervoroso não significa ser fanático, mas ser alcançado pela graça e andar
segundo ela. A expressão “no espírito” tanto pode estar no caso locativo
grego, significando nosso espírito humano, como no instrumental, se referindo
ao Espírito Santo. Independentemente do caso que Paulo tenha usado, o sentido é
do Espírito Santo incendiando a vida do cristão fervoroso. [Comentário: A vida cristã só
faz sentido neste mundo quando servimos a DEUS e ao próximo em perfeito amor. O
amor deve ser o princípio-guia dos relacionamentos cristãos, não somente com os
companheiros crentes (v. 9-13), mas também com os inimigos (v 14-21). Paulo
menciona muitos deveres cristãos específicos, mas o amor é a nota dominante em
todas as exortações. Serviço é a disposição, ou capacidade, concedida por Deus,
para o crente servir e prestar assistência prática aos membros e aos líderes da
igreja. Este dom se manifesta em toda forma de ajuda que os cristãos possam
prestar uns aos outros, em nome de Jesus. Os que possuem este dom têm prazer em
ministrar aos santos as coisas materiais que lhes são necessárias. O dom do
serviço, como qualquer outro, é essencial para o bom funcionamento do corpo de Cristo.
Quem o tem deve exercê-lo empregando toda a sua energia, no temor do Senhor.]
3.
Exercitar a resistência ao mal. Fechando
essa seção, o apóstolo aconselha: “Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal
com o bem” (Rm 12.21). Em Romanos, encontramos o apóstolo Paulo se referindo ao
mal (gr. kakos) quatorze vezes. Em
Romanos 7.19,21, ele apresentou esse mal como sendo sinônimo da natureza
adâmica pecaminosa e má, que quer conduzir o crente a fazer aquilo que ele
desaprova. Essa é a razão da guerra interior. Em Atos 16.28 Paulo fala desse
mal como um dano irreparável que uma pessoa pode causar a si mesma. Aqui esse
mal aparece como uma força oposta ao bem, que procura impedir o viver cristão
vitorioso. A recomendação bíblica é: “vença o mal com o bem”. [Comentário: Em um mundo de
ódio, em que a lei é a vingança pelo mal recebido, Paulo surpreende seus
leitores de Roma, recomendando: “Não te deixes vencer pelo mal, mas vença o mal
com o bem.” (v.21). No capítulo 12 de Romanos, Paulo está falando como devemos
viver a nossa nova vida como filhos de Deus. Essa inclinação para o mal vai
morrer junto com o nosso velho “eu” e seremos novas criaturas (2Co 5.17). Paulo
fala como deve ser as nossas atitudes a partir do nosso novo nascimento. Essas
atitudes serão o que farão a diferença. Atitudes que nos ajudarão a vencer o
mal. Ao invés de tomarmos nós mesmos a vingança, devemos deixá-la nas mãos de
Deus e, assim, dar lugar à ira. É Deus quem exigirá vingança no julgamento
final ou mesmo nesta vida. Agora é possível o crente libertar-se do sentimento
de vingança, de deixar-se vencer pelo mal porque ele sabe que Deus corrigirá
todos os erros em seu próprio julgamento perfeito (Dt 32.35). A Bíblia nos
ensina a demonstrarmos graça para com os outros, enquanto Deus permanece
paciente com o malfeitor (Pv 25.21-22).]
SÍNTESE DO TÓPICO (III)
Como
novas criaturas, o amor precisa moldar nosso comportamento e ser a razão do
nosso serviço.
SUBSÍDIO
BIBLIOLÓGICO
“O serviço cristão em relação aos nossos irmãos na fé (12.9-21)
Nestes versículos está a base do serviço cristão que é o amor. Os
deveres mencionados e todas as exortações devem estar debaixo do princípio do
amor.
12.9 — ‘O amor seja não fingido’. A palavra ‘fingimento’ fica melhor
traduzida por hipocrisia, que no grego é anupokritos. Na Versão Inglesa do Rei Tiago a expressão é:
‘sem dissimulação’. Portanto, o sentido real é que, a demonstração de qualquer
sentimento para com as pessoas seja puro e ‘com toda a sinceridade’.
12.9 — ‘Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem’. Aborrecer o mal é negar
tudo que possa prejudicar a outrem.
Podemos servir aos nossos irmãos na fé tendo uma atitude, não só de amor
(v.9), mas pelo espírito fraterno desenvolvido entre todos (v.10), pelo favor
do espírito e serviço a Deus (v.11), pela esperança e paciência (v.12), pela
hospitalidade e a generosidade entre os domésticos da fé (v.13), pela
participação sincera dos sentimentos dos outros (v.15), pelo perdão aos
inimigos (v.16), pela retribuição do mal com o bem (v.17) e por viver em paz
com todos (v.18).
12.9 — ‘Não vos vingueis a vós mesmos’. Em outras palavras, a vingança
pertence a Deus, por isso, devemos deixar com Deus a vingança para com aqueles
que nos maltratam. Somos frágeis e incapazes de fazer vingança com justiça. A
expressão ‘daí lugar à ira’ não deve ser entendida como o dar razão à
manifestação da ira, mas sim com o sentido de dar tempo à ira para que ela se
extinga, isto é, deixá-la passar. Também tem o sentido de ‘dar lugar à ira de
Deus’, à vingança divina, uma vez que a ‘vingança pertence a Deus’” (CABRAL,
Elienai. Romanos: O Evangelho da Justiça de Deus. 5ª Edição. RJ:
CPAD, 2005, p.137).
CONCLUSÃO
Nesta
lição aprendemos que o capítulo 12 de Romanos forma um conjunto de exortações a
respeito do viver a nova vida em Cristo. Como observamos, essas exortações
estão relacionadas a vários aspectos do viver cristão e envolvem a mordomia da
adoração cristã, onde é mostrado o valor do corpo e da mente no serviço de
Deus. Atenção é dada à mordomia dos dons espirituais, onde Paulo combate a
apatia e o individualismo. A Igreja é o corpo de Cristo e como corpo ela deve
viver. Por último o apóstolo exorta a respeito do exercício das virtudes
cristãs, destacando a prática do viver cristão vitorioso. [Comentário: Os capítulos 12 a 15
são uma característica do estilo paulino de dividir suas cartas mais teológicas
em uma parte dogmática e em outra prática, na qual faz as aplicações. Em
Romanos, essa divisão se dá no capítulo 12, onde, concluída a argumentação que
expõe a iniciativa redentiva de Deus, ele agora vai apresentar sua concepção de
resposta do homem à graça de Deus. Dentro da proposta inicial, extraída de
Habacuque “aquele que pela fé e justo, viverá”, o autor agora vai descrever a
segunda parte: “viverá”, ou seja, a vida daquele que foi justificado pela fé. As
orientações dadas aqui vêm como aplicação natural dos fatos doutrinários
apresentados nos primeiros onze capítulos. Todos os discípulos de Cristo,
judeus e gentios, devem as suas vidas à misericórdia de Deus. Devemos viver
como servos gratos, dedicando-nos ao serviço humilde.] “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos,
por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Francisco Barbosa
Hoje, em Campina Grande-PB
Maio de 2016
PARA
REFLETIR
A respeito da Carta aos Romanos, responda:
Qual o sentido original da palavra “rogo-vos”?
Essa
palavra tem no original o sentido de admoestar, encorajar e exortar.
O que são as palavras introdutórias de Paulo?
As
palavras introdutórias de Paulo são um apelo exortativo.
Segundo a lição, o que é necessário para que a adoração seja verdadeira?
Para
que a adoração seja verdadeira ela precisa ser realizada por pessoas com a
mente transformada.
Segundo Paulo, o que é indispensável no uso dos dons?
A
moderação e a humildade são indispensáveis no exercício dos dons.
Segundo a lição, o que significa ser fervoroso?
Ser
fervoroso significa ser alcançado pela graça e andar segundo ela.
SUBSÍDIOS
ENSINADOR CRISTÃO
A Nova Vida em Cristo
Aplicando
a mensagem
Chegamos
à seção bíblica em que o apóstolo Paulo passa a tratar sobre a aplicabilidade
da doutrina. Os capítulos 12 a 16 de Romanos é a aplicação da mensagem que o
apóstolo desenvolveu ao longo de toda a epístola (Rm 1 — 11).
Vivemos
num tempo em que tudo o que se conhece o ser humano deseja aplicar na vida
prática sem fazer uma reflexão sobre as implicações da aplicabilidade desse
conhecimento. O tema das doutrinas bíblicas não foge desta ordem. É natural,
após de havermos estudado, que se pergunte: qual o efeito prático que a
doutrina da justificação pela fé tem para a vida?
O
apóstolo começa a responder a pergunta a partir do assunto da santificação:
“Mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento” (Rm 12.2). Ora, a
base da santificação do crente é a sua união com Cristo, pois a partir dessa
união foi que o crente rompeu com o pecado e andou em novidade de vida conforme
a eficácia da ressurreição do nosso Senhor (Rm 6.4,10-11). Como o Espírito
Santo é aquele com quem nós andamos; por intermédio dEle, somos instados a
viver somente para Deus segundo a sua imperiosa vontade. Aqui, ocorre a vocação
e o chamado para vivermos uma vida de santidade.
No culto
racional e nas virtudes cristãs
Deste
modo, o crente nascido de novo tem uma ética fundamentada na obra da redenção.
A partir desta, somos chamados a cultuar o nosso Deus com entendimento e
sabedoria (Rm 12.1), sendo instrumento disponível de Deus para abençoar a vida
dos nossos irmãos por intermédio do uso dos dons (Rm 12.6-8). De modo que o
amor suplanta e se torna a grande medida dessa instrumentalidade. Ou seja, fomos
separados para amar sem fingimento; amar cordialmente uns aos outros; sermos
intensos no cuidado com o outro e fervorosos no espírito; alegrando-se na
esperança, sendo paciente na tribulação e perseverando em oração; comunicando a
nossa necessidade ao outro; sendo unânime naquilo que importa; não ambicionando
as coisas altas; não desejando o mal do outro; dando de comer e de beber ao
inimigo; não devolvendo o mal com o mal, mas com o bem (Rm 12.9-21).
Viver
esta santidade do amor não é fácil. Isto requer anular o nosso orgulho, soberba
e prepotência. Fomos justificados gratuitamente pela fé em Jesus Cristo. Deus
nos amou, apesar de nós. Então, não podemos pagar o mal na mesma moeda.
Em
Cristo, somos chamados e convocados a ser amorosamente santos!