Lição 7: A Vida Segundo o Espírito
15 de Maio de 2016
TEXTO ÁUREO
"O
mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus."
(Rm 8.16)
[Comentário: O contraste
feito por Paulo entre o antigo e o novo padrão de vida entre a vida na carne e
a vida no Espírito (7.6), é agora resolvido detalhadamente nos termos de duas
atitudes mentais fixas: uma delas sob a influencia da carne e a outra sob a
influencia de Cristo, por meio do Espírito que veio habitar nos crentes.]
VERDADE PRÁTICA
Viver
segundo o Espírito Santo significa estar sob o seu domínio e seguir suas
orientações.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - 1 Co
6.19 - Nosso
corpo é morada do Espírito Santo.
Terça - 1 Co
6.20 - Fomos
comprados por bom preço, vivamos então para Deus
Quarta - Rm 8.14
- Os
filhos de Deus são guiados pelo Espírito de Deus
Quinta - Jo
16.13 - O
Espírito Santo nos guia em toda a verdade
Sexta - 1 Co
2.10 - O
Espírito examina todas as coisas, até mesmo as profundezas de Deus
Sábado - 1 Co
2.11 - "Ninguém
sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus"
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Romanos
8.1-17
1 - Portanto, agora, nenhuma condenação há para os
que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o
espírito.
2 - Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo
Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte.
3 - Porquanto, o que era impossível à lei, visto
como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da
carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne,
4 - para que a justiça da lei se cumprisse em nós,
que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito.
5 - Porque os que são segundo a carne inclinam-se
para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito, para as coisas do
Espírito.
6 - Porque a inclinação da carne é morte; mas a
inclinação do Espírito é vida e paz.
7 - Porquanto a inclinação da carne é inimizade
contra Deus, pois não é sujeita à lei de
Deus, nem, em verdade, o pode ser.
8 - Portanto, os que estão na carne não podem
agradar a Deus.
9 - Vós, porém, não estais na carne, mas no
Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o
Espírito de Cristo, esse tal não é dele.
10 - E, se Cristo está em vós, o corpo, na verdade,
está morto por causa do pecado, mas o espírito vive por causa da justiça.
11 - E, se o Espírito daquele que dos mortos
ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dos mortos ressuscitou a Cristo
também vivificará o vosso corpo mortal, pelo seu Espírito que em vós habita.
12 - De maneira que, irmãos, somos devedores, não à carne para viver
segundo a carne,
13 - porque, se viverdes segundo a carne, morrereis;
mas, se pelo espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis.
14 - Porque todos os que são guiados pelo Espírito
de Deus, esses são filhos de Deus.
15 - Porque não recebestes o espírito de escravidão,
para, outra vez, estardes em temor, mas recebestes o espírito de adoção de
filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai.
16 - O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito
que somos filhos de Deus.
17 - E, se nós somos filhos, somos, logo, herdeiros
também, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo; se é certo que com ele
padecemos, para que também com ele sejamos glorificados.
OBJETIVO GERAL
Mostrar
que aqueles que pela fé em Jesus Cristo foram salvos pela graça, precisam viver
segundo o Espírito Santo.
HINOS SUGERIDOS
75,155,551 da Harpa Cristã
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo,
os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada
tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos
subtópicos.
I. Saber
que a vida no Espírito pressupõe a lei do pecado;
II. Mostrar
que a vida no Espírito pressupõe oposição à natureza adâmica;
III. Explicar
que a vida no Espírito pressupõe oposição entre a nova ordem e a antiga.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Professor,
na lição de hoje estudaremos o capítulo oito da Epístola aos Romanos. Neste
capítulo, o apóstolo Paulo apresenta um princípio que deve reger a vida de
todos os que foram alcançados pela graça divina: viver segundo o Espírito
Santo. A graça de Jesus é maravilhosa, pois transforma o homem pecador em santo.
Como novas criaturas, o Consolador passa a morar em nós concedendo-nos recursos
para vivermos neste mundo de maneira santa e justa. Aqueles que já
experimentaram o novo nascimento já não vivem mais na prática do pecado. Nosso
corpo se torna seu templo. Sem o Espírito Santo não poderemos viver de modo a
agradar ao Pai. Que possamos nos entregar totalmente a Deus, permitindo que o
seu Espírito nos guie.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
No
capítulo sete da Epístola aos Romanos, o apóstolo Paulo apresenta um pequeno esboço
do que ele iria tratar no capítulo seguinte. Por todo o capítulo oito, o
apóstolo faz um contraste entre a velha vida, marcada pelo pecado e sem
condições de se libertar, com a nova vida no poder do Espírito Santo, que
Cristo nos proporcionou. O que fora impossível à antiga aliança, regida pela
Lei, agora se tornou possível graças a uma nova lei - a lei do Espírito de Vida
em Cristo Jesus. Por intermédio do Espírito Santo já temos uma visão prévia da
alegria que, um dia, viveremos ao lado do Senhor no céu. Temos também a
garantia de que, no futuro, desfrutaremos da plenitude da salvação. [Comentário: Paulo inicia o capítulo oito, dizendo que nenhuma
condenação há para os que são de Cristo Jesus, ou seja, aqueles que receberam
ao Senhor Jesus, como único e suficiente salvador, e se arrependeram de seus
pecados, estão justificados com Cristo, por isso estão livre da condenação do
juízo final (Rm 5.1,2). O capítulo 8 nos fala de libertação do pecado e da
morte (8.1-11), estamos livres, diz o apóstolo Paulo. A lei do Espírito da vida
passou a atuar em nós, uma lei mais forte do que a lei do pecado e da morte, que
denunciava nossa impotência. A lei do Espírito e da vida fala do poder que
agora atua em nós como resultado do sacrifício de Jesus Cristo. Esse sacrifício
não só nos livrou da condenação, porque pagou os nossos débitos, que a lei
denunciava na vida de cada um de nós, mas, mais do que isso, tirou-nos da lei
do pecado e da morte, ou seja, livrou-nos daquilo que nos mantinha
constantemente sob débito. Agora uma nova força atua em nós, a força do
Espírito de Deus. Agora, aquilo que a lei exigia, que era a justiça e santidade
se tornou possível, por causa do Espírito que habita nessas pessoas. No
capítulo 7, a força do pecado em nós era o que nos causava impotência absoluta;
no capítulo seis, a marca daqueles que foram afetados pela Graça é buscar cada
vez mais crescer na Graça, ou na linguagem do capítulo oito, inclinar-se para
as coisas do Espírito. Neste capítulo, é destacada a diferença entre aquele que
ainda vive preso a uma vida de pecado, com aquele que pela fé creu no Senhor
Jesus e teve seus pecados justificados. Aquele que se mantém rebelde contra
Deus e vive no pecado, ele também esta obedecendo a sua carne, se inclina para
os desejos dela e vive para satisfazê-la, mas aquele que ouviu a vontade de
Deus, crendo que ele mandou seu Filho para que através de sua morte e
ressurreição fosse salvo (Jo 3.16), este recebeu o Espírito de Deus e por isso
é inclinado a obedecer ao que o Espírito lhe conduz a fazer. E isso não é algo
que o Espírito nos obriga a fazer, muito pelo contrário, ele age mansamente,
nos convencendo de que aquilo é o melhor para nossa vida e gera em nós um
desejo de agradar a Deus, por isso obedecemos, porque o amamos.] Dito isto, vamos pensar maduramente a fé
cristã?
PONTO CENTRAL
Como novas criaturas precisamos viver sob o domínio
do Espírito Santo.
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I - A VIDA NO ESPÍRITO PRESSUPÕE
OPOSIÇÃO À LEI DO PECADO (Rm 8.1-4)
1. A enfermidade
da lei. Como
pudemos observar no capítulo sete, Paulo exclamou em tom desesperador quando vê
diante de si (e de todos os cristãos) o impiedoso jugo do pecado (Rm 7.24). Esse
grito pertence a todos nós. Mas qual era a razão desse desespero? É necessário
entendermos a argumentação do apóstolo em torno desse assunto. Ele havia dito
que todos os homens, quer gentios quer gregos, estavam debaixo da condenação do
pecado. Mesmo os judeus, a quem foi confiada à Lei Mosaica, não conseguiram
escapar desse cativeiro. E por que não? Porque a Lei, que fora dada para
alertar os homens sobre a malignidade do pecado, acabou servindo de instrumento
para aguçar o desejo de pecar. Dessa forma, a Lei, que era uma coisa boa,
acabou por se tornar inoperante diante de outra lei - a lei do pecado e da
morte. Assim, a Lei ficou doente. [Comentário: A lei do pecado e da morte não se refere à lei de Moisés
(veja 7.7,13); Refere-se ao domínio do pecado e da morte sobre nós enquanto
estávamos por nossa conta, fora de Cristo (7.23). O papel da lei, determinado
por Deus, em um mundo caído, é revelar a natureza do pecado humano. Em Rm 7.24,
a figura de linguagem é sobre uma pessoa acorrentada a um cadáver do qual ela
não pode ser libertada, desesperançada de libertação. Mas o desespero cede
lugar a uma declaração de vitória, não porque a batalha para, mas porque a
força humana é superada pelo poder do Espírito Santo. Paulo não está criticando
a lei moral, mas observa uma vez mais que, por causa da pecaminosidade da
humanidade, a lei não pode dar a salvação ao ser humano (v.3). Em si mesma, a
lei, a qual nos leva a reconhecer a realidade do pecado em nosso sistema moral
e espiritual (3.20;5.13,20), é santa, boa e justa (v. 12). A lei é uma
revelação fiel do que é certo e do que é errado e nunca perde a sua validade
para aquilatar e dirigir o nosso comportamento moral. A lei foi usada por Deus
para cumprir Seu propósito. Sem a lei, a promessa de Deus não teria sido
cumprida. A inadequação da lei não é devida a alguma falha de sua parte, mas é
por causa das condições em que ela tem de operar. Nosso pecado impossibilita a
libertação pela lei. O comentário ‘Assim, a Lei ficou doente’, deve ser entendido à luz de 7.11-13: o pecado, não a
lei, deve ser censurado. A lei de Deus, refletindo seu princípios morais
justos, é santa. Ela simplesmente não tem o poder de nos tornar justos.]
2. A cura da
cruz. Ainda
no mesmo capítulo sete, já chegando ao seu final, Paulo dá outro grito, agora
não mais de desespero, mas de vitória pela graça de Deus revelada na pessoa de
Jesus Cristo. O seu grito de vitória também é nosso grito (Rm 7.25). A mesma
argumentação, agora em sentido oposto pode ser feita. Em vez do grito de desespero,
Paulo dá um brado de vitória. Mas o que ocasionou esse grito de vitória? A
resposta está na vida segundo o Espírito relatada em Romanos capitulo oito. [Comentário: Paulo aprovava totalmente a boa lei de Deus e, no
entanto, na carne ele ainda servia ao pecado. A lei é boa, mas não pode nos dar
poder para obedecer, ele não dia que a lei em si mesma é má, mas enfatiza várias
vezes que ela é boa e ainda descreve vividamente a impossibilidade de obedecer-lhe
com a própria força de alguém. A nova vida no Espírito é experimentada por
indivíduos, na mente, no corpo e no espírito, os quais continuam a estampar os
sinais do pecado.]
3. A lei do
pecado é revogada.
A lei do pecado e da morte, que havia neutralizado ou tornado ineficaz a Lei,
agora foram revogadas pela lei do Espírito da vida. Essa nova lei, muito mais
poderosa, porque não operava baseado nas obras da carne, mas no sacrifício de
Jesus, o imaculado Cordeiro de Deus, tornou possível quebrar o jugo da
escravidão que a lei do pecado produzia. Agora todos os filhos de Deus podem
gozar da liberdade que vem da vida segundo o Espírito. [Comentário: Na lição anterior comentei que algumas vezes o que é
proibido automaticamente se torna mais atraente (Pv 9.17) - a Lei aguçou esse
desejo de transgredir, não porque ela fosse má, mas por causa da malignidade da
humanidade caída. O abuso da lei pelo pecado mostra a malignidade do pecado
causando a morte pelo que é bom; mostra a necessidade da salvação. A inclinação
da carne, ou seja, a obediência a nossa natureza caída, que é a inclinação para
o pecado nos levará para a morte, mas os que se inclinam em obedecer ao
Espírito, serão guiados para a vida e paz para com Deus. E é por isso que
aqueles que se inclinam para obedecer a carne, ao pecado, acaba se tornando
inimigos de Deus, porque rejeitam a vontade de Deus. Todos aqueles que creram
no evangelho, já não estão mais presos aos desejos da sua carne, isso se
realmente creram e receberam o Espírito de Deus. Porque aquele que não têm o
Espírito de Deus, esse não pertence à Deus, ou seja, não foi salvo e
justificado pela fé em Cristo Jesus. Deus nos libertou enviando seu Filho,
nEle, o pecado foi condenado e o julgamento foi executado. Cristo venceu o
pecado em seu próprio reino e a exigência da lei é cumprida em nós. Esta bênção
é para aqueles que andam segundo o Espírito, e não a carne.]
SÍNTESE DO TÓPICO I
Como
novas criaturas a lei do pecado foi revogada em nossas vidas e agora podemos
viver segundo o Espírito Santo.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
"O
capítulo 8 é o ponto alto, o clímax, a conquista da vitória pelo Espírito
Santo. O ápice espiritual deste capítulo, portanto, está na vitória do
Espírito.
'Portanto,
nenhuma condenação há para os que estão
em Cristo Jesus' (v. 1). A palavra portanto no início da declaração vitoriosa
refere-se ao capítulo 7, na qual, Paulo argumentou a batalha entre a carne e o
espírito. Uma luta que parece infindável, se depara com a conquista da vitória
no Espírito. A palavra portanto levanta a bandeira do Espírito para o início da
nova vida. A declaração de que 'nenhuma condenação há para os que estão em
Cristo Jesus' indica que a Lei (toda ela), que condenava os pecados, foi
cumprida por Jesus. Ele tomou sobre si essa condenação justificando-nos perante
Deus Pai (Rm 5.1) e nos colocando sob a lei do Espírito. Portanto, o pecador
justificado está debaixo de uma nova lei espiritual que domina e rege a nova
vida em Cristo.
'Porque
a lei do espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da
morte' (8.2). Paulo fala nesta Carta de várias leis e as trata como: 'lei do
pecado', 'lei do entendimento', 'lei de Moisés', 'lei de Deus'. Porém, no
capítulo 8, ele fala da 'lei do espírito de vida' que opera no interior do
crente e o liberta do domínio da lei do pecado, da carne e da morte. Há uma
ligação profunda entre o Espírito Santo e Jesus, pois a nova lei é chamada 'lei do espírito de vida
em Cristo Jesus'. É a lei da vida de Jesus que opera no íntimo do crente e o
habilita a ter comunhão com Ele" (CABRAL, Elienai. Romanos: O Evangelho da
Justiça de Deus. 5.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.88).
CONHEÇA MAIS
*
A nova vida
"O
princípio dinâmico da nova vida em Cristo sobrepuja o princípio do pecado
inerente, capacitando-nos a viver de maneira justa (8.1-4). Se nós, como filhos
de Deus, escolhermos viver em harmonia com o Espírito, não com a carne, o poder
de ressurreição do Espírito no dará vida, mesmo em nosso presente estado
mortal. No futuro, nossos corpos, com toda a criação, serão transformados (Rm
8.18-25). Até então, vivemos no amor do Espírito, que intercede por nós (Rm
8.26,27), do Pai que nos sustenta (Rm 8.28-33) e de Cristo, que nos guarda (Rm
8.34-39)."
Para
conhecer mais leia Comentário Devocional da Bíblia, CPAD, p. 778.
II - A VIDA NO ESPÍRITO PRESSUPÕE
OPOSIÇÃO À NATUREZA ADÂMICA (Rm 8.5-17)
1. A velha
inclinação.
Paulo usa o verbo grego phroneo, traduzido aqui como inclinar, com o sentido de
colocar a mente em algo. A natureza adâmica, mesmo destronada continua
requerendo seu antigo lugar. Na carta aos gálatas, Paulo mostra que a carne
milita, ou guerreia, contra o Espírito (Gl 5.17). Essa guerra acontece na
esfera da mente, quando esta deseja (gr. epithymeo) contra o Espírito. Ainda na
epístola aos crentes da Galácia, o apóstolo explica que a carne e o Espírito
são duas forças opostas entre si (Gl 5.16,17). Todos os crentes salvos, quer
sejam novos convertidos quer não, são objetos dessa inclinação da antiga
natureza. Ceder a essa inclinação é ceder à morte (Rm 8.6). Nessa inclinação
interna da velha natureza, a carne está no comando. Quando a carne assume o controle o Espírito
fica de fora. [Comentário: É interessante ressaltar que Paulo usa o termo ‘carne’
em pelo menos, três sentidos: em um sentido mais geral, refere-se ao que é
humano. Em um outro sentido, refere-se ao corpo físico. Em um sentido mais
específico, principalmente quando aparece em oposição a ‘espírito’, refere-se à
natureza Adâmica, que envolve também mente e alma. No caso de Gl 5.17, se os
gálatas abandonam a Cristo e põem sua confiança na lei, estarão voltando à
confiança na carne. Há uma guerra sendo travada na psique humana, isto é, a
carne, as vontades pessoais, a razão humana lutam incansavelmente contra o
Espírito. São duas vontades lutando em uma só mente. Por isso, o apóstolo Paulo
escreveu: “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem
nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não
faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço” (Rm 7.18-19). Paulo
afirma: “Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço”
– isto é a guerra entre a natureza pecaminosa e a natureza Santa do Espírito. É
guerra da vontade própria e contra a vontade de Deus. Na verdade, existe uma
resistência involuntária da parte humana, e é esta resistência que cria este
atrito espiritual, ou seja, é a nossa carne resistindo à vontade de Deus. Para
vencer esta batalha contra a velha inclinação, o crente deve viver no Espírito.
Mas o que é viver no Espírito? Paulo responde: “logo, já não sou eu quem vive,
mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé
no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl 2.20).]
2. A nova
inclinação. Em
oposição à velha natureza adâmica, também denominada de natureza pecaminosa, ou
ainda, de "velho homem", Paulo mostra a inclinação do Espírito. Ele
afirma que a inclinação do Espírito produz vida (Rm 8. 6). A palavra grega
inclinação, usada aqui por Paulo é phrónma, cuja raiz vem de phroneo, inclinar.
Fica bastante evidente a participação do crente no processo da salvação. Ele
precisa andar na esfera do Espírito afim de que não ceda aos desejos da carne.
Assim como o crente tem seu papel no processo da salvação, escolhendo, ou não,
receber a graça de Deus, da mesma forma ele, agora como regenerado em Cristo,
também tem a escolha para andar, ou não, no Espírito. Assim como respondemos ao
chamado de Deus para a salvação, devemos da mesma forma responder ao chamado de
Deus para a santificação. Nessa inclinação da nova criatura em Cristo, o
Espírito está por dentro, isto é, no comando, e a carne está por fora. Não está
mais no comando, pois foi destronada. [Comentário: O Espírito Santo que agora passa a fazer morada no
coração humano quando este aceita a Jesus Cristo como seu Salvador, é o agente
responsável em conduzir o crente a fazer a vontade de Deus. A descida do
Espírito Santo não foi para que simplesmente falássemos em línguas estranhas.
Também foi para auxiliar o cristão a subjugar o próprio eu, para fazer guerra
contra a natureza carnal. Por isso, para que o crente ande no Espírito, o
apóstolo Paulo recomendou: “E não vos embriagueis com vinho, no qual há
dissolução, mas enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18). Ele docemente constrange o
crente a fazer a vontade de Deus. Mas para que obtenha total êxito sobre a
carne, é preciso que o crente aprenda a viver na dependência de Deus, que
reconheça que o seu querer está contaminado pelo pecado, que assuma, de forma
cabal, que é da sua natureza carnal que fluem os desejos pecaminosos (Mt 15.19).]
3. A nova
filiação.
Essa nova inclinação a qual o apóstolo se referiu só se tornou possível porque
os justificados em Cristo Jesus passaram a ser guiados pelo Espírito de Deus:
"Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos
de Deus" (Rm 8.14). Esse privilégio, que tornou possível ao crente ser
orientado ou guiado pelo Espírito aconteceu porque Deus nos deu a adoção de
filhos: "Porque não recebestes o espírito de escravidão, para, outra vez,
estardes em temor, mas recebestes o espírito de adoção de filhos, pelo qual
clamamos: Aba, Pai" (Rm 8.15). Como filhos, agora somos habitação do
Espírito Santo, que em nosso interior dá testemunho dessa nova filiação
recebida (Rm 8.16). [Comentário: A vida diferente que nos é dada é a vida de comunhão.
Agora somos guiados pelo Espírito de Deus, e a vida que nos é dada, é a vida de
filho. Somos filhos de Deus e quem testifica em nós é o Espírito de Deus, Ele
mesmo revela isso em nós. Todos aqueles que têm o Espírito Santo foram adotados
como filhos de Deus, essa é a marca. E aqueles os que têm o Espírito Santo têm comunhão
com o Pai. Como você sabe que é filho de Deus? Por causa da intimidade com o
Pai que o Espírito Santo concede, esse é o nosso maior privilégio, maior prêmio,
de poder conviver plenamente com o Senhor, em profunda amizade e companheirismo,
resultado da obra do Espírito de Deus em nós, e à medida que podemos clamar a
Deus, como se clama ‘Paizinho’, o próprio Espírito de Deus que testifica que
somos filhos de Deus. É nesse ato de intimidade que essa filiação se manifesta.
Também, se somos filhos, somos herdeiros de Deus. Tudo o que Deus propôs a
Cristo, propôs a nós. Paulo desenvolve este tema em Efésios, quando fala da
igreja como plenitude de Cristo. Portanto, essa comunhão com Deus e essa consciência
que vamos herdar as mesmas coisas que Cristo herdou, há de nos dar a coragem necessária
para continuarmos firmes em meio ao sofrimento, porque teremos sempre a consciência
de que se com Cristo sofremos, também com Ele seremos glorificados.]
SÍNTESE DO TÓPICO II
O Espírito Santo ajuda destronar a natureza adâmica
em nossas vidas.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
"Para
que a justiça da Lei se cumprisse em nós' (8.4). Quando Cristo se fez o
representante do homem pecador, o poder condenatório do pecado foi desfeito, e,
então a justiça foi cumprida por Cristo. Agora, uma vez libertos da lei do pecado,
e vivendo segundo o Espírito, a carne
não tem mais direitos sobre nós. Ainda que a inclinação da carne é para
as coisas da carne, se vivemos em Espírito, a carne estará sob domínio.
No
versículo 4, temos a descrição daqueles que vivem segundo a carne ou segundo o
Espírito. No versículo 5, Paulo mostra os que são conforme a carne e conforme o
Espírito. De um lado temos aqueles que se ocupam na prática do pecado. Por
outro lado, temos aqueles que se ocupam em fazer a vontade do Espírito e estar
sob sua direção.
A
vitória do Espírito (8.6-13)
Nestes
versículos é destacada a operação do Espírito Santo na vida do crente. É a obra
santificadora do Espírito Santo, na mente, no espírito e no corpo do crente (1
Ts 5.23,24). O crente anda e vive no Espírito, pois não está mais sob o domínio
da carne. Sua vida é regida e regulada pelo Espírito Santo, que mora nele e
governa o seu interior" (CABRAL, Elienai. Romanos: O Evangelho da Justiça
de Deus. 5.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.89).
III - A VIDA NO ESPÍRITO PRESSUPÕE
OPOSIÇÃO ENTRE A NOVA ORDEM E A ANTIGA (Rm 8.18-39)
1. A
manifestação dos filhos de Deus. Os versículos 18 a 30 de Romanos 8
mostram a certeza dos crentes quanto ao futuro: "Porque para mim tenho por
certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória
que em nós há de ser revelada" (Rm 8.18). Fica evidente que quando o
apóstolo falava do futuro, ele também contemplava o passado. O atual estado de
coisas mostra os sinais da velha ordem. São marcas que fazem com que a criação
tenha gemidos por não poder por si mesma removê-las. Por isso ela geme:
"Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de
parto até agora" (Rm 8.22). Mas não só ela, nós também que temos as
primícias do Espírito também gememos (Rm 8.23). A criação quer voltar ao seu
estado original e nós também. O Espírito Santo sente o nosso drama, sente a
nossa angústia e também geme por nós (Rm 8.26,27). O melhor é saber que em
todas as coisas Deus opera para o bem dos que o amam (Rm 8.28). A palavra grega
sünergei (de onde vem sinergismo) traduzida em Romanos 8.28 como coopera,
mostra que Deus trabalha, com os que o amam, em direção a seu propósito. [Comentário: Já que falamos em sofrimento, é bom lembrar que a
vitória do cristão não é não sofrer. A
vitória do cristão é não ser derrotado pelo
sofrimento. Nesse período, que ainda temos aqui, enquanto aguardamos a volta
de Jesus Cristo, vamos sofrer sim, principalmente porque vamos nos levantar contra
tudo que se opõe a Deus, portanto vamos estar em confronto direto com as forças
das trevas, vamos estar em confronto direto com a rebelião humana, vamos entrar
em confronto direto com a injustiça, vamos estar em confronto direto com a
maldade, vamos entrar em contato direto com a miséria, e é óbvio que vamos
sofrer. É impossível enfrentar batalhas dessa monta, sem experimentar algo de
sofrimento ainda que pequeno. Vamos sofrer pelo simples fato de sermos diferentes.
Não tem como escapar disso, mas é preciso lembrar que o sofrimento que vamos
enfrentar enquanto pregamos o Reino de Deus, e por pregarmos o Reino de Deus,
enquanto lutamos pela implantação do Reino de Deus, pela evidenciação dos
sinais do Reino, esse sofrimento não se pode comparar com a glória que há de
ser revelada a nós, ou seja, não se pode comparar com aquilo que Deus vai fazer
no final do processo, dando-nos plenamente aquilo que nos prometeu em Cristo
Jesus, dando-nos uma glória que só será inferior
ao do próprio Cristo. Essa glória não é apenas particular, nossa, de cada um de
nós, mas é a glória da Igreja, e é também a glória do Planeta, porque com a nossa
glorificação, haverá a restauração de todas as coisas, e o Apóstolo Paulo diz
que a própria natureza está esperando esse dia, em que a nossa glorificação
representará a restauração da própria
natureza. Então não somos só nós que estamos sofrendo, todos os seres vivos estão
sofrendo de alguma maneira aguardando o dia da redenção. Aguardando quando o
projeto de Deus se cumprir em nós. Então nos deixemos amedrontar, não
desfaleçamos diante do sofrimento, da angústia porque são inevitáveis, pelo contrário,
nutramo-nos de esperança na certeza de que esse sofrimento, fruto natural da postura
que tomamos na vida em relação a Deus, há de ser consolado e vai gerar, em nós,
eterno peso de glória e, portanto, não pode ser comparado ao que nos aguarda em
Cristo Jesus.]
2. Provas do
grande amor de Deus. Os
versículos 31 a 39 de Romanos 8, são na verdade o fechamento de tudo aquilo que
o apóstolo argumentou desde o capítulo cinco. De pecadores perdidos e sem
esperança passamos a filhos de Deus através da justificação pela fé. De
escravos do pecado passamos ao estado de filhos libertos através da obra do
Espírito Santo. De membros de uma velha ordem passamos a ser participantes de
uma nova ordem no Espírito. [Comentário: Fechando a questão do sofrimento, o apóstolo Paulo diz:
“olha, não tenha medo de viver, não tenha medo do aparente sofrimento, porque
nada pode nos
derrotar. Deus é
por nós; quem
pode ser contra
nós? Quem pode
nos derrotar? Ninguém! Quem pode nos separar do amor de Cristo? Nada!” O que
quer dizer que não importa o que aconteça, Cristo nos ama. E, aliás, esta é
a certeza que
nós temos de
ter diante de
qualquer sofrimento, diante
de qualquer tribulação.
Estarmos passando por tribulação, estarmos passando por dificuldades,
estarmos passando por lutas não significa que Jesus Cristo deixou de nos amar, não significa que Deus está
chateado conosco e por isso estamos sendo punidos; nada disso! Paulo está
dizendo: “olha, por amor de Cristo nós
somos mesmo entregues à morte todo dia”, ou seja, ser
cristão é tomar uma posição contra as trevas, contra a morte, contra a
injustiça, contra o desespero humano.]
3. Deus é
conosco. Deus
nos ama, nos redimiu em Jesus Cristo do jugo do pecado e está ao nosso lado.
Paulo afirma que "diremos pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem
será contra nós?" (Rm 8.31). Paulo demonstra que nesta vida, enquanto
permanecermos em Cristo, nada poderá nos separar do amor de Deus. Somos o
objeto de seu grande amor. [Comentário: Certamente alguém se oporá a nós, mas Paulo salienta que a essa
oposição faltará a capacidade de destituir a fé. Visto que Deus é por nós,
é-nos assegurada a sobrevivência espiritual vitoriosa. As palavras ‘por nós’
exprimem o eterno compromisso assumido pelo grande amor que é expresso nos
versículos 38-39. Isso é uma profunda garantia de segurança espiritual.]
SÍNTESE DO TÓPICO III
Já
fomos redimidos em Jesus Cristo do jugo do pecado, por isso, não vivamos mais
debaixo do jugo da antiga aliança.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
"A
trindade divina na obra da santificação (8.26-34)
Nestes
versículos, Paulo apresenta a Trindade divina empenhada em ajudar o crente na
sua esperança. O capítulo 8 conduz o crente no caminho da santificação pela
operação do Espírito Santo. Apresenta
todos os obstáculos que se deparam com o crente. Coloca o crente no campo de
luta espiritual e dá-lhe as armas espirituais para lutar, e finalmente, apresentar-lhe a razão dessa
luta, aconselhando e orientando-o em toda a sua jornada cristã.
O
Espírito intercede em nós (8.26,27). Esses dois versículos mostram a missão do
Espírito dentro do crente, trabalhando a seu favor. Ele 'ajuda as nossas
fraquezas' (v.26). A que se referem as 'nossas fraquezas'? Referem-se às nossas
limitações temporais neste corpo mortal, sujeito à natureza pecaminosa.
Enquanto estivermos enclausurados dentro deste 'tabernáculo' (corpo) terrenal,
somos sujeitos às fraquezas da carne. Por isso, o Espírito Santo habita dentro
do crente para ajudá-lo nas suas fraquezas. A ajuda do Espírito dentro de nós é
representada pela sua intercessão. A quem Ele intercede? A Deus Pai, e a seu
Filho Jesus Cristo" (CABRAL, Elienai. Romanos: O Evangelho da Justiça de
Deus. 5.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.94).
CONCLUSÃO
A
lição de hoje ajuda-nos a compreender que a graça de Deus é realmente
surpreendente. Ela transformou ímpios em santos e nos colocou em um nível de
relacionamento com Deus jamais imaginado pelo seu antigo povo, e a graça de ter
o Espírito Santo habitando em nosso interior e o privilégio de ser guiado por
Ele. Mas não é só isso, agora também somos herdeiros de Deus e co-herdeiros com
Cristo. Isso tudo se chama graça [Comentário: A graça de Deus faz com se seja possível sermos salvos. A Bíblia diz
em Efésios 1.7-8 “Que ele fez abundar para conosco em toda a sabedoria e
prudência, fazendo-nos conhecer o mistério da sua vontade, segundo o seu
beneplácito, que nele propôs.” John Wesley discorrendo sobre ‘A Salvação pela
Fé’, escreve: “Pela graça sois salvos, mediante a fé (Ef 2.8) - Todas as
bênçãos que Deus tem dado ao homem provêm da sua mera graça, generosidade ou
favor; favor totalmente imerecido: o homem não tem nenhum direito à menor
misericórdia divina. Foi a graça livre que formou o homem do pó da terra e lhe
soprou nas suas narinas o fôlego da vida e imprimiu na alma a imagem de Deus e
“pôs tudo sob seus pés”. (Gn 2,7; Sl 8,6). Agora podemos ter plena confiança no
sangue de Cristo, uma confiança nos méritos de sua vida, morte e ressurreição,
um descansar nele como nossa propiciação e nossa vida, como dado por nós e
vivendo em nós. A segura confiança que temos em Deus e que, através dos méritos
de Cristo, nossos pecados estão perdoados, estamos reconciliados ao favor de
Deus e, como conseqüência, próximos e apegados a Ele, como nossa “sabedoria,
justiça, santificação redenção” ou, numa palavra, nossa salvação] “NaquEle que me garante: "Pela
graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus"
(Ef 2.8)”,
Francisco
Barbosa
Hoje, em
Campina Grande-PB
Maio de 2016
PARA REFLETIR
A
respeito da Carta aos Romanos, responda:
Todos
os homens, gentios e judeus estão debaixo do jugo do pecado?
Sim. Todos os homens,
quer gentios quer gregos, estavam debaixo da condenação do pecado.
A
lei do pecado e da morte foi revogada por qual lei?
A lei do pecado e da
morte, que havia neutralizado ou tornado ineficaz a lei, agora foram revogadas
pela lei do Espírito da vida.
A
lei do Espírito opera baseada em quê?
No sacrifício de
Jesus, o imaculado Cordeiro de Deus.
O
que acontece quando o crente cede a inclinação da carne?
Ele passa a viver
segundo a carne e quando a carne assume o controle o Espírito fica de fora.
Como
é denominada a velha natureza adâmica?
Velho homem.
CONSULTE
Revista
Ensinador Cristão - CPAD, nº 66, p39.
Você
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