VOCÊ PODE AJUDAR O BLOG: OFERTE PARA assis.shalom@gmail.com

UM COMENTÁRIO APROFUNDADO DA LIÇÃO, PARA FAZER A DIFERENÇA!

Este Blog não é a palavra oficial da Igreja ou da CPAD. O plano de aula traz um reforço ao seu estudo. As ideias defendidas pelo autor do Blog podem e devem ser ponderadas e questionadas, caso o leitor achar necessário. Obrigado por sua visita! Boa leitura e seja abençoado!

Classe Virtual:

SEJA MANTENEDOR!

Esse trabalho permanece disponível de forma gratuita, e permanecerá assim, contando com o apoio de todos que se utilizam do nosso material. É muito fácil nos apoiar, pelo PIX: assis.shalom@gmail.com – Mande-me o comprovante, quero agradecer-lhe e orar por você (83) 9 8730-1186 (WhatsApp)

18 de outubro de 2009

Lição 4 - Davi e o Tempo de Deus em sua Vida

TEXTO ÁUREO
"E disse aos seus homens: O SENHOR me guarde de que eu faça tal coisa ao meu senhor, ao ungido do SENHOR, estendendo eu a minha mão contra ele; pois é o ungido do SENHOR"
(1 Sm 24.6).

VERDADE PRÁTICA
Mesmo estando ungido a mando do Senhor para ser o rei, Davi soube esperar o tempo de Deus para ocupar o trono de Israel.


OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
- Compreender que Davi, mesmo na adversidade, soube esperar.
- Conscientizar-se de que precisamos esperar com paciência o tempo de Deus.
- Identificar o tempo de Deus

Palavras Chave:


-Tempo: Momento ou ocasião apropriada (ou disponível) para que uma coisa se realize;
-Paciência: Virtude que faz suportar com resignação a maldade, as injúrias, as importunações etc. Perseverança, constância. Nome de certo jogo de cartas. Perder a paciência, começar a não poder mais esperar, suportar ou procurar. Revestir-se de paciência, esperar com calma.
-Prudência: Qualidade de quem age com moderação, comedimento, buscando evitar tudo o que acredita ser fonte de erro.

INTRODUÇÃO
Uma das grandes lições na história de Davi é a sua paciência para esperar o momento certo de ascender ao trono de Israel. Paciência adquirida do trato com as ovelhas, paciência advinda da fé – inteira dependência; segurança das coisas esperadas – em Deus; paciência que era também fruto do imenso respeito que demonstrava por aquele que, embora desvinculado da vontade divina, havia sido ungido (consagrado; separado) para ser o primeiro rei de Israel.
Davi tinha tamanho respeito por um homem - que havia sido ungido à mando do Senhor - que isso quase lhe custou a vida por mais de uma vez, e quando teve a oportunidade de livrar-se do rei rejeitado, recusou-se fazê-lo. Isso demonstra a reverencia de Davi para com Deus e sua soberania sobre os assuntos da humanidade, assim, Davi sentiu que não tinha o direito de estender a mão contra o ungido do Senhor – ainda que Saul não gozasse mais dessa unção.
Nesse episódio, conteve o ânimo dos seus homens e jurou solenemente que jamais faria mal algum a seu senhor, tamanho o seu respeito por aquele que havia assumido o trono por desígnio divino, recusou-se a fazer justiça com as próprias mãos e confiou em YAWEH TSIDIKENU (O Senhor, Justiça Nossa), deixando a Ele o julgamento e a vingança.
Esse respeito ao rei ungido e o temor ao que o mandou ungir ficou patente quando somente o fato de cortar a roupa de Saul, causou-lhe remorso (v. 5), pois com efeito, as vestes são um substituto da pessoa; tocar na roupa é tocar na pessoa.
Mediante estes fatos, resta-nos uma pergunta: por que o Senhor proporcionou esta oportunidade a Davi para livrar-se do seu perseguidor, entregando Saul em suas mãos?
Deus vocacionou e ungiu Davi para governar seu povo. Mas, da unção até a ascensão ao trono, seu caráter precisava ser moldado mediante o exercício da paciência. Ele teve que aprender a esperar, e esperar o tempo de Deus. Davi estava sendo moldado, seu caráter tinha que ser forjado no cadinho da paciência; o futuro monarca deveria passar por essa ‘prova de fogo’ e dar testemunho do motivo pelo qual foi ungido por Samuel: temor ao Senhor. Davi se enquadrou perfeitamente no texto de Hc 2.4, ele tinha plena confiança n’Aquele que o vocacionou, demonstrou aquelas virtudes recomendadas por Paulo em Rm 12.9-21.
Ter fé é ter certeza, plena convicção, e como resultado viver em inteira dependência. Davi deu testemunho que confiava em Deus, esta esperança trouxe-lhe paciência para esperar o desenrolar dos fatos, ele sabia que o Senhor estava no controle e cumpriria seus desígnios. - "Quando estamos esperando, o plano de Deus e o seu tempo perfeito são dignos da nossa confiança". Charles Stanley – Revista EBD
Definições:
Os gregos antigos tinham duas palavras para o tempo: chronos e kairos. Enquanto o primeiro refere-se ao tempo cronológico, ou sequencial, esse último é um momento indeterminado no tempo em que algo especial acontece. Teologicamente descreve a forma qualitativa do tempo, o "tempo de Deus", enquanto chronos é de natureza quantitativa humana, o "tempo dos homens".
Em síntese podemos dizer que chronos, o tempo humano (medido), é descrito em anos, dias, horas e suas divisões. Enquanto o termo kairos, que descreve "o tempo de Deus", não pode ser medido, pois "para o Senhor um dia é como mil anos e mil anos como um dia." (2 Pe 3.8).
Cronos na mitologia grega é o arquétipo do tempo, o que devora os próprios filhos escondidos no interior de Gaia (a Terra). É em essência o viver do futuro, mas pelo medo de ser vencido pelo desconhecido presente. Kairos é uma antiga palavra grega que significa "o momento certo" ou "oportuno".
As Escrituras vêem o tempo como um presente e uma oportunidade a ser usada sob a direção do Espírito Santo. Remimos o tempo para realizar aquelas coisas que estão de acordo com os propósitos de Deus. Nos dias corridos em que vivemos, a visão de tempo é como um produto que pode ser eficaz ou ineficazmente usado, disputado, administrado, economizado, perdido ou até convertido em dinheiro. A sociedade é regida pelo tempo chronos na busca desenfreada, frenética e compulsiva pelo prazer e pelo ter.

Diegese sobre Кαιρόζ, Χρόνοζ, ώρα e ןץ

Há pouco tempo atrás, ao estudar a vida do patriarca Abraão, seus altos e baixos, detive-me em determinado trecho da narrativa bíblica, e meditava acerca do tempo de Deus. Aquele patriarca esperou vinte e cinco anos desde a promessa feita em Gn 12.4, para ver seu cumprimento. Segundo Ellisen, “a primeira promessa de uma semente levou 25 anos para ser cumprida; a segunda, levou aproximadamente 700 anos. A promessa de um rei levaria mais 400” [ELLISEN, Id. Ibid., 1993, p.71]. E a vinda daquele em quem seriam benditas todas as nações, mais 1400 anos. ‘Bom é o senhor para os que se atêm a Ele’ (Lm 3.25). Creio firmemente que em sua onisciência, o Deus Todo-Poderoso determina soberanamente o seu tempo para cumprir fielmente suas promessas. É certo também que há um plano divino, eterno, que inclui propósitos e atividades de todo ser humano neste mundo. Ele participa dos acontecimentos aqui na terra e intervém para salvar seus servos fiéis do mal, cumprindo seus propósitos redentores. Ele está no controle de todos os acontecimentos ao nosso redor.
Será que Deus está sujeito ao nosso tempo? Gn 1.14 descreve o seguinte: ‘E disse Deus: haja luminares na expansão do céu, para haver separação entre o dia e a noite; e sirvam eles para sinais e para tempos determinados e para dias e anos’; o tempo – chronos - foi estabelecido pelo Criador, e como toda a criação, a Ele está sujeito. O Deus que criou todas essas coisas com suas respectivas funções, pode também interagir neles visando o cumprimento de seus propósitos. O que diremos então diante do milagre excepcional descrito em Josué 10.12-15? ‘Então, Josué falou ao Senhor, no dia em que o Senhor deu os amorreus na mão dos filhos de Israel, e disse aos olhos dos filhos dos israelitas: sol, detém-te em Gibeão, e tu lua, no vale de Aijalom. E o sol deteve-se, e a lua parou, até que o povo se vingou de seus inimigos. Isso não está escrito no Livro do Reto? O sol, pois, se deteve no meio do céu e não se apressou a pôr-se, quase um dia inteiro. E não houve dia semelhante a este, nem antes nem depois dele, ouvindo o Senhor, assim, a voz de um homem; porque o Senhor pelejava por Israel.’
Ainda poderia citar Isaias 38.8 onde o Senhor operou tremendo milagre a fim de sinalizar a Ezequias que Ele ouvira a oração e vira as lágrimas daquele rei e que o curaria: ‘eis que farei a sombra dos graus, que passou com o sol pelos graus do relógio de Acaz, volte dez graus atrás. Assim, recuou o sol dez graus pelos graus que já tinha andado.’
O tempo tal qual conhecemos, com seus dias, meses e anos, horas, minutos e segundos, está sob direção de Deus, é sujeito a Ele e é para Ele um instrumento para agir em nossa vida a fim de edificar-nos até a estatura de varão perfeito à medida de Cristo.
Tempo, do grego Кαιρόζ (kairós) significando medida de vida, proporção devida, um período fixo ou definido e às vezes um ‘tempo’ oportuno ou apropriado; Há ainda Χρόνοζ (Chronos) significando ‘espaço de tempo’, e ώρα (hõra) Significando qualquer hora, momento. No hebraico temos: ןץ (‘et) com sentido de período de tempo, tempo designado, tempo certo, estação. Esta palavra aparece também em outras línguas semíticas como o fenício, árabe e acadiano. Ocorre cerca de 290 vezes na Bíblia em todos os períodos: ‘Então, perguntou o rei aos sábios que entendiam dos tempos’ (Et 1.13); ‘...e tropeçarão no tempo em que eu os visitar, diz o Senhor’ (Jr 8.12); ‘Deus julgará o justo e o ímpio; porque há um tempo(ןץ-‘et) para todo intento e para toda obra’ (Ec 7.17); ‘et é usado para designar o tempo apropriado ou satisfatório para determinada atividade na vida; ‘tudo fiz formoso em seu tempo’ (Ec 3.11). Deus está no controle do tempo, muito embora, sua posição no terceiro céu, o paraíso de Deus revelado a Paulo em 2 Co 12, não sofra os efeitos do tempo, pois lá é eternidade, um eterno ‘agora’. Embora esteja numa dimensão não sujeita ao tempo terrestre, Ele o controla de tal maneira, que já desde o princípio, o tempo de todas as coisas estão determinados. [http://ogideao.blogspot.com/2008/12/diegese-sobre-e.html]

CONCLUSÃO
Davi esperou pacientemente no Senhor, e Ele ouviu a sua voz. Esperar o tempo de Deus é a garantia de não agirmos precipitadamente. É o segredo de quem quer fazer a vontade do Senhor. A Escritura diz que os nossos pensamentos não são os pensamentos de Deus, nem tampouco os nossos caminhos são os caminhos dEle (Is 55.8). O tempo do Eterno, evidentemente, não é o nosso tempo (Sl 90.4). Conhecedores desse fato, devemos confiar no Senhor e esperar nEle em todas as situações.

APLICAÇÃO PESSOAL
O tempo não é um inimigo, mas um amigo. Foi-nos encucado que devemos lutar contra o tempo, mas isso é loucura – e perda de tempo. Na busca pelo prazer, vivemos frenéticamente buscando aproveitar cada segundo, mas o resultado é dor e sofrimento, consequencia do pecado adâmico, mal interpretado pois, muitas vezes nos perguntamos: “porque Deus permite isso?”. Em sua soberania Ele pode sim intervir mas, respeita o livre-arbítrio e a escolha dos homens em auto-governar-se. Ele o permite, mesmo quando não consigo evitá-lo. Resta-nos então, encarar as dificuldades e percalços como aliadas na formação e aprimoramento do caráter e no preparo do futuro cidadão do céu.
Chronos serve para nos preparar. Quando compreendo e admito isso, consigo ver o tempo como algo que não é ruim, que serve para amadurecer-me e não pode tirar minha felicidade, porque esta está firmada em Deus – assim como encarava Davi.
No dizer de Paulo, o sofrimento tem uma finalidade bem definida. A demora no cumprimento das promessas também. Logo, o propósito de Deus na minha vida é usar o tempo para me ajustar ao ponto ideal, como afirma Davi, em Salmos 31.15: 'Os meus tempos estão nas tuas mãos...'
Quando o crente vive em inteira dependência de Deus, como define fé em Hb 11.1, entrega não apenas a condução do seu andar neste mundo, mas também deixa a sua mercê o tempo.
O que o crente deve fazer então, já que para tudo está determinado um tempo?
Entregar-se! Deixar que o Espírito Santo leve a efeito o plano de Deus em sua vida e ter cuidado para não se afastar da vontade de Deus perdendo a oportunidade quanto ao propósito divino para a sua vida: ‘tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu’ (Ec 3.1). Ao entregar-nos totalmente ao Senhor e ficarmos em sua dependência, nos enquadramos na Escritura de Ec 8.5 e 6 que diz: ‘Quem guardar o mandamento não experimentará nenhum mal; e o coração do sábio discernirá o tempo e o modo. Porque para todo o propósito há tempo e modo. Porquanto o mal do homem é grande sobre ele.’
Tudo devemos entregar ao Senhor, pois somos incapazes de guiar-nos sozinhos. E como o faríamos? Não sabemos discernir o que há de suceder e como haja de suceder! Só o Senhor poderá cumprir seus propósitos e no tempo exato, previamente determinado. Há tempo para tudo, e o seu tempo não é o nosso; somos imediatistas, Deus é paciente e sabe agir no tempo certo, quer seja ele Кαιρόζ (kairós); Χρόνοζ (Chronos); ώρα (hõra) ou ןץ (‘et).

N’Ele que é paciente e age no tempo certo,

Francisco A Barbosa [ton frère dans le sauveteur Jèsus Christ].
Professor de EBD na IEAD Ministério Belém, em São Caetano do Sul, SP

Bibliografia:
Bíblia de Estudo Dake – CPAD;
Bíblia de Jerusalém – Nova Edição, Revista e Ampliada – Paulus;
Dicionário Vine – CPAD
http://ogideao.blogspot.com/2008/12/diegese-sobre-e.html