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UM COMENTÁRIO APROFUNDADO DA LIÇÃO, PARA FAZER A DIFERENÇA!

Este Blog não é a palavra oficial da Igreja ou da CPAD. O plano de aula traz um reforço ao seu estudo. As ideias defendidas pelo autor do Blog podem e devem ser ponderadas e questionadas, caso o leitor achar necessário. Obrigado por sua visita! Boa leitura e seja abençoado!

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17 de maio de 2016

Lição 8: Israel no Plano da Redenção



Lição 8: Israel no Plano da Redenção
Data: 22 de Maio de 2016

TEXTO ÁUREO
“Porque dele, e por ele, e para ele são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém!” (Rm 11.36) [Comentário: Depois do mais longo argumento teológico no Novo Testamento, Paulo reflete sobre a sabedoria e ciência surpreendentes de Deus em seu plano de salvação e irrompe em um louvor espontâneo. O Universo, nós mesmos, nossa salvação e tudo mais, tudo é de Deus e opera através de seu sustentador e, por último, sua glória. A resposta de cada criatura é dar glória a Deus eternamente. Nota aos versículos 33-36, Bíblia de Estudo Plenitude. SBB; pág. 1166.]

VERDADE PRÁTICA
A eleição da graça é formada no presente por gentios e judeus nascidos de novo, bem como, no futuro, pela conversão da nação de Israel.

LEITURA DIÁRIA
Segunda — Rm 9.1-3 - Paulo estava disposto a se sacrificar em favor da conversão dos judeus
Terça — Rm 9.4 - Os israelitas não mereciam a salvação, mas Deus os adotou como filhos
Quarta — Rm 9.6,7 - Todos os que confiam no sacrifício de Cristo são descendentes de Abraão
Quinta — Rm 2.29 - A verdadeira circuncisão ocorre no interior, isto é, no coração e espírito
Sexta — Gl 3.7 - Todos os que crêem em Jesus Cristo são filhos de Abraão
Sábado — Gl 3.8 - Todas as nações da Terra seriam abençoadas por intermédio de Abraão

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Romanos 9.1-5; 10.1-8; 11.1-5.
Romanos 9
1 — Em Cristo digo a verdade, não minto (dando-me testemunho a minha consciência no Espírito Santo):
2 — tenho grande tristeza e contínua dor no meu coração.
3 — Porque eu mesmo poderia desejar ser separado de Cristo, por amor de meus irmãos, que são meus parentes segundo a carne;
4 — que são israelitas, dos quais é a adoção de filhos, e a glória, e os concertos, e a lei, e o culto, e as promessas;
5 — dos quais são os pais, e dos quais é Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém!
Romanos 10
1 — Irmãos, o bom desejo do meu coração e a oração a Deus por Israel é para sua salvação.
2 — Porque lhes dou testemunho de que têm zelo de Deus, mas não com entendimento.
3 — Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitaram à justiça de Deus.
4 — Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê.
5 — Ora, Moisés descreve a justiça que é pela lei, dizendo: O homem que fizer estas coisas viverá por elas.
6 — Mas a justiça que é pela fé diz assim: Não digas em teu coração: Quem subirá ao céu (isto é, a trazer do alto a Cristo)?
7 — Ou: Quem descerá ao abismo (isto é, a tornar a trazer dentre os mortos a Cristo)?
8 — Mas que diz? A palavra está junto de ti, na tua boca e no teu coração; esta é a palavra da fé, que pregamos,
Romanos 11
1 — Digo, pois: porventura, rejeitou Deus o seu povo? De modo nenhum! Porque também eu sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim.
2 — Deus não rejeitou o seu povo, que antes conheceu. Ou não sabeis o que a Escritura diz de Elias, como fala a Deus contra Israel, dizendo:
3 — Senhor, mataram os teus profetas e derribaram os teus altares; e só eu fiquei, e buscam a minha alma?
4 — Mas que lhe diz a resposta divina? Reservei para mim sete mil varões, que não dobraram os joelhos diante de Baal.
5 — Assim, pois, também agora neste tempo ficou um resto, segundo a eleição da graça.

HINOS SUGERIDOS
1, 290 e 310 da Harpa Cristã.

OBJETIVO GERAL
Compreender a “sorte” de Israel no plano da salvação.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
    I. Mostrar a eleição de Israel dentro do plano da redenção;
    II. Analisar o tropeço de Israel dentro do plano da redenção;
    III. Explicar a restauração de Israel dentro do plano da redenção.

INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Professor, no decorrer da lição ressalte a soberania de Deus na história da redenção. Mostre que os israelitas foram escolhidos pelo Senhor para receberem o Messias, independente das obras dos patriarcas. Contudo, Deus não queria trazer somente favores e privilégios para os judeus, mas Ele desejava, por intermédio deles, abençoar todas as famílias da terra. Israel não compreendeu essa verdade, nem o plano da redenção de Deus, rejeitando o Salvador. Os judeus acreditavam que por serem descendentes de Abraão e ser também o “povo escolhido de Deus”, não necessitavam de salvação. Eles rejeitaram o Messias, porém, Deus não os rejeitou e por sua misericórdia fez com que nós, “zambujeiros”, fossemos enxertados na oliveira (Rm 11.17).
O Israel de hoje, segundo Lawrence Richards, “a comunidade da aliança escolhida por Deus, é composta de gentios bem como de Judeus que creem nas promessas de Deus sobre Jesus”.

COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Paulo discorreu a respeito da Doutrina da Salvação nos capítulos 1 a 8 da Epístola aos Romanos. Veremos nesta lição que nos capítulos 9, 10 e 11, ele abre um parêntese para tratar a respeito da “sorte de Israel” no plano da salvação. Aprendemos com estes capítulos que Deus tem um plano especial para com Israel e que a rejeição deles é apenas temporária até se cumprir a plenitude dos gentios, quando todo o Israel será salvo. [Comentário: Nos capítulo 9 a 11 de Romanos, Paulo trata da eleição de Israel no passado, da sua rejeição do evangelho no presente, e da sua salvação futura. Esses três capítulos foram escritos para responder à pergunta que os crentes judaicos faziam: como as promessas de Deus a Abraão e à nação de Israel poderiam permanecer válidas, quando a nação de Israel, como um todo, não parece ter parte no evangelho? Esta lição resume o argumento de Paulo. Israel, em termos de nação, é o povo escolhido por Deus (Gn 12.1-3, 17.7-8; Êx 19.5-6; Dt 7.6-26; Is 43.5-7; Jr 7.23; 13.11; At 13.17), não por seus atributos mas, muito pelo contrário, pela graça e soberania de Deus. Ele disse que, através desta nação, seriam abençoadas todas as famílias da terra (Gn 12.3).] Dito isto, vamos pensar maduramente a fé cristã?

PONTO CENTRAL
Deus tem um plano especial para com Israel.

I. A ELEIÇÃO DE ISRAEL DENTRO DO PLANO DA REDENÇÃO (Rm 9.1-29)
1. O anseio de Paulo e a incredulidade de Israel. O apóstolo deixa explícito a elevada estima que possuía por seus compatriotas. Ele abre o seu coração para expressar seus sentimentos em relação ao seu povo (Rm 9.1-5). Ele desejava que todos, assim como ele, entendessem o plano perfeito da salvação revelado em Jesus Cristo. Esse desejo de Paulo se intensifica quando ele lembra os crentes romanos de que aos judeus foi dada a adoção, a glória, os pactos, a Lei, o culto e as promessas. Paulo também os faz recordar que deles (dos judeus) também descendem os patriarcas e o próprio Cristo! Mas, apesar de todas essas bênçãos, o entendimento do povo judeu continuava, e continua, endurecido. [Comentário: Estamos no capítulo 9, dos versículos 6 a 13, Paulo afirma que a promessa de Deus a Israel não falhou, pois a promessa era só para os fiéis da nação. Visava somente o verdadeiro Israel, aqueles que eram fiéis à promessa (Gn 12.1-3; 17.19). Sempre há um Israel dentro de Israel, que tem recebido a promessa. Nos versículos 14 a 29, Paulo chama a nossa atenção para o fato de que Deus tem o direito de fazer o que Ele quer com os indivíduos e as nações. Tem o direito de rejeitar a Israel, se desobedecerem a Ele e o direito de usar de misericórdia para com os gentios, oferecendo-lhes a salvação, se Ele assim decidir. Embora Paulo seja o apóstolo dos gentios, ele reverbera os sentimentos de Moisés em face da incredulidade dos judeus (Êx 32.30-32). Eles são seus próprios compatriotas, e Paulo agoniza por eles (v. 2). Estar disposto a sofrer a maldição divina, por eles, é uma fortíssima declaração de amor. Paulo destaca que a incredulidade de Israel pode ser vista pelas inúmeras bênçãos por eles experimentadas. Nesses oito privilégios que Paulo alistou nos versículos 4-5, ele confirma sua anterior declaração em 3.1-2.]
2. Os eleitos e as promessas de Deus. O argumento de Paulo em Romanos 9.6-13 revela que as promessas de Deus relativas à nação de Israel não falharam, mesmo que a maioria deles as tenha rejeitado. As promessas terão seu fiel cumprimento através dos judeus remanescentes, dos gentios que abraçaram a fé e do Israel que será restaurado no futuro. Essa porção das Escrituras é uma das mais debatidas entre os teólogos. As posições se polarizam quando o debate é entre determinismo e livre-escolha. Todavia, Paulo não está se referindo a eleição individual, mas coletiva. O exemplo dos irmãos Jacó e Esaú, dado para ilustrar o argumento do apóstolo, deixa isso evidente (Rm 9.10-13). A citação que Paulo faz de Jacó e Esaú, nesse texto, é tirada do livro do profeta Malaquias 1.2-4. Basta uma olhada nessas passagens para ver que o profeta não estava se referindo às pessoas ou aos indivíduos “Jacó” e “Esaú”, que nessa época já haviam morrido há muito tempo, mas a grupos ou povos. Isso é demonstrado em Malaquias 1.4, onde Esaú é identificado com Edom, um povo e não um indivíduo. Fica, portanto, evidente à luz desse contexto que a predestinação é corporativa, isto é, de um grupo, povo, ou nação, e não de pessoas. [Comentário: Deus não escolheu Israel em detrimento das demais nações. Deus ao escolher Israel, não o fez em detrimento, mas, sim, em favor de todas as demais nações da terra. Aqui é importante salientar que a ilustração dos vasos não advoga que Deus cria seres morais objetivamente estruturados e programados para serem incrédulos, mas ilustra que foi Deus quem formou a nação de Israel, porém permitiu que judeus pudessem desonrar o pacto preestabelecido. O ponto distintivo e esclarecedor é que a eleição dos israelitas, a princípio, não objetivava terminantemente a salvação eterna deles, mas era uma eleição e predestinação específica para obra; até porque a Bíblia afirma, tanto quanto Paulo, que os israelitas que não se converteram serão condenados juntamente com os demais incrédulos (Rm 3.20, 28; Mt 11.20-24; Gl 2.15, 16). Deus havia elegido Israel para a tríplice missão: demonstrar o poder de Deus ao mundo, revelar a palavra de Deus ao mundo e revelar o Messias ao mundo.]
3. Eleição, justiça e soberania de Deus. Nos versículos 14 a 29, do mesmo capítulo nove, Paulo responde as indagações sobre a justiça de Deus e sua soberania. Deus não poderia ser acusado de ter sido injusto com Israel por eles se acharem no estado em que se encontravam. Paulo toma Faraó para exemplificar sua argumentação. O apóstolo afirma que o endurecimento do coração de Faraó ocorreu quando este resistiu à vontade de Deus (Êx 7.14,22; 8.15,32; 9.7). Da mesma forma, Israel foi endurecido porque não aceitou a justificação que lhe foi dada através de Jesus Cristo. O exemplo extraído da metáfora do vaso do oleiro serve para fundamentar mais ainda a argumentação em favor da justiça e da misericórdia de Deus. O argumento determinista que vê os “vasos de ira” e “vasos de misericórdia”, como sendo uma referência aos salvos e condenados, cai diante da exposição do próprio texto. Deus suportou os vasos da ira e eles se tornaram, por si mesmos, objetos da ira de Deus; mas os vasos de misericórdia participarão da glória de Deus, através da fé, pela graça de Deus, e não como resultado das suas próprias obras. [Comentário:Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia” (9.15) é um texto mal interpretado pelos defensores da eleição incondicional, pois, baseados nele, afirmam que Deus ama e tem misericórdia apenas dos eleitos. Mas isto contrariaria a afirmação do próprio Paulo, que, na conclusão deste assunto, disse que Deus tem misericórdia de todos (11.32). Lembre-se também que, um pouco antes, ele proclamou a rica misericórdia de Deus para com todos os que o invocam (10.11). Tal interpretação também colide com diversas outras passagens bíblicas que falam da bondade e da misericórdia de Deus para com todos os homens, como o Salmo 145.9, que diz: “O Senhor é bom para todos, e as suas misericórdias estão sobre todas as suas obras”. Portanto, as promessas de Deus feitas a Abraão estão, sim, sendo cumpridas no Israel de Deus, que é composto por judeus e gentios que creem em Cristo. Deus tem direito de rejeitar a qualquer povo, mesmo os judeus, por sua incredulidade, e eleger qualquer outro que ele quiser em seu lugar. Deus é livre para estabelecer a fé como a condição para a salvação de judeus e gentios.]

SÍNTESE DO TÓPICO (I)
Deus em sua justiça e soberania escolheu a Israel para fazer parte do seu plano redentivo.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO
 “A Tristeza de Paulo (9.1-3)
Nestes versículos o apóstolo Paulo declara seu amor por sua gente, os judeus. Ele começa declarando: ‘Em Cristo digo a verdade, não minto’. Visto que era conhecido como judeu zeloso, sua conversão a Cristo o torna antipático para os judeus, que o viam como ‘um traidor de sua gente’. Entretanto, Paulo garante que seus sentimentos são sinceros e que sua consciência tinha o testemunho do Espírito Santo (v.1). Esse texto mostra que sua consciência agia sob a orientação iluminada do Espírito Santo.
No versículo 2, Paulo ainda declara dizendo: ‘Que tenho grande tristeza e contínua dor no meu coração’. É uma expressão de profundo sentimento de amor e respeito pela sua gente, e não de traição. A despeito da hostilidade dos judeus contra a pregação do Evangelho e contra a sua pessoa, Paulo diz que, se fosse possível ele mesmo ser separado de Cristo, para salvar ‘seus parentes segundo a carne’, ele o faria por amor a eles. Essa linguagem é bem típica de quem ama profundamente e é capaz de dar a sua vida para salvar outras.
Por que essa tristeza de Paulo para com seus irmãos de sangue? A resposta é simples e objetiva: o repúdio do povo judeu para com Jesus Cristo. Sua tristeza tem duas razões específicas: Primeira, Paulo declara que os judeus são seus ‘parentes’ segundo a carne, mas não querem ser seus irmãos segundo o espírito. Segunda, pelo fato de que os judeus, possuindo privilégios especiais como nação, rejeitaram o ‘privilégio maior’, que é a salvação em Cristo” (CABRAL, Elienai. Romanos: O Evangelho da Justiça de Deus. 5ª Edição. RJ: CPAD, 2005, p.104).

II. O TROPEÇO DE ISRAEL DENTRO DO PLANO DA REDENÇÃO (Rm 9.30 — 10.21)
1. Tropeçaram em Cristo. Partindo do princípio de que a igreja de Roma era formada em sua maioria por gentios, a parte judaica teria dificuldade de entender porque os gentios haviam sido aceitos por Deus enquanto a maioria dos judeus não. Paulo argumenta que o tropeço de Israel se deve ao fato de não terem crido em Jesus, o Messias prometido (Rm 9.30-33). O que deveria ser solução para eles tornou-se em tropeço. Por outro lado, os gentios, ao crerem na graça de Deus, foram justificados, visto que a sua justificação veio em decorrência da fé e não dos seus méritos. [Comentário: A pedra de tropeço é Jesus Cristo, o Messias (veja 1Pe 2.6-8), que oferece salvação pela fé, não por obras, e, portanto, exige assim que o orgulho humano seja humilhado. “Israel perseguiu a lei da justiça, mas não a alcançou (v. 31). É chamada lei da justiça porque ela mostrava aos israelitas como manter o correto relacionamento com Deus que previamente lhes foi concedido. Por que eles não a alcançaram? Porque não foi pela fé, mas como que pelas obras da lei. A frase “como que” indica seu equívoco. Eles observavam a lei a fim de colocar Deus sob obrigação a eles. Insistindo fazer de seu próprio jeito, eles tropeçaram em Cristo.” http://www.cacp.org.br/romanos-9-1-11-36-a-justica-de-deus-e-israel/.]
2. Tropeçaram na lei. Nesse ponto, o apóstolo realça algo que ele já vinha argumentando desde o capítulo 3. Os judeus, ao buscarem a sua justiça própria através da Lei, acabaram por rejeitar a justiça de Deus que vem através de Jesus Cristo (Rm 10.1-4). Querer agradar a Deus, seguindo os preceitos da Lei, era andar na direção errada, visto que Cristo é o fim da lei (Rm 10.4). [Comentário: “Em 10.1-21 Paulo explica a afirmação resumida em 9.30-33. O zelo de Israel não foi com entendimento. Eles não conheceram a forma de Deus conceder o bom status de um correto relacionamento com ele. Eles buscaram atingi-lo de seu próprio modo e não se sujeitaram ao modo de Deus (10.2-3). Paulo explica isto no v. 4. Cristo é o objetivo, a intenção e o real significado (telos, NVI, fim) da lei. Visto que a lei aponta para Cristo, a justiça está disponível a todos que creem nele”. http://www.cacp.org.br/romanos-9-1-11-36-a-justica-de-deus-e-israel/. Cristo cumpriu a lei e mereceu o status de justiça e vida eterna para si e para aqueles que crerão nele. Nos versículos 6 ao 13 Paulo demonstra que o Evangelho da justiça pela fé está incluída na lei. A citação, “Não digas em teu coração” (v. 6), é de Dt 8.17 e 9.4, que alerta contra a jactância presunçosa em sua própria realização e mérito, e exorta confiança no Senhor. Isto está completamente em harmonia com a justiça pela fé.]
3. Tropeçaram na Palavra. O evangelho de João já havia mostrado que Jesus veio para o que era seu, mas que os seus não o receberam (Jo 1.12). Aqui Paulo mostrará que a rejeição de Israel aconteceu, não por falta de aviso, mas porque não quis ouvir aquilo que Deus havia planejado para ele. Endureceram seus corações e tropeçaram na Palavra (Rm 10.14-21). Por outro lado, os gentios responderam positivamente a essa mesma Palavra e, por isso, foram aceitos. [Comentário: Recapitulando o que já foi falado anteriormente, para os israelitas que procuravam ser justificados pela lei, a justiça ficou fora de seu alcance - “Mas Israel, que buscava a lei da justiça, não chegou à lei da justiça”.(9.31). Mas em Cristo, a justiça chega perto e pode ser alcançada pela fé. Paulo deseja a salvação dos israelitas, mas entende que é possível somente por meio de Jesus e não negou a perdição daqueles que confiavam na lei, mas ele queria que todos fossem salvos. Os israelitas mostraram zelo por Deus, mas não segundo o entendimento do plano do Senhor. Ao invés de aceitar a justiça de Deus, eles procuraram, em vão, estabelecer o seu próprio sistema de justiça (2-3). É bom notar que essa descrição dos judeus se aplica bem a muitas pessoas religiosas e zelosas de hoje que ainda andam conforme doutrinas humanas. Da mesma maneira que os judeus precisavam abrir os seus corações para examinar as suas crenças, todos nós devemos ser abertos para aprender melhor e mudar as nossas convicções para fazer a vontade de Deus. Corações orgulhosos e mentes fechadas impedem a salvação de muitos.]

SÍNTESE DO TÓPICO (II)
O tropeço de Israel não invalidou o plano de redenção de Deus para com o seu povo.

SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
 “A rejeição judaica da justiça pela fé em Deus abriu espaço para um número muito grande de gentios a serem enxertados na árvore enraizada na antiga aliança de Deus com Abraão. Esta não deveria ser objeto de orgulho gentio, mas de advertência. Nunca abandone o princípio de salvação pela graça através da fé” (RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 10ª Edição. RJ: CPAD, 2012, p.747).

III. A RESTAURAÇÃO DE ISRAEL DENTRO DO PLANO DA REDENÇÃO (Rm 11.1-32)
1. Israel e o remanescente. Os teólogos chamam a atenção para a importância que a doutrina de um “remanescente” possui dentro da cultura judaica (Rm 11.1-10). De fato, os profetas que se levantaram contra a apostasia e o formalismo religioso acreditavam que Deus tinha uma reserva formada por aqueles que eram fiéis (Am 2.12; 5.3; Is 1.9; 6.9-13; Sf 3.12,13; Jr 23.3). Em Romanos 11.1-10, Paulo, que se considerava um dos remanescentes, cita o exemplo de Elias. Para Paulo, da mesma forma que Elias se manteve fiel no meio do Israel apóstata, assim também havia um remanescente que se mantinha fiel através de Jesus Cristo. [Comentário: No capítulo 11 Paulo continua a sua explicação da posição dos judeus diante de Deus e até o versículo 5 ele afirma que Deus não rejeitou os judeus, porque um resto foi salvo. Os judeus não acharam Deus injusto quando rejeitou a maioria na época do profeta Elias, pois sabiam que os injustos não mereciam estar com Deus. Deus mostrou a sua bondade poupando 7.000 fiéis que não serviam aos ídolos. Aqueles que mostraram a sua fé foram poupados. Em Cristo, os judeus que acreditam em Cristo são salvos. A eleição não foi aleatória, um ato do capricho de Deus. Os eleitos são aqueles que aceitam a palavra de Deus.]
2. Israel e o enxerto gentílico. Israel não conseguira entender que o plano de Deus para a salvação incluía também os gentios (Is 9.6). Tropeçaram ao não aceitarem a justiça de Deus manifestada em Jesus Cristo. Foi graças a esse tropeço, argumenta Paulo, que os gentios entraram como um enxerto no plano da salvação. Os gentios, portanto, não deviam assumir uma posição de orgulho, mas de temor. Eles não eram os ramos naturais, mas faziam parte da “oliveira brava” (Rm 11.11-24). Se Deus não havia poupado os ramos naturais, muito menos pouparia os ramos enxertados. [Comentário: Da mesma forma que Deus usou a lei para conduzir o homem à fé, ele usou a rejeição pelos judeus para conduzir muitos à salvação, ou seja, quando os judeus rejeitaram a palavra, a porta foi aberta aos gentios. Quando os gentios aceitaram o evangelho, os judeus ficaram enciumados (v. 11). No versículo 12 Paulo argumenta que se a rejeição por parte dos judeus abriu uma oportunidade para os gentios, a volta dos judeus mostraria ainda mais a grandeza da graça de Deus. Alguns ramos da oliveira (figura para judeus) foram quebrados, e ramos bravos (figura para gentios) foram enxertados (v. 17). Paulo exorta os novos ramos afirmando que estes não têm direito de se orgulhar, pois eles dependem da raiz (Abraão) (v. 18). O fato de serem enxertados não sugere algum mérito dos gentios e não os coloca acima dos judeus (19). A diferença é questão de fé, não de mérito: alguns judeus foram quebrados por falta de fé e alguns gentios foram enxertados por causa de fé (20). Para ficar na oliveira, os gentios teriam que manter o seu temor de Deus. Ele não poupou os judeus incrédulos e rejeitará os gentios se eles se tornarem incrédulos (21).]
3. Israel e a restauração futura (11.25-32). Embora Paulo se entristecesse com a situação espiritual de seus compatriotas judeus, a sua posição em relação a eles é de esperança e não de desespero (Rm 11.25-32). Paulo estava convencido de que no futuro Israel será salvo. Para ele, isso terá seu cumprimento quando se completar a “plenitude dos gentios”. A rejeição dos judeus trouxe a justificação ao mundo gentílico. Quando Deus cumprir seu propósito para com os gentios cumprirá também suas promessas de restauração para todo o Israel. [Comentário: No versículo 25 Paulo ainda combate ao orgulho dos gentios, mostrando que a incredulidade dos judeus abriu a porta para eles. Assim, “todo o Israel será salvo” (26-27). Não podemos considerar esta frase sem o seu contexto. O contexto não afirma que todos os judeus carnais ainda serão salvos. Paulo já havia dito antes que não é o Israel que é o povo de Deus, mas sim o povo espiritual (2.28-29; 9.6-8; Gl 3.29). A salvação de judeus seria possível somente através da fé deles, como mostram as citações do Velho Testamento (26-27; veja Isaías 59.20-21, que mostra a salvação daqueles que se convertem num contexto que demonstra a culpa dos judeus rebeldes). E os judeus carnais? São inimigos em termos do evangelho, pois o rejeitaram, mas ainda foi através deles que Deus cumpriu as promessas aos patriarcas (28-29). A salvação de judeus seria possível nos mesmos termos da salvação dos gentios: aqueles que deixarem a sua desobediência e confiarem na misericórdia de Deus serão salvos (30-32).]

SÍNTESE DO TÓPICO (III)
Deus não rejeitou Israel, e todos que creem na graça de Jesus Cristo serão restaurados.

SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
 “Gentios e judeus (11.11-21)
A rejeição judaica da justiça pela fé em Deus abriu espaço para um número muito grande de gentios a serem enxertados na árvore enraizada na antiga aliança de Deus com Abraão. Esta não deveria ser objeto de orgulho gentio, mas de advertência. Nunca abandone o princípio de salvação pela graça através da fé.
Todo o Israel será salvo (11.25,26)
Paulo lança seus olhos ao passado para as promessas feitas a Israel por Isaías (59.20; cf. Jr 31). A conversão em massa de gentios a Cristo não significa que Deus repudiara as palavras dos profetas do Antigo Testamento. Somente quando todos os gentios forem convertidos é que o foco da história voltará a se concentrar em Israel (11.29)” (RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 10ª Edição. RJ: CPAD, 2012, p.747).

CONCLUSÃO
Como vimos, os capítulos 9 a 11 de Romanos demonstram a soberania de Deus na história da redenção. Revela que o propósito de Deus concernente à eleição jamais poderá ser frustrado. Diante disso, a atitude deve ser de temor, não de jactância. A história de Israel, seu antigo povo, bem como a inclusão dos gentios no plano da salvação, mostra que Deus respeita as escolhas, mesmo que estas se revelem danosas para aquele que as fez. Em todo caso, o arrependimento e a fé são os caminhos que darão acesso ao portão da graça de Deus. [Comentário: Em bem poucas palavras, a eleição consiste no ato soberano de Deus em escolher aqueles que entendeu necessários para concretizar os seus planos. Os eleitos possuem características próprias de acordo com o propósito para que foram eleitos. É a resposta de Deus aos desastres das Suas criaturas. Pela eleição Deus preveniu-se contra o pecado sendo os eleitos revestidos de características capazes de contrariar o progresso do pecado e da derrocada da criação. Nossa confissão de fé não entende que haja nas escrituras uma eleição de pessoas para salvação em detrimento de outras para a perdição. A Bíblia ensina claramente que Deus é soberano sobre todo o universo (Dn 4.34-35), incluindo a salvação dos homens (Ef 1.3-12). Mas com a soberania de Deus, a Bíblia também ensina que a Sua motivação para salvar os perdidos é amor (Ef 1.4-5, Jo 3.16, 1 Jo 4.9-10) e que o meio de Deus para salvar os perdidos é a proclamação de Sua Palavra (Rm 10.14-15). A Bíblia também declara que o cristão dever ser apaixonado e determinado em compartilhar o Evangelho com os incrédulos; como embaixadores de Cristo, devemos "implorar" as pessoas a se reconciliarem com Deus (2 Co 5.20-21). Diante disso, convidu-os a investirem mais tempo e recursos em Missões! 
Tudo isso ainda é difícil de compreender? Devemos lembrar que vem de Deus, que é muito superior a nós (33-36). Leia Isaías 55.8-9; 40.13-14.] “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Francisco Barbosa
Hoje, em Campina Grande-PB
Maio de 2016


PARA REFLETIR
A respeito da Carta aos Romanos, responda:
Os patriarcas e o Cristo descendiam de que povo?
Os patriarcas e o próprio Cristo descendiam dos judeus.
As promessas de Deus em relação a Israel falharam com a rejeição deles?
As promessas de Deus relativas à nação de Israel não falharam, mesmo que a maioria deles as tenha rejeitado.
Segundo a lição, por que Israel foi endurecido?
Israel foi endurecido porque não aceitou a justificação que lhe foi dada através de Jesus Cristo.
Paulo se considerava um dos remanescentes?
Sim, ele se considerava um dos remanescentes.
Como os gentios passaram a fazer parte do plano da salvação?
Como os judeus tropeçaram ao não aceitarem a justiça de Deus manifestada em Jesus Cristo, os gentios entraram como um “enxerto” no plano da salvação.

SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
Israel no Plano da Redenção
 “E se alguns dos ramos foram quebrados, e tu, sendo zambujeiro, foste enxertado em lugar deles e feito participante da raiz e da seiva da oliveira, não te glories contra os ramos; e, se contra eles te gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti” (Rm 11.17,18). Infelizmente, não são poucos dentro da igreja evangélica que esquecem essa advertência e reverberam a ideia equivocada da Teologia da Substituição. Penso ser importante usar este espaço para falar um pouco da origem dessa teologia, pois pode haver alguém da sua classe que desconhece esse tema e lhe faça algumas perguntas.
A questão do papel do povo judeu hoje no plano de Deus tem despertado sentimentos variados nos cristãos do mundo atual em relação ao Israel contemporâneo. Tais sentimentos atrelam-se ao método adotado na interpretação bíblica ao longo da história eclesiástica. Assim, o método alegórico foi importantíssimo para o surgimento da Teologia da Substituição.
A destruição de Jerusalém, a Cidade de Deus, no ano 70 d.C, foi um acontecimento crucial para a eficácia desse método. No século IV, o clero cristão era constituído por bispos ocidentais e orientais influenciados pelo método alegórico — ele uniu-se ao império romano, mediante Constantino, o imperador de Roma. Esses clérigos consideraram a destruição de Jerusalém um sinal de que Deus havia rejeitado o povo judeu.
Neste contexto, a Teologia da Substituição ganhou força dentro do Cristianismo. A igreja romana advogou para si o título de o “Novo Israel de Deus”. E, a exemplo de outras tradições cristãs, passou a julgar os judeus como “O povo rebelde que matou Jesus” e para sempre fora rejeitado por Deus. Por isso, o estudioso Arnold Fruchtenkbaum conceitua a Teologia da Substituição como corrente que rejeita o moderno Estado de Israel como cumprimento da profecia bíblica. Neste caso, todas as profecias sobre o povo judeu já foram cumpridas e, por isso, não se deve esperar nenhuma restauração futura de Israel (cf. Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. CPAD, 2008, p.372). Ora, algumas respostas sobre a profecia bíblica deveriam responder a estas questões: Qual o público alvo da profecia bíblica? Cumpriu-se toda? A quem Deus prometeu uma terra localizada no Oriente Médio? À Igreja ou a Israel? Tal promessa se cumpriu plenamente? Então, o estudioso sério das Escrituras pensará muito antes de afirmar que a Igreja substituiu Israel.